DEVOLUÇÃO DE MEDICAMENTOS: DO RECEBIMENTO AO RETORNO AO ESTOQUE Ailton Ermelino da Silva Junior, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Ana Lucia Zanovello, Centro Universitário São Camilo Cíntia de Oliveira Sousa, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Introdução Os medicamentos são considerados a principal ferramenta terapêutica para recuperação ou manutenção das condições de saúde da população. Para que o paciente usufrua dos benefícios do medicamento em seu tratamento, um aspecto importante está relacionado ao modo como a Assistência Farmacêutica está estruturada para atender à demanda, tendo em vista que, além das atividades de seleção, aquisição, armazenamento e distribuição, a assistência farmacêutica envolve a orientação sobre a utilização e também sobre o descarte correto dos medicamentos. O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, com a implantação de um fluxo de avaliação de medicamentos doados por pacientes, além de promover a logística reversa dos mesmos, garantindo uma destinação adequada dos resíduos evitando que estes sejam descartados diretamente no meio ambiente, possibilita ainda a reintegração ao estoque de medicamentos em condições adequadas de utilização, gerando um impacto financeiro positivo à instituição. Método A divulgação referente à devolução dos medicamentos foi feita antes do paciente iniciar o tratamento, por meio de grupo institucional denominado “Grupo Acolhida”, do setor de humanização do hospital, onde os pacientes e/ou acompanhantes recebem a informação de que qualquer medicamento não usado, vencido ou que seja sobra do tratamento, poderá ser devolvido diretamente à farmácia do hospital. Esta divulgação também foi realizada pelos atendentes da farmácia e por meio de folder afixado em painel informativo dentro da farmácia. Após o recebimento em setor específico, um auxiliar técnico de saúde sob a supervisão de um farmacêutico realiza o processo de avaliação dos medicamentos, assim, aqueles com prazo de validade inferior a 4 meses, com embalagem violada, fracionados, blisteres já utilizados, manipulados em farmácia de manipulação ou que foram acondicionados de forma incorreta são descartados. Já os medicamentos avaliados como aptos para a reintrodução em estoque, foram transcritos em uma planilha contendo os dados de nome e dosagem do medicamento, laboratório, lote, data de validade e identificação do paciente que realizou a devolução para então serem encaminhados ao setor de logística, que realiza o pedido de nota fiscal de entrada e a reintrodução do item no estoque. Resultados e discussão No ano de 2015, foram contabilizadas 1.371 entregas de medicamentos por pacientes ou acompanhantes, totalizando o descarte correto de 135.483 itens (1.348 kg) evitando assim a contaminação do meio ambiente e o uso inadequado dos mesmos, o que caracteriza a instituição como um hospital parceiro do meio ambiente e com grande preocupação ambiental em torno de seus resíduos, mesmo quando estes não estão mais em seus estoques e se faz necessário um estímulo para que retornem em forma de doação/ devolução. Já com o valor obtido da devolução dos medicamentos que foram reinseridos no estoque do hospital, obteve-se uma economia significativa no valor de R$508.241,99, que deixaram de ser gastos com a aquisição de medicamentos e puderam ser direcionados a outras necessidades da Instituição. Desse modo, percebe-se a importância da devolução de medicamentos ser estimulada por permitir uma destinação adequada. No aspecto da farmacoeconomia, tal prática poderá ainda trazer impactos positivos aos serviços de saúde, quando os medicamentos devolvidos encontram-se em condições apropriadas ao reuso por outros pacientes. Conclusão Os medicamentos representam uma revolução à saúde pública e têm um lugar de destaque dentro das práticas médicas. Mas, o incentivo a seu uso, muitas vezes, é realizado de modo indevido, pois associado à facilidade de acesso gera acúmulo nas residências. Daí, as Instituições de Saúde incentivar os pacientes a devolverem os medicamentos em desuso. É preciso investir-se na formação de profissionais de saúde para que possam orientar o paciente sobre a forma adequada, tanto do uso e armazenamento como do descarte de seus medicamentos e promover o uso racional, evitando sobras e destinação inadequada. A implantação do projeto de avaliação de medicamentos doados foi uma ação que não demandou investimento financeiro e gerou receita significativa à Instituição. O valor obtido da economia pôde ser investido em outras áreas de interesse da Instituição, como: educação continuada, pesquisa e tecnologia. Tipo de resumo: Opção B – Experiência prática e/ou profissional. Área temática: Tema 8 – PRODUTOS FARMACÊUTICOS Palavras chave: Instituição de saúde; Farmacoeconomia; Medicamentos.