AVALIAÇÃO DO ACESSO AOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE NO COREDE METROPOLITANO DELTA DO JACUÍ Valter José Stülp Izete Pengo Bagolin Fernanda C. Wiebusch Reisoli Bender Filho Lewison Ficagna Lopes Resumo: O presente artigo busca avaliar a qualidade dos serviços públicos de saúde no COREDE Metropolitano Delta do Jacuí. Para atingir este objetivo utilizamos um modelo Logit para estimar as probabilidades dos pacientes dos hospitais e dos postos de saúde avaliarem o atendimento como bom ou ótimo. As informações necessárias foram obtidas a partir da aplicação de questionários junto aos usuários dos hospitais e dos postos de saúde nos municípios do COREDE. Estas estimativas permitem identificar diferenças importantes na avaliação dos serviços por parte dos usuários, quando estes são agrupados por características socioeconômicas como: idade do paciente, nível de educação e sexo. De uma forma geral, parece que a concentração espacial e especialização em atividades de saúde contribuem para uma melhor prestação dos serviços em Porto Alegre. Por outro lado, a percepção dos usuários quanto à qualidade dos serviços de saúde nos postos de saúde apresenta um resultado diferente. No geral os postos da periferia são mais bem avaliados. Palavras-chave: serviços de saúde, modelo Logit e COREDE MDJ. Abstract: This paper aims to evaluate the accessibility and the quality of public healthy services in the COREDE Metropolitano Delta do Jacuí. To realize these objectives, we use a Logit Model to estimate the probabilities of a patient to evaluate positively the services in hospital and healthy centers. The data were obtained in a survey at hospitals and healthy centers in the municipalities of this COREDE. The main results indicate significantly differences between groups, when the patients are assembled by age, education level and sex. In the hospital segment, the spatial concentration and the specializing in some healthy services seem to help to improve the quality of these services in Porto Alegre. However the patients have a different opinion in the case of healthy centers, they evaluate better the healthy centers located in the suburbs. Key-words: Healthy services, Logit model and COREDE MDJ. Doutor em Economia, Professor do Programa de Pós-Graduação em Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, e-mail: [email protected] Doutora em Economia, Professor do Programa de Pós-Graduação em Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, e-mail: [email protected] Mestre em Economia do Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, e-mail: [email protected] Mestre em Economia do Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, e-mail: [email protected] Graduando em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, e-mail: [email protected] 1 Introdução Uma das questões centrais nos debates que envolvem saúde pública, principalmente em países em desenvolvimento como Brasil, é como promover uma distribuição igualitária destes serviços, permitindo o acesso independentemente da condição socioeconômica do indivíduo. Neste contexto, de acordo com Medeiros (1999), igualdade e eqüidade fundamentam, respectivamente, estratégias de universalização e de focalização. A adoção de uma ou outra estratégia produzirá implicações distintas na estrutura de desigualdades da sociedade e no custo de implementação e controle das políticas públicas. Os critérios adotados para avaliar a desigualdade social em saúde baseiam-se nos princípios de eqüidade horizontal, a qual diz que os indivíduos com igual necessidade de cuidados deveriam ser tratados da mesma forma, enquanto no caso da eqüidade vertical, os indivíduos com necessidades diferentes deveriam receber tratamentos diferenciados. De acordo com esses princípios, os serviços de saúde deveriam ser distribuídos conforme a necessidade de ser atendido, independente das características socioeconômicas, culturais ou raciais dos indivíduos (West,1979 apud Viana et. al, 2001). Nestes termos, a eqüidade na oferta de serviços em saúde pode ser entendida como a superação das desigualdades que são evitáveis e consideradas injustas, o que implica no atendimento as necessidades diferenciadas da população por meio de ações governamentais também diferenciadas. Diante do exposto, com o propósito de ampliar a discussão sobre eqüidade na prestação dos serviços de saúde, este estudo buscou avaliar a satisfação dos usuários através do acesso ao sistema público de saúde do COREDE Metropolitano Delta do Jacuí. A partir das informações obtidas com a aplicação de questionários, foi utilizado um modelo econométrico LOGIT para avaliar a probabilidade de cada indivíduo conseguir atendimento nas unidades de saúde (hospitais e postos de saúde).Desta forma, o estudo contribui para entender se os recursos públicos destinados ao setor saúde do COREDE estão ou não atingindo a população pobre e se esta tem ou não recebido a atenção que precisa. Além desta introdução, o estudo está dividido em mais três seções. A primeira seção apresenta uma breve revisão de literatura e caracterização do COREDE Metropolitano Delta do Jacuí (MDJ) quanto ao perfil socioeconômico e de saúde pública. A segunda seção apresenta a metodologia onde é detalhado o modelo Logit que permitirá avaliar a probabilidade dos indivíduos obterem, de forma eqüitativa, acesso aos serviços de saúde do 2 COREDE. Por último, são apresentados e discutidos os principais resultados e feitas considerações finais. 2 – Perfil Socioeconômico e equidade na Saúde Pública nos Municípios do COREDE Metro politano Delta do Jacuí Esta seção pode ser dividida em três partes. Na primeira é apresentada uma breve revisão da literatura sobre equidade em saúde pública. Na segunda e feita uma caracterização dos municípios do COREDE quanto a questões socioeconômicas, discutindo as diferenças quanto a: população, renda, vulnerabilidade e desenvolvimento humano. Na segunda parte, são abordados aspectos específicos do setor saúde do COREDE MDJ, caracterizando a rede hospitalar e ambulatorial no COREDE MDJ. 2.1 Políticas de Saúde e base teórica do trabalho Apesar da relevância, este tema da oferta eqüitativa e da qualidade dos serviços de saúde é, ainda, incipiente a literatura no Brasil, assim como em grande parte dos países. Os estudos já feitos sobre desigualdade utilizaram os critérios usualmente adotados na literatura empírica internacional para avaliar a desigualdade social em saúde, os quais se baseiam, principalmente, nos princípios de eqüidade horizontal, o qual expõe que indivíduos com igual necessidade de cuidados deveriam ser tratados da mesma forma; e de eqüidade vertical, o qual determina que indivíduos com necessidades diferentes deveriam receber tratamentos diferenciados. Para Andrade e Noronha (2002), segundo esses princípios, os bens e serviços de saúde deveriam ser distribuídos segundo a necessidade de cuidados com a saúde, independente das características socioeconômicas dos indivíduos. Dentro destas condições, existem várias formas de avaliar o sistema de saúde, no entanto, as mais utilizadas são basicamente duas. A primeira consiste em mensurar a desigualdade no acesso aos serviços de saúde a partir da construção de curvas de concentração. Enquanto a segunda forma para avaliar a desigualdade no acesso aos serviços de saúde consiste em estimar um modelo de regressão cuja variável dependente compreende uma medida de utilização. Neste contexto, de acordo com Medeiros (1999), igualdade e eqüidade fundamentam, respectivamente, estratégias de universalização e de focalização. A adoção de uma ou outra estratégia produzirá implicações distintas na estrutura de desigualdades da sociedade e no custo de implementação e controle das políticas públicas. 3 Assim, as discussões mais recentes sobre esse tema têm abordado as formas de como avaliá-la e como medí-la para aperfeiçoar a distribuição dos serviços de saúde. Os estudos feitos sobre desigualdade utilizam os critérios usualmente adotados na literatura empírica internacional para avaliar a desigualdade social em saúde, os quais se baseiam, sobretudo, nos princípios de eqüidade horizontal e eqüidade vertical. Andrade e Noronha (2002) corroboram, segundo esses princípios, os bens e serviços de saúde deveriam ser distribuídos segundo a necessidade de cuidados com a saúde, independente das características socioeconômicas dos indivíduos. No entanto, quando se aborda o aspecto da eqüidade, verifica-se na literatura uma grande quantidade de definições a respeito do que vem a ser considerado como eqüidade, não havendo um consenso unânime sobre esse conceito. Entretanto, a definição mais ampla e geral diz que o princípio da eqüidade reconhece que os indivíduos são diferentes entre si e, portanto, merecem tratamento diferenciado, de modo a eliminar ou reduzir as desigualdades existentes. Todavia, dentre as conceituações e definições mais, comumente, utilizadas estão a de Whitehead (1992) e a de Rawls (1995). Para a autora, a eqüidade implica que idealmente todas as pessoas de uma sociedade devem ter igual oportunidade para desenvolver seu pleno potencial de saúde e sempre que possível ninguém deve estar em desvantagem para atingí-lo. Nesta visão, eqüidade pode ser entendida como as diferenças que são desnecessárias e evitáveis, além de consideradas socialmente injustas. Por outro lado, porém, com a mesma finalidade, Rawls desenvolveu um critério para caracterizar a desigualdade justa inerente a eqüidade. Nesse critério o autor expôs que o tratamento desigual é justo quando é benéfico ao indivíduo mais carente. Complementando Viana et. al, (2001) enfatizam, uma questão relevante na discussão sobre desigualdade social está na distinção do conceito de eqüidade em saúde do conceito de eqüidade no uso dos serviços de saúde. Segundo os autores, é importante a distinção dos conceitos, uma vez que os determinantes das desigualdades em saúde não são os mesmos das desigualdades no consumo de serviços de saúde, como também a eqüidade no uso de serviços de saúde não resulta, necessariamente, em eqüidade na situação de saúde. Por fim, observa-se que estas discussões inserem-se, na verdade, em um contexto mais amplo de crescente preocupação com as precárias condições de vida de enorme parcela da população e a análise do papel das desigualdades socioeconômicas na área da saúde vem assumindo particular importância. 4 2.2 Perfil Socioeconômico O COREDE MDJ é composto por dez municípios, que somados representam uma área de 4.867,7 km2. A população total do COREDE em 2004 era de 2.443.578 habitantes, o que corresponde a aproximadamente 23% da população do estado do Rio Grande do Sul. Os municípios mais populosos são: Porto Alegre (1.402.886 habitantes), Viamão (241.349) e Gravataí (237.140). O município menos populoso é Glorinha, com 6.268 habitantes. Os demais municípios que formam o COREDE são: Alvorada, Cachoeirinha, Eldorado do Sul, Guaíba, Santo Antônio da Patrulha e Triunfo. Com exceção de Glorinha, que possui 74% de população rural, os municípios do COREDE apresentam taxa de urbanização bastante elevada, sendo a média igual a 95,68%, acima da média estadual (83,86%) e nacional (86,42%). A taxa média de crescimento populacional do COREDE no período 1996-2000 - foi de 3,1%, superior às taxas estadual e nacional: 1,4% e 2,0% respectivamente. Com relação às diferenças econômicas entre os municípios do COREDE MDJ, observa-se que a renda per capita (média mensal) alcançada pelos municípios pertencentes ao COREDE MDJ é igual a R$ 308,41, tal valor é menor do que a média estadual, que se aproxima de R$ 357,75, porém maior do que a média nacional que é de R$ 297,23. No entanto, essa renda per capita média não reflete a condição do COREDE, dado que, somente Porto Alegre com renda média de R$ 709,88 e Cachoeirinha com média de R$ 316,78 estão acima da média, enquanto os demais municípios atingem uma renda per capita média de somente R$ 257,17. Alvorada e Santo Antonio da Patrulha são os municípios com menor média de renda por habitante, R$ 214,75 e R$ 219,92, respectivamente, muito abaixo da renda do COREDE, do Estado e também do País. Quanto aos indicadores de bem-estar, as diferenças mais significativas foram encontradas nos indicadores de vulnerabilidade e no índice de desenvolvimento humano. Os indicadores de vulnerabilidade são uma forma de verificar a qualidade de vida da população. Serviços básicos e acesso à saúde são os quesitos mais importantes. Em 2000, 90% da população gaúcha vivia em domicílios com banheiro e água encanada. No COREDE, o percentual está muito próximo: 91%. Em relação à coleta de lixo, os números estão ainda mais próximos: no COREDE 97,9% da população em 2000 era abastecida pela coleta, enquanto que no Rio Grande do Sul 97,3%. Esses dois indicadores apontam para uma situação satisfatória, no que diz respeito ao acesso a serviços básicos. Contudo, outro 5 indicador importante é o número de médicos por mil habitantes. Nesse aspecto, o COREDE está em situação pior em relação ao Rio Grande do Sul e até em relação ao Brasil. No COREDE, o número de médicos por mil habitantes é de 0,81, enquanto no Estado há 1,55 (praticamente o dobro), e no país a média é de 1,16 por mil habitantes. Cabe salientar que, em relação a essa variável, há uma profunda concentração no município de Porto Alegre, que conta com quase 6 médicos por mil habitantes. A média do COREDE MDJ, sem Porto Alegre, seria de apenas 0,24 médico por mil habitantes. Por fim, apresentamos o Índice de Desenvolvimento Humano, indicador que resume a situação econômica e social das regiões. Em 2000, o COREDE MDJ apresentou IDH de 0,80, enquanto no Estado o valor era de 0,81. Tal realidade indica que a região, e o Estado de uma forma geral, estão no grupo considerado de alto desenvolvimento humano. Porto Alegre é o município que apresenta o maior IDH: 0,86, enquanto Alvorada é a localidade da região com o pior índice: 0,76. Quando analisamos os sub-índices que compõe o IDH, constatamos que, em termos de longevidade e educação, o COREDE e o estado estão em situações muito semelhantes. O IDH-educação é onde ambos apresentam a melhor performace: 0,89 e 0,90, respectivamente. O IDH-longevidade também é análogo: 0,79 e 0,78, respectivamente. Contudo, no sub-índice renda, o COREDE se encontra em situação inferior, quando comparado ao Rio Grande do Sul (0,75) e nacional: 0,72. Salienta-se que, no aspecto renda, que nenhuma das três regiões analisadas encontram-se no grupo de alto desenvolvimento, com índices acima de 0,79. 2.3 Serviços de saúde no COREDE Metropolitano Delta do Jacuí 2.3.1 Rede Hospitalar O COREDE Metropolitano Delta do Jacuí possui, de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), uma rede hospitalar que totaliza 40 hospitais1, dos quais 23 são hospitais gerais, 15 são hospitais especializados, 1 é hospital pronto-socorro geral e 1 é hospital dia/isolado2. No Rio Grande do Sul, esta rede representa 6,93% dos hospitais gerais, 78,95% dos hospitais especializados, 50% dos hospitais dia/isolado e 3,85% dos hospitais pronto-socorros geral. No município de Porto Alegre estão concentrados cerca de 80% do total de hospitais do COREDE. Esta concentração é superior ao contingente populacional da capital do Estado, 1 Dentre o total de hospitais estão computados os sete hospitais (Pavilhão Pereira Filho, Hospital São José, Hospital da Criança Santo Antônio, Hospital Santa Clara, Hospital São Francisco, Hospital Santa Rita e Hospital Dom Vicente Scherer) que compõem o Complexo Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. 2 O hospital dia/isolado é um hospital de permanência diurna, com o intuito de realizar procedimentos isolados. 6 que representa 57,4% do total de habitantes do COREDE, e também superior à representatividade da capital em termos produtivos, já que o PIB do município em 2003 representou 62% do PIB do COREDE. Não obstante, essa concentração eleva-se para 93% quando se refere aos tipos de unidades de especialização (hospitais especializados). Esta condição expressiva da oferta de hospitais em Porto Alegre é, em certa medida, natural, sendo também verificada no município de São Paulo (61,0%)3 e em outras capitais do país, e se deve, em grande parte, ao porte e desenvolvimento socioeconômico desses municípios. O número de leitos também é uma variável relevante para entender adequadamente o dimensionamento da oferta hospitalar. Segundo CNES (2006), no COREDE há um total de 8.828 leitos, sendo que 6.341 (71,83%) são disponibilizados pela rede pública de saúde (SUS) e 2.487 (28,17%) pela rede privada (particular e convênios). No entanto, do total de leitos, 8.103 leitos estão concentrados em Porto Alegre (91,79%) e os demais leitos (8,21%) estão localizados em outros sete4 municípios do COREDE, assim distribuídos: Alvorada (1,03%), Cachoeirinha (1,04%), Gravataí (1,80%), Guaíba (1,13%), Santo Antônio da Patrulha (1,20%), Triunfo (0,57%) e Viamão (1,44%). Ver tabela 2 em anexo. 3 4 Para maiores detalhes, consultar Instituto de Saúde (2004). Salienta-se que os municípios do COREDE MDJ, Eldorado do Sul e Glorinha, não possuem hospitais. 7 Outro componente importante da oferta da rede hospitalar é o número de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI). No COREDE MDJ, existem 776 leitos desse tipo, sendo que 79,3% destes leitos são disponibilizados pelo SUS e os demais 20,7% são disponibilizados pela rede privada. Nos leitos de UTI, verifica-se uma concentração ainda maior em Porto Alegre, visto que cerca de 97,5% deles são disponibilizados por hospitais da Capital e os demais 2,5% dos leitos são disponibilizados pelo hospital do município de Santo Antônio da Patrulha. Em relação ao número de leitos per capita, segundo dados do CNES (2006), os municípios do COREDE apresentaram uma média de 1,2 leitos por 1.000 habitantes, sendo este valor inferior às médias estadual (2,9 leitos por 1.000 habitantes) e nacional (2,5 leitos por 1.000 habitantes). Distantes, assim da recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que os municípios apresentem pelo menos 4,5 leitos por 1.000 habitantes. 8 2.3.2 Rede Ambulatorial A rede ambulatorial também representa uma dimensão importante para analisar a oferta da rede de serviços de saúde, visto que é nela que se faz a maior parte dos procedimentos de atenção básica5 e de média complexidade6. Tabela 3 em anexo. De acordo com o CNES (2006), O COREDE MDJ possui um total de 717 ambulatórios (conforme tabela 3), os quais se dividem em: clínicas especializadas (34,17%), consultórios isolados (54,11%), pronto-socorro geral (0,83%), pronto-socorro especializado (0,41%), policlínicas (3,62%), unidades de apoio diagnose e terapia (SADT) (5,85%) e unidade móvel terrestre (0,97%). Conforme já mencionado anteriormente, o COREDE caracteriza-se pela maior disponibilidade dos serviços de saúde no município de Porto Alegre. Conforme o CNES (2006), no que diz respeito à rede ambulatorial, o município possuía 77,68% dos ambulatórios do COREDE, os quais são divididos em clínicas especializadas (31,60%), consultórios isolados (61,40%), pronto-socorros geral (0,90%), policlínicas (1,08%), unidades de apoio de diagnose e terapia (SADT Isolado) (5,03%). Em relação ao Rio Grande do Sul, a oferta dos serviços ambulatoriais é menor. Uma vez que a população do COREDE corresponde a 22,99% da população do Estado e possui 16,90% das unidades ambulatoriais. Isto é justificável, pois como a rede ambulatorial realiza os procedimentos de atenção básica e de média complexidade, a maioria dos procedimentos são realizados em cada município ou em centros regionais mais próximos, não havendo a necessidade do deslocamento de pacientes de outros municípios do Estado, ao contrário do que ocorre com os atendimentos especializados de alta complexidade7. Os centros e postos de saúde também compõem a rede ambulatorial. No COREDE existem 244 postos e centros de saúde, os quais estão localizados principalmente nos 5 A atenção básica de saúde engloba um conjunto de ações de caráter individual ou coletivo, que envolvem a promoção da Saúde, a prevenção de doenças, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação de pacientes (Ministério da Saúde, 2005). 6 Compõe-se por ações e serviços que visam a atender os primeiros problemas de saúde e agravos da população, cuja prática clínica demande disponibilidade de profissionais especializados e o uso de recursos tecnológicos de apoio e diagnóstico terapêutico. Englobam-se: procedimentos especializados, cirurgias ambulatoriais especializadas, procedimento traumato-ortopédicos, ações especializadas em odontologia, patologia clínica, radiodiagnóstico, exames-ultrasonográficos, anestesias, entre outros (Ministério da Saúde, 2005) 7 Segundo o SUS, é o conjunto de procedimentos que envolvem alta tecnologia e alto custo, facilitando o acesso da população a serviços qualificados. As principais áreas que compõe a alta complexidade são: cirurgia cardiovascular, cirurgia vascular, procedimentos de cardiologia intervencionista, assistência traumatoortopédico, procedimentos de neurocirurgia, assistência em ontologia, genética clínica, distrofia muscular progressiva, entre outros (Ministério da Saúde, 2005) 9 municípios de Porto Alegre (58,61%), Cachoeirinha (8,20%), Gravataí (7,79%) e Viamão (6,07%). Com as informações reunidas a partir da aplicação de questionários nos hospitais e postos de saúde do COREDE MDJ, na próxima seção é apresentado o método de pesquisa a fim de avaliar a probabilidade de o entrevistado receber um determinado serviço hospitalar e avaliar o serviço e a unidade de saúde como bom ou ótimo. 3 Metodologia Existe uma diversidade de métodos aplicados para avaliar as desigualdades no acesso aos serviços de saúde na literatura econômica. Dentre elas estão: a construção de curvas de concentração utilizada por Campino (2005); a utilização do modelo hurdle binomial negativo encontrada nos trabalhos de Noronha (2001) e Palermo (2005); e a estimação de um modelo Probit verificado no trabalho de Noronha e Andrade (2005). Neste trabalho optou-se pela utilização do modelo LOGIT para avaliar a probabilidade do entrevistado considerar o serviço de boa qualidade. 3.1 Análise Estatística A análise estatística dos dados é feita por meio do modelo Logit (Gujarati, 2000, cap.16; Verbeek, 2000, cap.7; Wooldridge, 2003, cap. 17). Segundo Gujarati (2000, p. 559) a função de distribuição logística é expressa como: Pi E (Y 1 | X i ) 1 1 e Zi (1) Nesta expressão, a variável P indica a probabilidade de o entrevistado considerar os postos e hospitais ou o atendimento profissional nos postos e hospitais como sendo de certo nível. Ela é considerada igual a um (1) se o entrevistado considera o atendimento como ótimo ou bom e igual a zero (0) se o entrevistado considera o atendimento como péssimo, ruim ou apenas regular. n Nesta expressão, o Zi corresponde à: Z i 0 k X k , onde os Xk, sendo k = k 1 1, 2,..., n, são as variáveis explicativas da probabilidade de o entrevistado considerar um posto, hospital ou o atendimento nestas instituições como ótimo ou bom. O modelo (1) acima também pode ser escrito como o logaritmo de uma razão de probabilidades, como: n P L ln 0 k X k 1 P k 1 (2) 10 As variáveis explicativas, utilizadas nas regressões estatísticas, constituem um conjunto que se refere aos hospitais e outro conjunto referente aos postos de saúde. 3.2 Definição das variáveis explicativas As variáveis explicativas usadas na avaliação dos hospitais e de seus respectivos profissionais são definidas no quadro 1. De uma forma geral elas tentam identificar as diferenças entre os principais hospitais quanto ao quesito avaliação. Existe a preocupação de associar esta avaliação com outras variáveis que podem justificar diferenças de resultados entre os hospitais como: setor em que o paciente é atendido, sexo, idade, etnia, nível de escolaridade, renda, freqüência com que vai ao médico, gasto com saúde, facilidade de acesso, plano de saúde e se o paciente possui doença crônica. 11 Quadro 1 – Variáveis explicativas utilizadas para avaliar o atendimento hospitalar Variáveis 1- HSPCLINICAS Definição Hospital de Clinicas assume valor 1 e zero para os demais hospitais. 2- HSPCONCEI Hospital Nossa Senhora da Conceição assume valor 1 e zero para os demais hospitais. 3- HSPPUC Hospital São Lucas da PUC assume valor 1 e zero para os demais hospitais. 4- STACASA Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre assume o valor 1 e os demais o valor zero. 5- SETOR O setor é 1 se é de internação e 0 se é ambulatório ou emergência. 6- SEXO A variável é 1 se masculino e 0 se feminino. 7- IDADE Expressa em número de anos de vida do paciente. 8- BRANCA A etnia branca assume valor 1 e as demais valor zero. 9- NEGRA A etnia negra assume valor 1 e as demais zero. 10- ESCOLAR A escolaridade é 0 se a escolaridade vai de analfabeto até fundamental completo; ela é 1 se vai do ensino médio incompleto ao superior. 11- RENDABINA A renda do paciente. Variável binária igual a 0 se renda é igual ou menor que 2 salários mínimos; igual a 1 se a renda é maior que 2 salários mínimos. 12- PLANO Plano de saúde. É igual a 1 se o paciente tem plano de saúde e 0 caso contrário. 13- FREQMESTRIM A freqüência com que vai ao médico é mensal ou trimestral. Considera duas opções: freqüência mensal ou trimestral com valor 1 (ou seja, muito freqüente) e valor 0 se a freqüência é outra. 14- FREQSODOENTE A freqüência com que vai ao médico assume valor 1 se vai ao médico só quando está doente e 0 em outros casos. 15- CRONICA Doença crônica. É 1 se o entrevistado tem doença crônica e 0 em caso contrário. 16- HSPFACESSO O hospital é de fácil acesso para o paciente? É 1 caso sim e 0 caso não. 17- GASTOSAUDE Gastos com saúde (valores mensais) Fonte: elaborado pelos autores. Por outro lado, as variáveis explicativas usadas na avaliação dos postos de saúde e respectivos profissionais buscam avaliar as diferenças de atendimento entre as principais unidades de saúde, as quais são apresentadas no quadro 2. Para isto foram escolhidos os três principais postos de acordo com o número de atendimentos. A fim de identificar as possíveis diferenças em termos de avaliação devido a grupos socioeconômicos distintos são incluídas variáveis como: sexo, idade, nível de escolaridade, nível de renda, plano de saúde, freqüência com que vai ao médico, se o paciente possui doença crônica, se o paciente já abandonou o 12 tratamento, facilidade de acesso, se o paciente segue o tratamento médico, se existem profissionais em tempo integral no posto e se alguma vez precisou de atendimento e não conseguiu. Quadro 2 – Variáveis explicativas utilizadas para avaliar o atendimento nos postos de saúde Variáveis 1- PALVORADA 2- PCACHOEIR 3- PGRAVATAI 4- SEXO 5- IDADE 6- BRANCA 7- NEGRA 8- ESCOLAR 9- RENDABINA 10- PLANO 11- FREQMESTRIM 12- FREQSODOENTE 13- CRONICA 14- ABANDOTRAT 15- POSTFACESSO Definição O Posto de saúde de Alvorada assume valor 1 e os demais valores iguais a zero. O Posto de saúde de Cachoeirinha assume valor 1 e os demais valores iguais a zero. O Posto de saúde de Gravataí assume valor 1 e os demais valores iguais a zero. A variável é 1 se masculino e 0 se feminino. Expressa em número de anos de vida do paciente. A etnia branca assume valor 1 e as demais valor zero. A etnia negra assume valor 1 e as demais zero. A escolaridade é 0 se a escolaridade vai de analfabeto até fundamental completo; ela é 1 se vai do ensino médio incompleto ao superior. A renda do paciente. Variável binária igual a 0 se renda é igual ou menor que 2 salários mínimos; igual a 1 se a renda é maior que 2 salários mínimos. Plano de saúde. É igual a 1 se o paciente tem plano de saúde e 0 caso contrário. A freqüência com que vai ao médico é mensal ou trimestral. Considera duas opções: freqüência mensal ou trimestral com valor 1 (ou seja, muito freqüente) e valor 0 se a freqüência é outra. A freqüência com que vai ao médico assume valor 1 se vai ao médico só quando está doente e 0 em outros casos. Doença crônica. É 1 se o entrevistado tem doença crônica e 0 em caso contrário. Abandonou tratamento por não conseguir comprar remédios. Esta variável é 1 se sim e 0 se não. O posto é de fácil acesso? É 1 caso sim e 0 caso não. Segue rigorosamente o tratamento médico? É 1 caso sim e 0 caso não. Existem profissionais em tempo integral no posto? É 1 caso 17- PROFINTEGR sim e 0 caso não. 18- NAOCONSATEND Alguma vez precisou atendimento e não conseguiu? É 1 caso sim e 0 caso não. Fonte: elaborado pelos autores. 16- SEGUETRAT As informações necessárias para o desenvolvimento do modelo proposto anteriormente foram obtidas por meio de entrevistas junto aos usuários das unidades de saúde (hospitais e 13 postos de saúde) do COREDE MDJ. O plano de amostragem, contendo a forma de aplicação e o número de questionários aplicados, encontra-se dispostos em anexo. Na próxima seção são apresentados os principais resultados obtidos, os quais são discutidos especificamente por grupos de hospitais e postos de saúde. 4 Análises dos resultados Nesta seção serão apresentados as estimativas das funções de regressão estimadas por meio do software estatístico e econométrico denominado EViews 4.1. Para isto separamos a análise em quatro grupos: a avaliação dos profissionais dos hospitais, a avaliação dos hospitais, a avaliação dos profissionais dos postos de saúde e a avaliação dos postos de saúde. 4.1 Avaliação dos profissionais dos hospitais do COREDE MDJ A Tabela 4 apresenta a regressão estimada para a avaliação dos profissionais de saúde dos hospitais do COREDE. Com base nos resultados da tabela 4 estimamos a seguinte regressão: P ln 1,9102 HSPCLINICAS 0,0296 IDADE 1,1730 FREQSODOEN TE 1 P (3) Com base nesta regressão (3) têm-se as probabilidades de o paciente considerar o atendimento dos profissionais de um hospital como ótimo ou bom, dados os valores das variáveis que se mostraram estatisticamente significantes, conforme observado na tabela 4. Tabela 4 – Resultados da regressão estatística da variável P que indica a probabilidade de o paciente considerar o atendimento dos profissionais no hospital como sendo ótimo ou bom sobre as variáveis explicativas. Variáveis C HSPCLINICAS HSPCONCEI HSPPUC STACASA SEXO IDADE NEGRA BRANCA ESCOLAR RENDABINA PLANO FREQMESTRIM FREQSODOENTE CRONICA HSPFACESSO GASTOSAUDE Coeficiente 1,0999 1,9102 0,3570 -0,2365 0,5578 -0,0310 0,0296 0,4425 0,1698 -0,1865 -0,4793 0,0089 -0,2181 -1,1730 -0,0963 0,3103 -0,0004 Nível de Significância 0,28 0,02 0,51 0,65 0,28 0,93 0,01 0,53 0,76 0,63 0,23 0,98 0,75 0,08 0,80 0,41 0,69 Obs: R2 de McFadden é igual a 0,13. O LR = 49,70 (Prob. 0,00008) Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos hospitais do COREDE MDJ. 14 As variáveis que se apresentaram significativas são: Hospital de Clínicas, Idade e freqüência com que vai ao médico. Variáveis como renda e gastos com saúde não foram significativas em função das características da população analisada, que apresenta uma renda baixa e uma pequena variabilidade amostral. Este resultado está de acordo com o esperado, pois os pacientes atendidos pelo SUS correspondem a uma parcela da população com menor renda, sem plano de saúde privado e sem condições de adquirir medicamentos. Com relação as variáveis que explicam a probabilidade do paciente avaliar positivamente o atendimento dos profissionais nos hospitais, podemos observar que o Hospital de Clínicas se destaca em relação aos demais hospitais do COREDE, pois existe uma probabilidade maior dos profissionais deste hospital serem julgados favoravelmente do que os dos demais hospitais da Região. A exemplo disto, conforme a tabela 5, um paciente de 40 anos que somente vai ao médico quando fica doente, em 87% dos casos considera o atendimento bom ou ótimo. Enquanto para os demais hospitais e o mesmo perfil de paciente, apenas 50% considera o atendimento bom ou ótimo. Além disso, também verificamos que os pacientes mais idosos têm a tendência de julgarem mais favoravelmente os profissionais dos hospitais do que pacientes mais jovens. A avaliação do grupo de pacientes de 20 anos varia de 36% a 79% que consideram o atendimento bom ou ótimo, enquanto para os pacientes na faixa de 80 anos, 77% a 99% consideram o atendimento bom ou ótimo. Tabela 5 – Probabilidade de o paciente considerar o atendimento dos profissionais no hospital como ótimo ou bom dentro de algumas situações consideradas com base nos resultados da regressão. Idade do paciente (anos) 20 40 60 80 Paciente do Hospital de Clinicas Freqüência com que vai ao médico Só quando fica Em outras doente situações8 0,79 0,92 0,87 0,96 0,93 0,98 0,96 0,99 Paciente de outro hospital Freqüência com que vai ao médico Só quando fica Em outras situações doente 0,36 0,64 0,50 0,77 0,65 0,86 0,77 0,91 Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos hospitais do COREDE Metropolitano Delta do Jacuí. Por outro lado, os pacientes que somente vão ao médico quando ficam doentes são mais críticos em relação aos profissionais da saúde. Este fato parece estar ocorrendo, pois eles consideram estes profissionais responsáveis pelas conseqüências do seu próprio estado de saúde. Resumidamente, dentre os hospitais do COREDE MDJ, o Hospital de Clínicas em 8 As outras situações incluem períodos de tempos, como, por exemplo, consultas mensais, trimestrais, semestrais ou anuais. 15 relação aos demais hospitais tende a ter seus profissionais melhor avaliados, contudo quanto maior a idade e a freqüência com que vai ao médico, melhor é a avaliação dos profissionais em todos os hospitais do COREDE. 4.2 Avaliação dos hospitais do COREDE MDJ Nesta seção, são avaliados os hospitais do COREDE pelos próprios usuários. Neste item buscamos identificar a percepção dos pacientes quanto ao atendimento hospitalar de uma forma geral. Os resultados da avaliação dos hospitais pelos próprios usuários são apresentados na Tabela 6 a seguir. Observamos novamente que as variáveis renda e gastos com saúde não explicam uma melhor avaliação do atendimento hospitalar ofertado pelo Sistema Único de Saúde. A regressão estimada para a avaliação dos hospitais é: P ln = 1,1577HSPCLINICAS - 1,2493HSPPUC + 2,9888HSPPUC*SETOR + 0,7964HSPFACESSO (4) 1 P Com base nesta regressão (4) definimos as probabilidades de o paciente considerar o atendimento do hospital como ótimo ou bom, dados os valores das variáveis que se mostraram estatisticamente significantes, conforme pode ser visto na tabela 6. Tabela 6 – Resultados da regressão estatística da variável P que indica a probabilidade de o paciente considerar o atendimento do hospital como sendo ótimo ou bom sobre as variáveis explicativas. Variáveis C HSPCLINICAS HSPCLINICAS*SETOR HSPCONCEI HSPCONCEI*SETOR HSPPUC HSPPUC*SETOR STACASA STACASA*SETOR SEXO IDADE NEGRA BRANCA ESCOLAR RENDABINA PLANO FREQMESTRIM FREQSODOENTE CRONICA HSPFACESSO GASTOSAUDE Coeficiente 1,1850 1,1577 40,4666 -0,4264 0,8452 -1,2493 2,9888 -0,0391 1,1866 -0,0495 0,0059 -0,1688 -0,0191 -0,3658 -0,3097 0,4887 0,1771 -0,4291 -0,4456 0,7964 8,83E-06 Nível de Significância 0,15 0,03 0,99 0,37 0,26 0,02 0,01 0,93 0,28 0,88 0,53 0,77 0,97 0,27 0,34 0,26 0,71 0,38 0,17 0,01 0,99 Obs: R2 de McFadden é igual a 0,12. Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos hospitais do COREDE MDJ. 16 O hospital da PUC foi o hospital que apresentou maior destaque no que diz respeito à avaliação pelo paciente internado. Porém este hospital não é visto favoravelmente pelo paciente que se dirige ao mesmo para solucionar uma situação de emergência ou ambulatorial. Além disso, o Hospital de Clínicas também foi avaliado favoravelmente pelos pacientes que o procuram. Tabela 7 – Probabilidade de o paciente considerar o atendimento do hospital como ótimo ou bom dentro de algumas situações consideradas com base nos resultados da regressão. O hospital é de fácil acesso para o paciente? Sim Não Hospital de Clinicas 0,88 0,76 Hospital Hospital da PUC Setor ambulatorial ou de Internação emergência 0,39 0,93 0,22 0,85 Outro hospital 0,69 0,50 Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos hospitais do COREDE MDJ. Outro fator importante que favorece a avaliação positiva do paciente é a facilidade de acesso ao hospital. Quando o acesso é fácil ao Hospital de Clínicas, 88% dos usuários consideram que o atendimento no hospital como sendo bom ou ótimo. Para o Hospital de Clínicas não existe diferença quanto à qualidade do serviço entre os setores, segundo avaliação dos usuários. No caso do Hospital da PUC, os resultados dependem do setor de atendimento, para o setor de internação, considerando o grupo de pacientes que considera o acesso fácil, 93% consideram o atendimento bom ou ótimo, entretanto no ambulatório e na emergência apenas 39% consideram o atendimento bom ou ótimo. Por fim, para os demais hospitais do COREDE, na média, 69% consideram o atendimento bom ou ótimo quando o acesso ao hospital é fácil, enquanto no grupo que considera o acesso difícil apenas 50% considera o atendimento bom ou ótimo. A partir destas estimativas é possível observar que as respostas dos usuários em todos os hospitais dependem da percepção sobre a facilidade de acesso. Quando o paciente considera o acesso é fácil, ele tende a avaliar melhor o atendimento. As diferenças quanto a avaliação por setor dos hospitais foram relevantes apenas no Hospital São Lucas da PUC, para os demais hospitais do COREDE MDJ, os usuários tendem a avaliar da mesma forma em cada hospital ou grupo de hospitais.Estes resultados sugerem que existe, na maioria dos hospitais do COREDE, um padrão de atendimento. No entanto, no Hospital São Lucas, é necessário buscar uma melhor compreensão sobre as causas dos diferenciais de satisfação entre os setores. Talvez, a demanda esteja sendo superior a capacidade de atendimento, o que pode estar levando a uma queda na qualidade dos serviços prestados nos setores de ambulatório e emergências. 17 4.3 Avaliação dos profissionais nos postos de saúde COREDE MDJ Os resultados obtidos a partir do modelo proposto anteriormente são apresentados na tabela 7. Na equação 5 são apresentadas apenas as variáveis que são relevantes para explicar a maior probabilidade dos profissionais dos postos de saúde serem melhores avaliados. Contudo, cabe destacar que novamente a variável renda e gasto com saúde não contribuíram na avaliação dos profissionais dos postos de saúde. P ln 1,4136PGRAVATAI - 0,5712SEXO + 0,0219IDADE + 1,2835NEGRA + 1,3586BRANCA 1 P 0,8537PLANO + 0,9640FREQMESTRIM + 0,6023POSTFACESSO -1,0549NAOCONSATEND (5) A regressão (5) permite a obtenção das probabilidades de o paciente avaliar como sendo ótimo ou bom o atendimento dos profissionais de um posto de saúde. Há, relativamente às demais situações, um maior número de variáveis influindo sobre uma avaliação favorável, pelo paciente, dos profissionais do posto de saúde. Tabela 7 – Resultados da regressão estatística da variável P que indica a probabilidade de o paciente considerar o atendimento dos profissionais no posto de saúde como sendo ótimo ou bom sobre as variáveis explicativas. Variáveis C PALVORADA PCACHOEIR PGRAVATAI SEXO IDADE NEGRA BRANCA ESCOLAR RENDABINA PLANO FREQMESTRIM FREQSODOENTE CRONICA ABANDOTRAT SEGUETRAT PROFINTEGR POSTFACESSO NAOCONSATEND Coeficiente -0,6975 -0,0320 -0,1648 1,4136 -0,5712 0,0219 1,2835 1,3586 -0,0390 -0,2333 -0,8537 0,9640 0,2644 -0,2959 -0,2528 -0,3049 0,1353 0,6023 -1,0549 Nível de Significância 0,46 0,92 0,70 0,01 0,07 0,01 0,04 0,01 0,90 0,45 0,04 0,03 0,55 0,35 0,40 0,56 0,51 0,09 0,00 O R2 de McFadden é igual a 0,14. LR = 71,31 (Prob. 0,00000002) Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos postos de saúde do COREDE MDJ. Dentre estas variáveis, se destaca a que identifica o Posto de Gravataí em relação aos demais postos. Os pacientes deste posto de saúde parecem estar mais satisfeitos em relação ao atendimento dos profissionais do que os dos demais postos. Os profissionais de um posto que 18 seja de fácil acesso pelo paciente também são mais bem avaliados do que os de um posto de difícil acesso. Três características humanas influenciam a decisão do paciente em julgar favoravelmente ou não o atendimento dos profissionais dos postos de saúde. Uma característica é 19 Tabela 8 – Probabilidade de o paciente considerar o atendimento dos profissionais no posto de saúde de fácil acesso como ótimo ou bom dentro de algumas situações consideradas com base nos resultados da regressão Posto de Gravataí Outro posto Alguma vez Freqüência Tem Etnia e idade em anos Etnia e idade em anos precisou com que vai plano Sexo Negra Branca Outra Negra Branca Outra atendimento e ao médico de 30 70 30 70 30 70 30 70 30 70 30 70 não conseguiu saúde Sim 0,92 0,96 0,93 0,97 0,76 0,88 0,74 0,87 0,75 0,88 0,44 0,65 Sim Mensal Não ou Não 0,97 0,99 0,97 0,99 0,90 0,96 0,89 0,95 0,90 0,95 0,69 0,84 trimestral Sim 0,96 0,98 0,97 0,99 0,88 0,95 0,87 0,94 0,88 0,94 0,65 0,81 Não Não 0,99 0,99 0,99 1,00 0,96 0,98 0,95 0,98 0,95 0,98 0,84 0,93 Masc. Sim 0,81 0,91 0,83 0,92 0,55 0,74 0,52 0,72 0,53 0,73 0,23 0,41 Sim Não 0,93 0,97 0,93 0,97 0,60 0,89 0,75 0,88 0,77 0,89 0,27 0,67 Outra Sim 0,91 0,96 0,92 0,96 0,74 0,87 0,71 0,86 0,73 0,87 0,41 0,62 Não Não 0,97 0,99 0,97 0,99 0,89 0,95 0,88 0,95 0,89 0,95 0,67 0,83 Sim 0,95 0,98 0,96 0,98 0,85 0,93 0,83 0,92 0,84 0,93 0,58 0,77 Sim Não 0,98 0,99 0,98 0,99 0,94 0,97 0,93 0,97 0,94 0,97 0,80 0,90 Mensal ou trimestral Sim 0,98 0,99 0,98 0,99 0,93 0,97 0,92 0,97 0,93 0,97 0,76 0,89 Não Não 0,99 1,00 0,99 1,00 0,97 0,99 0,97 0,99 0,97 0,99 0,90 0,96 Sim 0,89 0,95 0,89 0,95 0,68 0,84 0,65 0,82 0,67 0,83 0,34 0,56 Fem. Sim Não 0,96 0,98 0,96 0,98 0,72 0,94 0,84 0,93 0,85 0,93 0,39 0,78 Outra Sim 0,95 0,98 0,95 0,98 0,83 0,92 0,82 0,91 0,83 0,92 0,55 0,75 Não Não 0,98 0,99 0,98 0,99 0,94 0,97 0,93 0,97 0,93 0,97 0,78 0,89 Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos postos de saúde do COREDE Metropolitano Delta do Jacuí. Nota: as probabilidades acima se referem apenas aos postos de saúde de fácil acesso pelo paciente. 20 a etnia, uma vez que os pacientes de etnia negra ou branca parecem estar mais satisfeitos com o atendimento do que os de outra etnia. Outra característica importante é a idade, visto que os pacientes mais idosos julgam mais favoravelmente estes profissionais do que os mais jovens. E, a terceira característica relevante é o sexo, sendo que os pacientes do sexo masculino são mais críticos em relação a estes profissionais do que os do sexo feminino. Três variáveis que influenciam a probabilidade de o paciente avaliar como ótimo ou bom o atendimento dos profissionais de um posto de saúde são: “A freqüência com que vai ao médico”, “Se tem plano de saúde” e “Se alguma vez precisou atendimento e não conseguiu”. Novamente, os pacientes que vão mais freqüentemente ao médico julgam mais favoravelmente os profissionais dos postos de saúde do que os pacientes pouco assíduos ao médico. Os pacientes que possuem plano de saúde são mais críticos em relação ao atendimento dos profissionais dos postos. E, finalmente, o paciente que alguma vez não conseguiu atendimento no posto de saúde é bastante crítico em relação aos serviços profissionais do posto. Como exemplo da relevância destas variáveis na avaliação da probabilidade do paciente considerar o atendimento bom ou ótimo considerou-se dois casos extremos. No primeiro caso, um usuário dos postos de saúde em Gravataí, de etnia branca, sexo feminino, com 30 anos de idade, que sempre conseguiu atendimento, que não possui plano de saúde e que vai com freqüência ao médico, para este perfil de usuário existe a probabilidade de 99% de considerar bom ou ótimo o atendimento dos profissionais nos postos. No outro extremo um paciente que é atendido em outro posto do COREDE, de sexo masculino, etnia branca, que possui plano de saúde, que no passado não foi atendido quando precisou, existe a probabilidade do paciente considerar o atendimento bom ou ótimo de apenas 23%. 4.4 Avaliação dos postos de saúde COREDE MDJ Nesta seção são analisadas as probabilidades dos pacientes avaliarem os postos de saúde como bom ou ótimo. Os resultados obtidos são apresentados na tabela 9 a seguir. Considerando apenas as variáveis explicativas relevantes, a equação 6 sintetiza os principais resultados na avaliação dos postos de saúde do COREDE MDJ. Como nos casos anteriores, as variáveis renda e gastos com saúde não foram significativas no modelo. P ln 0,7574PGRAVATAI + 0,0221IDADE - 0,5959CRONICA + 0,7431POSTFACESSO 1 P 1,2889NAOCONSATEND (6) 21 A equação 6 apresenta as probabilidades de o paciente de um posto de saúde avaliá-lo como ótimo ou bom conforme consta na tabela 10. O Posto de Gravataí é avaliado mais favoravelmente do que os demais postos de saúde. Três variáveis relacionadas ao paciente influem na probabilidade de avaliar o posto mais favoravelmente ou não. Uma é a idade. Pacientes mais idosos são mais propensos a considerar um posto como ótimo ou bom do que pacientes jovens. Outra é a existência de doença crônica, em que os usuários com esse tipo de patologia são mais críticos. Tabela 9 – Resultados da regressão estatística da variável P que indica a probabilidade de o paciente considerar o atendimento do posto de saúde como sendo ótimo ou bom sobre as variáveis explicativas Variáveis C PALVORADA PCACHOEIR PGRAVATAI SEXO IDADE NEGRA BRANCA ESCOLAR RENDABINA PLANO FREQMESTRIM FREQSODOENTE CRONICA ABANDOTRAT SEGUETRAT PROFINTEGR POSTFACESSO NAOCONSATEND Coeficiente -1,2985 0,2131 -0,0397 0,7574 -0,2354 0,0221 0,1706 0,2665 0,0572 -0,1856 -0,5251 0,2020 -0,4347 -0,5959 0,0269 0,5410 0,2781 0,7431 -1,2889 Nível de Significância 0,11 0,45 0,91 0,05 0,38 0,00 0,75 0,56 0,84 0,48 0,15 0,62 0,29 0,02 0,91 0,21 0,12 0,02 0,00 O R2 de McFadden é igual a 0,14. Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos hospitais do COREDE MDJ. Outra variável, relacionada ao paciente, é a facilidade de acesso do mesmo a unidade saúde, quanto maior a facilidade de acesso, melhor serão avaliados os postos de saúde. Tabela 10 – Resultados da regressão estatística da variável P que indica a probabilidade de o paciente considerar o atendimento do posto de saúde de fácil acesso como sendo ótimo ou bom sobre as variáveis explicativas Paciente tem doença crônica? Sim Não Alguma vez precisou atendimento e não conseguiu? Sim Não Sim Não Posto de Gravataí Outro Posto Idade do paciente (anos) Idade do paciente (anos) 30 70 30 70 0,57 0,83 0,71 0,90 0,76 0,92 0,85 0,95 0,38 0,69 0,53 0,80 0,60 0,84 0,73 0,91 Fonte: Cálculos dos autores com base em dados levantados junto aos hospitais do COREDE MDJ. 22 Por fim, caso o paciente não tenha alguma vez conseguido um atendimento de que necessitasse, ele é bastante crítico em relação ao posto de saúde com a tendência de avaliá-lo menos favoravelmente. A exemplo disto, um paciente de um posto de saúde de Gravataí que possui doença crônica e que alguma vez precisou de atendimento e não consegui tem a probabilidade de 57% de avaliar o posto de saúde como bom ou ótimo. Já quando um paciente com perfil semelhante, mas que sempre conseguiu atendimento apresenta uma probabilidade de 83% de avaliar o posto de saúde positivamente, como bom ou ótimo. A seguir são apresentadas as principais conclusões deste estudo, destacando quais os pontos que podem interferir de uma forma mais significativa na avaliação das unidades de saúde nos municípios do COREDE MDJ. 5 Conclusões Conforme discutido na seção anterior, é possível constatar que não existe um conjunto de variáveis significativas comuns que permita avaliar como bom ou ótimo as quatro dimensões definidas (atendimentos dos profissionais nos hospitais e postos de saúde e as respectivas unidades de saúde). Contudo, para todas as situações analisadas, observou-se que a variável renda e os gastos com saúde não contribuem para aumentar a probabilidade de avaliar os serviços e/ou unidades de saúde como bom ou excelente. A razão para isto deve-se ao perfil do paciente entrevistado. Todos os entrevistados são pacientes do Sistema Único de Saúde que possuem renda baixa e poucas condições de adquirir medicamentos. Todavia, os resultados permitem afirmar que a probabilidade dos pacientes avaliarem positivamente as unidades e os profissionais, não depende somente da qualidade dos serviços prestados, mas também das características socioeconômicas dos pacientes e da localização espacial na região. Neste sentido, foi possível observar que os pacientes do Hospital de Clínicas, com maior idade e maior freqüência de ida ao médico, são aqueles onde existe uma maior probabilidade dos profissionais serem melhores avaliados. Isso pode ser decorrência do Hospital de Clinicas ser um Hospital Escola e, por isso, dispõe de um maior número de profissionais (médicos, médicos residentes, estudantes) dando atenção aos pacientes. Neste caso, talvez a pouca experiência dos jovens profissionais seja compensado pela forma de atendimento, mais integral e atencioso ao paciente. Por outro lado, a avaliação do atendimento nos hospitais depende da localização espacial do usuário na região. Quando o paciente acredita que o acesso é fácil, existe uma maior probabilidade de ele considerar o atendimento bom ou ótimo nos hospitais. Do total de 23 hospitais do COREDE, apenas o Hospital São Lucas e o Hospital de Clínicas apresentaram diferenças significativas em relação aos demais, mostrando que, para os usuários destes hospitais existe uma maior probabilidade do usuário considerar o atendimento como bom ou ótimo. Nos postos de saúde, os pacientes que vão mais freqüentemente ao médico apresentam uma maior probabilidade de avaliar os profissionais como bom ou ótimo. Os pacientes que possuem plano de saúde são mais críticos em relação ao atendimento dos profissionais dos postos. E finalmente o paciente que alguma vez não conseguiu atendimento no posto de saúde apresenta uma menor probabilidade de avaliar positivamente os profissionais destas unidades de saúde. Já na avaliação dos postos de saúde, três variáveis influenciam na probabilidade de avaliar o posto de saúde positivamente: idade do usuário, se o paciente possui doença crônica e facilidade de acesso. Os pacientes mais idosos, com doenças crônicas e que possuem facilidade de acesso ao posto apresentam uma maior probabilidade de avaliar positivamente o atendimento nos postos de saúde. Neste caso, o que pode estas acontecendo é que os idosos, muitas vezes, vivem sozinhos e por já serem portadores de doenças crônicas, demandam maior número de visitas e isso acaba estabelecendo algum tipo de vínculo com os profissionais de saúde. Assim, muitas vezes o paciente busca, não apenas a cura para suas enfermidades, mas também afeto, amizade e atenção. Por fim, destacamos a importância de relativizar a avaliação dos serviços de saúde recebidos a partir do Sistema Único de Saúde. Neste sentido, observamos que dependendo do perfil socioeconômico dos usuários e da sua localização espacial na região, podem existir diferenças na avaliação dos indivíduos quanto as unidades e profissionais da saúde. 6 Referências Bibliográficas CAMPINO, A. et al. Poverty and Equity in Health in Latin America and Caribbean: Results of Country-Case Studies from Brazil, Ecuador, Guatemala, Jamaica, Mexico e Peru Brazil. Washington; The World Bank (HNPHealth, Nutrition and Population), PNUD e OPAS, p. 1-82. 1999. DATASUS – Banco de Dados do www.datasus.gov.br. Acesso: 03/2006. Sistema Único de Saúde. Disponível: FEE (Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul). Banco de Dados. Disponível: www.fee.tche.br. Acesso: 03/2006. GUJARATI, D. N. Econometria Básica. 3a edição. Makron Books do Brasil Editora Ltda. São Paulo. 2000. 24 INSTITUTO DE SAÚDE. Desafios para a Eqüidade em Saúde na Região Metropolitana de São Paulo. Resumo Executivo. Dezembro, 2004. JUNQUEIRA, V. (Coord.). A eqüidade em saúde: do discurso à prática. São Paulo: Instituto de Saúde. 2000. NORONHA, K. V. M. S. Dois Ensaios sobre a desigualdade social em saúde. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Economia). CEDEPLAR, UFMG, Belo Horizonte. 2001. NORONHA, K. V. M. S.; ANDRADE, M. V. Desigualdades sociais em saúde: evidências empíricas sobre o caso brasileiro. 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Municípios População Total (2004) Renda per Taxa média capita (mensal Cresc. Popul. em Reais) (1996-2000) (2000) 3,2 214,75 IDH (2000) Alvorada 210.083 Cachoeirinha 117.362 2,8 316,78 0,813 Eldorado do Sul 33.037 4,5 265,73 0,803 Glorinha 6.268 4,8 243,86 0,785 Gravataí 256.170 3,1 288,59 0,811 Guaíba 98.972 2,3 288,8 0,815 1.402.886 1,4 709,88 0,865 Santo Antônio Patrulha 38.519 2,2 219,92 0,77 Triunfo 23.940 3,2 281,9 0,788 Viamão 256.341 3,7 253,87 0,808 Porto Alegre 0,768 Fonte: Fundação de Economia e Estatística (FEE), 2006. Tabela 2 – Distribuição dos leitos hospitalares por município do COREDE MDJ Leitos Municípios Internação UTI SUS Não-SUS SUS Não-SUS Alvorada 91 0 10 0 Cachoeirinha 92 0 10 0 Eldorado do Sul 0 0 0 0 Glorinha 0 0 0 0 Gravataí 116 43 10 0 Guaíba 82 18 0 0 5.740 2.363 584 156 Santo Antonio Patrulha 99 7 0 0 Triunfo 36 14 0 0 Viamão 85 42 2 4 6.341 2.487 616 160 Porto Alegre Total COREDE Fonte: Datasus, 2006. 26 Tabela 3 – Relação Ambulatórios e Centros e Postos de Saúde do COREDE MDJ Municípios Ambulatórios Centros e Postos de Saúde Alvorada 12 14 Cachoeirinha 18 20 Eldorado do Sul 2 4 Glorinha 0 3 Gravataí 63 19 Guaíba 20 9 Porto Alegre 557 143 Santo Antônio Patrulha 13 9 Triunfo 5 6 Viamão 27 17 Total COREDE 717 244 Fonte: Datasus, 2006. ANEXO – PLANO DE AMOSTRAGEM A pesquisa de campo realizada buscou obter informações que permitissem identificar a eqüidade e a qualidade na prestação de serviços de saúde nos municípios do COREDE Metropolitano Delta do Jacuí. Para isto foram aplicados questionários em três grupos: 1) hospitais; 2) postos e 3) usuários. Os questionários foram aplicados numa amostra da população de usuários (2.411.081 pessoas atendidas por ano), a qual corresponde ao somatório do número de atendimentos ambulatoriais e de emergência nos postos de saúde e hospitais e do número de internações hospitalares. Estas informações foram obtidas no DATASUS do Ministério da Saúde, a partir da média de atendimentos para os anos de 2004 e 2005. Para o cálculo do tamanho da amostra foi considerado um nível de confiança de 95% e uma margem de erro de 5%. O número de pessoas entrevistadas em cada hospital e posto de saúde dependeu do número de atendimentos por ano. Desta forma, nos hospitais e/ou postos com maior número de atendimento foram aplicados proporcionalmente mais questionários. É importante destacar que os usuários entrevistados foram escolhidos de forma aleatória em cada unidade prestadora de serviços de saúde. 27 No total da pesquisa foram aplicados 824 questionários, sendo que 429 deles foram aplicados nos hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde - SUS e 395 questionários em postos e centros municipais de saúde. Tabela 11 – Público alvo e número de entrevistas nos municípios do COREDE MDJ Municípios Alvorada Cachoeirinha Eldorado do Sul Glorinha Gravataí Guaíba Porto Alegre Santo Antônio da Patrulha Triunfo Viamão Total Hospitais Postos de Saúde Nº Questionários Nº Questionários atendimento aplicados atendimento aplicados s s 4.683 5 839.500 146 4.765 4 376.131 60 0 22.064 4 0 35.023 7 7.648 5 429.318 71 4.204 5 58.077 9 585.435 403 226.383 29 2.711 2 115.010 18 1.464 4.921 615.381 1 4 429 52.597 256.978 2.411.081 Total de questionários 149 64 4 7 76 14 432 20 9 42 395 10 46 824 Fonte: Elaborada pelos autores. 28