ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL - ESAB MBA – EXECUTIVO EMPRESARIAL EM ADMINISTRAÇÃO, FINANÇAS E NEGÓCIOS OTO BARRETO SILVA CACHAÇA PERNAMBUCANA HISTÓRIA, COSTUMES E MERCADO. VILA VELHA - ES 2010 OTO BARRETO SILVA CACHAÇA PERNAMBUCANA HISTÓRIA, COSTUMES E MERCADO. Monografia apresentada ao curso de MBA – Executivo Empresarial em Administração Finanças e Negócios da Escola Superior Aberta do Brasil – ESAB como requisito para obtenção do título de Especialista em Administração, finanças e negócios Empresariais, orientado pela mestranda Luciana Genelhú Zonta VILA VELHA - ES 2010 OTO BARRETO SILVA CACHAÇA PERNAMBUCANA HISTÓRIA, COSTUMES E MERCADO Monografia aprovada em ... de ... de 2010. Banca Examinadora VILA VELHA - ES 2010 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos aqueles que contribuíram para o reconhecimento da cachaça como um produto genuinamente brasileiro, que apreciam seu sabor, e fazem a história desta maravilhosa bebida. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, que me abençoou com uma maravilhosa família, meus tesouros Girlane, Lis, Raí e Ian, sempre ao meu lado, sempre. Agradeço a meus pais, pelo caminho que me conduziram e possibilitaram chegar até aqui, a meus irmãos Max e Elk, que enfrentamos juntos esta maravilhosa luta pelo resgate da qualidade e tradição da cachaça pernambucana, meus amigos, funcionários e colaboradores que acreditam em mim e na Sanhaçu. "O futuro não é predeterminado. É, pelo menos em parte, sujeito à nossa influência. O nosso interesse deve ser, pois, focalizar futuros previsíveis tanto quantos que são possíveis e prováveis." Alvin Toffler LISTA DE FIGURAS, TABELAS E QUADROS FIGURAS Figura 1 - Etapas de um plano de marketing .............................................................................. 15 Figura 2- Market Share nacional da indústria de cachaça .......................................................... 30 Figura 3- Os dez países com maiores áreas de orgânicos ......................................................... 36 Figura 4 - Consumo de bebidas alcoólicas no Brasil .................................................................. 43 Figura 5 - Logomarca cachaça Sanhaçu..................................................................................... 47 TABELAS Tabela 1- diferenças entre cachaça de alambique e industrial ................................................... 31 Tabela 2 - Segmentação do púbico alvo ..................................................................................... 45 QUADROS Quadro 1 - Evolução do enfoque estratégico nas 500 maiores da revista Fortune .................... 17 Quadro 2- Análise SWOT ............................................................................................................ 44 Quadro 3- Pontuação para posicionamento de mercado............................................................ 46 Quadro 4 - Posicionamento de mercado ..................................................................................... 46 Quadro 5 - Implementação do plano de marketing ..................................................................... 54 LISTA DE SIGLAS ABRABE – Associação Brasileira de Bebidas AMCHAM – American Chamber of Commerce AMPAQ – Associação Mineira dos Produtores de Aguardente de Qualidade APEX – Agência brasileira de promoção de exportação e investimentos CPT – Centro de Produções Técnicas IBD – Instituto Bio Dinâmico IBRAC – Instituto Brasileiro da Cachaça INFOAM – International Fedaration of Organic Agriculture Movements MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento PBDAC – Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas RESUMO O presente trabalho apresenta um plano de marketing para uma microempresa familiar de cachaça de alambique orgânica, buscando entender as diferenças mercadológicas entre os destilados de uma forma geral com foco na aguardente de cana-de-açúcar. A produção nacional de cachaça atinge cerca de 1,3 bilhões de litros anuais, gera uma receita próxima a US$ 500 milhões e emprega 450 mil pessoas; é produzida em todas as regiões brasileiras, sendo a maior parte nos estados de São Paulo, Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro, Goiás, Minas Gerais e Santa Catarina. Estima-se que existam perto de 30 mil produtores, a maioria produzindo pequenos volumes comercializados localmente. Os produtores de grande escala utilizam modernas colunas de destilação e sofisticados recursos de análises laboratoriais. Os produtores, de forma geral, conseguem manter características originais para a cachaça dentro de padrões de qualidade. Atualmente quase 15 milhões de litros são vendidos para mais de 60 países. A cachaça Sanhaçu, empresa em estudo visa contribuir para resgatar a tradição pernambucana em produzir cachaça de qualidade e romper as barreiras de inserção de uma nova marca no concorrido mercado de cachaça de alambique. PALAVRAS-CHAVE Cachaça de Alambique, Cachaça Pernambucana, Plano de Marketing SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS, TABELAS E QUADROS .......................................................... 6 FIGURAS.................................................................................................................... 6 TABELAS ................................................................................................................... 6 QUADROS ................................................................................................................. 6 LISTA DE SIGLAS ..................................................................................................... 7 1. PROBLEMÁTICA ................................................................................................. 10 1.1. EXPOSIÇÃO DO ASSUNTO........................................................................................................ 10 1.2. PROBLEMA DE PESQUISA ........................................................................................................ 10 1.3. JUSTIFICATIVA PARA A ESCOLHA DO TEMA ......................................................................... 11 1.4. OBJETIVO GERAL ....................................................................................................................... 12 1.5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................ 12 1.6. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO .................................................................................................. 12 1.7. METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................................................. 12 2. ABORDAGEM TEÓRICA..................................................................................... 13 2.1. O QUE É UM PLANO DE MARKETING ...................................................................................... 13 2.2. A ESTRUTURA DE UM PLANO DE MARKETING ...................................................................... 14 2.3. PLANEJAMENTO ......................................................................................................................... 15 2.4. OBJETIVOS E METAS ................................................................................................................. 21 2.5. COMPOSTO DE MARKETING .................................................................................................... 22 2.6.. IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MARKETING ..................................................................... 24 2.7. AVALIAÇÃO E CONTROLE ......................................................................................................... 25 3. CONTEXTO HISTÓRICO-ECONÔMICO DA CACHAÇA .................................... 26 3.1. A HISTÓRIA DA CACHAÇA ......................................................................................................... 26 3.2. CENÁRIO NACIONAL DA CACHAÇA ......................................................................................... 28 3.3. PADRÕES DE IDENTIDADE DA CACHAÇA .............................................................................. 33 3.4. O MERCADO DA CACHAÇA ....................................................................................................... 34 3.5. O CENÁRIO NACIONAL DOS PRODUTOS ORGÂNICOS......................................................... 35 4. PLANO DE MARKETING .................................................................................... 39 4.1. SUMÁRIO EXECUTIVO ............................................................................................................... 39 4.2. ANÁLISE DE AMBIENTE ............................................................................................................. 40 4.3. DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS E METAS: .................................................................................. 48 4.4.DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING .................................................................... 48 4.5. IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MARKETING ...................................................................... 52 4.7. AVALIAÇÃO E CONTROLE ......................................................................................................... 55 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 56 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 57 10 CAPÍTULO 01 1. PROBLEMÁTICA 1.1. EXPOSIÇÃO DO ASSUNTO Este trabalho busca entender o mercado pernambucano para cachaça de alambique, estudar os entraves para comercialização deste produto e propor estratégias de inserção no mercado de uma nova marca através da elaboração de um plano de marketing para uma micro empresa familiar de cachaça de alambique orgânica. No primeiro capítulo, são apresentados: a problemática do assunto, os objetivos gerais e específicos, a metodologia utilizada bem como a delimitação do trabalho. A abordagem teórica, base de sustentação para o desenvolvimento da pesquisa, compõe o segundo capítulo, em seguida, no terceiro capítulo é feita uma contextualização histórico-econômica da cachaça no Brasil as características do mercado atual. No capítulo quatro, é apresentado um plano de marketing para uma microempresa de produção de cachaça de alambique e, por fim, as conclusões, limitações e recomendações decorrentes deste estudo. 1.2. PROBLEMA DE PESQUISA Qual o conhecimento da sociedade pernambucana sobre cachaça artesanal de alambique? Por que a cachaça é tida como uma bebida de baixa qualidade em Pernambuco? Por que o mercado de cachaça de alambique neste estado é tão reprimido, se comparado a vizinhos como Paraíba e Ceará? Quais os desafios de marketing que uma pequena empresa enfrenta para introduzir sua marca no mercado? 11 1.3. JUSTIFICATIVA PARA A ESCOLHA DO TEMA Pernambuco ocupa atualmente o segundo lugar em produção de cachaça no país, e apesar desta excelente colocação, Recife é a cidade brasileira com maior consumo per capta de wisky, o que comprova quando não é exportada, a cachaça produzida no estado não é aceita pelo público pernambucano como um produto de qualidade. Estima-se que no Brasil existam perto de 30 mil produtores, a maioria produzindo pequenos volumes comercializados localmente. Pernambuco conta hoje apenas com 06 (seis) alambiques devidamente regularizados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento e alguns poucos atuando de forma clandestina. Os produtores de grande escala utilizam modernas colunas de destilação e sofisticados recursos de análises laboratoriais. Os pequenos produtores, de forma geral, conseguem manter características originais para a cachaça dentro de padrões de qualidade, possuem uma boa apresentação do produto, mas não conseguem uma expressão satisfatória no mercado. O mercado pernambucano está apenas começando a reconhecer o valor da cachaça produzida em alambiques, resgatando a tradição dos antigos engenhos, aliado a todo um aparato tecnológico desenvolvido pelas universidades de Minas Gerais, e amantes do produto de todo o país. A necessidade dos produtores de cachaça, vivenciada pessoalmente pelo autor desta monografia, de inserir seu produto no mercado, incentivou a criação deste trabalho acadêmico, sua aplicação pode ajudar não só a resolver este problema, mas proporcionar a todos os pequenos empresários do setor um caminho a ser seguido para que juntos possamos colocar a cachaça pernambucana no lugar de destaque que lhe é devido. 12 1.4. OBJETIVO GERAL Conhecer qual o entendimento da sociedade pernambucana sobre as diferenças entre os diversos tipos de bebidas alcoólicas derivadas de cana-deaçúcar, seus costumes e história e como isto se reflete no consumo e apontar soluções com a elaboração de um plano de marketing para uma micro empresa de produção de cachaça artesanal. 1.5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Levantar os motivos pelo qual a cachaça é tida como um produto de baixa qualidade; • Estudar o mercado atual e a perspectiva de futuro neste segmento; • Entender os hábitos pernambucanos de consumo desta bebida; • Comparar o mercado Pernambucano com estados potenciais consumidores do produto • Elaborar um plano de marketing para uma micro empresa de produção de cachaça artesanal 1.6. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO Estudar a história da cachaça no Brasil, com ênfase em Pernambuco, conhecer o comportamento do mercado local e compará-lo com mercados vizinhos. Elaborar um plano de marketing para uma microempresa familiar de produção de cachaça de alambique orgânica. 1.7. METODOLOGIA DE PESQUISA A pesquisa será exploratória com levantamento em livros, visitas a museus de cachaça, visita a produtores de cachaça e pesquisa em websites de produtores, colecionadores e estudiosos sobre o assunto. 13 CAPÍTULO 02 2. ABORDAGEM TEÓRICA 2.1. O QUE É UM PLANO DE MARKETING Um plano de marketing é uma ferramenta empresarial que em harmonia com o plano de negócios, visa identificar oportunidades e detalhar ações necessárias para atingir objetivos de uma empresa, podendo ser direcionado a um produto, uma marca, um serviço ou ainda para linhas de produtos. Conhecendo seu mercado o empresário será capaz de traçar o perfil do seu consumidor, tomar decisões com relação a objetivos e metas, ações de divulgação e comunicação, preço, distribuição, localização do ponto de venda, produtos e serviços adequados ao seu mercado, ou seja, ações necessárias para a satisfação de seus clientes e o sucesso de seu negócio. Uma diferença fundamental entre o planejamento estratégico e o de marketing é que o primeiro é considerado de longo prazo, com um horizonte temporal de cerca de 5 anos, enquanto o segundo é de curto prazo, com horizonte temporal de um ano, esta condição leva a necessidade de elaborar cenários específicos para o planejamento de marketing e o planejamento estratégico segundo MOREIRA (2006, p.1610). De acordo com Las Casas (2001, p. 18), “o plano de marketing estabelece objetivos, metas e estratégias do composto de marketing em sintonia com o plano estratégico geral da empresa”. Para Westwood (1991 p. 19): Um plano de marketing é um documento que formula um plano para comercializar produtos e/ou serviços. O plano de marketing global da companhia pode ser composto a partir de uma série de planos de marketing menores para produtos ou áreas individuais. Ainda Westwood (1991), o plano de marketing disciplina o planejador a colocar suas idéias, fatos e conclusões de uma maneira lógica que pode ser seguidos por outros. O plano de marketing é à base do plano estratégico, pois determina, através de estudos de mercado, 14 até mesmo o que, como e quando será produzido um bem, serviço ou idéia para a posterior venda a indivíduos ou grupos (COBRA, 1991). A certeza de que o marketing é a ferramenta gerencial que mais influencia a evolução do homem e da sociedade já não é mais novidade. A busca incessante pela satisfação de necessidades e desejos, mesmo os mais utópicos, tem levado o homem ao progresso, em termos sociais e tecnológicos, e a resposta para a solução de determinadas necessidades. É o que todos os administradores de marketing consideram genialidade (SCHEIDT, 2000, p.81). Os planos de marketing oferecem vários benefícios. Um plano de marketing bem feito ajuda os membros do departamento de marketing a reconhecer onde seus esforços devem estar concentrados e a observar e tirar o melhor proveito das oportunidades no mercado. Também proporciona um meio de medir o desempenho do departamento de marketing pela comparação dos resultados com os objetivos (CHURCHILL e PETER, 2000, p.101) 2.2. A ESTRUTURA DE UM PLANO DE MARKETING Não existe uma estrutura fixa para se elaborar um plano de marketing, mas o importante é que ele ser baseado em uma sólida estratégia de marketing, caso contrário fica fadado a se tornar mais algumas folhas de papel na mesa do empresário. Basicamente um plano de marketing se divide em três partes conforme figura abaixo: 15 Figura 1 - Etapas de um plano de marketing Fonte: SEBRAE-MG Este estudo propõe a investigação do processo gerencial do marketing tanto no desenvolvimento de novos negócios, como na elaboração de planos para negócios já implantados. 2.3. PLANEJAMENTO No nosso dia-a-dia estamos em constante movimento e antecipando os resultados de nossas ações mesmo involuntariamente ou inconsciente. Porém o ato de planejar explicitamente geralmente é menos frequente que a ação, mesmo que não estejamos completamente cientes dessa antecipação. Assim que tomamos conhecimento de uma ação, ou quando executamos comportamentos bem treinados para os quais possuímos planos previamente armazenados, ou quando o curso de uma ação pode ser livremente adaptado enquanto ela estiver sendo executada, então, geralmente agimos e adaptamos nossas ações sem planejá-las explicitamente. No mundo empresarial o planejamento possibilita perceber a realidade, avaliar as opções, construir um referencial futuro, estruturando o trâmite adequado e 16 reavaliar todo o processo a que o planejamento se destina. Sendo, portanto, o lado racional da ação. 2.3.1 – Sumário Executivo O sumário executivo apesar de estar no início do plano de marketing, deve ser escrito por último, visto que este deve apresentar uma visão geral do plano, apresentando a situação atual, objetivos alcançar e estratégias para se atingir tais objetivos. Segundo o Prof. Dr José Dornelas, palestrante, consultor, autor de livros bestseller e professor nas principais escolas de negócios do país, é muito mais coerente e eficiente escrever o sumário executivo depois de se preparar o texto básico, este sumário não deve conter mais que duas páginas e contemplar a essência do plano. 2.3.2 – Análise de ambiente A sintonia com o ambiente é fator determinante para a sobrevivência e o sucesso de uma empresa, e deve ser permanentemente monitorado, nos âmbitos externo e interno. Este conceito pode ser sintetizado no pensamento de Sun Tsu (2008), que afirma que se conhecemos o inimigo e a nós mesmos (ambientes externo e interno), não precisamos temer o resultado de uma centena de combates. Se nos conhecemos, mas não o inimigo, para cada vitória sofreremos uma derrota, se não conhecemos nem ao inimigo nem a nós mesmos, sucumbiremos em todas as batalhas. Para reforçar a relevância da Análise do Ambiente, vamos destacar opiniões de consultores internacionais, professores e empresários de sucesso. Peter Drucker (2010, np), retrata que em épocas turbulentas as empresas não podem pressupor que o amanhã será sempre uma extensão do presente. Pelo 17 contrário, devem administrar visando mudanças que representem oportunidades e ameaças. Uma era de turbulência é também uma era de grandes oportunidades para aqueles que compreenderem, aceitarem e explorarem as novas realidades. Os tomadores de decisões devem e enfrentar face-a-face a realidade e resistirem àquilo que todos nós já conhecemos, a tentação das certezas do passado - certezas que estão prestes a se tomar as superstições do futuro. Os que se acomodam e se desculpam dizendo que "Não temos certeza de coisa alguma", devem se lembrar da famosa afirmação de Toffler: "As mudanças são a única certeza que temos." Para os que temem mudanças, Drucker (2010, np) adverte ainda que mudanças são oportunidades. Podem ser vistas como ameaças por muitos executivos - mas todas precisam ser exploradas como uma oportunidade - para fazer algo de diferente, algo de novo e, acima de tudo, para fazer algo melhor, algo mais produtivo e lucrativo. A evolução do enfoque estratégico para as 500 maiores empresas da revista Fortune. Esta evolução pode ser vista no quadro a seguir (MICKAMNN) Era Período Enfoque 1 1910/1935 Estrutura 2 1935/1955 Produtividade 3 1955/1970 Sistemas 4 1970/1980 Estratégia 5 1980/1985 Cultura 6 1985/1989 Inovação 7 1990 Administração da Complexidade Quadro 1 - Evolução do enfoque estratégico nas 500 maiores da revista Fortune Fonte: "FUTURE 500: Creating Tomorrow's Organizations Today" 18 Cabe destacar no quadro que, na década de 90, o enfoque é para a Administração da complexidade. Como a complexidade é gerada pela dinâmica do ambiente, fica evidente a necessidade de analisá-lo e monitorá-lo sistematicamente. Alvin Toffler (1983), em seu livro, "Previsões e premissas", afirma que uma das melhores maneiras de otimizar as decisões no presente é prospectar o futuro. John Naisbitt (1983), mundialmente famoso pelo seu livro "Megatendências", com mais de 7 milhões de exemplares vendidos, em um de seus seminários no Brasil, afirmou também que saber quais são as megatendências e acompanhalas de perto é hoje um requisito essencial a todos aqueles que buscam excelência de resultados e não somente sobrevivência. Michel Godet, professor de Prospectiva e Planejamento Estratégico no Conservatoire National de Arts et Metiers de Paris, em palestra no CENPES Centro de Pesquisa da Petrobrás, realizado no Brasil em 1989, destacou a importância da análise do ambiente interno da empresa, detectando com clareza suas Forças e Fraquezas e em especial, a análise do ambiente externo onde a prospecção de Ameaças e Oportunidades permitirão definir o posicionamento da empresa face às questões-chave para o futuro. George Steiner (1981), renomado consultor e professor da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), afirmou que a influência mais importante sobre a política e a estratégia de uma empresa é o ambiente externo. Quanto mais complexo, turbulento e variável for este ambiente, maior será o seu impacto sobre a empresa. Todas as organizações, grandes e pequenas têm que prestar mais atenção, para sua sobrevivência, a seus ambientes quando formulam e implantam políticas e estratégias. 2.3.3 – Definição do Público Alvo Identificar os segmentos da população ou particulares que se deseja servir, este, segundo o SEBRAE-MG (2010, np) é o principal sentido da definição do 19 público alvo. É preciso que se determine quais os segmentos que oferecem as melhores oportunidades para o negócio. Para o SEBRA-PR (2010, np) , a definição do público alvo é o ponto inicial para o planejamento do seu novo negócio. Para identificar para quem você quer vender o seu produto e serviço não basta descrever as características de sua clientela. Apesar de ser comum a definição do público alvo apenas citando fatores como renda, sexo, grau de escolaridade entre outras, estes parâmetros dão apenas uma idéia superficial do mercado. É necessário identificar se o cliente está disposto a comprar o produto ou serviço oferecido e se entre sua lista de desejos e necessidades encontram-se o que temos a oferecer. Além destas questões é necessário identificar se o grupo de clientes que pretende atender é grande o suficiente para sustentar o seu negócio. No caso de existirem concorrentes deve ser levada em consideração a divisão deste mercado potencial em vários competidores brigando pelo mesmo cliente. Portanto identificar a quantidade de clientes potenciais pode fazer toda a diferença em seu planejamento. Lee Ann Obringer (2010, np), redatora do HowStuffWorks (EUA) e Bacharel em Jornalismo/Propaganda pela Universidade da Carolina do Norte, afirma que a determinação do público alvo é provavelmente a parte mais importante dos esforços em marketing, pois as ações devem ser direcionadas as pessoas certas para que o resultado seja alcançado. Incluir o máximo de informações psicográficas e demográficas que puder coletar é um fator chave para que se tenha uma boa determinação deste público. 2.3.4 – Posicionamento de Mercado Posicionar-se no mercado é definir que imagem a empresa deseja transmitir ao seu cliente. Esta imagem deve ser bem definida e garantir diferenciais competitivos em relação aos concorrentes. O SEBRAE-SC (2010, np) reforça que para apresentar-se na mídia e também para ganhar força no mercado, é de extrema importância que a empresa forme 20 uma imagem perante todos: parceiros, concorrentes, fornecedores e, principalmente, clientes. A criação e materialização da imagem se dão através do posicionamento que irá adotar. 2.3.5. Definição da Marca A representação da identidade de uma empresa é a sua marca, esta deve ser simples e objetiva, transmitindo ao mercado o posicionamento da empresa transmitindo de forma clara suas vantagens sobre a concorrência e o que tem de oferecer a mais para seus clientes. Normalmente a logomarca é formada por um símbolo e um nome, podendo ser adicionado um slogan, uma frase que ressalte o posicionamento da empresa e ajude a transmitir esta imagem aos consumidores. Um slogan curto facilita a memorização. A marca é um sinal de presença, uma simples pegada, na teoria da comunicação um signo, um símbolo ou um ícone, uma simples palavra pode definir uma marca. O termo é frequentemente usado hoje em dia como referência a uma determinada empresa: um nome, marca verbal, imagens ou conceitos que distinguem o produto, serviço ou a própria empresa. Quando se fala em marca, é comum estar-se a referir, na maioria das vezes, a uma representação gráfica no âmbito e competência do designer gráfico, onde a marca pode ser representada graficamente por uma composição de um símbolo e/ ou logotipo, tanto individualmente quanto combinados. O conceito de marca porém é bem mais amplo que ua simples representação gráfica, uma empresa através de sua marca e de seu nome fantasia deve comunicar a essencia de seu produto. Assim pretende marcar a imagem na mente do consumidor, fazendo com que ele associe sempre a imagem a qualidade do produto, em função disto a marca pode formar um importante elemento temático pra a publicidade. É fundamental entender que o conceito de marca é mais intangível do que tangível, já que o consumidor tem sensações, experiências e percepções diferentes sobre uma mesma marca em relação a outro consumidor. 21 A definição da American Marketing Association, ainda adaptada em edições clássicas de marketing, acrescenta a definição jurídica: “ A marca é um nome, um termo, um sinal, ou um desenho, ou uma combinação destes elementos, com vista a identificar os produtos e serviços de um vendedor, ou de um grupo de vendedores, e a diferenciá-los dos concorrentes”. Segundo Kotler (2006), talvez a habilidade mais característica dos profissionais de marketing seja a capacidade de criar, manter, proteger e melhorar uma marca. Para os profissionais de marketing, o estabelecimento de uma marca é a arte e a essência do marketing. A marca é em essência uma promessa da empresa em fornecer uma série específica de atributos, benefícios e serviços uniformes aos compradores. Socorrendo-nos de novo a Kotler (2006), a garantia de qualidade vem junto com as melhores marcas, mas uma marca é um símbolo mais complexo, podendo trazer até seis níveis de significados: Atributos: a marca tem o poder de trazer a mente certos atributos. Benefícios: estes são traduzidos em benefícios funcionais e emocionais. Valores: a marca também transmite os valores da empresa. Cultura: a marca tem o poder de representar certa cultura. Personalidade: a marca pode projetar certa personalidade. Usuário: a marca sugere o tipo de consumidor que pode usar determinado produto. 2.4. OBJETIVOS E METAS Traçar objetivos e metas para um plano de marketing é importante para adequar e orientar o caminho a ser seguido para que a empresa esteja na certeza de estar no caminho correto. Saber aonde se quer chegar e quantificar 22 estas etapas para que o plano possa ser avaliado à medida que está sendo executado. O objetivo é onde queremos chegar, está relacionado à missão da empresa e orienta suas ação, são declarações simples do que deve ser realizado pela estratégia de marketing, as metas são a quantificação deste objetivo, são mais específicas. As metas devem ser ousadas porém atingíveis, metas muito acima do possível são desestimulantes. 2.5. COMPOSTO DE MARKETING No marketing moderno, o composto de marketing é um dos principais elementos podendo ser definido como variáveis que uma organização utiliza para produzir a resposta que deseja junto ao seu público alvo. Para COBRA, (1992, p.41), "a interação de uma organização com seus meios ambientes internos e externos se realiza através do composto de Marketing”. As diversas possibilidades podem ser reunidas em cinco grupos de variáveis: produto, preço, praça, promoção e pessoas. Para Jerome McCarthy em seu livro Basic Marketing (1960) e trata do conjunto de pontos de interesse para os quais as organizações devem estar atentas se desejam perseguir seus objetivos de marketing. Produto: significa a combinação de bens e serviços, tudo o que se refere ao produto ou serviço em si, como formulação física, características, produção, qualidade, marca, design, embalagem, etc. É preciso que os produtos ou serviços a serem ofertados tenham boa qualidade, que as características atendam os gostos dos consumidores, e principalmente que correspondam as promessas da marca. A partir da segmentação escolhida, podemos determinar o que oferecer, com que amplitude, com que profundidade, com que marcas e modelos, em que níveis de qualidade e de eque forma apresentar e oferecer ao público (BERNARDINO, 2006, p75) Preço: Política de preços, descontos, e formas e prazos de pagamento, ou seja a quantidade de dinheiro que os clientes devem pagar pra obter o produto. Ao se formular um preço, deve se ter em mente o custo total do composto de 23 marketing e a concorrência. Estudar a reação do consumidor e proporcionar descontos estimulantes aliados a prazos de pagamento e termos de crédito efetivamente atrativos. Dentro do composto de varejo, o preço é uma variável relevante, pois influi diretamente na rentabildade do varejista, bem como na transmissão de uma determinada imagem ao consumidor (BERNARDINO, 2006, p.84) Praça: tarefas necessárias para apresentar o produto ou serviço ao consumidor, para que ele possa comprá-lo e consumi-lo, canais de distribuição, cobertura, variedades, locais, estoque, transporte. Existem muitas formas de distribuição de um produto ou serviço, mas as principais são distribuição direta e distribuição indireta. Distribuição direta é quando o produtor do serviço ou produto vende diretamente ao consumidor. Exemplos claros são as famosas "lojas de fabrica" e os próprios prestadores de serviço que executam o serviço diretamente ao consumidor, como os cabeleireiros e dentistas. A distribuição indireta é quando o produtor utiliza-se de distribuidores para vender o produto ou serviço ao consumidor, que são os casos de supermercados, conveniências e até as próprias livrarias. Promoção: todas as tarefas de comunicação que visam promover o consumo do produto ou serviço, promoção de vendas, publicidade, força de vendas, relações públicas, marketing direto, propaganda, etc. Refere-se aos diferentes métodos para divulgar a marca, empresa ou produto. Pessoas: são essencias para a vida da empresa, colaboradores que tenham um total conhecimento do posicionamento da empresa, objetivos e metas são necessárias para que a qualidade do atendimento, do produto e dos serviços prestados estejam de acordo com o planejado. Treinamentos, confraternizações e politicas motivadoras, visto que uma boa remuneração não é suficiente para manter colaboradores sempre dispostos a proporcionar um excelente atendimento e participação ativa. Os colaboradores devem coompreender que quanto maior a satisfação do cliente, melhores as 24 vendas e os lucros, mais estável estará a empresa e o seu futuro mais promissor. Estes cinco fatores do mix de marketing estão inter-relacionados, decisões e ações em uma área afetam outras, uma empresa que decide trabalhar com a estratégia de preço baixo para conquistar mercado, deve estar atenta como dar suporte nos outros elementos para não ocorra um desequilíbrio que pode ser prejudicial a saúde financeira da empresa. Cada elemento do mix de marketing pode ter infinitas possibilidades, pode-se dar foco a distribuição por atacadistas ou vendas diretas a consumidores finais, preço baixo ou eleger apenas produtos para classes de maior poder aquisitivo, enfim a administração deve selecionar uma combinação de fatores que vão satisfazer tanto a empresa quanto o público alvo. 2.6.. IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MARKETING Para que o plano de marketing tenha efeito é preciso de um cuidadoso e bem estruturado processo de implementação, Zinkhan e Pereira (1994) revisaram a história da pesquisa em estratégia de marketing, concluindo que a omissão de trabalho nas áreas de implementação e controle são as mais preocupantes. No planejamento de marketing, a implementação eficaz é imprescindível. Para Simkin (1996), muitos autores possuem uma visão míope com relação ao planejamento de marketing, pois percebem-no apenas como a etapa final do processo, quando a ênfase está na implementação do composto de marketing, e não na análise ou no desenvolvimento de uma estratégia de mercado. Para David (2002), a principal ameaça para a implementação bem sucedida de uma estratégia é a resistência à mudança. As resistências às mudanças podem vir das mais diversas formas, desde uma sabotagem de máquinas, faltas ao trabalho e falta de vontade de cooperar. A resistência é natural por parte do ser humano, mas o principal fator é a falta de compreensão do porquê da mudança, isto leva aos administradores a antes de implementar o plano de marketing, preparar os colaboradores. Existe, porém uma necessidade real por parte dos empresários, de assegurar que a implementação dos planos de marketing seja realizada de forma eficiente e eficaz, em geral, um valioso 25 capital humano e financeiro é investido no plano e o resultado depende bastante de fatores com quem e de que forma serão realizadas as ações propostas. Walker, Boyd e Larréché (1996) acreditam que quatro conjuntos de variáveis internas afetam a habilidade de um negócio em implementar suas estratégias, a saber: o ajuste entre as estratégias de marketing perseguidas em determinados mercados e as estratégias corporativas da empresa, os relacionamentos administrativos entre as unidades de negócio e as matrizes da corporação, a estrutura organizacional das unidades de negócio e seus mecanismos de coordenação, e o conteúdo do plano de marketing para cada mercado. McDonald (1992) apresenta dez principais razões para as falhas na implementação de planos de marketing: confusão entre táticas e estratégias de marketing, isolamento da função de marketing das operações, confusão entre a função de marketing e o conceito de marketing, barreiras organizacionais, falta de análises aprofundadas, confusão entre processo e resultado do processo, falta de conhecimento e habilidades, falta de uma abordagem sistemática para o planejamento de marketing, dificuldade em priorizar objetivos e presença de culturas organizacionais hostis. 2.7. AVALIAÇÃO E CONTROLE A Avaliação de plano de marketing pode ser realizada de formas diferentes, isoladas ou inter-relacionadas: • Avaliação qualitativa (adaptação ao mercado e á empresa e coerência com o posicionamento. • Avaliação quantitativa (vendas, quota de mercado e resultados). • Formulação de orçamentos previsionais (margem bruta, resultados líquidos, cash flow, retorno do capital investido e pay-back do investimento). • Método do ponto crítico. 26 CAPÍTULO 03 3. CONTEXTO HISTÓRICO-ECONÔMICO DA CACHAÇA 3.1. A HISTÓRIA DA CACHAÇA Existem várias versões para o surgimento da aguardente, a mais aceita provém dos gregos, que utilizavam os destilados para fins medicinais. O processo de obtenção da aguardente, ou ácqua ardens, água que pegava fogo foi aprimorado pelos árabes, que inventaram e desenvolveram o processo de destilação semelhante ao existente atualmente. A tecnologia de obter destilados se espalhou por diferentes regiões, adaptando-se as matérias primas existentes. Assim, a Escócia passou a produzir o whisky (a base de cevada ou milho), Itália o grappa (uva), Alemanha o kirsch (cereja), Rússia a vodka (centeio), Japão e China o sakê (arroz), Portugal a bagaceira (uva), México a tequila (algave), Brasil a cachaça (cana-de-açúcar), dentre outros (AMPAQ, 2004). A origem da palavra “cachaça” é polêmica. Uma versão leva ao termo ibérico cachazza, tipo de vinho barato consumido em Portugal e Espanha, outra considera que veio da fêmea do cachaço, porco selvagem cujas carnes duras eram amaciadas com a aguardente. E ainda, outra versão considera que veio da “cagaça”, garapa azeda do vinho da cana-de-açúcar servida aos escravos pelos senhores de engenho que ao ser destilada passou a ser denominada cachaça (APEX, 2002; ALMEIRA, 2004; SILVEIRA, 2004). Existem duas versões aceitas para o surgimento da cachaça no Brasil, a primeira e mais romântica, alega que os escravos erraram o ponto do açúcar e para feitor não percebesse, esconderam o tacho na senzala, que durante a noite fermentou, evaporando o álcool e condensando no telhado da senzala, caindo na forma de gotículas, surgindo assim o apelido “pinga”, bem como o nome aguardente, pois os pingos caiam sobre as costas maltratadas dos escravos que estavam em carne viva e ardia. Experimentando este líquido, notaram que possuía efeitos relaxantes, ajudando-os a suportarem as árduas 27 tarefas do dia-a-dia, esta versão, a mais contada em mesas de bar e pelos amantes da bebida é a mais divulgada, porém não é aceita pelos historiadores, visto que, como dito anteriormente, o processo de destilação já havia sido desenvolvido há bastante tempo, sendo dominado inclusive pelos portugueses, na destilação da bagaceira, proveniente do bagaço da uva, e, junto com as caravelas, no período de colonização, mestres alambiqueiros vieram trazidos de Portugal, para adaptar o processo para a obtenção de um destilado a partir do caldo de cana no século XVI, sendo assim a primeira bebida destilada do país que, inicialmente consumida pelos escravos, passou, com o aprimoramento de sua qualidade, a ser consumida pelos senhores de engenho e por toda a sociedade. Entre os séculos XVI e XVII, a cachaça apresentou crescente importância para a economia do Brasil Colônia, o que por outro lado passou a ser uma ameaça para Portugal, interessado em exportar o vinho e a bagaceira produzidos por lá. Portugal então tentou inibir a produção, comércio e consumo da cachaça e, como não obteve resultados, começou a taxar a bebida, a qual por volta de 1755 era responsável por grande arrecadação de impostos destinados à Lisboa (AMPAQ, 2004). Naquela época a produção da cachaça se multiplicou, os engenhos de açúcar passaram a dar maior importância à fabricação da cachaça que se tornou, inclusive, moeda corrente para compra de escravos na África. No século XIX, a cachaça atingiu grande prestígio ao ser considerada símbolo da brasilidade e patriotismo frente às lutas contra o colonialismo e imperialismo português, a exemplo da Revolução Pernambucana e Inconfidência Mineira. Contrastando-se a este cenário, ao final daquele mesmo século, com a abolição da escravatura e ascensão da economia cafeeira, se instaurou uma onda de preconceito a tudo que fosse relativo ao Brasil, a moda prevalecente era a européia e a cachaça foi deixada de lado. Somente em 1922, com a Semana da Arte Moderna, se inicia o resgate à brasilidade em diversos campos e em decorrência deste contexto abre-se espaço, novamente, para se buscar a valorização e divulgação da cachaça. 28 Algo semelhante ocorreu com a tequila no México que, inicialmente, bebida apenas por índios, passou, por meio de um amplo trabalho de conscientização e valorização nacional, a ser motivo de orgulho para o povo mexicano (SILVEIRA, 2004; BEZERRA, 2003). A ciência moderna esclareceu vários pontos ou segredos dos antigos alquimistas, reações químicas e metabolismos. Células foram estudadas, os processos foram acelerados em nome de um mercado competitivo, mas principalmente a essência foi mantida, a arte não se deixou abater pela ciência, graças aos produtores de cachaça de alambique de qualidade, que em suas fábricas persistem certos valores que têm raízes na alquimia, como a busca da perfeição, harmonia com a natureza, persistência, silêncio e reflexão. Milhares de produtores de cachaça de alambique sobrevivem heroicamente nesta atividade. E há também aqueles que não dependem da produção para sobreviver, o fazem por puro prazer, produzem e aperfeiçoam seu produto como um respeitoso ritual, que personifica sua busca de integração entre filosofia, ciência, razão e sensibilidade. A cachaça, entretanto, apenas recentemente, a partir do Decreto 4.072 de janeiro de 2002, é que passou a ser uma definição de bebida alcoólica tipicamente brasileira: “Cachaça é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38% a 54% em volume a 20 graus Celsius e com características sensoriais peculiares.” (VANNUCHI, 2002). 3.2. CENÁRIO NACIONAL DA CACHAÇA Segundo dados disponibilizados pelo Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça (PBDAC), estima-se que o Brasil produza 1,3 bilhões de litros de cachaça por ano, o que equivaleria ao consumo anual de 12 litros de aguardente por brasileiro acima de 18 anos. Praticamente toda esta produção é escoada para o mercado interno, sendo a cachaça a segunda bebida alcoólica mais consumida no país, somente 29 perdendo para a cerveja, e a terceira bebida destilada mais consumida no mundo, apenas perdendo para a vodka e o soju (PBDAC, 2002; APEX, 2002). Este setor, infelizmente, ainda é bastante precário quando se trata de estatísticas oficiais, além de ser iniciante quanto à articulação entre produtores. Ademais, caracteriza-se por ter uma produção bastante pulverizada, o que dificulta a mobilização do empresariado em prol do desenvolvimento da indústria. Para enfrentar a dificuldade advinda da falta de articulação, a maioria dos estados tem criado suas associações. Em nível nacional, o PBDAC foi criado em 1997, com incentivo do Governo Federal, pelos produtores de cachaça dentro da Associação Brasileira de Bebidas (ABRABE), com o objetivo de valorizar a imagem da cachaça, como uma bebida exótica e de excelente aceitação, organizar o setor e capacitar os produtores para o mercado internacional de bebidas, fornecendo suporte técnico e comercial (AMCHAM, 2002). Com relação ao market share nacional, segundo dados da AC Nielsen (apud CACHAÇA, 2001), a cachaça 51 (Muller) de São Paulo e a cachaça Pitú de Pernambuco se destacam, sendo responsáveis por quase metade deste market share. A marca 51, entretanto, ainda é mais forte, ficando com praticamente um terço do mercado. 30 Figura 2- Market Share nacional da indústria de cachaça Fonte: AC Nielsen (apud CACHAÇA, 2001) 18 Cabe salientar que a cachaça industrial é responsável pela maior parte da produção nacional (aproximadamente 80%) e custa entre R$ 2,00 e R$ 3,00 por litro. Já a cachaça artesanal, considerada de maior qualidade pelos apreciadores da bebida, não chega a 20% da produção total de cachaça, mas possui preços bem superiores, entre R$ 10,00 e R$ 40,00 por litro (SEBRAE/MG, 2001; BEZERRA, 2003). Embora não exista diferenciação legal entre a cachaça industrial e a cachaça de alambique, o quadro abaixo destaca as principais diferenças entre as duas bebidas: CARACTERÍSTICAS CACHAÇA DE CACHAÇA INDUSTRIAL ALAMBIQUE Tamanho Equipamentos Material Produção até 5.000 Produção até 500.000 litros litros por dia por dia Alambique Coluna de destilação Cobre Aço Inox 31 Características Permite separação de Produto padronizado, sem produtos de cabeça, separação da cabeça, coração e cauda coração e cauda Permite a eliminação da Não permite a eliminação da cabeça e da cauda cabeça e da cauda (produtos prejudiciais à saúde) Vantagens do cobre: Vantagens do inox: maior catalisador de reações facilidade de higienização, importantes na evita contaminação por qualidade da bebida, excesso de cobre e maior melhor condutor de calor durabilidade Colheita da cana Manual, sem queima Normalmente se queima a cana para se obter maior rendimento na colheita, que pode ser manual ou mecânica Fermentação natural Fermento Fermento produzido na industrial, com própria produtos químicos (sulfato de fazenda amônia, superfosfato, anti-espumante, antibióticos e micronutrientes) Armazenamento Normalmente em dornas Normalmente em aço de madeira por 6 a 24 carbono revestido de asfalto meses Produto hidrolisado ou aço inoxidável equilibrado, Aroma Aroma frutado, com oleosidade e alcoólico, paladar muita adocicado pela adição de paladar açúcar adocicado naturalmente Tabela 1- diferenças entre cachaça de alambique e industrial Fonte: CPT (2003) 32 A ABRABE avalia que o mercado consumidor de cachaça no Brasil apresentase consolidado, tendendo a uma desaceleração no seu crescimento, o que estaria associado a uma queda do consumo desta bebida em detrimento do aumento do consumo da cerveja, bebida preferida pelos brasileiros e, principalmente, pelos jovens, além do preconceito que atribui o consumo de cachaça às pessoas de baixa renda (OLIVEIRA et al, 2001). A idéia de que a cachaça é uma bebida de pessoas de baixa renda e incultas também é abordada pelo PBDAC (2002), que associa ao surgimento da elite dos barões do café, por volta de 1850, uma mudança de hábitos de consumo do povo brasileiro que passa a valorizar apenas o que é europeu, enfatizando-se o preconceito contra os produtos nacionais. Apesar de não ser valorizada nacionalmente, na intensidade desejada pela indústria, a cachaça pode ser comparada aos melhores destilados do mundo, ganhando destaque entre um público consumidor sofisticado. O mercado mundial e também o brasileiro atualmente, de melhor poder aquisitivo, está ávido por produtos denominados “naturais”. A preocupação com o aquecimento global, a preservação das reservas ecológicas são assuntos abordados diariamente em todos os ambientes. O produto artesanal tem mais apelo comercial, permitindo ao micro, pequeno e médio produtor, a chance na competição com o chamado “produto industrial”, sendo imprescindível para isso a qualidade de seu produto. O consumo crescente de cachaça de qualidade e a possibilidade de exportação estão exigindo que o processo de fabricação de seja baseado em práticas criteriosamente determinadas para obtenção de um produto mais padronizado e com qualidade comprovada nos aspectos físico químicos e sensoriais, seguindo as exigências predeterminadas na legislação. A qualidade requer conhecimentos científicos e tecnológicos apurados, competência, sensibilidade e dedicação, para tanto, universidades, principalmente em Minas Gerais, tem ofertado cursos de graduação e pós-graduação sobre o tema, além de instituições não governamentais, como a AMPAQ e o CTC (Centro de Tecnologia da Cachaça), vêm oferecendo formação em operadores de máquinas para produção de cachaça artesanal de alambique, e em mestre 33 alambiqueiro, desenvolvendo e disseminando processos científicos para a produção do destilado, que até bem pouco tempo atrás era empírico, baseado na tradição e no conhecimento de mestres alambiqueiros, com muita experiência e pouco conhecimento científico. Tais atitudes vem unir a experiência dos velhos profissionais com a base cientifica, resultando em produtos cada vez mais padronizados e de alta qualidade. 3.3. PADRÕES DE IDENTIDADE DA CACHAÇA O SEBRAE (2002) define diferentes termos para a cachaça brasileira: • CACHAÇA DE ALAMBIQUE: É a bebida com graduação alcoólica de 38% 54% v/v, à temperatura de 20ºC, obtida pela destilação do mosto fermentado de cana-de-açúcar, em alambique de cobre, sem adição de açúcar, corante ou outro ingrediente qualquer. Corresponde à fração denominada coração, que vem a ser à parte destilada, de mais ou menos 80% do volume total, que fica entre as frações “cabeça” e “cauda” ou “água fraca” (Pinto, 1991); Além disso, o teor máximo de metanol permitido é de 0,250 mL por 100mL de álcool anidro, e o conteúdo de cobre não deve ultrapassar a 5mg por litro do produto. A água utilizada na elaboração da aguardente de cana deve ser do tipo potável e ainda satisfazer os seguintes requisitos: Teor máximo de ferro 0,3mg/L Teor máximo de manganês 0,1mg/L Dureza total máxima (em carbonato de cálcio) 100,0mg/L Oxigênio dissolvido 2,0mg/L • CANINHA INDUSTRIAL: É a bebida com graduação alcoólica de 38% a 54% v/v, à temperatura de 20ºC, obtida do destilado alcoólico simples de canade-açúcar, podendo ser adicionada de açúcares até seis gramas por litro e adicionada de caramelo para a correção da cor (Pinto, 1991); 34 • AGUARDENTE DE CANA: Termo usado para denominar, genericamente, os destilados brasileiros obtidos da cana-de-açúcar: cachaça e caninha industrial (Pinto, 1991) 3.4. O MERCADO DA CACHAÇA O Programa Brasileiro de Desenvolvimento de Aguardente de Cana – PBDAC elaborou uma pesquisa fazendo uma visão crítica do mercado de cachaça, analisando alguns pontos desfavoráveis (PBDAC, 1996), como pode se observar a seguir: • Inexistência de padrão de qualidade O não cumprimento à legislação e a falta de controle técnico-administrativo de produção, ocasionam a fabricação de produto de baixa qualidade. Fato este que ocorre devido à ignorância e/ou dificuldade ao acesso de técnicas contemporâneas disponíveis aos produtores. • Informação A falta de dados concretos sobre a atividade de produção e comercialização mascara qualquer tentativa de desenvolvimento setorial. Por essa razão, são necessárias ações conjuntas e uniformes para a obtenção de resultados reais sobre as dificuldades existentes e as peculiaridades do setor. • Desenvolvimento tecnológico Há poucos centros de pesquisa, assim como falta de incentivo a investimentos em novos produtos e em melhorias no processo. Os centros de pesquisas precisam, por iniciativa própria, melhorar os equipamentos e dispor-se à troca de experiência. • Informalidade 35 Há inúmeros de pequenos produtores sem qualquer tipo de orientação. A falta de estrutura acaba refletindo na qualidade do produto e, conseqüentemente, na sua imagem. • Preconceito A imagem do produto vem lutando para alcançar seu devido valor no mercado. É preciso conscientizar os produtores que a imagem é uma forma de dar sustentabilidade e consistência a introdução da cachaça no mercado internacional. É imprescindível o apoio das entidades governamentais para a divulgação da cachaça no e a sua inclusão na Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior. Aumentando, dessa forma, a credibilidade no setor e a seriedade ao PBDAC. 3.5. O CENÁRIO NACIONAL DOS PRODUTOS ORGÂNICOS Embora ainda pequeno se comparado ao mercado convencional de alimentos, os produtos orgânicos não podem ser mais classificados apenas como um nicho de mercado alternativo para os cultos ou ecologistas, quase a totalidade dos países no mundo já produzem desta forma e o resultado pode ser encontrado nos mercados de massa. Roupas, vinhos, frutas, verduras, comida congelada, cosméticos e até a brasileiríssima cachaça já estão nas prateleiras, este cenário abre novas possibilidades de negócios, principalmente para os países com vocação exportadora, como o Brasil. O relatório “The Word of Organic Agriculture: Statistics and Emerging Trends” de 2008, publicados pela Infoam (International Federation of Organic Agriculture Movements) mostra que o consume mundial de orgânicos vem crescendo ano após ano, a área plantada aumentou em 1,8 milhões de hectares entre 2005 e 2006, por sua vez, as vendas globais de bebidas e alimentos orgânicos aumentaram 57% de 2002 a 2006, pulando de US$ 23 36 bilhões para US$ 40 bilhões. O gráfico a seguir mostra países produtores de orgânicos pelo mundo, destacando-se a Austrália, com suas áreas de pasto orgânico: 14 milhões de hectares 12 10 8 6 4 2 Un id o no an ha Re i l em Al Br as i Ur ug ua i Es pa nh a lia Itá a Ar ge nt in EU A na Ch i Au st rá lia 0 Figura 3- Os dez países com maiores áreas de orgânicos Fonte: Infoam 2006 A busca por produtos saudáveis, seguros e ambientalmente corretos e confiáveis concentra-se nos Estados Unidos e Europa, que são responsáveis por mais de 90% do consumo de orgânicos no mundo. A produção interna de adubos como biofertilizantes e compostagem têm ajudado a baratear os custos dos alimentos orgânicos visto que a crise econômica, estoques de alimentos no menor nível da história, alta recorde de insumos, em especial dos fertilizantes, pressionados pela elevação dos preços do petróleo, este é o quadro que a agricultura mundial tem convivido nos últimos meses e cujo efeito está na elevação dos custos de produção e dos preços dos alimentos, e não há previsão de mudança no curto prazo, tanto na produção interna quanto nos preços dos fertilizantes, que dobraram de valos 37 nos últimos 18 meses, segundo a fundação Getúlio Vargas, apenas de janeiro a agosto, os insumos tiveram alta de 15%. 3.5.1. Legislação de Orgânicos O decreto 6.323 de 2003 regulamenta a Lei dos Orgânicos, os principais pontos são: • Estabelecimento do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica • Obrigatoriedade de cadastramento dos produtores no sistema, como forma de identificar a origem dos itens comercializados. • Obrigatoriedade de certificação orgânica, exceto para produtos vendidos diretamente em feiras livres. • Permissão para a produção paralela, na mesma propriedade, de produtos orgânicos e não orgânicos, desde que haja separação dos processos produtivos. Não poderá haver contato dos orgânicos com materiais e substâncias cujo uso não sejam autorizados • Proibição da venda no mercado interno de orgânicos produzidos para exportação. A regra vale para componentes ou processos proibidos na regulamentação brasileira • Autorização aos agricultores familiares para realizarem a venda direta ao consumidor, desde que tenham cadastro junto ao órgão fiscalizador competente. 3.5.2 Os Benefícios da agricultura orgânica A agricultura orgânica traz não só benefícios para quem consome, mas também para quem produz alimentos biologicamente corretos, entre eles podemos citar: • Agricultura sustentável: o cultivo orgânico é fundamentado na obtenção de uma agricultura sustentável, que é aquela onde as plantas encontrarão no solo todos os recursos de que necessitamos para o seu desenvolvimento, 38 dispensando portanto, as adubações químicas e as pulverizações com agrotóxicos. Logo pela agricultura sustentável, o sucesso da cultura passa a ser função do fornecimento de matéria orgânica ao solo, visando aumentar a atividade biológica dos diversos organismos existentes. A teoria da Trofobiose, elaborada pelo pesquisador Francis Chaboussou afirma que uma planta bem nutrida, sadia e vigorosa, não hospeda pragas, dispensando portanto o uso de fertilizantes químicos. • Equilíbrio biológico: Os microorganismos presentes no solo são favorecidos pelo fornecimento de matéria orgânica criando condições favoráveis para seu desenvolvimento e multiplicação, proporcionando a existência de uma grande diversidade. Em conseqüência disso, haverá um substancial aumento das transformações dos minerais em nutrientes para as plantas • Preservação do ecossistema: A flora retira do solo quase tudo que necessita para sobreviver, assim além de ser o suporte físico o solo funciona também com fonte de água e nutrientes. Na Agricultura Orgânica são adotadas medidas que permitam que as características físicas, químicas e biológicas do solo sejam adequadas para cada tipo de cultura, e a médio-longo prazo, dependendo do estágio inicial do solo, os recursos naturais do solo são mantidos e desenvolvidos para que haja um equilíbrio biológico natural. Em conseqüência disto, o ecossistema será preservado e a propriedade se tornará mais produtiva. • Produtos saudáveis: como os nutrientes existentes no solo são naturais, uma vez que foram transformados pela ação dos microorganismos, as plantas os absorverão e produzirão produtos de qualidade diferenciada e mais saudáveis. • Preço diferenciado: os produtos orgânicos são em média 40% mais caros que os convencionais, proporcionando uma melhor renda para o produtor. 39 CAPÍTULO 04 4. PLANO DE MARKETING 4.1. SUMÁRIO EXECUTIVO Este Plano de Marketing refere-se a Cachaçaria Barreto Silva ltda., que opera com o nome fantasia SANHAÇU. A empresa existe há 3 anos, porém está há apenas 2 no mercado, devido a morosidade burocrática em legalizar uma fábrica de bebidas alcoólicas. A agroindústria está localizada em Chã Grande, distante 86 km de Recife, na metade do caminho entre Recife e Caruaru (a capital do forró, como os pernambucanos gostam), fica também distante 15 km de Gravatá, umas das principais cidades turísticas do estado, reconhecida pelo seu clima ameno o ano inteiro. A propriedade foi adquirida pela família há 16 anos, e neste tempo um trabalho de reflorestamento e recomposição da fauna e flora local foi estabelecido. O que resultou na obtenção do selo de PRODUTO ORGÂNICO, concedido pela empresa Certivida, filiada a Bioagricert da Itália. A atual situação em que se encontra a empresa, gerando lucros abaixo do esperado para os sócios, fez com que um dos sócios, atual gerente administrativo procurasse se aprofundar mais no assunto de gestão de microempresas familiares para que os resultados comecem a surgir de forma mais significativa. Após o estudo realizado, os sócios decidiram investir em propaganda colocando um outdoor na estrada que liga a Recife, além de várias pequenas ações destacando-se o fortalecimento das degustações em bares e restaurantes. Com estas ações a Sanhaçu pretende aproximar-se ainda mais dos concorrentes mais expressivos, aumentar o faturamento, relacionamento com os distribuidores e colaboradores. melhorar o 40 4.2. ANÁLISE DE AMBIENTE 4.2.1 Fatores Econômicos A alta carga tributária é um dos maiores entraves para aumento da participação e sobrevivência das pequenas fábricas de cachaça artesanal no Brasil. A tributação pelo regime de lucro real ou lucro presumido tem um impacto devastador para o setor, principalmente para micro e pequenas empresas e contribui para o aumento da informalidade. Nesse sentido, o IBRAC – Instituto Brasileiro da Cachaça vem trabalhando para o retorno da Cachaça ao SIMPLES e em outras ações que possibilitem a uma participação dos micros e pequenos produtores no mercado interno e externo O IBD - Instituto Biodinâmico, referência nacional em certificação de orgânicos no Brasil afirma que a agricultura orgânica no Brasil apresenta um crescimento estimado de 30% ao ano e potencial para atingir 3 milhões de hectares no curto prazo. Além disto, temos o maior potencial de produção do mundo, sendo o único país com uma reserva de 90 milhões de há agriculturáveis.l Esta tendência mundial pelo consumo de alimentos saudáveis atinge também o setor de cachaça artesanal, visto que o número de produtores triplicou nos últimos 3 anos (dados da AMPAQ – Associação Mineira dos Produtores de Aguardente de Qualidade). 4.2.2 Fatores Sócio-culturais: O mercado brasileiro de bebidas tem uma série de pequenas e interessantíssimas particularidades. A primeira é que Recife (PE) é a cidade que detém o maior consumo de whisky per capita em todo o mundo. Os dados são da prestigiada publicação inglesa “The Whisky Magazine” . .Isto indica o potencial consumo para bebidas destiladas, bem como a busca pelo status de beber destilados de qualidade. Pernambuco é também o segundo maior produtor brasileiro de cachaça, hierarquia alcançada graças a PITÚ, empresa com 70 anos de mercado, que popularizou a bebida quando parou de produzir 41 o destilado em alambique e começou a apenas estandardizar e engarrafar a aguardente produzida pelas grandes destilarias de álcool, reduzindo consideravelmente o preço do produto, afetando diretamente a qualidade do mesmo. O surgimento de confrarias femininas para apreciação de cachaça de qualidade em todo o Brasil vem quebrando o preceito de que cachaça é bebida para homem, para público masculino ainda é o maior consumidor de cachaça, apesar do surgimento de confrarias femininas em todo o Brasil para desmistificar esta afirmação. A exemplo da Confraria do Barão, de São Paulo, A idéia partiu da empresária Daniela Zurita, dona da Agro Z, produtora da cachaça e filha do presidente da Nestlé, Ivan Zurita. "São todas amigas ou amigas das amigas. Para participar da confraria, só mesmo sendo indicada", explica Daniela, que atraiu cerca de 100 participantes para os encontros. São mulheres dispostas a derrubar dois preconceitos: o de que cachaça é coisa pra macho e de que aguardente não combina com ambiente de classe. 4.2.3 Fatores Políticos/legais: A partir da regulamentação da Lei nº. 8.918, de 14 de julho de 1994, que dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas, o governo brasileiro vem buscando inibir a produção clandestina de cachaça, visto que 90% dos pequenos fabricantes não respeitam as normas sanitárias de produção o que prejudica o conceito de qualidade do produto, gerando problemas de segurança alimentar pois o consumidor não sabe o que está consumindo e muito menos sua procedência, gerando também um grave problema de mercado, visto que produtores informais não pagam impostos. 4.2.4 Fatores Tecnológicos: A tecnologia de produção de cachaça de alambique vem sendo amplamente fomentada por universidades mineiras, que ofertam cursos de graduação e pós-graduação no setor. Livros e publicações sobre produção e qualidade da 42 cachaça são cada vez mais comuns, porém o consumo ainda está ligado à manutenção da cultura da produção, alambiques antigos e engenhos recuperados, que utilizam rodas d'água como força motriz, e cultivam as antigas tradições, respeitando a legislação atual são bastante valorizados pelo público especialista em identificar bons produtos. 4.2.5 Concorrência: Indiretamente a cachaça de alambique concorre com todas as bebidas alcoólicas, nacionais e importadas. O Brasil como país tropical é grande consumidor de cerveja, seguido pela cachaça que a cada dia atinge valores mais significativos como mostra o artigo da revista Pequenas empresas Grandes Negócios transcrito abaixo: De um lado do balcão, o número de "loiras geladas" diminuiu. Desde o fim de 2008, o reajuste médio de 6% no preço da bebida deixou o consumo menos encorpado. A venda de cerveja encolheu 1,8% em janeiro, o equivalente a 14,1 milhões de litros. Ao mesmo tempo, o consumo de cachaça não dá sinais de ressaca: uma das marcas mais tradicionais do país, a Velho Barreiro, da IRB Tatuzinho 3 Fazendas, vendeu 10% mais no primeiro mês de 2009, sobre igual período do ano anterior. Assim como a cerveja, o preço da cachaça aumentou. Em algumas situações, o valor do litro passou de R$ 3 para R$ 6 em 12 meses. Mas isso não foi empecilho para as vendas. "Para o dono do bar, que vende a dose por R$ 0,50, o litro gera um faturamento de R$ 9. Mesmo com o aumento, ele continua ganhando muito", diz Adalberto Viviani, consultor especializado no mercado de bebidas. A diferença na curva de vendas de cerveja e cachaça em janeiro permite considerar uma migração no consumo de uma bebida para outra. "Para o consumidor classe C, que é o maior público tanto da cerveja quanto da cachaça, vale mais a pena tomar uma dose de pinga que gastar nove vezes mais (com a cerveja)", diz o consultor. 43 Figura 4 - Consumo de bebidas alcoólicas no Brasil Fonte: PBDAC Diretamente as cachaças de alambique concorrem entre si, com mais de 40 mil fábricas espalhadas em todo o Brasil (apenas 12 em Pernambuco), com 90% de informalidade no setor. A análise da concorrência será vista no item 4.2.9 4.2.6 Fatores Internos: A empresa é dirigida pelos três sócios, dois dos quais atuam diretamente na produção e comercialização do produto. A empresa conta ainda com um funcionário permanente, que durante o período de safra, o que ocorre entre os meses de setembro a fevereiro atua na produção direta, e na entressafra atua no engarrafamento, além de funcionários temporários, que durante a safra atuam na produção (2 pessoas) e corte da cana (2 pessoas). Além disto, 2 vendedores autônomos contribuem na distribuição no produto no setor do litoral sul e interior do estado, promotoras de vendas fazem degustação e são contratadas sempre que requisitadas, sendo remuneradas por diárias. 44 Para a produção da cachaça foram adquiridos o que existe de mais moderno no Brasil para fabricas artesanais, o alambique é de cobre, com aquecimento por caldeira a vapor, o que proporciona um controle rigoroso durante o processo de destilação, os tonéis de descanso são de freijó, madeira nacional amena que transmite pouco aroma, cor e sabor ao produto, não agredindo suas características originais. 4.2.7 Análise de oportunidades e ameaças, forças e fraquezas Fortalezas (Strengths) Falta de representantes experientes Produto Orgânico Internas Qualidade Fraquezas (Weaknesses) pelos Infra-estrutura percebida comercial débil consumidores do produto (distribuição) Infra-estrutura interna montada Desequilíbrio na tomada de decisões União da família – Membros da (razão e emoção) família integrados ao negócio Degustações Diversidade de embalagens Oportunidades (Opportunities) Ameaças (Threats) Externas Mercado domestico (com foco em Não desenvolvimento (não de PE) – 80% distribuidores encontrar Mercado externo distribuidores aptos para vender o produto); Impostos Não se precaver das sanções do governo Selecionar melhor os funcionários Amadorismo dos dirigentes Quadro 2- Análise SWOT 45 4.2.8 Definição de público alvo A tabela abaixo segmenta o público alvo especificando onde cada um deles poderá ser atendido: Segmento Onde será atendido 1. Homens com nível de Mercados, Redes de Supermercados, Bares e superior Restaurantes, escolaridade Padarias e Delicatessen, E- com idade de 30 ou commerce mais. 2. Mulheres com nível Bares e Restaurantes, Padarias e Delicatessen, Ede escolaridade superior commerce com idade de 30 ou mais. 3. Turistas brasileiros Redes de Supermercados, Bares e Restaurantes, acima de 30 anos. Padarias e Delicatessen, E-commerce, Lojas de Artesanato 4. Turistas estrangeiros Redes de Supermercados, Bares e Restaurantes, acima de 30 anos que Padarias e Delicatessen, E-commerce, Lojas de freqüentam as praias de Artesanato Pernambuco 5. Consumidores de Feiras de orgânicos, Redes de Supermercados, produtos orgânicos em Restaurantes específicos Recife Tabela 2 - Segmentação do púbico alvo 4.2.9 Posicionamento de mercado A Cachaça Sanhaçu decidiu orientar seu negócio para um público apreciador de cachaça de qualidade, que esteja preocupado não só com a qualidade do produto, mas com o respeito ao meio ambiente em sua produção. No Nordeste existem apenas outras três marcas com o diferencial do selo orgânico de qualidade. Comparando com os concorrentes, a Sanhaçu analisa o mercado da seguinte forma: 4 X X AL Cachaça Serra das Almas BA PE PE PE Cachaça Brejo de Bois Cachaça Água Doce Cachaça da Serra Cachaça Pitu Quadro 4 - Posicionamento de mercado X PE Sanhaçu X X X PB X Cachaça Serra Limpa Estado PE Alambique Cachaça Triumpho Orgânica Quadro 3- Pontuação para posicionamento de mercado 5 Pontuação X X X X PE 5 4 4 2 3 3 4 5 3 Divulgação 5 3 3 2 1 3 1 4 1 2 2 2 4 5 2 4 2 5 3 3 3 3 2 6 4 Regular 0 2 3 3 2 5 5 3 1 Ruim Tempo de Bom 5 4 3 5 3 1 6 4 0 4 3 5 5 5 5 4 0 1 4 4 5 3 1 5 0 Péssimo Visitação á fábrica Muito Bom Preço Excelente mercado Conceito Soma Efeitos Colaterais Qualidade (sabor) Embalagem Distribuição em 21 23 25 26 26 27 30 33 46 47 De acordo com esta análise comparativa, a Sanhaçu sabe que precisa: • Melhorar a distribuição de seus produtos • Melhorar a divulgação • Estruturar a visitação à fábrica 4.2.10 Definição da marca Para a Sanhaçu, a marca precisa remeter o cliente para o trabalho ecológico realizado, preservação ambiental bem como a fauna nativa. O nome SANHAÇU surgiu a partir do trabalho de reflorestamento realizado na propriedade rural onde está localizada a fábrica, após 16 anos de intensa recuperação da flora, a fauna nativa começou retornar, encontrando na propriedade um oásis, próprio para a reprodução e permanência sem o risco de predadores humanos. Entre as diversas espécies que retornaram, destacam-se o teju, timbu, raposa, coelho do mato, vários tipos de cobras e uma infinidade de pássaros, dentre eles o sanhaçu, escolhido para representar as demais espécies. NOME: SANHAÇU SLOGAN: O SABOR DA CACHAÇA MARCA: Figura 5 - Logomarca cachaça Sanhaçu 48 4.3. DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS E METAS: 4.3.1 Objetivos 1. Implementar vendas pela Internet – divulgar com todos os contatos que já existe esta possibilidade, twitter, orkut, links patrocinados, EFETIVAR AS VENDAS PELA Internet 2. Fazer portfólio para sanhaçu (fotos dos restaurantes onde vendemos, bares) 3. Ser reconhecida no Estado de Pernambuco e Região Nordeste por sua qualidade e atuação na agricultura familiar e outros setores que se faça necessário com atuação imparcial e responsável 4. Ter representantes atuantes nos mercados de RJ, DF e SP 5. Aumentar as vendas em boletos bancários 6. participação em todas as feiras de Pernambuco (fazer um calendário anual de feiras – inscrição) 7. Paisagismos da fábrica / loja da fábrica 4.3.2 Meta 1. Atingir em 01 janeiro - 2011 um mínimo de 600 litros vendidos/mês 4.4.DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING Para realizar uma estratégia de marketing bem feita e completa, é necessário considerarmos o composto de marketing, formado por cinco elementos essenciais, conhecidos como os cinco P’s do marketing: • Produto; • Preço; • Praça; • Promoção; • Pessoas. 49 4.4.1 Produto A cachaça Sanhaçu encontra-se no estágio de crescimento, visto que já possui dois anos de mercado, e sua marca já é pouco conhecida do público pernambucano, por isso, a Sanhaçu deve focar em divulgação, principalmente em degustações em bares e restaurantes, onde os clientes poderão provar da cachaça e verificar o seu principal ponto forte: o sabor. 4.4.2 Preço A Sanhaçu sabe que o consumidor de cachaça de qualidade possui poder aquisitivo alto, pertencentes em sua maioria as classes A e B, e que estão preocupados não só com sua saúde, mas com o meio ambiente e a forma de interação da produção com o mesmo. Apesar disto, para se tornar mais competitivo, a Sanhaçu possui a seguinte política de descontos e promoções: • Revendedores recebem um desconto de 10% para pagamentos à vista, para compras mínimas de R$ 300,00 • Clientes da loja da fábrica participam de promoções semanais, onde pequenos brindes (copos para cachaça com a logomarca, canecas, canetas, bonés e camisas) são distribuídos de acordo com o valor da compra; • Para compras pela internet acima de R$ 200,00 o frete é gratuito (OBS: o preço da internet é 25% acima do preço de fábrica, para não concorrer com os distribuidores); • Nas feiras e degustações, o preço para os clientes é o preço de fábrica (previamente acordado com o dono do estabelecimento). 4.4.3 Praça A praça foi dividida em duas partes, ações dentro da fábrica e fora da fábrica: Para ações dentro da fábrica: 50 • Sinalizar desde a estrada principal até a entrada da fábrica para que os visitantes não se percam • Estruturar a loja da fábrica para que fique aconchegante, mantendo o ar de propriedade rural. • Estruturar as visitas para dias de chuva. Para ações fora da fábrica • Fortalecer os contatos com os distribuidores • Organizar os vendedores para otimizar seus trabalhos 4.4.4 Promoção Estratégias de promoção de vendas a serem realizadas: • Colocação de um outdoor na BR-232, principal via de acesso que liga Recife ao interior do estado, estrada que também dá acesso à fábrica, para estimular a visitação à agroindústria; • Degustação em bares e restaurantes de Recife, no interior do estado (no inverno) e praias do litoral sul (no verão); • Manter e ampliar a rede de contatos (mala direta) via internet; • Realizar panfletagem durante as degustações; • Participar de todas as feiras possíveis em Recife (Fenearte, Fenahall, Salão Internacional da Cachaça) 4.4.5 Pessoas Com o intuito de formar os colaboradores e melhorar o atendimento nos pontos de venda direto (feiras e degustações), a sanhaçu deve promover: • Treinamento com os funcionários fixos – atendimento aos clientes na loja da fábrica e atividades específicas para o bom funcionamento da fábrica; • Treinamento com as promotoras de vendas – atendimento ao cliente em parceria com o SEBRAE - PE; 51 • Treinamento para os funcionários temporários – Procedimentos para produção orgânica e cultura da empresa; • as Política de remuneração – para estimular as vendas nas degustações, promotoras de vendas receberão um percentual sobre o que comercializarem (5%); • Na loja de fábrica o funcionário que estiver atendendo também receberá um percentual sobre o que comercializar (3%) vendas pela Internet – Responsável patrocinados, EFETIVAR AS representantes em todas as feiras atuantes de nos Oto Oto Paisagismos da fábrica / loja da fábrica de feiras – inscrição) Max Pernambuco (fazer um calendário anual Elk Participação mercados de RJ, DF e SP Ter restaurantes onde vendemos, bares) Fazer portfólio para sanhaçu (fotos dos VENDAS PELA Internet links existe esta possibilidade, twitter, orkut, Elk divulgar com todos os contatos que já Implementar Ações R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 300,00 R$ 200,00 R$ 2.000,00 Estimado Custo Período Fev/11 Jan/11 4.5. IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MARKETING Jun/11 Mai/11 Abr/11 Mar/11 Dez/10 Nov/10 Out/10 Set/10 Ago/10 Jul/10 para com com as os panfletagem degustações; Realizar direta) via internet; durante as Manter e ampliar a rede de contatos (mala praias do litoral sul (no verão); Degustação em bares e restaurantes interior do estado (no inverno) Degustação em bares e restaurantes no Recife Degustação em bares e restaurantes de Colocação de um outdoor na BR-232, funcionários de funcionários promotoras os Política de remuneração; temporários Treinamento vendas Treinamento permanentes Treinamento Elk Elk Elk Elk Elk Oto Oto Oto Elk Oto R$ 2.000,00 R$ 500,00 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 R$ 3.000,00 12.000,00 R$ R$ 4.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 53 os contatos com os Glória Glória Quadro 5 - Implementação do plano de marketing não se percam entrada da fábrica para que os visitantes Oto Sinalizar desde a estrada principal até a seus trabalhos Organizar os vendedores para otimizar distribuidores Fortalecer R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 54 4.7. AVALIAÇÃO E CONTROLE A capacidade de lidar com incertezas, aliada a um bom planejamento e implementação do Plano, permitirá a adoção de ferramentas de controle mais adequadas e percepção das necessidades de ajustes do Plano de marketing quando necessário. Inicialmente a Sanhaçu definiu os seguintes padrões de desempenho: • Avaliar o faturamento realizado comparado com o projetado mensalmente; • Pesquisa do nível de satisfação dos clientes com a visitação à fábrica, dependências e produtos, através de um questionário simples aplicado ao final de cada visita; • Acompanhamento das vendas mensais a clientes antigos • Avaliar as vendas nas degustações e os resultados da política de remuneração • Acompanhamento da captação de novos clientes pelos vendedores. 56 CONCLUSÕES A cachaça é a bebida mais tradicional do país, produzida e encontrada em todas as regiões, símbolo de independência, e de resistência a opressões tributárias portuguesas vem se tornando, ao longo dos anos, novamente, uma bebida estimada por adeptos a destilados de qualidade. Tomando por base, somente os engenhos devidamente registrados, em 2004, a produção anual do Brasil foi de 1,3 bilhões de litros, Pernambuco destaca-se devido ao grande volume de cachaça industrial produzido. O fato de ser um produto largamente consumido e de alta rentabilidade, faz com que os produtores não se interessem em introduzir uma tecnologia adequada no processo produtivo do produto. Grande parte de nossa aguardente de cana não tem um padrão de qualidade definido e a implantação de uma tecnologia adequada agregando valor ao produto, faz surgir um novo processo produtivo do produto. Ou, até mesmo, um novo produto “cachaça de qualidade”. A cachaça Sanhaçu, produzida pela família Barreto Silva desde 2007, está encaixada em um cenário onde apesar da valorização de produtos ecologicamente corretos, acompanhando uma tendência mundial pela procura de alimentos respeitem o meio ambiente, encontra-se em uma região (Pernambuco) onde a cachaça é sinônimo de pobreza, discórdia familiar. Pernambuco, historicamente reconhecido como o estado que iniciou o processo de produção de destilado de cana-de-açúcar no Brasil, hoje conta apenas com seis empresas devidamente registradas de produção de cachaça de alambique, em um universo de 40 mil fábricas. Ainda assim as marcas que resistem são pouco expressivas e com debilidades mercadológicas, obrigando seus proprietários a possuírem uma outra fonte de renda. A elaboração deste plano de marketing visa contribuir com todos os produtores de cachaça de alambique pernambucana, e que juntos possam enfrentar os desafios de conquistar e conscientizar os clientes da qualidade deste destilado pernambucano. 57 REFERÊNCIAS AC NIELSEN, Tipologia e Impactos no Desempenho das Empresas da Indústria de Cachaça de Alambique do Estado de Minas Gerais. Disponível em <http://www.canabrasil.com.br/component/option,com_docman/task,doc_view/gid,64 > Acesso em 13 de agosto de 2010. Agência brasileira de promoção de exportação e investimentos. 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