COMUNICAÇÕES LIVRES 15.00 | 16.30 RETINA MÉDICA SALA PÉGASO Presidente: Isabel Lares Moderadores: João Figueira, Susana Penas 16:30 CL191 - INJECÇÕES INTRAVÍTREAS DE ANTI-VEGF EM MULHERES EM IDADE REPRODUTIVA Joana Valadares, Ana Bastos Carvalho, Cláudia Loureiro, Joaquim Canelas, Manuel Monteiro Grillo (CHLN - Hospital de Santa Maria) Introdução: O factor de crescimento vascular endotelial (VEGF) é determinante na angiogénese e permeabilidade vascular, sendo, por isso, os anticorpos anti-VEGF utilizados frequentemente em Oftalmologia. Este factor angiogénico é fundamental na vasculogénese embrionária, sobretudo no primeiro trimestre de gravidez. Embora estes anticorpos sejam utilizados em indivíduos jovens, existem poucos estudos quanto à sua segurança na gravidez. O bevacizumab é um fármaco de classe C na gravidez, com risco indeterminado. Foram descritas complicações de injecções intravítreas (IIV) de bevacizumab no período gestacional como pré-eclâmpsia e aborto. O risco de teratogenicidade é teórico. Material e Métodos: Efectuou-se uma análise retrospectiva de uma amostra consecutiva de doentes tratados com IIV de anticorpos anti-VEGF (ranibizumab e bevacizumab), no período de três anos, num hospital central. Realizou-se um inquérito telefónico às mulheres em idade reprodutiva (MIR). Foram identificados os diagnósticos de gravidez num intervalo de oito semanas da injecção e complicações associadas. Resultados: No período estudado efectuaram-se 1595 injecções de anti-VEGF. Dos doentes estudados, 16 (25 injecções) eram MIR. As patologias tratadas foram o edema macular (diabético ou secundário a oclusão venosa de ramo) e a neovascularização coroideia (por alta miopia, toxoplasmose, coroidopatia punctata interna ou idiopática). Duas doentes apresentaram diagnóstico de gravidez num intervalo de oito semanas da injecção. Uma das doentes manteve gestação sem intercorrências até à data. A segunda doente sofreu aborto espontâneo quatro semanas após a injecção. Conclusões: A administração endovenosa de bevacizumab em altas doses, em animais, comporta risco de aborto e teratogenicidade. A extrapolação destes dados para o uso intravítreo e em baixas doses, em humanos, é duvidosa. Está descrita a existência de abortos no primeiro trimestre de gravidez, após IIV de bevacizumab. A sua causa permanece por esclarecer. O risco dos anti-angiogénicos intravítreos na gravidez deve ser ponderado e discutido com as doentes, assim como o aconselhamento para a contracepção no período do tratamento. Bibliografia 1. Bakri SJ, Snyder MR, Reid JM, Pulido JS, Singh RJ.Pharmacokinetics of intravitreal bevacizumab (Avastin). Ophthalmology. 2007 May;114(5):855-9. 2. Meyer CH, Holz FG. Preclinical aspects of anti-VEGF agents for the treatment of wet AMD: ranibizumab and bevacizumab. Eye (Lond). 2011 Jun;25(6):661-72. 3. Tarantola RM, Folk JC, Boldt HC, Mahajan VB. Inravitreal bevacizumab during pregnancy. Retina. 2010 Oct;30(9):1405-11. 4. Wu Z, Huang J, Sadda S. Inadvertent use of bevacizumab to treat choroidal neovascularisation during pregnancy: a case report. Ann Acad Med Singapore.2010 Feb;39(2):143-5.