CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE SÃO PAULO 1 FONE: ( 011 ) 3017-9300 - FAX: (011) 3231-1745 http : / / www . cremesp . org . br Rua da Consolação, 753 - Centro 01301-910 São Paulo - SP CONSULTA Nº 44.307/2013 Assunto: Se é direito do médico plantonista encaminhar pacientes eletivos que, eventualmente, tenham vindo ao Pronto Socorro por outras queixas (não as urgências e emergências), para quem ele achar que resolve melhor o problema e tem mais disponibilidade. Relator: Conselheiro Renato Françoso Filho Ementa: Ao detectar doenças ou mesmo sintomas e sinais que sejam passíveis de investigação diagnóstica ou tratamento por especialistas, deve o médico encaminhar os pacientes aos profissionais de sua confiança, respeitadas as premissas referidas, não permitindo que interesses meramente pecuniários ou determinações administrativas suplantem os balizamentos éticos. O Dr. J.H.R.N , solicita parecer ao CREMESP sobre atendimento em plantões de retaguarda pergunta ao CREMESP: É direito do médico plantonista encaminhar os pacientes eletivos que, eventualmente, tenham vindo ao Pronto Socorro por outras queixas (não as urgências e emergências), para quem ele achar que resolve melhor o problema e tem mais disponibilidade? PARECER Preliminarmente, devemos consignar que é direito inalienável do paciente a escolha do seu médico e esta prerrogativa deve ser defendida pela boa prática médica. Portanto, as indicações de médicos ou serviços por colegas ou equipes devem respeitar a opção do paciente se manifesta a qualquer tempo. Deve ser dado ao paciente a oportunidade de escolher entre os vários profissionais disponíveis, os que conhece ou tiverem referências e que estejam aptos a lhe atender. Também importante ressaltar que, ao encaminhar os pacientes a outros colegas, o médico deve ter em mente a sua responsabilidade em oferecer os melhores recursos visando a melhor propedêutica e terapia disponíveis, na busca primordial da cura ou, ao menos, de minorar o sofrimento. O médico referenciado deve ser aquele que pode oferecer ao paciente a competência CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE SÃO PAULO 2 FONE: ( 011 ) 3017-9300 - FAX: (011) 3231-1745 http : / / www . cremesp . org . br Rua da Consolação, 753 - Centro 01301-910 São Paulo - SP aliada a postura ética e respeitosa, não só aos ditames da relação médico-paciente, mas também entre os profissionais. Isto posto, temos a apreciar consulta formulada pelo chefe de serviço de cirurgia de hospital que atende pacientes conveniados a medicina suplementar em ambulatório e serviços de urgência e emergência. Apresenta quesitos a que passaremos a pontualmente esclarecer. Ao detectar doenças ou mesmo sintomas e sinais que sejam passíveis de investigação diagnóstica ou tratamento por especialistas, deve o médico encaminhar os pacientes aos profissionais de sua confiança, respeitadas as premissas acima referidas, não permitindo que interesses meramente pecuniários ou determinações administrativas suplantem os balizamentos éticos, conforme previsto no Código de Ética Médica, especialmente em seus artigos 20, 51, 53, 58, 59, 63, 64 e 66, que regem: CAPÍTULO III RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL É vedado ao médico: Art. 20. Permitir que interesses pecuniários, políticos, religiosos ou de quaisquer outras ordens, do seu empregador ou superior hierárquico ou do financiador público ou privado da assistência à saúde interfiram na escolha dos melhores meios de prevenção, diagnóstico ou tratamento disponíveis e cientificamente reconhecidos no interesse da saúde do paciente ou da sociedade. CAPÍTULO VII RELAÇÃO ENTRE MÉDICOS É vedado ao médico: Art. 51. Praticar concorrência desleal com outro médico. Art. 53. Deixar de encaminhar o paciente que lhe foi enviado para procedimento especializado de volta ao médico assistente e, na ocasião, fornecerlhe as devidas informações sobre o ocorrido no período em que por ele se responsabilizou. CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE SÃO PAULO 3 FONE: ( 011 ) 3017-9300 - FAX: (011) 3231-1745 http : / / www . cremesp . org . br Rua da Consolação, 753 - Centro 01301-910 São Paulo - SP CAPÍTULO VIII REMUNERAÇÃO PROFISSIONAL É vedado ao médico: Art. 58. O exercício mercantilista da Medicina. Art. 59. Oferecer ou aceitar remuneração ou vantagens por paciente encaminhado ou recebido, bem como por atendimentos não prestados. Art. 63. Explorar o trabalho de outro médico, isoladamente ou em equipe, na condição de proprietário, sócio, dirigente ou gestor de empresas ou instituições prestadoras de serviços médicos. Art. 64. Agenciar, aliciar ou desviar, por qualquer meio, para clínica particular ou instituições de qualquer natureza, paciente atendido pelo sistema público de saúde ou dele utilizar-se para a execução de procedimentos médicos em sua clínica privada, como forma de obter vantagens pessoais. Art. 66. Praticar dupla cobrança por ato médico realizado. O encaminhamento do paciente deve ser pautado pelas premissas acima referidas. Nos artigos 65 e 66 do Código de Ética Médica encontramos a vedação a cobrança de honorários indevida ou a dupla cobrança. O médico tem para com o seu paciente a responsabilidade do acompanhamento inclusive pós-operatório, sendo vedado o seu abandono, conforme nos ensina os artigos 3º, 4º, e 36 do mesmo postulado ético: CAPÍTULO III RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL É vedado ao médico: Art. 3º Deixar de assumir responsabilidade sobre procedimento médico que indicou ou do qual CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE SÃO PAULO 4 FONE: ( 011 ) 3017-9300 - FAX: (011) 3231-1745 http : / / www . cremesp . org . br Rua da Consolação, 753 - Centro 01301-910 São Paulo - SP participou, mesmo quando vários médicos tenham assistido o paciente. Art. 4º Deixar de assumir a responsabilidade de qualquer ato profissional que tenha praticado ou indicado, ainda que solicitado ou consentido pelo paciente ou por seu representante legal. CAPÍTULO V RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES Art. 36. Abandonar paciente sob seus cuidados. § 1º Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento com o paciente ou o pleno desempenho profissional, o médico tem o direito de renunciar ao atendimento, desde que comunique previamente ao paciente ou a seu representante legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e fornecendo todas as informações necessárias ao médico que lhe suceder. § 2º Salvo por motivo justo, comunicado ao paciente ou aos seus familiares, o médico não abandonará o paciente por ser este portador de moléstia crônica ou incurável e continuará a assisti-lo ainda que para cuidados paliativos. Este é o nosso parecer, s.m.j. Conselheiro Renato Françoso Filho APROVADO NA REUNIÃO DA CÂMARA DE CONSULTAS, REALIZADA EM 12.04.2013. HOMOLOGADO NA 4.538ª REUNIÃO PLENÁRIA, REALIZADA EM 16.04.2013.