BIOÉTICA UTILITARISTA DE PETER SINGER PETER SINGER NASCIDO EM 1946 NA AUSTRÁLIA, O FILÓSOFO E BIOÉTICO PETER SINGER COMEÇOU A SUA CARREIRA ACADÊMICA LECIONANDO ÉTICA NA UNIVERSIDADE DE OXFORD. EM 1977, SINGER TORNOU-SE PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UNIVERSIDADE DE MONASH, EM MELBOURNE. AÍ ASSOCIOU-SE AO CENTRO PARA A BIOÉTICA HUMANA, QUE SE DEDICA A ESTUDAR AS IMPLICAÇÕES MORAIS DAS DESCOBERTAS BIOMÉDICAS, AO QUAL ESTEVE LIGADO ATÉ 1992. DESDE 1999 SINGER LECIONA NO CENTRO PARA OS VALORES HUMANOS DA UNIVERSIDADE DE PRINCETON. ALGUMAS OBRAS: ÉTICA PRÁTICA LIBERAÇÃO DOS ANIMAIS DEMOCRACIA E DESOBEDIÊNCIA PETER SINGER PENSADOR DE ENORME INFLUÊNCIA DENTRO E FORA DOS CIRCUITOS ACADÊMICOS ESCREVEU 27 LIVROS, DIVERSOS ARTIGOS, INCLUSIVE DE ORDEM JORNALÍSTICA, BUSCANDO LEVAR AO CIDADÃO COMUM SUAS IDÉIAS REPRESENTANTE CONTEMPORÂNEO DA TRADIÇÃO UTILITARISTA NA BIOÉTICA A ÉTICA PARA PETER SINGER NÃO É UM CONJUNTO DE PROIBIÇÕES NÃO É UM SISTEMA IDEAL, NOBRE, PORÉM INÚTIL A RAZÃO DE SER DOS JUIZOS ÉTICOS É, PRECISAMENTE, A ORIENTAÇÃO DA CONDUTA PRÁTICA CONSIDERA A PRUDÊNCIA, A SINCERIDADE, A CONSIDERAÇÃO PELAS NECESSIDADES E VULNERABILIDADES DO OUTRO AS NORMAS BREVES E SIMPLES NÃO SÃO SUFICIENTES PARA RESOLVER QUESTÕES COMPLEXAS NA VIDA REAL A ÉTICA PARA PETER SINGER A VIDA MORAL INDEPENDE DE RELIGIÃO, POIS SE TRATA DE UM FENÔMENO HUMANO UNIVERSAL PARA SINGER, AS CONSEQUÊNCIAS SÃO NATURALMENTE DECISIVAS PARA A AVALIAÇÃO MORAL DAS AÇÕES HUMANAS A APLICABILIDADE DOS PRINCÍPIOS MORAIS ESPECÍFICOS É RELATIVA AO TEMPO E AO ESPAÇO, EMBORA EXISTAM PRINCÍPIOS GERAIS COM APLICAÇÕES UNIVERSAIS (ESCRAVIDÃO) UNIVERSALISMO X RELATIVISMO ÉTICOS SERIAM OS JUÍZOS MORAIS UM SIMPLES REFLEXO DOS COSTUMES DA SOCIEDADE QUE OS ELABORA, OU EXISTIRIAM PRECEITOS MORAIS UNIVERSAIS? A MORALIDADE SERIA TOTALMENTE RELATIVA AOS VALORES SOCIAIS DE UM POVO? QUAL SERIA O PAPEL DA RAZÃO NA ÉTICA? UNIVERSALISMO X RELATIVISMO ÉTICOS O RELATIVISMO NÃO IMPLICA QUE CADA JUÍZO MORAL PARTICULAR DEVA SER APLICÁVEL UNIVERSALMENTE EM TODOS OS CASOS, POIS AS CIRCUNSTÂNCIAS TÊM DE SER LEVADAS EM CONTA. POR OUTRO LADO, É PRECISO ACEITAR QUE OS PRÓPRIOS INTERESSES NÃO POSSUEM MAIOR PESO QUE OS INTERESSES DE QUALQUER OUTRO. RELATIVISMO ÉTICO A APLICABILIDADE DOS PRINCÍPIOS MORAIS ESPECÍFICOS É RELATIVA NO TEMPO E NO ESPAÇO ENTRETANTO EXISTEM PRINCÍPIOS MORAIS GERAIS COM APLICAÇÃO UNIVERSAL COMO: “FAZ AQUILO QUE AUMENTA A FELICIDADE E REDUZ O SOFRIMENTO”. OS JUÍZOS MORAIS SÃO UM SIMPLES REFLEXO DOS COSTUMES DA SOCIEDADE QUE OS ELABORA OBJETIVISMO X SUBJETIVISMO ÉTICOS “AS VERDADES ÉTICAS ESTÃO ESCRITAS NA FÁBRICA DO UNIVERSO” (REINO MISTERIOSO ONDE HABITARIAM OS FEITOS MORAIS OBJETIVOS)? O SUBJETIVISMO ÉTICO FAZ DEPENDER DA OPINIÃO DA PESSOA QUE EMITE O JUÍZO A CORREÇÃO OU NÃO DOS JUÍZOS MORAIS. A PARTIR DO SUBJETIVISMO NÃO HÁ ESPAÇO PARA UMA ARGUMENTAÇÃO RACIONAL SUBJETIVISMO x OBJETIVISMO ÉTICOS O SUBJETIVISMO ÉTICO FAZ DEPENDER A CORREÇÃO DOS JUÍZOS MORAIS DA OPINIÃO DA PESSOA QUE O EMITE. PARA PETER SINGER: “NÃO EXISTE UM REINO MISTERIOSO NO QUAL HABITAM O FEITOS MORAIS OBJETIVOS, MAS ISTO NÃO INDICA QUE A RAZÃO POSSA FICAR EXCLUÍDA DA ARGUMENTAÇÃO MORAL. ILHA FEROE - DINAMARCA O MAR SE TINGE DE VERMELHO. ENTRETANTO, NÃO É DEVIDO AOS EFEITOS CLIMÁTICOS DA NATUREZA TRATA-SE DE UM RITO DE PASSAGEM, ONDE JOVENS GOLPEIAM GOLFINHOS CALDERON ATÉ A MORTE AO ANIMAIS NÃO MORREM INSTANTANEAMENTE. SÃO CORTADOS UMA OU DUAS VEZES COM GANCHOS GROSSOS. NESSE MOMENTO OS GOLFINHOS PRODUZEM UM SOM ESTRIDENTE BEM PARECIDO AO CHORO DE UM RECÉM-NASCIDO. O ANIMAL SANGRA LENTAMENTE E SOFRE COM FERIDAS ENORMES ATÉ PERDER A CONSCIÊNCIA E MORRER NO SEU PRÓPRIO SANGUE. FINALMENTE ESTES “HERÓIS” DA ILHA, AGORA SÃO ADULTOS “RACIONAIS”, UMA VEZ QUE JÁ DEMONSTRARAM SUA MATURIDADE CABE MENCIONAR QUE O GOLFINHO CALDERON, COMO QUASE TODAS AS OUTRAS ESPÉCIES DE GOLFINHOS, SE APROXIMA DO HOMEM UNICAMENTE PARA INTERAGIR E BRINCAR, COMO GESTO DE PURA AMIZADE. NA CHINA, ALGUNS HOMENS E MULHERES OPTAM POR FAZER DIFERENTE ELES CRIARAM E ADMINISTRAM UM BERÇARIO DE URSOS PANDAS ONDE OS ANIMAIS PRIVADOS DE SUAS MÃES RECEBEM CARINHO E ALIMENTO CRESCEM COM LIBERDADE E SÃO DEVOLVIDOS AO SEU HABITAT NATURAL VIDA MORAL PARA SINGER, UMA PESSOA VIVE UMA VIDA MORAL QUANDO ESTÁ CONVENCIDA DE QUE SUAS AÇÕES SÃO CORRETAS E PODE, ALÉM DISSO, JUSTIFICAR RACIONALMENTE SUAS OPÇÕES MORAIS QUANDO UMA PESSOA NÃO PODE JUSTIFICAR SUAS AÇÕES NÃO ESTÁ VIVENDO DE ACORDO COM AS EXIGÊNCIAS DA MORALIDADE. VIDA MORAL A ÉTICA IMPLICA QUE HÁ ALGO MAIOR QUE O INDIVÍDUO NÃO BASTA QUE SE INDIQUE OS BENEFÍCIOS QUE SE VAI AUFERIR EM UMA DETERMINADA AÇÃO PARA QUE ESTA SEJA CONSIDERADA JUSITIADA DO PONTO DE VISTA MORAL PARA QUE DETERMINADA CONDUTA “PASSE” PELA PROVA DA MORALIDADE É PRECISO QUE ELA SEJA ACEITA EM UMA PERSPECTIVA UNIVERSAL UTILITARISMO SOB ESTE NOME SE REÚNEM UMA AMPLA “FAMÍLIA” DE TEORIAS ÉTICAS QUE TEM COMO DENOMINADOR COMUM O PRINCÍPIO DA UTILIDADE COMO CRITÉRIO SUPREMO DA MORALIDADE. O PRINCÍPIO DA UTILIDADE PODE TAMBÉM SER DENOMINADO DE PRINCÍPIO DA MAXIMIZAÇÃO DA FELICIDADE, OU DA MAIOR FELICIDADE – “DEVE-SE ESCOLHER O MODO DE ATUAR QUE MAXIMIZE OS INTERESSES DE TODOS OS ATINGIDOS” DOUTRINA DO UTILITARISMO CLÁSSICO AS AÇÕES HUMANAS SÃO MORALMENTE BOAS SE MAXIMIZAM A FELICIDADE OU BEM-ESTAR E EVITAM A DOR OU O SOFRIMENTO PARA A MAIOR PARTE DAS PESSOAS AFETADAS POR ELAS. A MORALIDADE UTILITARISTA (CLÁSSICA) NOS IMPÕE A DURA OBRIGAÇÃO DE ESCOLHER SEMPRE A MELHOR ALTERNATIVA, O MODO ESPECIAL DE AGIR QUE OTIMIZA AS CONSEQUÊNCIAS PARA O MAIOR NÚMERO DE SUJEITOS AFETADOS PELA DECISÃO EM QUESTÃO. CLASSIFICAÇÃO DO UTILITARISMO DE ATOS (UTILITARISMO CLÁSSICO) – O JUSTO MORAL NAS AÇÕES É AVALIADO PELAS SUAS CONSEQUÊNCIAS BOAS OU MÁS. SE A AÇÃO MAXIMIZA A UTILIDADE (FELICIDADE OU BEMESTAR DOS IMPLICADOS) ELA É MORALMENTE CORRETA. AS AÇÕES QUE NÃO CUMPREM ESTES REQUISITOS SÃO MORALMENTE REPROVÁVEIS. UTILITARISMO DE REGRAS –ADMITE A NECESSIDADE DA EXISTÊNCIA DE NORMAS MORAIS NA SOCIEDADE, ÀS QUAIS OS CIDADÃOS DEVEM SE AMOLDAR. A BONDADE OU MALDADE DAS AÇÕES DEPENDEM DAS CONSEQUÊNCIAS QUE A OBSERVÂNCIA CONSUENTUDINÁRIA DAS REGRAS EM QUESTÃO PRODUZEM NA SOCIEDADE. UTILITARISMO PRINCÍPIO DA IGUAL CONSIDERAÇÃO DOS INTERESSES SINGER, EMBORA SOLIDAMENTE FIXADO NA TRADIÇÃO UTILITARISTA, DEFENDE UMA VERSÃO DIFERENTE DA TRADIÇÃO FILOSÓFICA: O UTILITARISMO BASEADO NO PRINCÍPIO DA IGUAL CONSIDERAÇÃO DOS INTERESSES – NO QUAL ESTENDE O MANTO DE PROTEÇÃO DAS EXIGÊNCIAS MORAIS A TODOS O SERES SENSÍVEIS. UTILITARISMO POR INTERESSE DEVE-SE ENTENDER QUALQUER COISA QUE AS PESSOAS DESEJEM, SEMPRE QUE NÃO ESTEJAM EM ATRITO COM O DESEJO DOS OUTROS O AGIR ÉTICO OBRIGA A LEVAR EM CONSIDERAÇÃO OS INTERESSES DE TODOS AQUELES ATINGIDOS POR UMA DECISÃO DEVE-SE ESCOLHER UM MODO DE ATUAR QUE MAXIMIZE OS INTERESSES DE TODOS OS ENVOLVIDOS INTERESSES HUMANOS MAIS IMPORTANTES EVITAR A DOR DESENVOLVER AS CAPACIDADES PRÓPRIAS SATISFAZER AS NECESSIDADES BÁSICAS (ALIMENTAÇÃO, MORADIA) ESTABELECIMENTO E DESFRUTE DAS RELAÇÕES HUMANAS SIGNIFICATIVAS LIBERDADE PARA REALIZAR O PRÓPRIO PROJETO DE VIDA PRINCÍPIO DA IGUAL CONSIDERAÇÃO DOS INTERESSES É UM PRINCÍPIO MÍNIMO. PARA SINGER É IMPOSSÍVEL PENSAR MORALMENTE SEM DAR ESTE PASSO DE ACORDO COM ELE, O TRATAMENTO DESIGUAL BUSCA OBTER UM RESULTADO MAIS IGUALITÁRIO POSSÍVEL. APLICA O PRINCÍPIO DA UTILIDADE MARGINAL DA ECONOMIA, QUE PRECONIZA QUE UMA DETERMINADA COISA É MAIS ÚTIL NA PROPORÇÃO INVERSA DA SUA QUANTIDADE EXISTENTE. PARA PETER SINGER O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA IGUALDADE É O DA IGUAL CONSIDERAÇÃO DE INTERESSES. É O CRITÉRIO MORAL BÁSICO QUE PODE GARANTIR A IGUALDADE ENTRE OS SERES HUMANOS, APESAR DA DIFERENÇA QUE EXISTE ENTRE ELES. EXIGE QUE RESPEITEMOS OS INTERESSES FUNDAMENTAIS DAS PESSOAS INDEPENDENTEMENTE DE SUA RAÇA, SEXO, QUOEFICIENTE INTELECTUAL, CAPACIDADES OU HABILIDADES. DEVE SER EXTENDIDO AOS ANIMAIS PRINCÍPIO DA IGUAL CONSIDERAÇÃO DOS INTERESSES PARA SINGER OS INTERESSES SÃO LEGÍTIMOS SEM IMPORTAR DE QUEM SEJA NÃO EXIGE QUE SE DÊ A TODOS UM TRATAMENTO IGUAL EM TODOS OS CASOS O TRATAMENTO DESIGUAL PROCURA OBTER O RESULTADO MAIS IGUALITÁRIO POSSÍVEL PRINCÍPIO DA IGUAL CONSIDERAÇÃO DOS INTERESSES DE ACORDO COM ESTE PRINCÍPIO, A MORALIDADE INDICA QUE DEVE-SE ESCOLHER AÇÕES CUJAS CONSEQUÊNCIAS REDUNDEM NO MELHOR “BALANÇO” POSSÍVEL DO BEM (ENTENDIDO COMO CONSIDERAÇÃO DOS INTERESSES) DE TODOS OS ATINGIDOS. SINGER NÃO PRECONIZA UM UTILITARISMO DE ATOS, OU SEJA, RECONHECE QUE NÃO SE DEVE REALIZAR ESTE CÁLCULO UTILITARISTA EM CADA UMA DAS DECISÕES MORAIS QUE SE VENHA A TOMAR NA VIDA COTIDIANA PRINCÍPIO DA IGUAL CONSIDERAÇÃO DOS INTERESSES SINGER DENOMINA SUA VERSÃO DO UTILITARISMO COMO UTILITARISMO DE PREFERÊNCIAS, POIS CONSIDERA COMO ÉTICO O “AGIR” QUE LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO TODOS OS FATORES EM JOGO, SERVEM MELHOR AOS INTERESSES DE TODOS OS ATINGIDOS UTILITARISMO DE PREFERÊNCIA O PONTO DE VISTA ÉTICO ME OBRIGA A LEVAR EM CONSIDERAÇÃO OS INTERESSES DE TODOS OS QUE SÃO ATINGIDOS PELA MINHA DECISÃO. A MORALIDADE ME INDICA QUE DEVO ESCOLHER AS AÇÕES CUJAS CONSEQUÊNCIAS REDUNDEM NO MELHOR BALANÇO POSSÍVEL DO BEM ( ENTENDIDO COMO CONSIDERAÇÃO DE INTERESSES). O UTILITARISMO CONSTITUI UMA POSIÇÃO MORAL MÍNIMA. UTILITARISMO DE PREFERÊNCIA NÃO JULGA AS AÇÕES POR SUAS APTIDÕES PARA MAXIMIZAR O PRAZER E MINIMIZAR A DOR. AS AÇÕES DEVEM ESTAR EM CONSONÂNCIA COM AS PREFERÊNCIAS DOS SERES AFETADOS POR ELA. O MAL MORAL OCORRE QUANDO SE FRUSTA UMA PREFERÊNCIA NA AUSÊNCIA DE UMA JUSTIFICAÇÃO ADEQUADA. O QUE SIGNIFICA UMA PESSOA QUE VIVE MORALMENTE? EXISTEM DUAS DISTINÇÕES: REGER-SE PELOS PRINCÍPIOS MORAIS QUE O INDIVÍDUO CONSIDERA CORRETOS, OU ATUAR CONFORME PRINCÍPIOS QUE CONSIDERA INCORRETOS. A DISTINÇÃO ENTRE VIVER UMA VIDA GUIADA POR PRINCÍPIOS MORAIS E VIVER SEM NENHUM PRINCÍPIO. PARA SINGER UMA PESSOA VIVE UMA VIDA MORAL QUANDO ESTÁ CONVENCIDA DE QUE SUAS AÇÕES SÃO CORRETAS E PODE JUSTIFICAR RACIONALMENTE AS SUAS OPÇÕES MORAIS. MESMO QUE A SUA JUSTIFICATIVA SEJA INSATISFATÓRIA, A PESSOA SERÁ COLOCADA NO ÂMBITO DA MORALIDADE. MAS, PESSOAS QUE NÃO PODEM JUSTIFICAR AS SUAS AÇÕES, MESMO QUANDO CONCORDAM COM OS VALORES MORAIS, ESTÃO FORA DO ÂMBITO DA MORALIDADE. QUE TIPO DE JUSTIFICAÇÃO É MORALMENTE RELEVANTE? A ÉTICA IMPLICA QUE HÁ ALGO MAIOR QUE O INTERESSE DO INDIVÍDUO. NÃO BASTA O BENEFÍCIO QUE SE VAI AUFERIR. PARA QUE UMA DETERMINADA CONDUTA PASSE PELA PROVA DA MORALIDADE DEVE SER ACEITÁVEL EM UMA PERSPECTIVA UNIVERSAL: É PRECISO CONCEDER AOS INTERESSES ALHEIOS O MESMO PESO QUE O PRÓPRIO. O PRINCÍPIO DA CONSIDERAÇÃO DOS INTERESSES SE EXTENDE AOS ANIMAIS ELE NÃO NOS PERMITE EXPLORAR OS SERES SENSÍVEIS QUE NÃO PERTENCEM À NOSSA ESPÉCIE, PORQUE NÃO PODEMOS IGNORAR OS INTERESSES DAS OUTRAS ESPÉCIES MENOS DESENVOLVIDAS QUE O HOMEM. “ Pode ser que chegue um dia em que se reconheça que o número de patas, a pilosidade da pela ou a terminação do “sacrum” sejam razões igualmente insuficientes para se abandonar um ser sensível ao mesmo destino.” Jeremy Bentham Introduction to the Principles of Morals and Legislation, cap. 18, seção I. IGUALDADE DE INTERESSES E OUTROS ANIMAIS A POSSIBILIDADE DE SOFRER E A CAPACIDADE PARA A FELICIDADE E O PRAZER, SÃO REQUISITOS FUNDAMENTAIS PARA SE TER INTERESSES. SE UM SER PODE SOFRER, NÃO HÁ NENHUMA JUSTIFICAÇÃO PARA IGNORAR SEU SOFRIMENTO. A CAPACIDADE PARA SENTIR É O ÚNICO LIMITE ADEQUADO PARA DETERMINAR A EXTENSÃO DO AMPARO MORAL QUE PROVÉM DO PICI. IGUALDADE DE INTERESSES E OUTROS ANIMAIS INDEPENDENTEMENTE DA NATUREZA DE UM SER, O PICI EXIGE QUE SEU SOFRIMENTO RECEBA A MESMA CONSIDERAÇÃO QUE A DOR DE QUALQUER OUTRO SER. A CAPACIDADE PARA SENTIR É O ÚNICO LIMITE ADEQUADO PARA DETERMINAR A EXTENSÃO DO AMPARO MORAL QUE PROVÉM DESTE PRINCÍPIO. RACISMO / ESPECIEISMO OS RACISTAS DÃO MAIOR PESO AOS INTERESSES DOS MEMBROS DA PRÓPRIA RAÇA QUANDO ESTES ENTRAM EM CONFLITO COM OS INTERESSES DOS DE OUTRA. OS ESPECIEISTAS PRIVILEGIAM OS INTERESSES DOS MEMBROS DA PRÓPRIA ESPÉCIE QUANDO EM CONFRONTO COM OS DAS DEMAIS ESPÉCIES, VIOLANDO, AMBOS OS PRECEITOS DO PICI. OUTROS ARGUMENTOS DO PICI AS DORES DE IGUAL INTENSIDADE E DURAÇÃO SÃO IGUALMENTE MÁS EM QUALQUER SER SENSÍVEL. SEGUNDO SINGER, NÃO EXISTE JUSTIFICATIVA PARA O CONSUMO DE ANIMAIS PARA ALIMENTAÇÃO NAS SOCIEDADES INDUSTRIALIZADAS, POIS ESTE ALIMENTO NÃO É NECESSÁRIO NEM PARA A SAÚDE, NEM PARA A LONGEVIDADE DOS SERES HUMANOS. (EXC: ESQUIMÓS) CONSUMO DE CARNE ATENDE AO INTERESSE “MENOR” DO PALADAR HUMANO, EM DETRIMENTO DO INTERESSE “MAIOR” DO SOFRIMENTO E MORTE DOS ANIMAIS. O NÃO SE PODE DEFENDER RACIONALMENTE QUE A VIDA DE UM SER TENHA UM VALOR ESPECIAL POR PERTENCER A DETERMINADA ESPÉCIE. ESTE COMPORTAMENTO SE ASSEMELHA AO RACISMO, QUE CONFERE TRATAMENTO PREFERENCIAL AOS MEMBROS DE SUA PRÓRPIA RAÇA. A MERA PERTENÇA À ESPÉCIE HUMANA NÃO CONFERE NENHUM PRIVILÉGIO ESPECIAL NA HORA DE APLICAR O PRINCÍPIO DA IGUAL CONSIDERAÇÃO DOS INTERESSES. OS DADOS BIOLÓGICOS QUE ESTABELECEM OS LIMITES DE UMA ESPÉCIE CARECEM DE SIGNIFICADO MORAL. PETER SINGER O VEGETARIANISMO PARA SINGER É UM IMPERATIVO MORAL. O USO DE ANIMAIS NAS EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS SOMENTE ESTARIA JUSTIFICADO, POR ESTE PRINCÍPIO, SE EM DECORRÊNCIA DO SEU SACRIFÍCIO SE SUPUSESSE A SALVAÇÃO DE MILHARES DE VIDAS HUMANAS, O QUE NORMALMENTE NÃO OCORRE (NECESSIDADE EXTREMA). SIGNIFICADOS DO TERMO “SER HUMANO” (Singer) 1) MEMBROS DA ESPÉCIE “HOMO SAPIENS” 2) PESSOA, UM SER RACIONAL E AUTOCONSCIENTE. LOCKE: “PESSOA É UM SER PENSANTE INTELIGENTE QUE TEM RAZÃO E CAPACIDADE DE REFLETIR, E QUE PODE CONSIDERAR A SI MESMO COMO ELE MESMO, O MESMO SER PENSANTE EM DIFERENTES LUGARES E TEMPOS”. JOSEPH FLETCHER Lista de “indicadores de humanidade”: AUTOCONSCIÊNCIA SENTIDO DE FUTURO RELACIONAL CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO CAPACIDADE AUTOCONSCIÊNCIA AUTOCONTROLE SENTIDO DE PASSADO PELAS DEMAIS PESSOAS CURIOSIDADE INTERESSE RACIONALIDADE PETER SINGER ALGUNS ANIMAIS NÃO HUMANOS PARECEM POSSUIR GRAUS DE RACIONALIDADE E DE AUTOCONSCIÊNCIA SUFICIENTES PARA DAR LUGAR A UMA IDENTIDADE INDIVIDUAL, COM SENTIDO DE PASSADO E DE FUTURO. TIRAR-LHES A VIDA PODE SER COMPARADO A MATAR SERES HUMANOS INTELECTUALMENTE DISCAPACITADOS. MATAR ESTES ANIMAIS ESTARIA MORALMENTE PROIBIDO, MESMO QUANDO DE MANEIRA INDOLOR E SEM CAUSAR SOFRIMENTOS. NO CASO DE MORREREM DE MANEIRA INDOLOR E INSTÂNTANEA, O MAL MORAL PROVIRIA DA PRIVAÇÃO DOS PRAZERES QUE O ANIMAL, CUJA VIDA SE CEIFOU, TERIA PODIDO DESFRUTAR, NO CASO DE TER TIDO UMA VIDA PRAZEROSA EM SEU NÍVEL. SINGER OPINA QUE SE DEVERIA ESTENDER AOS CHIMPANZÉS, GORILAS E ORANGOTANGOS A PROTEÇÃO MORAL INTEGRAL DO PRINCÍPIO QUE PROÍBE TIRAR A VIDA DAS PESSOAS. EMBRIÕES E FETOS PARA SINGER, A VIDA DO FETO NÃO TEM UM VALOR SUPERIOR À VIDA DOA ANIMAIS NÃO HUMANOS COM UM NÍVEL SEMELHANTE DE RACIONALIDADE. O FETO NÃO É UMA PESSOA, PORTANTO NÃO GOZA DA PROTEÇÃO MORAL QUE CORRESPONDE ÀS PESSOAS. ELE ENTENDE QUE É DIFÍCIL CONDENAR O ABORTAMENTO, MESMO NAS ETAPAS MAIS AVANÇADAS DE GRAVIDEZ, ENQUANTO NÃO CONDENARMOS A MATANÇA INDISCRIMINADAS DE FORMAS DE VIDA MUITO MAIS DESENVOLVIDAS, SIMPLESMENTE PARA SATISFAZER OS GOSTOS DOS NOSSOS PALADARES. EUTANÁSIA A DOUTRINA DE PETER SINGER AFIRMA QUE EXISTE UMA DIFERENÇA MORALMENTE SIGNIFICATIVA ENTRE UMA AÇÃO POSITIVA E OMITIR UMA AÇÃO, MESMO QUANDO AS CONSEQUÊNCIAS SÃO IDÊNTICAS EM AMBAS AS HIPÓTESES. NOS CASOS DE DOENTES TERMINAIS ELE ADMITE A LEGITIMIDADE DE OMITIR TRATAMENTOS QUE SÓ SERVIRIAM PARA PROLONGAR A AGONIA. RICOS E POBRES –Ética Social A NEGAÇÃO DA DISTINÇÃO ENTRE FAZER E OMITIR TRAZ A CONCLUSÃO DE QUE DEIXAR MORRER QUANDO SE PODE FAZER ALGO PARA EVITÁ-LO É TÃO GRAVE QUANTO MATAR UMA PESSOA. DE ACORDO COM OS UTILITARISTAS, A AFIRMAÇÃO ANTERIOR CONFERE UMA SÉRIA E RADICAL RESPONSABILIDADE MORAL DOS ABSOLUTAMENTE ABASTADOS PARA COM AQUELES QUE VIVEM NA POBREZA ABSOLUTA. POR QUE VIVER MORALMENTE? Vida centrada no próprio interesse X vida moral A ÉTICA E O PRÓPRIO INTERESSE NEM SEMPRE ESTÃO EM CONFLITO. MAS NÃO É POSSÍVEL VIVER MORALMENTE SE NÃO SE ESTÁ DISPOSTO A AGIR CONTRA O PRÓPRIO INTERESSE. A VIDA MORAL ESTÁ SEMPRE EM CONFLITO COM O EGOCENTRISMO MATERIALISTA QUE PASSOU A DOMINAR A CULTURA OCIDENTAL. VIDA MORAL NÃO HÁ NENHUMA RAZÃO PARA CONSIDERAR O SOFRIMENTO DE OUTROS SERES COMO MENOS IMPORTANTE QUE O PRÓPRIO. A VIDA MORAL PROPÕE UM COMPROMISSO COM UMA CAUSA TRANSCENDENTE, COMO ALTERNATIVA PARA SE LEVAR UMA VIDA PLENA DE SENTIDO. SE TRATA DE OLHAR PARA FORA, PARA O EMPENHO MORAL NAS CAUSAS QUE VÃO MAIS ALÉM DOS INTERESSES DE CONSUMO, DO ÊXITO E DOS PEQUENOS INTERESSES IMEDIATOS. IDEAL DA VIDA MORAL TRÊS CARACTERÍSTICA FUNDAMENTAIS QUE ATRAVESSAM TODA A OBRA DE SINGER: (JAMIESON) REVISIONISMO (TRANSFORMAR O MUNDO MAIS DO QUE COMPREENDÊ-LO) ATENÇÃO AOS DADOS CONCRETOS CONFIANÇA NAS AÇÕES INDIVIDUAIS COMO INSTRUMENTOS DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL CRÍTICAS AO PENSAMENTO DE SINGER NEGAÇÃO AO AMPARO MORAL PRIVILEGIADO A TODOS OS MEMBROS DA NOSSA ESPÉCIE. NÃO EXISTÊNCIA DE CRITÉRIOS CLAROS PARA RESOLVER OS CONFLITOS DE INTERESSES ENTRE OS SERES PESSOAIS. DIFICULDADE EM AQUILATAR AS CAPACIDADES DE CADA UM E DETERMINAR O MÁXIMO DELAS. FORMA DE ESTABELECER O CRITÉRIO DE JUSTIÇA. AUSÊNCIA DE UMA VERDADEIRA ONTOLOGIA. CRÍTICAS AO PENSAMENTO DE SINGER AS CONSEQUÊNCIAS DEVEM SER AVALIADAS NA HORA DE FAZER UM JUÍZO MORAL, MAS EXISTEM OUTROS CRITÉRIOS QUE TAMBÉM DEVEM SER LEVADOS EM CONTA. “O PROBLEMA DE SINGER É UTILIZAR COM ÚNICO CRITÉRIO DO JUÍZO MORAL AS CONSEQUÊNCIAS, PRESCINDINDO DE TODOS OS DEMAIS COMPONENTES DOS ATOS MORAIS”. J. C. Álvarez BIBLIOGRAFIA FERRER, Jorge José. ÁLVAREZ, Juan Carlos. Para fundamentar a Bioética. São Paulo: Edições Loyola, 2005. SINGER,Peter. BEAUCHAMP, Ética Prática. São Paulo: Martins Fontes, 2006. T. L. e CHILDRESS, J. F., Princípios da Ètica Biomédica. New YorK: Oxford University Press, 2001.