10 CIDADES A GAZETA DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 2ª EDIÇÃO REPORTAGEM ESPECIAL EDSON CHAGAS Silvia Cristina, professora de Matemática da escola Renato Pacheco, em Jardim Camburi, com seus alunos do 2º ano do ensino médio em aula de xadrez MATEMÁTICA DESEMPENHO RUIM NA ESCOLA E NO MERCADO Brasil está entre os últimos colocados em raciocínio lógico KATILAINE CHAGAS [email protected] Ir mal em Matemática não significa apenas ter nota baixa numa disciplina. As consequências negativas disso alcançam dificuldades futuras pessoais, profissionais e até para o desenvolvimento do país. Resultados de avaliações recentes mostraram que o Brasil não vai nada bemnadisciplina.Opaísficou em 38º lugar num rankingcom44países,emque foram avaliados a capacidadederaciocíniológico,a partir de problemas de ma- temática. A avaliação é do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). “As empresas não conseguem contratar. Nossos alunos de matemática são péssimos. A principal reclamaçãodasempresaséa falta de raciocínio lógico”, afirma Arilton Teixeira, PhD em Economia e diretor da Fucape. Ele explica que sem o estímulo de raciocínio lógico,omercadoficasemprofissionais com capacidade de fazer análises de situações e tomar decisões. “Nossos profissionais estão ficando para trás. Nós não crescemos não é porque não temos estrutura. Nosso capital humano é que não é qualificado”, diz o economista A professora de Políticas Educacionais da Ufes, Gilda Cardoso, concorda. “Consequência grave é mão de obra desqualificada. Isso é uma catástrofe”, afirma. “O mundo quer alguém globalizado. Ele acaba excluído”, completa. Arilton usa como exemplo a Coreia do Sul, que já foi um país mais pobre que Esse é o retrato de nossas desigualdades sociais. Somos a 6ª economia e nada justifica esse resultado” — GILDA CARDOSO PROFESSORA o Brasil. “Na década de 80, era um país igual ao Brasil. Hoje é duas vezes o Brasil em renda per capita”, diz. Na Coreia do Sul, o sistema educacional é gratuito e de qualidade desde o ensino básico. Para ele, o acesso à educação de excelência permite disputa igualitária entre profissionais no futuro. “No Brasil, a meritocracia não tem condições de existir”, conclui o economista. COMO MUDAR A professora Gilda Cardoso cita a Finlândia como exemplodepaísqueinveste na formação do professor. “A carreira e o salário são atrativos lá”, afirma. “O pressuposto é atrair bons profissionais. Precisamos de uma reforma educacional. Pensar a formaçãoinicialdosprofessores e dos livros didáticos.” A professora do Centro de Educação da Ufes também defende a valorização do professor para mudar esse quadro. “São vários aspectos, que envolvem a formação docente. Talvez esteja distante do que o aluno precisa”, afirma.