PRO.AGT.008 - USO RACIONAL DE PLASMA FRESCO

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SERVIÇO DE QUALIDADE
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Protocolo Clínico
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USO RACIONAL DE PLASMA FRESCO CONGELADO
I.
PRO.AGT.008 Página 1/5
Emissão: 28/03/2017
Revisão Nº: -
AUTORES
•
II.
Denise Menezes Brunetta
INTRODUÇÃO
A transfusão é uma terapêutica de suporte essencial para o cuidado do paciente clínico e cirúrgico.
Apesar de bastante segura, pela junção de uma triagem clínica rigorosa com o desenvolvimento de novas
tecnologias, a terapêutica transfusional apresenta riscos inerentes ao uso de material biológico, imediatos
e tardios, que podem comprometer a situação clínica e a sobrevida do paciente.
Os riscos associados ao manuseio da transfusão, desde sua indicação, escolha do componente
adequado à situação clínica do paciente, administração e monitoramento do procedimento transfusional,
independem da tecnologia agregada e estão vinculadas principalmente à qualificação dos profissionais
envolvidos nessas etapas da transfusão, em sua maioria, realizadas fora do serviço de hemoterapia.
A indicação e a prescrição da transfusão são exclusivas do médico e a liberação de um
hemocomponente pelo serviço de hemoterapia só pode ser feita a partir de uma solicitação médica e
prescrição adequadas, em local em que haja pelo menos um médico apto e disponível para manusear
possíveis intercorrências. A indicação da transfusão pode ser objeto de análise do médico do serviço de
hemoterapia. A transfusão é uma terapêutica de suporte essencial para o cuidado do paciente clínico e
cirúrgico. Apesar de bastante segura, pela junção de uma triagem clínica rigorosa com o desenvolvimento
de novas tecnologias, a terapêutica transfusional apresenta riscos inerentes ao uso de material biológico,
imediatos e tardios, que podem comprometer a situação clínica e a sobrevida do paciente.
Este protocolo visa padronizar a indicação e prescrição de plasma fresco congelado, com o
objetivo final de minimizar as transfusões e reduzir os riscos associados a essa terapêutica.
III.
D68
CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL E PROBLEMAS RELACIONADOS À
SAÚDE – CID10
Outros defeitos da coagulação
D68.2 Deficiência hereditária de outros fatores de coagulação
D68.4 Deficiência adquirida de fator de coagulação
D68.8 Outros defeitos especificados da coagulação
D68.9 Defeito de coagulação não especificado
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IV.
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DIAGNÓSTICO CLÍNICO E/OU LABORATORIAL
Alteração do coagulograma: Tempo de protrombina (TAP) e/ou tempo de tromboplastina parcial
ativada (TTPa) alargados; presença de sangramento.
V.
CRITÉRIO DE INCLUSÃO
Devem ser transfundidos apenas pacientes em que:
1. Os benefícios da transfusão são maiores que os riscos associados a ela;
2. Há sangramentos com alterações do coagulograma.
3. Há alteração do coagulograma, sem causa tratável, no paciente que será submetido procedimento
cirúrgico.
VI.
CRITÉRIO DE EXCLUSÃO
Pacientes sem alteração de TAP e/ou TTPa.
Sangramento ou profilaxia de sangramento causado por deficiência isolada de fator da coagulação para a
qual há produto com menor risco de contaminação viral (concentrado de fator da coagulação) disponível.
VII.
CONDUTA
» Indicações
-
O plasma fresco congelado deve ser usado no tratamento de pacientes com sangramento e
distúrbio da coagulação, particularmente naqueles em que há deficiência de múltiplos fatores.
-
O TAP maior que 1,5-2 vezes o ponto médio da variação normal e/ou o TTPa maior do que 1,5
vezes o limite superior do normal, podem ser usados como parâmetro para reposição, de acordo com a
situação clínica do paciente.
» Situações em que está justificado o uso do Plasma Fresco Congelado
-
Na hepatopatia com sangramento ativo e coagulograma alargado.
-
Na coagulação intravascular disseminada em vigência de sangramento ativo. O tratamento do fator
desencadeante do distúrbio é a abordagem principal para controle do quadro.
-
Sangramento grave causado por uso de anticoagulantes orais (varfarina) ou necessidade de reversão
urgente da anticoagulação para realização de procedimentos. O uso do Complexo Protrombínico
sempre que disponível, é preferível ao PFC, por apresentar menor risco de transmissão de vírus e
grande eficácia na reversão da anticoagulação.
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-
Transfusão maciça com sangramento por coagulopatia.
-
Edema angioneurótico recidivante (Edema de Quincke) causado por déficit de inibidor de C1qesterase.
-
Púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) em regime de troca plasmática.
-
O uso antes de procedimentos invasivos pode ser feito, embora, nestes casos, a utilização de técnica
cirúrgica cuidadosa realizada por profissional experiente na realização do procedimento pareça ser o
principal fator para prevenir complicações hemorrágicas. Há evidências que a utilização de plasma em
pacientes com INR <3 antes de pequenos procedimentos cirúrgicos (acesso central, traqueostomia,
drenagem de tórax e de abcessos) não traga benefícios e esteja associado a aumento de
complicações.
» Situações em que não está justificado o uso do Plasma
-
Uso como expansor volêmico e em pacientes com hipovolemias agudas (com ou sem
hipoalbuminemia).
-
Em sangramento sem coagulopatia.
-
Para correção de testes anormais da coagulação na ausência de sangramento.
-
Em estados de perda protéica e imunodeficiências.
-
Septicemias
-
Grandes queimados
-
Imunodeficiências
-
Complemento de nutrição parenteral
-
Tratamento de desnutrição
-
Melhoria da cicatrização
-
Fonte de imunoglobulina
-
Reposição em sangrias terapêuticas
» Dose e modo de administração
-
A dose de ataque deve ser de 10-20mL de PFC por quilo de peso (aumenta de 20% a 30% os níveis
dos fatores de coagulação do paciente, chegando a níveis hemostáticos).
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Se a paciente mantiver sangramento relacionado à coagulopatia, deve ser transfundido mais 5ml/kg a
cada 6 horas, intervalo relacionado à meia vida do FVII. O controle do sangramento deve ser
considerado como parâmetro para parada da reposição de PFC.
-
Considerar as propriedades de expansão de volume do PFC como um fator desencadeante de
sobrecarga volêmica quando a infusão de grandes volumes é realizada. Nesses casos é necessário o
monitoramento rigoroso do paciente para evitar desencadeamento de complicações cardíacas e
respiratórias.
-
Quando for utilizado para correção de deficiências de fatores isolados da coagulação (V ou XI, por
exemplo), a dose deve considerar o objetivo da reposição, a meia-vida do fator reposto, e o nível basal
do fator no paciente, para definir o intervalo entre as doses.
-
Uma vez descongelado, o PFC deve ser usado o mais rapidamente possível e não exceder 24 horas
se mantido em refrigeração (2-6°C). Depois de desco ngelado, não pode haver recongelamento.
» Compatibilidade ABO e RhD
VIII.
-
Não é necessário realizar provas de compatibilidade antes da transfusão de PFC.
-
Os componentes devem ser ABO compatíveis, mas não necessariamente idênticos (ver abaixo) [2].
-
O sistema Rh não deve ser considerado [2].
COMPONENTE
A
PACIENTE
AeO
B
BeO
O
O
AB
A, B, AB e O
TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE – TER
A aplicação do TER é apenas obrigatória nos pacientes Testemunhas de Jeová que concordarem
com a transfusão.
IX.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1.
Technical Manual. 18th ed. 2014, Bethesda, Maryland: AABB. 1044.
2.
PORTARIA Nº 158, DE 4 DE FEVEREIRO DE 2016, M.D.S.G.D. MINISTRO, Editor. 2016.
3.
Muller, M.C., et al., Transfusion of fresh-frozen plasma in critically ill patients with a
coagulopathy before invasive procedures: a randomized clinical trial (CME). Transfusion,
2015. 55(1): p. 26-35; quiz 25.
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Shih, A.W., et al., Evaluation of the appropriateness of frozen plasma usage after
introduction of prothrombin complex concentrates: a retrospective study. Vox Sang,
2015. 108(3): p. 274-80.
5.
Carino, G.P., A.V. Tsapenko, and J.D. Sweeney, Central line placement in patients with
and without prophylactic plasma. J Crit Care, 2012. 27(5): p. 529 e9-13.
6.
Guia para o uso de hemocomponentes. 2010, Brasilia: Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada.
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