Diogo Araujo – Med 92 Adolescência: um cérebro em transformação Professor Aucélio Na aula anterior, falamos do desenvolvimento motor, motor adaptativo fino e linguagem. Hoje, vamos falar de desenvolvimento pessoal-social (que está bastante relacionado com a adolescência). O cérebro do adolescente ainda está em desenvolvimento. Quando falamos em desenvolvimento comportamental, estamos falando do córtex préfrontal. Ela ocupa 1/3 do volume cerebral. E é a última estrutura a se desenvolver completamente. O sistema límbico (que pega o lobo temporal e um pouco do préfrontal) também ainda demora para se desenvolver. Aos 12 anos de idade, o volume, o tamanho e o peso do cérebro já é igual ao de um adulto. Mas a funcionalidade não. A reorganização sináptica na região pré-frontal é maior nas mulheres do que nos homens. Lembrando que: o Na infância: maior velocidade de mielinização nos córtex occipital e parietal (ou seja, aquisição de capacidades visuais, motoras, visuomotoras, etc.) o Na adolescência: o desenvolvimento está mais voltado para as regiões préfrontal e temporal. Ou seja, aumento das áreas de associação (e, consequentemente, de percepção e comportamento, pessoal-social). A adolescência é “coisa” do cérebro, diretamente ligada aos neurotransmissores! o O desenvolvimento cerebral está relacionado com o fator de crescimento neuronal e a dopamina. Os estímulos (do dia a dia, químicos ou físicos) provocam a liberação desses neurotransmissores, que levam a mudanças de comportamento e de atitude. A região que serve de gatilho para entrada na adolescência é o núcleo accumbens. Nesse local, há uma perda de 30% dos receptores dopaminérgicos, o que altera o comportamento (deixa de ser criança e passa a ter novos interesses [por música, esportes, amizades, interações sociais], pensamento abstrato, necessidade de recompensa imediata e comportamentos de risco). A medida que o córtex frontal (que está mais relacionado ao controle) se mieliniza, ele começa a controlar o sistema límbico (que está mais relacionado às emoções e à impulsividade). Por isso, de início, o adolescente é mais arredio e fala o que quer. Depois, ele se controla mais. O neurotransmissor responsável pelo início do sono é a melatonina. A queda da claridade eleva os níveis de melatonina. Ela inibe o córtex frontal, que inibe o sistema reticular ascendente para poder desencadear o processo do sono. o No adolescente, por causa das mudanças hormonais, os níveis de melatonina sobem mais tardiamente, sendo que o adolescente tende a dormir mais tarde, encurtando o tempo de sono total. Assim, o adolescente fica sonolento durante o dia. Diogo Araujo – Med 92 O cérebro conclui o seu desenvolvimento quando a última região conclui a sua formação. O córtex pré-frontal é dividido em três regiões. o Dorso-lateral: funções executivas complexas (abstração, organização temporoespacial). o Ventro-medial: relacionado à atenção. o Órbito-frontal: é o último a completar a sua formação. Está relacionado ao comportamento. Quando ele completa a sua formação, o indivíduo é capaz de: Flexibilidade durante as atividades diárias (ser uma pessoa flexível); Capacidade de se colocar no lugar do outro para ajudar; Ter iniciativa para fazer as coisas; Capacidade de organização; Capacidade de reavaliação, de julgamento de uma situação; Capacidade de se arrepender; Controle do humor. Resumindo: Criança mieliniza mais os lobos temporal e occipital Entra na adolescência perde dopamina no núcleo accumbens + sistema límbico ainda imaturo consequência: “aborrecente” Córtex frontal vai se mielinizando controle dos impulsos o Dorsolateral e ventromedial primeiro o Orbitofrontal por último