avaliação do acesso aos serviços públicos de saúde no

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AVALIAÇÃO DO ACESSO AOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE NO
COREDE METROPOLITANO DELTA DO JACUÍ
Valter José Stülp
Izete Pengo Bagolin
Fernanda C. Wiebusch
Reisoli Bender Filho
Lewison Ficagna Lopes
Resumo:
O presente artigo busca avaliar a qualidade dos serviços públicos de saúde no COREDE
Metropolitano Delta do Jacuí. Para atingir este objetivo utilizamos um modelo Logit para
estimar as probabilidades dos pacientes dos hospitais e dos postos de saúde avaliarem o
atendimento como bom ou ótimo. As informações necessárias foram obtidas a partir da
aplicação de questionários junto aos usuários dos hospitais e dos postos de saúde nos
municípios do COREDE. Estas estimativas permitem identificar diferenças importantes na
avaliação dos serviços por parte dos usuários, quando estes são agrupados por características
socioeconômicas como: idade do paciente, nível de educação e sexo. De uma forma geral,
parece que a concentração espacial e especialização em atividades de saúde contribuem para
uma melhor prestação dos serviços em Porto Alegre. Por outro lado, a percepção dos usuários
quanto à qualidade dos serviços de saúde nos postos de saúde apresenta um resultado
diferente. No geral os postos da periferia são mais bem avaliados.
Palavras-chave: serviços de saúde, modelo Logit e COREDE MDJ.
Abstract:
This paper aims to evaluate the accessibility and the quality of public healthy services in the
COREDE Metropolitano Delta do Jacuí. To realize these objectives, we use a Logit Model to
estimate the probabilities of a patient to evaluate positively the services in hospital and
healthy centers. The data were obtained in a survey at hospitals and healthy centers in the municipalities of this COREDE. The main results indicate significantly differences between
groups, when the patients are assembled by age, education level and sex. In the hospital segment, the spatial concentration and the specializing in some healthy services seem to help to
improve the quality of these services in Porto Alegre. However the patients have a different
opinion in the case of healthy centers, they evaluate better the healthy centers located in the
suburbs.
Key-words: Healthy services, Logit model and COREDE MDJ.

Doutor em Economia, Professor do Programa de Pós-Graduação em Economia da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, e-mail: [email protected]

Doutora em Economia, Professor do Programa de Pós-Graduação em Economia da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, e-mail: [email protected]

Mestre em Economia do Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul –
PUCRS, e-mail: [email protected]

Mestre em Economia do Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul –
PUCRS, e-mail: [email protected]

Graduando em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS,
e-mail: [email protected]
1 Introdução
Uma das questões centrais nos debates que envolvem saúde pública, principalmente
em países em desenvolvimento como Brasil, é como promover uma distribuição igualitária
destes serviços, permitindo o acesso independentemente da condição socioeconômica do
indivíduo. Neste contexto, de acordo com Medeiros (1999), igualdade e eqüidade
fundamentam, respectivamente, estratégias de universalização e de focalização. A adoção de
uma ou outra estratégia produzirá implicações distintas na estrutura de desigualdades da
sociedade e no custo de implementação e controle das políticas públicas.
Os critérios adotados para avaliar a desigualdade social em saúde baseiam-se nos
princípios de eqüidade horizontal, a qual diz que os indivíduos com igual necessidade de
cuidados deveriam ser tratados da mesma forma, enquanto no caso da eqüidade vertical, os
indivíduos com necessidades diferentes deveriam receber tratamentos diferenciados. De
acordo com esses princípios, os serviços de saúde deveriam ser distribuídos conforme a
necessidade de ser atendido, independente das características socioeconômicas, culturais ou
raciais dos indivíduos (West,1979 apud Viana et. al, 2001).
Nestes termos, a eqüidade na oferta de serviços em saúde pode ser entendida como a
superação das desigualdades que são evitáveis e consideradas injustas, o que implica no
atendimento as necessidades diferenciadas da população por meio de ações governamentais
também diferenciadas.
Diante do exposto, com o propósito de ampliar a discussão sobre eqüidade na
prestação dos serviços de saúde, este estudo buscou avaliar a satisfação dos usuários através
do acesso ao sistema público de saúde do COREDE Metropolitano Delta do Jacuí. A partir
das informações obtidas com a aplicação de questionários, foi utilizado um modelo
econométrico LOGIT para avaliar a probabilidade de cada indivíduo conseguir atendimento
nas unidades de saúde (hospitais e postos de saúde).Desta forma, o estudo contribui para
entender se os recursos públicos destinados ao setor saúde do COREDE estão ou não
atingindo a população pobre e se esta tem ou não recebido a atenção que precisa.
Além desta introdução, o estudo está dividido em mais três seções. A primeira seção
apresenta uma breve revisão de literatura e caracterização do COREDE Metropolitano Delta
do Jacuí (MDJ) quanto ao perfil socioeconômico e de saúde pública. A segunda seção
apresenta a metodologia onde é detalhado o modelo Logit que permitirá avaliar a
probabilidade dos indivíduos obterem, de forma eqüitativa, acesso aos serviços de saúde do
2
COREDE. Por último, são apresentados e discutidos os principais resultados e feitas
considerações finais.
2 – Perfil Socioeconômico e equidade na Saúde Pública nos Municípios do COREDE
Metro politano Delta do Jacuí
Esta seção pode ser dividida em três partes. Na primeira é apresentada uma breve
revisão da literatura sobre equidade em saúde pública. Na segunda e feita uma caracterização
dos municípios do COREDE quanto a questões socioeconômicas, discutindo as diferenças
quanto a: população, renda, vulnerabilidade e desenvolvimento humano. Na segunda parte,
são abordados aspectos específicos do setor saúde do COREDE MDJ, caracterizando a rede
hospitalar e ambulatorial no COREDE MDJ.
2.1 Políticas de Saúde e base teórica do trabalho
Apesar da relevância, este tema da oferta eqüitativa e da qualidade dos serviços de saúde é,
ainda, incipiente a literatura no Brasil, assim como em grande parte dos países. Os estudos já
feitos sobre desigualdade utilizaram os critérios usualmente adotados na literatura empírica
internacional para avaliar a desigualdade social em saúde, os quais se baseiam,
principalmente, nos princípios de eqüidade horizontal, o qual expõe que indivíduos com igual
necessidade de cuidados deveriam ser tratados da mesma forma; e de eqüidade vertical, o qual
determina que indivíduos com necessidades diferentes deveriam receber tratamentos
diferenciados. Para Andrade e Noronha (2002), segundo esses princípios, os bens e serviços
de saúde deveriam ser distribuídos segundo a necessidade de cuidados com a saúde,
independente das características socioeconômicas dos indivíduos. Dentro destas condições,
existem várias formas de avaliar o sistema de saúde, no entanto, as mais utilizadas são
basicamente duas.
A primeira consiste em mensurar a desigualdade no acesso aos serviços de saúde a
partir da construção de curvas de concentração. Enquanto a segunda forma para avaliar a
desigualdade no acesso aos serviços de saúde consiste em estimar um modelo de regressão
cuja variável dependente compreende uma medida de utilização.
Neste contexto, de acordo com Medeiros (1999), igualdade e eqüidade fundamentam,
respectivamente, estratégias de universalização e de focalização. A adoção de uma ou outra
estratégia produzirá implicações distintas na estrutura de desigualdades da sociedade e no
custo de implementação e controle das políticas públicas.
3
Assim, as discussões mais recentes sobre esse tema têm abordado as formas de como
avaliá-la e como medí-la para aperfeiçoar a distribuição dos serviços de saúde. Os estudos
feitos sobre desigualdade utilizam os critérios usualmente adotados na literatura empírica
internacional para avaliar a desigualdade social em saúde, os quais se baseiam, sobretudo, nos
princípios de eqüidade horizontal e eqüidade vertical.
Andrade e Noronha (2002) corroboram, segundo esses princípios, os bens e serviços
de saúde deveriam ser distribuídos segundo a necessidade de cuidados com a saúde,
independente das características socioeconômicas dos indivíduos.
No entanto, quando se aborda o aspecto da eqüidade, verifica-se na literatura uma
grande quantidade de definições a respeito do que vem a ser considerado como eqüidade, não
havendo um consenso unânime sobre esse conceito. Entretanto, a definição mais ampla e
geral diz que o princípio da eqüidade reconhece que os indivíduos são diferentes entre si e,
portanto, merecem tratamento diferenciado, de modo a eliminar ou reduzir as desigualdades
existentes.
Todavia, dentre as conceituações e definições mais, comumente, utilizadas estão a de
Whitehead (1992) e a de Rawls (1995). Para a autora, a eqüidade implica que idealmente
todas as pessoas de uma sociedade devem ter igual oportunidade para desenvolver seu pleno
potencial de saúde e sempre que possível ninguém deve estar em desvantagem para atingí-lo.
Nesta visão, eqüidade pode ser entendida como as diferenças que são desnecessárias e
evitáveis, além de consideradas socialmente injustas. Por outro lado, porém, com a mesma
finalidade, Rawls desenvolveu um critério para caracterizar a desigualdade justa inerente a
eqüidade. Nesse critério o autor expôs que o tratamento desigual é justo quando é benéfico ao
indivíduo mais carente.
Complementando Viana et. al, (2001) enfatizam, uma questão relevante na discussão
sobre desigualdade social está na distinção do conceito de eqüidade em saúde do conceito de
eqüidade no uso dos serviços de saúde. Segundo os autores, é importante a distinção dos
conceitos, uma vez que os determinantes das desigualdades em saúde não são os mesmos das
desigualdades no consumo de serviços de saúde, como também a eqüidade no uso de serviços
de saúde não resulta, necessariamente, em eqüidade na situação de saúde.
Por fim, observa-se que estas discussões inserem-se, na verdade, em um contexto mais
amplo de crescente preocupação com as precárias condições de vida de enorme parcela da
população e a análise do papel das desigualdades socioeconômicas na área da saúde vem
assumindo particular importância.
4
2.2 Perfil Socioeconômico
O COREDE MDJ é composto por dez municípios, que somados representam uma área de
4.867,7 km2. A população total do COREDE em 2004 era de 2.443.578 habitantes, o que
corresponde a aproximadamente 23% da população do estado do Rio Grande do Sul. Os
municípios mais populosos são: Porto Alegre (1.402.886 habitantes), Viamão (241.349) e
Gravataí (237.140).
O município menos populoso é Glorinha, com 6.268 habitantes. Os demais municípios
que formam o COREDE são: Alvorada, Cachoeirinha, Eldorado do Sul, Guaíba, Santo
Antônio da Patrulha e Triunfo. Com exceção de Glorinha, que possui 74% de população rural,
os municípios do COREDE apresentam taxa de urbanização bastante elevada, sendo a média
igual a 95,68%, acima da média estadual (83,86%) e nacional (86,42%). A taxa média de
crescimento populacional do COREDE no período 1996-2000 - foi de 3,1%, superior às taxas
estadual e nacional: 1,4% e 2,0% respectivamente.
Com relação às diferenças econômicas entre os municípios do COREDE MDJ,
observa-se que a renda per capita (média mensal) alcançada pelos municípios pertencentes ao
COREDE MDJ é igual a R$ 308,41, tal valor é menor do que a média estadual, que se
aproxima de R$ 357,75, porém maior do que a média nacional que é de R$ 297,23. No
entanto, essa renda per capita média não reflete a condição do COREDE, dado que, somente
Porto Alegre com renda média de R$ 709,88 e Cachoeirinha com média de R$ 316,78 estão
acima da média, enquanto os demais municípios atingem uma renda per capita média de
somente R$ 257,17. Alvorada e Santo Antonio da Patrulha são os municípios com menor
média de renda por habitante, R$ 214,75 e R$ 219,92, respectivamente, muito abaixo da renda
do COREDE, do Estado e também do País.
Quanto aos indicadores de bem-estar, as diferenças mais significativas foram
encontradas nos indicadores de vulnerabilidade e no índice de desenvolvimento humano. Os
indicadores de vulnerabilidade são uma forma de verificar a qualidade de vida da população.
Serviços básicos e acesso à saúde são os quesitos mais importantes. Em 2000, 90% da
população gaúcha vivia em domicílios com banheiro e água encanada. No COREDE, o
percentual está muito próximo: 91%. Em relação à coleta de lixo, os números estão ainda
mais próximos: no COREDE 97,9% da população em 2000 era abastecida pela coleta,
enquanto que no Rio Grande do Sul 97,3%. Esses dois indicadores apontam para uma
situação satisfatória, no que diz respeito ao acesso a serviços básicos.
Contudo, outro
5
indicador importante é o número de médicos por mil habitantes. Nesse aspecto, o COREDE
está em situação pior em relação ao Rio Grande do Sul e até em relação ao Brasil. No
COREDE, o número de médicos por mil habitantes é de 0,81, enquanto no Estado há 1,55
(praticamente o dobro), e no país a média é de 1,16 por mil habitantes. Cabe salientar que, em
relação a essa variável, há uma profunda concentração no município de Porto Alegre, que
conta com quase 6 médicos por mil habitantes. A média do COREDE MDJ, sem Porto
Alegre, seria de apenas 0,24 médico por mil habitantes.
Por fim, apresentamos o Índice de Desenvolvimento Humano, indicador que resume a
situação econômica e social das regiões. Em 2000, o COREDE MDJ apresentou IDH de 0,80,
enquanto no Estado o valor era de 0,81. Tal realidade indica que a região, e o Estado de uma
forma geral, estão no grupo considerado de alto desenvolvimento humano. Porto Alegre é o
município que apresenta o maior IDH: 0,86, enquanto Alvorada é a localidade da região com
o pior índice: 0,76. Quando analisamos os sub-índices que compõe o IDH, constatamos que,
em termos de longevidade e educação, o COREDE e o estado estão em situações muito
semelhantes. O IDH-educação é onde ambos apresentam a melhor performace: 0,89 e 0,90,
respectivamente. O IDH-longevidade também é análogo: 0,79 e 0,78, respectivamente.
Contudo, no sub-índice renda, o COREDE se encontra em situação inferior, quando
comparado ao Rio Grande do Sul (0,75) e nacional: 0,72. Salienta-se que, no aspecto renda,
que nenhuma das três regiões analisadas encontram-se no grupo de alto desenvolvimento,
com índices acima de 0,79.
2.3 Serviços de saúde no COREDE Metropolitano Delta do Jacuí
2.3.1 Rede Hospitalar
O COREDE Metropolitano Delta do Jacuí possui, de acordo com o Cadastro Nacional
de Estabelecimentos de Saúde (CNES), uma rede hospitalar que totaliza 40 hospitais1, dos
quais 23 são hospitais gerais, 15 são hospitais especializados, 1 é hospital pronto-socorro
geral e 1 é hospital dia/isolado2. No Rio Grande do Sul, esta rede representa 6,93% dos
hospitais gerais, 78,95% dos hospitais especializados, 50% dos hospitais dia/isolado e 3,85%
dos hospitais pronto-socorros geral.
No município de Porto Alegre estão concentrados cerca de 80% do total de hospitais
do COREDE. Esta concentração é superior ao contingente populacional da capital do Estado,
1
Dentre o total de hospitais estão computados os sete hospitais (Pavilhão Pereira Filho, Hospital São José,
Hospital da Criança Santo Antônio, Hospital Santa Clara, Hospital São Francisco, Hospital Santa Rita e Hospital
Dom Vicente Scherer) que compõem o Complexo Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
2
O hospital dia/isolado é um hospital de permanência diurna, com o intuito de realizar procedimentos isolados.
6
que representa 57,4% do total de habitantes do COREDE, e também superior à
representatividade da capital em termos produtivos, já que o PIB do município em 2003
representou 62% do PIB do COREDE.
Não obstante, essa concentração eleva-se para 93% quando se refere aos tipos de
unidades de especialização (hospitais especializados). Esta condição expressiva da oferta de
hospitais em Porto Alegre é, em certa medida, natural, sendo também verificada no município
de São Paulo (61,0%)3 e em outras capitais do país, e se deve, em grande parte, ao porte e
desenvolvimento socioeconômico desses municípios.
O número de leitos também é uma variável relevante para entender adequadamente o
dimensionamento da oferta hospitalar. Segundo CNES (2006), no COREDE há um total de
8.828 leitos, sendo que 6.341 (71,83%) são disponibilizados pela rede pública de saúde (SUS)
e 2.487 (28,17%) pela rede privada (particular e convênios). No entanto, do total de leitos,
8.103 leitos estão concentrados em Porto Alegre (91,79%) e os demais leitos (8,21%) estão
localizados em outros sete4 municípios do COREDE, assim distribuídos: Alvorada (1,03%),
Cachoeirinha (1,04%), Gravataí (1,80%), Guaíba (1,13%), Santo Antônio da Patrulha
(1,20%), Triunfo (0,57%) e Viamão (1,44%). Ver tabela 2 em anexo.
3
4
Para maiores detalhes, consultar Instituto de Saúde (2004).
Salienta-se que os municípios do COREDE MDJ, Eldorado do Sul e Glorinha, não possuem hospitais.
7
Outro componente importante da oferta da rede hospitalar é o número de leitos de
unidade de terapia intensiva (UTI). No COREDE MDJ, existem 776 leitos desse tipo, sendo
que 79,3% destes leitos são disponibilizados pelo SUS e os demais 20,7% são
disponibilizados pela rede privada. Nos leitos de UTI, verifica-se uma concentração ainda
maior em Porto Alegre, visto que cerca de 97,5% deles são disponibilizados por hospitais da
Capital e os demais 2,5% dos leitos são disponibilizados pelo hospital do município de Santo
Antônio da Patrulha.
Em relação ao número de leitos per capita, segundo dados do CNES (2006), os
municípios do COREDE apresentaram uma média de 1,2 leitos por 1.000 habitantes, sendo
este valor inferior às médias estadual (2,9 leitos por 1.000 habitantes) e nacional (2,5 leitos
por 1.000 habitantes). Distantes, assim da recomendação da Organização Mundial de Saúde
(OMS) de que os municípios apresentem pelo menos 4,5 leitos por 1.000 habitantes.
8
2.3.2 Rede Ambulatorial
A rede ambulatorial também representa uma dimensão importante para analisar a
oferta da rede de serviços de saúde, visto que é nela que se faz a maior parte dos
procedimentos de atenção básica5 e de média complexidade6. Tabela 3 em anexo.
De acordo com o CNES (2006), O COREDE MDJ possui um total de 717
ambulatórios (conforme tabela 3), os quais se dividem em: clínicas especializadas (34,17%),
consultórios isolados (54,11%), pronto-socorro geral (0,83%), pronto-socorro especializado
(0,41%), policlínicas (3,62%), unidades de apoio diagnose e terapia (SADT) (5,85%) e
unidade móvel terrestre (0,97%).
Conforme já mencionado anteriormente, o COREDE caracteriza-se pela maior
disponibilidade dos serviços de saúde no município de Porto Alegre. Conforme o CNES
(2006), no que diz respeito à rede ambulatorial, o município possuía 77,68% dos ambulatórios
do COREDE, os quais são divididos em clínicas especializadas (31,60%), consultórios
isolados (61,40%), pronto-socorros geral (0,90%), policlínicas (1,08%), unidades de apoio de
diagnose e terapia (SADT Isolado) (5,03%).
Em relação ao Rio Grande do Sul, a oferta dos serviços ambulatoriais é menor. Uma
vez que a população do COREDE corresponde a 22,99% da população do Estado e possui
16,90% das unidades ambulatoriais. Isto é justificável, pois como a rede ambulatorial realiza
os procedimentos de atenção básica e de média complexidade, a maioria dos procedimentos
são realizados em cada município ou em centros regionais mais próximos, não havendo a
necessidade do deslocamento de pacientes de outros municípios do Estado, ao contrário do
que ocorre com os atendimentos especializados de alta complexidade7.
Os centros e postos de saúde também compõem a rede ambulatorial. No COREDE
existem 244 postos e centros de saúde, os quais estão localizados principalmente nos
5
A atenção básica de saúde engloba um conjunto de ações de caráter individual ou coletivo, que envolvem a
promoção da Saúde, a prevenção de doenças, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação de pacientes
(Ministério da Saúde, 2005).
6
Compõe-se por ações e serviços que visam a atender os primeiros problemas de saúde e agravos da população,
cuja prática clínica demande disponibilidade de profissionais especializados e o uso de recursos tecnológicos de
apoio e diagnóstico terapêutico. Englobam-se: procedimentos especializados, cirurgias ambulatoriais
especializadas, procedimento traumato-ortopédicos, ações especializadas em odontologia, patologia clínica,
radiodiagnóstico, exames-ultrasonográficos, anestesias, entre outros (Ministério da Saúde, 2005)
7
Segundo o SUS, é o conjunto de procedimentos que envolvem alta tecnologia e alto custo, facilitando o acesso
da população a serviços qualificados. As principais áreas que compõe a alta complexidade são: cirurgia
cardiovascular, cirurgia vascular, procedimentos de cardiologia intervencionista, assistência traumatoortopédico, procedimentos de neurocirurgia, assistência em ontologia, genética clínica, distrofia muscular
progressiva, entre outros (Ministério da Saúde, 2005)
9
municípios de Porto Alegre (58,61%), Cachoeirinha (8,20%), Gravataí (7,79%) e Viamão
(6,07%).
Com as informações reunidas a partir da aplicação de questionários nos hospitais e
postos de saúde do COREDE MDJ, na próxima seção é apresentado o método de pesquisa a
fim de avaliar a probabilidade de o entrevistado receber um determinado serviço hospitalar e
avaliar o serviço e a unidade de saúde como bom ou ótimo.
3 Metodologia
Existe uma diversidade de métodos aplicados para avaliar as desigualdades no acesso
aos serviços de saúde na literatura econômica. Dentre elas estão: a construção de curvas de
concentração utilizada por Campino (2005); a utilização do modelo hurdle binomial negativo
encontrada nos trabalhos de Noronha (2001) e Palermo (2005); e a estimação de um modelo
Probit verificado no trabalho de Noronha e Andrade (2005). Neste trabalho optou-se pela
utilização do modelo LOGIT para avaliar a probabilidade do entrevistado considerar o serviço
de boa qualidade.
3.1 Análise Estatística
A análise estatística dos dados é feita por meio do modelo Logit (Gujarati, 2000,
cap.16; Verbeek, 2000, cap.7; Wooldridge, 2003, cap. 17). Segundo Gujarati (2000, p. 559) a
função de distribuição logística é expressa como:
Pi  E (Y  1 | X i ) 
1
1  e Zi
(1)
Nesta expressão, a variável P indica a probabilidade de o entrevistado considerar os
postos e hospitais ou o atendimento profissional nos postos e hospitais como sendo de certo
nível. Ela é considerada igual a um (1) se o entrevistado considera o atendimento como ótimo
ou bom e igual a zero (0) se o entrevistado considera o atendimento como péssimo, ruim ou
apenas regular.
n
Nesta expressão, o Zi corresponde à: Z i   0    k X k , onde os Xk, sendo k =
k 1
1, 2,..., n, são as variáveis explicativas da probabilidade de o entrevistado considerar um
posto, hospital ou o atendimento nestas instituições como ótimo ou bom.
O modelo (1) acima também pode ser escrito como o logaritmo de uma razão de
probabilidades, como:
n
 P 
L  ln 
  0   k X k
1 P 
k 1
(2)
10
As variáveis explicativas, utilizadas nas regressões estatísticas, constituem um
conjunto que se refere aos hospitais e outro conjunto referente aos postos de saúde.
3.2 Definição das variáveis explicativas
As variáveis explicativas usadas na avaliação dos hospitais e de seus respectivos
profissionais são definidas no quadro 1. De uma forma geral elas tentam identificar as
diferenças entre os principais hospitais quanto ao quesito avaliação. Existe a preocupação de
associar esta avaliação com outras variáveis que podem justificar diferenças de resultados
entre os hospitais como: setor em que o paciente é atendido, sexo, idade, etnia, nível de
escolaridade, renda, freqüência com que vai ao médico, gasto com saúde, facilidade de
acesso, plano de saúde e se o paciente possui doença crônica.
11
Quadro 1 – Variáveis explicativas utilizadas para avaliar o atendimento hospitalar
Variáveis
1- HSPCLINICAS
Definição
Hospital de Clinicas assume valor 1 e zero para os demais
hospitais.
2- HSPCONCEI
Hospital Nossa Senhora da Conceição assume valor 1 e
zero para os demais hospitais.
3- HSPPUC
Hospital São Lucas da PUC assume valor 1 e zero para os
demais hospitais.
4- STACASA
Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre assume o valor
1 e os demais o valor zero.
5- SETOR
O setor é 1 se é de internação e 0 se é ambulatório ou
emergência.
6- SEXO
A variável é 1 se masculino e 0 se feminino.
7- IDADE
Expressa em número de anos de vida do paciente.
8- BRANCA
A etnia branca assume valor 1 e as demais valor zero.
9- NEGRA
A etnia negra assume valor 1 e as demais zero.
10- ESCOLAR
A escolaridade é 0 se a escolaridade vai de analfabeto até
fundamental completo; ela é 1 se vai do ensino médio
incompleto ao superior.
11- RENDABINA
A renda do paciente. Variável binária igual a 0 se renda é
igual ou menor que 2 salários mínimos; igual a 1 se a renda
é maior que 2 salários mínimos.
12- PLANO
Plano de saúde. É igual a 1 se o paciente tem plano de
saúde e 0 caso contrário.
13- FREQMESTRIM
A freqüência com que vai ao médico é mensal ou
trimestral. Considera duas opções: freqüência mensal ou
trimestral com valor 1 (ou seja, muito freqüente) e valor 0
se a freqüência é outra.
14- FREQSODOENTE A freqüência com que vai ao médico assume valor 1 se vai
ao médico só quando está doente e 0 em outros casos.
15- CRONICA
Doença crônica. É 1 se o entrevistado tem doença crônica e
0 em caso contrário.
16- HSPFACESSO
O hospital é de fácil acesso para o paciente? É 1 caso sim e
0 caso não.
17- GASTOSAUDE
Gastos com saúde (valores mensais)
Fonte: elaborado pelos autores.
Por outro lado, as variáveis explicativas usadas na avaliação dos postos de saúde e
respectivos profissionais buscam avaliar as diferenças de atendimento entre as principais
unidades de saúde, as quais são apresentadas no quadro 2. Para isto foram escolhidos os três
principais postos de acordo com o número de atendimentos. A fim de identificar as possíveis
diferenças em termos de avaliação devido a grupos socioeconômicos distintos são incluídas
variáveis como: sexo, idade, nível de escolaridade, nível de renda, plano de saúde, freqüência
com que vai ao médico, se o paciente possui doença crônica, se o paciente já abandonou o
12
tratamento, facilidade de acesso, se o paciente segue o tratamento médico, se existem
profissionais em tempo integral no posto e se alguma vez precisou de atendimento e não
conseguiu.
Quadro 2 – Variáveis explicativas utilizadas para avaliar o atendimento nos postos de saúde
Variáveis
1- PALVORADA
2- PCACHOEIR
3- PGRAVATAI
4- SEXO
5- IDADE
6- BRANCA
7- NEGRA
8- ESCOLAR
9- RENDABINA
10- PLANO
11- FREQMESTRIM
12- FREQSODOENTE
13- CRONICA
14- ABANDOTRAT
15- POSTFACESSO
Definição
O Posto de saúde de Alvorada assume valor 1 e os demais
valores iguais a zero.
O Posto de saúde de Cachoeirinha assume valor 1 e os
demais valores iguais a zero.
O Posto de saúde de Gravataí assume valor 1 e os demais
valores iguais a zero.
A variável é 1 se masculino e 0 se feminino.
Expressa em número de anos de vida do paciente.
A etnia branca assume valor 1 e as demais valor zero.
A etnia negra assume valor 1 e as demais zero.
A escolaridade é 0 se a escolaridade vai de analfabeto até
fundamental completo; ela é 1 se vai do ensino médio
incompleto ao superior.
A renda do paciente. Variável binária igual a 0 se renda é
igual ou menor que 2 salários mínimos; igual a 1 se a renda
é maior que 2 salários mínimos.
Plano de saúde. É igual a 1 se o paciente tem plano de
saúde e 0 caso contrário.
A freqüência com que vai ao médico é mensal ou
trimestral. Considera duas opções: freqüência mensal ou
trimestral com valor 1 (ou seja, muito freqüente) e valor 0
se a freqüência é outra.
A freqüência com que vai ao médico assume valor 1 se vai
ao médico só quando está doente e 0 em outros casos.
Doença crônica. É 1 se o entrevistado tem doença crônica e
0 em caso contrário.
Abandonou tratamento por não conseguir comprar
remédios. Esta variável é 1 se sim e 0 se não.
O posto é de fácil acesso? É 1 caso sim e 0 caso não.
Segue rigorosamente o tratamento médico? É 1 caso sim e
0 caso não.
Existem profissionais em tempo integral no posto? É 1 caso
17- PROFINTEGR
sim e 0 caso não.
18- NAOCONSATEND Alguma vez precisou atendimento e não conseguiu? É 1
caso sim e 0 caso não.
Fonte: elaborado pelos autores.
16- SEGUETRAT
As informações necessárias para o desenvolvimento do modelo proposto anteriormente
foram obtidas por meio de entrevistas junto aos usuários das unidades de saúde (hospitais e
13
postos de saúde) do COREDE MDJ. O plano de amostragem, contendo a forma de aplicação e
o número de questionários aplicados, encontra-se dispostos em anexo.
Na próxima seção são apresentados os principais resultados obtidos, os quais são
discutidos especificamente por grupos de hospitais e postos de saúde.
4 Análises dos resultados
Nesta seção serão apresentados as estimativas das funções de regressão estimadas por
meio do software estatístico e econométrico denominado EViews 4.1. Para isto separamos a
análise em quatro grupos: a avaliação dos profissionais dos hospitais, a avaliação dos
hospitais, a avaliação dos profissionais dos postos de saúde e a avaliação dos postos de saúde.
4.1 Avaliação dos profissionais dos hospitais do COREDE MDJ
A Tabela 4 apresenta a regressão estimada para a avaliação dos profissionais de saúde
dos hospitais do COREDE. Com base nos resultados da tabela 4 estimamos a seguinte
regressão:
 P 
ln 
  1,9102 HSPCLINICAS  0,0296 IDADE  1,1730 FREQSODOEN TE
1 P 
(3)
Com base nesta regressão (3) têm-se as probabilidades de o paciente considerar o
atendimento dos profissionais de um hospital como ótimo ou bom, dados os valores das
variáveis que se mostraram estatisticamente significantes, conforme observado na tabela 4.
Tabela 4 – Resultados da regressão estatística da variável P que indica a probabilidade de o
paciente considerar o atendimento dos profissionais no hospital como sendo ótimo ou bom
sobre as variáveis explicativas.
Variáveis
C
HSPCLINICAS
HSPCONCEI
HSPPUC
STACASA
SEXO
IDADE
NEGRA
BRANCA
ESCOLAR
RENDABINA
PLANO
FREQMESTRIM
FREQSODOENTE
CRONICA
HSPFACESSO
GASTOSAUDE
Coeficiente
1,0999
1,9102
0,3570
-0,2365
0,5578
-0,0310
0,0296
0,4425
0,1698
-0,1865
-0,4793
0,0089
-0,2181
-1,1730
-0,0963
0,3103
-0,0004
Nível de Significância
0,28
0,02
0,51
0,65
0,28
0,93
0,01
0,53
0,76
0,63
0,23
0,98
0,75
0,08
0,80
0,41
0,69
Obs: R2 de McFadden é igual a 0,13. O LR = 49,70 (Prob. 0,00008)
Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos hospitais do COREDE MDJ.
14
As variáveis que se apresentaram significativas são: Hospital de Clínicas, Idade e
freqüência com que vai ao médico. Variáveis como renda e gastos com saúde não foram
significativas em função das características da população analisada, que apresenta uma renda
baixa e uma pequena variabilidade amostral. Este resultado está de acordo com o esperado,
pois os pacientes atendidos pelo SUS correspondem a uma parcela da população com menor
renda, sem plano de saúde privado e sem condições de adquirir medicamentos.
Com relação as variáveis que explicam a probabilidade do paciente avaliar
positivamente o atendimento dos profissionais nos hospitais, podemos observar que o
Hospital de Clínicas se destaca em relação aos demais hospitais do COREDE, pois existe uma
probabilidade maior dos profissionais deste hospital serem julgados favoravelmente do que os
dos demais hospitais da Região. A exemplo disto, conforme a tabela 5, um paciente de 40
anos que somente vai ao médico quando fica doente, em 87% dos casos considera o
atendimento bom ou ótimo. Enquanto para os demais hospitais e o mesmo perfil de paciente,
apenas 50% considera o atendimento bom ou ótimo.
Além disso, também verificamos que os pacientes mais idosos têm a tendência de
julgarem mais favoravelmente os profissionais dos hospitais do que pacientes mais jovens. A
avaliação do grupo de pacientes de 20 anos varia de 36% a 79% que consideram o
atendimento bom ou ótimo, enquanto para os pacientes na faixa de 80 anos, 77% a 99%
consideram o atendimento bom ou ótimo.
Tabela 5 – Probabilidade de o paciente considerar o atendimento dos profissionais no
hospital como ótimo ou bom dentro de algumas situações consideradas com base nos
resultados da regressão.
Idade do
paciente (anos)
20
40
60
80
Paciente do Hospital de Clinicas
Freqüência com que vai ao médico
Só quando fica
Em outras
doente
situações8
0,79
0,92
0,87
0,96
0,93
0,98
0,96
0,99
Paciente de outro hospital
Freqüência com que vai ao médico
Só quando fica
Em outras situações
doente
0,36
0,64
0,50
0,77
0,65
0,86
0,77
0,91
Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos hospitais do COREDE Metropolitano Delta
do Jacuí.
Por outro lado, os pacientes que somente vão ao médico quando ficam doentes são
mais críticos em relação aos profissionais da saúde. Este fato parece estar ocorrendo, pois eles
consideram estes profissionais responsáveis pelas conseqüências do seu próprio estado de
saúde. Resumidamente, dentre os hospitais do COREDE MDJ, o Hospital de Clínicas em
8
As outras situações incluem períodos de tempos, como, por exemplo, consultas mensais, trimestrais, semestrais
ou anuais.
15
relação aos demais hospitais tende a ter seus profissionais melhor avaliados, contudo quanto
maior a idade e a freqüência com que vai ao médico, melhor é a avaliação dos profissionais
em todos os hospitais do COREDE.
4.2 Avaliação dos hospitais do COREDE MDJ
Nesta seção, são avaliados os hospitais do COREDE pelos próprios usuários. Neste
item buscamos identificar a percepção dos pacientes quanto ao atendimento hospitalar de uma
forma geral. Os resultados da avaliação dos hospitais pelos próprios usuários são apresentados
na Tabela 6 a seguir. Observamos novamente que as variáveis renda e gastos com saúde não
explicam uma melhor avaliação do atendimento hospitalar ofertado pelo Sistema Único de
Saúde.
A regressão estimada para a avaliação dos hospitais é:
 P 
ln 
 = 1,1577HSPCLINICAS - 1,2493HSPPUC + 2,9888HSPPUC*SETOR + 0,7964HSPFACESSO (4)
1  P 
Com base nesta regressão (4) definimos as probabilidades de o paciente considerar o
atendimento do hospital como ótimo ou bom, dados os valores das variáveis que se
mostraram estatisticamente significantes, conforme pode ser visto na tabela 6.
Tabela 6 – Resultados da regressão estatística da variável P que indica a probabilidade de o
paciente considerar o atendimento do hospital como sendo ótimo ou bom sobre as variáveis
explicativas.
Variáveis
C
HSPCLINICAS
HSPCLINICAS*SETOR
HSPCONCEI
HSPCONCEI*SETOR
HSPPUC
HSPPUC*SETOR
STACASA
STACASA*SETOR
SEXO
IDADE
NEGRA
BRANCA
ESCOLAR
RENDABINA
PLANO
FREQMESTRIM
FREQSODOENTE
CRONICA
HSPFACESSO
GASTOSAUDE
Coeficiente
1,1850
1,1577
40,4666
-0,4264
0,8452
-1,2493
2,9888
-0,0391
1,1866
-0,0495
0,0059
-0,1688
-0,0191
-0,3658
-0,3097
0,4887
0,1771
-0,4291
-0,4456
0,7964
8,83E-06
Nível de Significância
0,15
0,03
0,99
0,37
0,26
0,02
0,01
0,93
0,28
0,88
0,53
0,77
0,97
0,27
0,34
0,26
0,71
0,38
0,17
0,01
0,99
Obs: R2 de McFadden é igual a 0,12.
Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos hospitais do COREDE MDJ.
16
O hospital da PUC foi o hospital que apresentou maior destaque no que diz respeito à
avaliação pelo paciente internado. Porém este hospital não é visto favoravelmente pelo
paciente que se dirige ao mesmo para solucionar uma situação de emergência ou ambulatorial.
Além disso, o Hospital de Clínicas também foi avaliado favoravelmente pelos pacientes que o
procuram.
Tabela 7 – Probabilidade de o paciente considerar o atendimento do hospital como ótimo ou
bom dentro de algumas situações consideradas com base nos resultados da regressão.
O hospital é de fácil acesso
para o paciente?
Sim
Não
Hospital de
Clinicas
0,88
0,76
Hospital
Hospital da PUC
Setor ambulatorial ou de
Internação
emergência
0,39
0,93
0,22
0,85
Outro
hospital
0,69
0,50
Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos hospitais do COREDE MDJ.
Outro fator importante que favorece a avaliação positiva do paciente é a facilidade de
acesso ao hospital. Quando o acesso é fácil ao Hospital de Clínicas, 88% dos usuários
consideram que o atendimento no hospital como sendo bom ou ótimo. Para o Hospital de
Clínicas não existe diferença quanto à qualidade do serviço entre os setores, segundo
avaliação dos usuários. No caso do Hospital da PUC, os resultados dependem do setor de
atendimento, para o setor de internação, considerando o grupo de pacientes que considera o
acesso fácil, 93% consideram o atendimento bom ou ótimo, entretanto no ambulatório e na
emergência apenas 39% consideram o atendimento bom ou ótimo. Por fim, para os demais
hospitais do COREDE, na média, 69% consideram o atendimento bom ou ótimo quando o
acesso ao hospital é fácil, enquanto no grupo que considera o acesso difícil apenas 50%
considera o atendimento bom ou ótimo.
A partir destas estimativas é possível observar que as respostas dos usuários em todos
os hospitais dependem da percepção sobre a facilidade de acesso. Quando o paciente
considera o acesso é fácil, ele tende a avaliar melhor o atendimento. As diferenças quanto a
avaliação por setor dos hospitais foram relevantes apenas no Hospital São Lucas da PUC, para
os demais hospitais do COREDE MDJ, os usuários tendem a avaliar da mesma forma em
cada hospital ou grupo de hospitais.Estes resultados sugerem que existe, na maioria dos
hospitais do COREDE, um padrão de atendimento. No entanto, no Hospital São Lucas, é
necessário buscar uma melhor compreensão sobre as causas dos diferenciais de satisfação
entre os setores. Talvez, a demanda esteja sendo superior a capacidade de atendimento, o que
pode estar levando a uma queda na qualidade dos serviços prestados nos setores de
ambulatório e emergências.
17
4.3 Avaliação dos profissionais nos postos de saúde COREDE MDJ
Os resultados obtidos a partir do modelo proposto anteriormente são apresentados na
tabela 7. Na equação 5 são apresentadas apenas as variáveis que são relevantes para explicar a
maior probabilidade dos profissionais dos postos de saúde serem melhores avaliados.
Contudo, cabe destacar que novamente a variável renda e gasto com saúde não contribuíram
na avaliação dos profissionais dos postos de saúde.
 P 
ln 
  1,4136PGRAVATAI - 0,5712SEXO + 0,0219IDADE + 1,2835NEGRA + 1,3586BRANCA 1 P 
0,8537PLANO + 0,9640FREQMESTRIM + 0,6023POSTFACESSO -1,0549NAOCONSATEND (5)
A regressão (5) permite a obtenção das probabilidades de o paciente avaliar como
sendo ótimo ou bom o atendimento dos profissionais de um posto de saúde. Há, relativamente
às demais situações, um maior número de variáveis influindo sobre uma avaliação favorável,
pelo paciente, dos profissionais do posto de saúde.
Tabela 7 – Resultados da regressão estatística da variável P que indica a probabilidade de o
paciente considerar o atendimento dos profissionais no posto de saúde como sendo ótimo ou
bom sobre as variáveis explicativas.
Variáveis
C
PALVORADA
PCACHOEIR
PGRAVATAI
SEXO
IDADE
NEGRA
BRANCA
ESCOLAR
RENDABINA
PLANO
FREQMESTRIM
FREQSODOENTE
CRONICA
ABANDOTRAT
SEGUETRAT
PROFINTEGR
POSTFACESSO
NAOCONSATEND
Coeficiente
-0,6975
-0,0320
-0,1648
1,4136
-0,5712
0,0219
1,2835
1,3586
-0,0390
-0,2333
-0,8537
0,9640
0,2644
-0,2959
-0,2528
-0,3049
0,1353
0,6023
-1,0549
Nível de Significância
0,46
0,92
0,70
0,01
0,07
0,01
0,04
0,01
0,90
0,45
0,04
0,03
0,55
0,35
0,40
0,56
0,51
0,09
0,00
O R2 de McFadden é igual a 0,14. LR = 71,31 (Prob. 0,00000002)
Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos postos de saúde do COREDE MDJ.
Dentre estas variáveis, se destaca a que identifica o Posto de Gravataí em relação aos
demais postos. Os pacientes deste posto de saúde parecem estar mais satisfeitos em relação ao
atendimento dos profissionais do que os dos demais postos. Os profissionais de um posto que
18
seja de fácil acesso pelo paciente também são mais bem avaliados do que os de um posto de
difícil acesso.
Três características humanas influenciam a decisão do paciente em julgar
favoravelmente ou não o atendimento dos profissionais dos postos de saúde. Uma
característica é
19
Tabela 8 – Probabilidade de o paciente considerar o atendimento dos profissionais no posto de saúde de fácil acesso
como ótimo ou bom dentro de algumas situações consideradas com base nos resultados da regressão
Posto de Gravataí
Outro posto
Alguma vez
Freqüência
Tem
Etnia
e
idade
em
anos
Etnia
e idade em anos
precisou
com que vai plano
Sexo
Negra
Branca
Outra
Negra
Branca
Outra
atendimento e
ao médico
de
30
70
30
70
30
70
30
70
30
70
30
70
não conseguiu
saúde
Sim
0,92 0,96 0,93 0,97 0,76 0,88 0,74 0,87 0,75 0,88 0,44 0,65
Sim
Mensal
Não ou
Não
0,97 0,99 0,97 0,99 0,90 0,96 0,89 0,95 0,90 0,95 0,69 0,84
trimestral
Sim
0,96 0,98 0,97 0,99 0,88 0,95 0,87 0,94 0,88 0,94 0,65 0,81
Não
Não
0,99 0,99 0,99 1,00 0,96 0,98 0,95 0,98 0,95 0,98 0,84 0,93
Masc.
Sim
0,81 0,91 0,83 0,92 0,55 0,74 0,52 0,72 0,53 0,73 0,23 0,41
Sim
Não
0,93 0,97 0,93 0,97 0,60 0,89 0,75 0,88 0,77 0,89 0,27 0,67
Outra
Sim
0,91 0,96 0,92 0,96 0,74 0,87 0,71 0,86 0,73 0,87 0,41 0,62
Não
Não
0,97 0,99 0,97 0,99 0,89 0,95 0,88 0,95 0,89 0,95 0,67 0,83
Sim
0,95 0,98 0,96 0,98 0,85 0,93 0,83 0,92 0,84 0,93 0,58 0,77
Sim
Não
0,98 0,99 0,98 0,99 0,94 0,97 0,93 0,97 0,94 0,97 0,80 0,90
Mensal ou
trimestral
Sim
0,98 0,99 0,98 0,99 0,93 0,97 0,92 0,97 0,93 0,97 0,76 0,89
Não
Não
0,99 1,00 0,99 1,00 0,97 0,99 0,97 0,99 0,97 0,99 0,90 0,96
Sim
0,89 0,95 0,89 0,95 0,68 0,84 0,65 0,82 0,67 0,83 0,34 0,56
Fem.
Sim
Não
0,96 0,98 0,96 0,98 0,72 0,94 0,84 0,93 0,85 0,93 0,39 0,78
Outra
Sim
0,95 0,98 0,95 0,98 0,83 0,92 0,82 0,91 0,83 0,92 0,55 0,75
Não
Não
0,98 0,99 0,98 0,99 0,94 0,97 0,93 0,97 0,93 0,97 0,78 0,89
Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos postos de saúde do COREDE Metropolitano Delta do Jacuí.
Nota: as probabilidades acima se referem apenas aos postos de saúde de fácil acesso pelo paciente.
20
a etnia, uma vez que os pacientes de etnia negra ou branca parecem estar mais satisfeitos com
o atendimento do que os de outra etnia.
Outra característica importante é a idade, visto que os pacientes mais idosos julgam
mais favoravelmente estes profissionais do que os mais jovens. E, a terceira característica
relevante é o sexo, sendo que os pacientes do sexo masculino são mais críticos em relação a
estes profissionais do que os do sexo feminino.
Três variáveis que influenciam a probabilidade de o paciente avaliar como ótimo ou
bom o atendimento dos profissionais de um posto de saúde são: “A freqüência com que vai ao
médico”, “Se tem plano de saúde” e “Se alguma vez precisou atendimento e não conseguiu”.
Novamente, os pacientes que vão mais freqüentemente ao médico julgam mais
favoravelmente os profissionais dos postos de saúde do que os pacientes pouco assíduos ao
médico. Os pacientes que possuem plano de saúde são mais críticos em relação ao
atendimento dos profissionais dos postos. E, finalmente, o paciente que alguma vez não
conseguiu atendimento no posto de saúde é bastante crítico em relação aos serviços
profissionais do posto.
Como exemplo da relevância destas variáveis na avaliação da probabilidade do
paciente considerar o atendimento bom ou ótimo considerou-se dois casos extremos. No
primeiro caso, um usuário dos postos de saúde em Gravataí, de etnia branca, sexo feminino,
com 30 anos de idade, que sempre conseguiu atendimento, que não possui plano de saúde e
que vai com freqüência ao médico, para este perfil de usuário existe a probabilidade de 99%
de considerar bom ou ótimo o atendimento dos profissionais nos postos. No outro extremo um
paciente que é atendido em outro posto do COREDE, de sexo masculino, etnia branca, que
possui plano de saúde, que no passado não foi atendido quando precisou, existe a
probabilidade do paciente considerar o atendimento bom ou ótimo de apenas 23%.
4.4 Avaliação dos postos de saúde COREDE MDJ
Nesta seção são analisadas as probabilidades dos pacientes avaliarem os postos de
saúde como bom ou ótimo. Os resultados obtidos são apresentados na tabela 9 a seguir.
Considerando apenas as variáveis explicativas relevantes, a equação 6 sintetiza os principais
resultados na avaliação dos postos de saúde do COREDE MDJ. Como nos casos anteriores, as
variáveis renda e gastos com saúde não foram significativas no modelo.
 P 
ln 
  0,7574PGRAVATAI + 0,0221IDADE - 0,5959CRONICA + 0,7431POSTFACESSO 1 P 
1,2889NAOCONSATEND
(6)
21
A equação 6 apresenta as probabilidades de o paciente de um posto de saúde avaliá-lo
como ótimo ou bom conforme consta na tabela 10. O Posto de Gravataí é avaliado mais
favoravelmente do que os demais postos de saúde. Três variáveis relacionadas ao paciente
influem na probabilidade de avaliar o posto mais favoravelmente ou não. Uma é a idade.
Pacientes mais idosos são mais propensos a considerar um posto como ótimo ou bom do que
pacientes jovens. Outra é a existência de doença crônica, em que os usuários com esse tipo de
patologia são mais críticos.
Tabela 9 – Resultados da regressão estatística da variável P que indica a probabilidade de o
paciente considerar o atendimento do posto de saúde como sendo ótimo ou bom sobre as
variáveis explicativas
Variáveis
C
PALVORADA
PCACHOEIR
PGRAVATAI
SEXO
IDADE
NEGRA
BRANCA
ESCOLAR
RENDABINA
PLANO
FREQMESTRIM
FREQSODOENTE
CRONICA
ABANDOTRAT
SEGUETRAT
PROFINTEGR
POSTFACESSO
NAOCONSATEND
Coeficiente
-1,2985
0,2131
-0,0397
0,7574
-0,2354
0,0221
0,1706
0,2665
0,0572
-0,1856
-0,5251
0,2020
-0,4347
-0,5959
0,0269
0,5410
0,2781
0,7431
-1,2889
Nível de Significância
0,11
0,45
0,91
0,05
0,38
0,00
0,75
0,56
0,84
0,48
0,15
0,62
0,29
0,02
0,91
0,21
0,12
0,02
0,00
O R2 de McFadden é igual a 0,14.
Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos hospitais do COREDE MDJ.
Outra variável, relacionada ao paciente, é a facilidade de acesso do mesmo a unidade
saúde, quanto maior a facilidade de acesso, melhor serão avaliados os postos de saúde.
Tabela 10 – Resultados da regressão estatística da variável P que indica a probabilidade de o
paciente considerar o atendimento do posto de saúde de fácil acesso como sendo ótimo ou
bom sobre as variáveis explicativas
Paciente tem
doença
crônica?
Sim
Não
Alguma vez
precisou
atendimento e
não
conseguiu?
Sim
Não
Sim
Não
Posto de Gravataí
Outro Posto
Idade do paciente (anos)
Idade do paciente (anos)
30
70
30
70
0,57
0,83
0,71
0,90
0,76
0,92
0,85
0,95
0,38
0,69
0,53
0,80
0,60
0,84
0,73
0,91
Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos hospitais do COREDE MDJ.
22
Por fim, caso o paciente não tenha alguma vez conseguido um atendimento de que
necessitasse, ele é bastante crítico em relação ao posto de saúde com a tendência de avaliá-lo
menos favoravelmente. A exemplo disto, um paciente de um posto de saúde de Gravataí que
possui doença crônica e que alguma vez precisou de atendimento e não consegui tem a
probabilidade de 57% de avaliar o posto de saúde como bom ou ótimo. Já quando um paciente
com perfil semelhante, mas que sempre conseguiu atendimento apresenta uma probabilidade
de 83% de avaliar o posto de saúde positivamente, como bom ou ótimo.
A seguir são apresentadas as principais conclusões deste estudo, destacando quais os
pontos que podem interferir de uma forma mais significativa na avaliação das unidades de
saúde nos municípios do COREDE MDJ.
5 Conclusões
Conforme discutido na seção anterior, é possível constatar que não existe um conjunto
de variáveis significativas comuns que permita avaliar como bom ou ótimo as quatro
dimensões definidas (atendimentos dos profissionais nos hospitais e postos de saúde e as
respectivas unidades de saúde). Contudo, para todas as situações analisadas, observou-se que
a variável renda e os gastos com saúde não contribuem para aumentar a probabilidade de
avaliar os serviços e/ou unidades de saúde como bom ou excelente. A razão para isto deve-se
ao perfil do paciente entrevistado. Todos os entrevistados são pacientes do Sistema Único de
Saúde que possuem renda baixa e poucas condições de adquirir medicamentos.
Todavia, os resultados permitem afirmar que a probabilidade dos pacientes avaliarem
positivamente as unidades e os profissionais, não depende somente da qualidade dos serviços
prestados, mas também das características socioeconômicas dos pacientes e da localização
espacial na região.
Neste sentido, foi possível observar que os pacientes do Hospital de Clínicas, com
maior idade e maior freqüência de ida ao médico, são aqueles onde existe uma maior
probabilidade dos profissionais serem melhores avaliados. Isso pode ser decorrência do
Hospital de Clinicas ser um Hospital Escola e, por isso, dispõe de um maior número de
profissionais (médicos, médicos residentes, estudantes) dando atenção aos pacientes. Neste
caso, talvez a pouca experiência dos jovens profissionais seja compensado pela forma de
atendimento, mais integral e atencioso ao paciente.
Por outro lado, a avaliação do atendimento nos hospitais depende da localização
espacial do usuário na região. Quando o paciente acredita que o acesso é fácil, existe uma
maior probabilidade de ele considerar o atendimento bom ou ótimo nos hospitais. Do total de
23
hospitais do COREDE, apenas o Hospital São Lucas e o Hospital de Clínicas apresentaram
diferenças significativas em relação aos demais, mostrando que, para os usuários destes
hospitais existe uma maior probabilidade do usuário considerar o atendimento como bom ou
ótimo.
Nos postos de saúde, os pacientes que vão mais freqüentemente ao médico apresentam
uma maior probabilidade de avaliar os profissionais como bom ou ótimo. Os pacientes que
possuem plano de saúde são mais críticos em relação ao atendimento dos profissionais dos
postos. E finalmente o paciente que alguma vez não conseguiu atendimento no posto de saúde
apresenta uma menor probabilidade de avaliar positivamente os profissionais destas unidades
de saúde. Já na avaliação dos postos de saúde, três variáveis influenciam na probabilidade de
avaliar o posto de saúde positivamente: idade do usuário, se o paciente possui doença crônica
e facilidade de acesso. Os pacientes mais idosos, com doenças crônicas e que possuem
facilidade de acesso ao posto apresentam uma maior probabilidade de avaliar positivamente o
atendimento nos postos de saúde. Neste caso, o que pode estas acontecendo é que os idosos,
muitas vezes, vivem sozinhos e por já serem portadores de doenças crônicas, demandam
maior número de visitas e isso acaba estabelecendo algum tipo de vínculo com os
profissionais de saúde. Assim, muitas vezes o paciente busca, não apenas a cura para suas
enfermidades, mas também afeto, amizade e atenção.
Por fim, destacamos a importância de relativizar a avaliação dos serviços de saúde
recebidos a partir do Sistema Único de Saúde. Neste sentido, observamos que dependendo do
perfil socioeconômico dos usuários e da sua localização espacial na região, podem existir
diferenças na avaliação dos indivíduos quanto as unidades e profissionais da saúde.
6 Referências Bibliográficas
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Unidos. 2003.
25
Tabela 1 – População, Taxa de Urbanização, Crescimento e Área do COREDE MDJ.
Municípios
População
Total (2004)
Renda per
Taxa média
capita (mensal
Cresc. Popul.
em Reais)
(1996-2000)
(2000)
3,2
214,75
IDH
(2000)
Alvorada
210.083
Cachoeirinha
117.362
2,8
316,78
0,813
Eldorado do Sul
33.037
4,5
265,73
0,803
Glorinha
6.268
4,8
243,86
0,785
Gravataí
256.170
3,1
288,59
0,811
Guaíba
98.972
2,3
288,8
0,815
1.402.886
1,4
709,88
0,865
Santo Antônio Patrulha
38.519
2,2
219,92
0,77
Triunfo
23.940
3,2
281,9
0,788
Viamão
256.341
3,7
253,87
0,808
Porto Alegre
0,768
Fonte: Fundação de Economia e Estatística (FEE), 2006.
Tabela 2 – Distribuição dos leitos hospitalares por município do COREDE MDJ
Leitos
Municípios
Internação
UTI
SUS
Não-SUS
SUS
Não-SUS
Alvorada
91
0
10
0
Cachoeirinha
92
0
10
0
Eldorado do Sul
0
0
0
0
Glorinha
0
0
0
0
Gravataí
116
43
10
0
Guaíba
82
18
0
0
5.740
2.363
584
156
Santo Antonio Patrulha
99
7
0
0
Triunfo
36
14
0
0
Viamão
85
42
2
4
6.341
2.487
616
160
Porto Alegre
Total COREDE
Fonte: Datasus, 2006.
26
Tabela 3 – Relação Ambulatórios e Centros e Postos de Saúde do COREDE MDJ
Municípios
Ambulatórios
Centros e Postos de Saúde
Alvorada
12
14
Cachoeirinha
18
20
Eldorado do Sul
2
4
Glorinha
0
3
Gravataí
63
19
Guaíba
20
9
Porto Alegre
557
143
Santo Antônio Patrulha
13
9
Triunfo
5
6
Viamão
27
17
Total COREDE
717
244
Fonte: Datasus, 2006.
ANEXO – PLANO DE AMOSTRAGEM
A pesquisa de campo realizada buscou obter informações que permitissem identificar
a eqüidade e a qualidade na prestação de serviços de saúde nos municípios do COREDE
Metropolitano Delta do Jacuí. Para isto foram aplicados questionários em três grupos: 1)
hospitais; 2) postos e 3) usuários.
Os questionários foram aplicados numa amostra da população de usuários (2.411.081
pessoas atendidas por ano), a qual corresponde ao somatório do número de atendimentos
ambulatoriais e de emergência nos postos de saúde e hospitais e do número de internações
hospitalares. Estas informações foram obtidas no DATASUS do Ministério da Saúde, a partir
da média de atendimentos para os anos de 2004 e 2005.
Para o cálculo do tamanho da amostra foi considerado um nível de confiança de 95% e
uma margem de erro de 5%. O número de pessoas entrevistadas em cada hospital e posto de
saúde dependeu do número de atendimentos por ano. Desta forma, nos hospitais e/ou postos
com maior número de atendimento foram aplicados proporcionalmente mais questionários. É
importante destacar que os usuários entrevistados foram escolhidos de forma aleatória em
cada unidade prestadora de serviços de saúde.
27
No total da pesquisa foram aplicados 824 questionários, sendo que 429 deles foram
aplicados nos hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde - SUS e 395 questionários
em postos e centros municipais de saúde.
Tabela 11 – Público alvo e número de entrevistas nos municípios do COREDE MDJ
Municípios
Alvorada
Cachoeirinha
Eldorado do Sul
Glorinha
Gravataí
Guaíba
Porto Alegre
Santo Antônio
da Patrulha
Triunfo
Viamão
Total
Hospitais
Postos de Saúde
Nº
Questionários
Nº
Questionários
atendimento
aplicados
atendimento
aplicados
s
s
4.683
5
839.500
146
4.765
4
376.131
60
0
22.064
4
0
35.023
7
7.648
5
429.318
71
4.204
5
58.077
9
585.435
403
226.383
29
2.711
2
115.010
18
1.464
4.921
615.381
1
4
429
52.597
256.978
2.411.081
Total de
questionários
149
64
4
7
76
14
432
20
9
42
395
10
46
824
Fonte: Elaborada pelos autores.
28
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