INFORMATIVO EDITORIAL É com imensa satisfação, que o Laboratório Bom Pastor, vem por meio deste, oferecer um informativo, que tem como objetivo estabelecer um canal de divulgação que versará sobre diagnóstico laboratorial e principalmente informações atualizadas, quanto a novos exames já utilizados como rotina, frutos de um lado da experiência de nosso serviço, bem como programas de educação médica continuada da SBPC. O Laboratório Bom Pastor, consciente de seu papel de parceria, estabelece um canal aberto, seja através de seus informativos, bem como do contato direto com o profissional médico, a respeito do conteúdo dos informativos. Não pretendemos de forma alguma esgotar o assunto, apenas facilitar algumas informações e estamos permanentemente abertos ao diálogo e sugestões. HEPATITES P/Dr. Jorge A Schaefer* Nesta patologia, de diversas etiologias, estamos a oferecer neste informativo, uma revisão e um resumo dos ensinamentos obtidos através de diversos periódicos, livros, apostilas e em especial aos conhecimentos dos Drs. Paulo Jaconi Saraiva, Otávio Saraiva e Luiz Edmundo Mazzoleni, hepatologista em Porto Alegre, todos professores universitários da UFRGS e atuantes nas atividades médica e laboratorial. Este informativo visa auxiliar o clínico e outros profissionais do setor, a entender melhor a mecânica dos marcadores virais para as hepatites,os perfis atípicos, bem como a sua utilização. *Diretor Bioanálises Bom Pastor AGENTES Agentes Estrutura Transmissão Hepatite A (HVA) RNA Oral - fecal ++ Hepatite B (HBV) DNA Parenteral- sexual ++++ Hepatite C (HCV) RNA Parenteral - 60% desconhecido 40% ++ Hepatite D (HDV) RNA Hepatite E (HEV) RNA Vírus F ? Vírus G RNA Vírus TT ? Parenteral - sexual depende do vírus B para sobreviver ++ Oral - fecal 1994 - não existe confirmação de sua existência Paternal Paternal - há poucos casos Outros Agentes: Vírus da Febre Amarela Vírus da Febre Hemorrágica (Lassa, Ebola, Hanta) Citomegalovírus (CVM) Bactérias: Leptospira Vírus de Epstein-Bar (mononucleose) agente transitório Agentes Químicos: (peptídios cíclicos-toxinas de fungos) antituberculostáticos anticonceptivos orais paracetamol Cronicidade: HEPATITE B, C e D (que só ocorre conjuntamente com a B) HEPATITES FULMINANTES: Poderão ocorrer na forma A, B, C, e D. Na forma D existe maior possibilidade de quadros fulminantes. A forma E quando em gestantes, leva 20% a óbito. Parece o atualmente aceito, é de que na hepatite fulminante ocorre uma exacerbação na resposta imune, Levando as “Cells Kilers” (resposta humoral celular) dos linfócitos a destruir as células hepáticas. ACIDENTES PUNCTÓRIOS a)com agulhas, se for, HBV 27% se contaminam HCV 90% se contaminam HIV 0,87% se contaminam HBV, pessoal de enfermagem, pessoal de laboratório, não imunizados, com 5 anos de trabalho 19% se contaminam, com 10 anos de trabalho 50% se contaminam. Profissionais que sofram acidente punctório e não estejam imunizados, deverã0 se submeter a imunoglobulina específica em 10 horas. HCV, tem crescido assustadoramente em pessoal médico, enfermagem e profissionais de laboratório, tendo em vista os acidentes punctórios. A cura na fase aguda é de 80%. Dificuldade é o diagnóstico precoce. HEPATITE “A” O vírus da hepatite A (RNA) causa uma doença autolimitada de transmissão fecal oral e com período de incubação de 5 dias. Raramente manifesta-se na forma fulminante. 71% da população até 19 anos de idade, já tiveram a doença. Predição em crianças com menos de 5 anos de idade 90 a 95% subclínica, 5 a 10% ictéricos. Predição em adultos de 25 a 50% do total, 50 a 75% dos casos com icterícia. Epidemiologia universal: - maior incidência em condições precárias. - alta incidência em grupos de risco especial (usuários de drogas injetáveis) PERFIL SOROLÓGICO/IMUNODIAGNÓTICO Dois marcadores conhecidos. HAV-IgG, anticorpo de memória, que aparece 4 semanas após a exposição ao vírus e que permanece por toda a vida da pessoa e o HAV-IgM, anticorpo de fase aguda, que aparece de 1 a 3 semanas após exposição ao vírus e permanece em média por 12 semanas. HEPATITE “B” Vírus DNA, Transmissão: Sexual( > número), parenteral, e vertical(mãe-filho, infecção no período perinatal, causa doença crônica em 90% dos bebes). Distribuição global: 400 milhões de pessoas infectadas, segundo a OMS. 70% de formas anictéricas 30% ictéricas. Forma aguda se resolve em 6 meses. 2 a10% evoluem para formas crônicas, sendo que metade destes evoluem para hepatomas Crianças com menos de 5 anos ,somente10% apresentam sintomatologia.De 30 a 90% podem desenvolver hepatite crônica AGENTE . PERFIL IMUNOLÓGICO Antígenos HBS- Antígeno de superfície Possui infectividade 2 a 6 semanas antes dos sintomas. Desaparece com o fim da infecção, normalmente em 6 meses HBC- Antígeno do núcleo do vírus HBE- Antígeno do sítio de replicação viral. Anticorpos Anti-HBS- Anticorpos neutralizadores do HBV. Conferem imunidade Anti-HBC-IgG- Anticorpos anti-núcleo do HBV. Não confere imunidade. Persiste por muitos anos. Anti-HBC-IgM- Anticorpos anti-núcleo do HBV, na fase aguda da doença. Anti-HBE- Aparece quando ocorre a soro conversão, o vírus não consegue mais replicar. GRÁFICO HEPATITE B AGUDA Quadro agudo HBsAg : REAGENTE / Ant HBc-IgM : REAGENTE SEQUENCIA DE APARECIMENTO DOS MARCADORES DA HEPATITE “B” NO CURSO DA INFECÇÃO AGUDA PELO HBV. (vide gráfico) HBV-DNA > HBsAg > HBeAg > Anti HBC-IgM > Anti HBc-IgG > Anti HBe > Anti HBs 1 2 3 4 5 6 7 Obs:A pesquisa de HBV DNA pode ser realizada a partir dos 7 dias. SEQUENCIA DE DESAPARECIMENTO DOS MARCADORES DA HEPATITE NO CURSO DA INFECÇÃO AGUDA PELO HBV. (vide gráfico) HBV-DNA > HbeAg > HBsAg > Anti HBc-IgM > Anti HBe > Anti HBs > Anti HBc-IgG 1 2 3 4 5 6 7 (~= 5 anos ) (por quase toda vida) Quadro crônico com soro conversão HBsAg: REAGENTE Anti HBE: REAGENTE HbeAg: NÃO REAGENTE Quadro crônico sem soro conversão (maior grau de agressividade) HbsAg: REAGENTE Anti Hbe: NÃO REAGENTE HbeAg: REAGENTE Exame realizado somente por PCR (polimerase cadeia reaction) HbsAg ----------- Antígeno de superfície dos vírus da hepatite B. O primeiro marcador da infecção HBV. Indica infecção aguda pelo HBV ou infecção crônica se positivo por mais de 6 meses HbeAg------------- Antígeno “E” do vírus da hepatite B. Indica replicação viral ativa. Anti HBc-IgM --- Anticorpos IgM para o antígeno do núcleo do vírus da hepatite B. Indica infecçao Aguda e replicação viral. Permite distinção entre infecção aguda e crônica. Anti HBc-IgG---- Anticorpos IgG para o antígeno do núcleo do vírus da hepatite B. Indica infecção pregressa ou atual pelo HBV. Em geral persiste por toda vida. O único marcador HBV detectável quando o HbsAg desapareceu e os anticorpos anti-HBS ainda não são produzidos (vide gráfico) Anti HBE --------- Anticorpos totais para o antígeno “E” da hepatite B. Indica bom prognóstico de Recuperação. Soro conversão. Anti HBs --------- Anticorpos totais para o antígeno de superfície da hepatite B. Indica recuperação ou imunidade. Tratamento da hepatite aguda por HBV Não há tratamento específico, visa apenas manter a manutenção do conforto e balanço nutricional adequado. Tratamento da hepatite crônica Com molécula anti viral = análogos de nucleosídeos; = interferon alfa, beta e gama Profilaxia Imunização passiva; com imunoglobulinas anti HBs antes e pós exposição. Imunização ativa; VACINA com partículas HbsAg recombinantes ou derivadas de plasma. Três doses aos Zero, 30 e 180 dias. Título mínimo para prevenção da imunidade > 10 UI/ml de Anti HBs. Efetividade por no máximo 5 anos. PERFIS ATIPICOS NA SOROLOGIA PARA HEPATITE B Nem todos os indivíduos apresentam perfis sorológicos conforme o descrito, alguns resultados estranhos podem ocorrer, dentre estes destacam-se principalmente: Situações causadas por vírus com mutações na sequência que que codifica o HBsAg; Estas mutações (“mutante a”) provocam uma alteração na estrutura do antígeno, de forma que ele não é detectado.Neste caso o paciente está infectado pelo HBV, apresentam HBeAg positivo, com aparecimento subsequente dos anticorpos anti-Hbe e anti-HBc, mas com níveis indetectáveis de HbsAg, bem como para anti-HBs. Para confirmar diagnóstico podese utilizar um teste para a detecção do DNA do vírus. A vacinação para hepatite B não protege contra o “mutante”. Situações onde só é encontrado o anti-Hbc isoladamente em perfis atípicos Cerca de 10 a 40 % dos indivíduos com anti-HBc isoladamente apresentam o “mutante a” em baixos títulos. Os pacientes com HBsAg indetectáveis e quem têm pesquisa do DNA viral positiva podem apresentar: Somente o anti-HBc positivo ou anti-HBc e anti-HBs positivos; somente o anti-HBs positivo, ou nenhum marcador de infecção viral; Os casos acima podem ocorrer devido ao equilíbrio do vírus com o sitema imune; períodos de janela imunológica; e casos de infecção resolvida há décadas (níveis de anti-HBs insignificativos). Normamente são pacientes assintomáticos com níveis de trasaminases normais, mas devem ser considerados como potencialmente infecciosos e muitos são coinfectados por HIV ou HCV (há diminuição da replicação do HBV, resultando em níveis indetectáveis de HBsAg) Situações causadas por vírus que apresentam mutações no HBeAg (Sítio viral da replicação do HBV). São casos em que há mutação na região do core e do pré-core, que codificam o HBeAg. Podem ocorrer nestes casos a replicação do DNA viral, com um perfil que sugere hepatite crônica, mesmo na presença de anti-HBe . Nestes casos, testes deDNA ou biópsia sãorecomendadas para confirmar diagnósticos. HEPATITE C Agente vírus de RNA de fita simples. Vírus mutante. Apresenta diversidade genética que pode facilitar a superinfecção com outros genótipos e contribuir para o insucesso da resposta imunológica e terapêutica. 9 genótipos e 23 subtipos. No RS, nos procedimentos de rotina foram encontrados os genótipos 1-(45%), 2-(9%) e 3-(46%), ainda subtipo “1A”-(50%) e subtipo “1B”-(50%) . Atualmente sabe-se que pacientes com genótipo 1, mostram carga viral aumentada, grau elevado de lesão no fígado e resposta menos efetiva ao tratamento com interferon alfa. ! 500 milhões de portadores ! ineficácia de imunoglobulinas para melhorar o curso da doença ! maior porcentagem de cronicidade ! inativação por: a) temperatura 10 minutos a 60ºC ou 2 minutos a 100ºC ! b) formol ! c) Ultra-violeta TRANSMISSÃO parenteral 60 a 70 % ! sexual 6 a 11 % ! inexplicável 35 a 40% ! transmissão vertical, mãe-filho ! lâminas de barbear e escova de dentes quando uso comum. ! Se observa grande incidência em usuários de drogas injetáveis, serviços de hemodiálise e assustadoramente tem crescido muito em pessoal médico, paramédico e enfermagem, em vista dos acidentes punctórios. Em 80 a 90% dos acidentes puctórios ocorre contaminação. A possibilidade de cura expontânea e de 40%. 30% vão fazer o quadro agudo e se tornar portadores crônicos assintomáticos e 30% com sinais subclínicos apresentando fadiga, ansiedade e anorexia, sendo que menos da metade destes, pode evoluir para cirrose e destes alguns hepatoma. Existe 80% de cura se tratados na fase aguda QUADRO CLÍNICO Incubação: de 7 a 8 semanas, sem sinais clínicos. A detecção do vírus após a infecção e de no mínimo 4 semanas para a pesquisa do HCV-RNA por PCR (Biologia Molecular) Fase aguda: mais de 8 semanas, sintomas subclínicos ausentes ou semelhantes as de outras hepatites, a maioria é anictérica. (existem também formas fulminantes). Para a pesquisa de anticorpos anti-HCV, por técnica de Elisa e medir TGO que se eleva é necessário tempo mínimo de 8 semanas. PADRÃO SOROLÓGICO OBSERVADO NA INFECÇÃO AGUDA PELO HCV IMUNODIAGNÓSTICO DO HCV Teste ELISA Objetivo do Uso Triagem Pesquisa de Anticorpos anti-HCV RIBA Confirmação de positivos Elisa Anticorpos anti-HCV PCR detecção Confirmação de positivos Elisa HCV - RNA PCR detecção / genotipagem Detecção e genotipagem doa tipos HCV - RNA PCR quantificação Quantificação do vírus C HCV - RNA quantificado PCR quantificação / genotipagem Genotipagem e quantificação HCV - RNA PADRÃO SOROLÓGICO DA HEPATITE “C” crônica 11 LIMITAÇÕES DO IMUNODIAGNÓSTICO. Aparecimento tardio de anticorpos. Acredita-se que falsos positivos ocorrem em gestantes, após vacinação para Influenza, hipergamaglobulinemia, fator reumatóide e doenças reumáticas.. Falsos negativos em estado de imunocomprometimento e em variações genotípicas do HCV. Sugere-se confirmação por RIBA (ensaio immunoblot recombinante) ou PCR. Dosar TGO TRATAMENTO: Interferon com ou sem Ribavirina. HEPATITE D O vírus da hepatite delta (HDV) é um vírus RNA incompleto que requer o HBV para a sua replicação. Aparece em pessoas com exposição parenteral múltipla. A hepatite delta aguda tem tendência a ser mais grave ou apresentar-se na forma fulminante. A hepatite delta crônica é mais severa que as hepatites crônicas B ou C. Anticorpos anti HDV surgem 5 a 7 semanas após o início da infecção. HEPATITE E A hepatite D tem transmissão fecal-oral e apresenta clínica similar a hepatite A. Tem um período de incubação de 21 a 45 dias, maior colestase e mortalidade fetal durante a gravidez. O diagnóstico é através da demonstração de anticorpos anti-HEV pelo método ELISA no soro de pacientes infectados. Torna-se positivo cerca de 27 dias após elevação das transaminases e persiste por anos. HEPATITE G O vírus da hepatite G (VHG/GBV-C) pertence à família Flaviviridae e é constituído de uma molécula simples de RNA. Ficou demonstrado que o VHG é transmissível pelo sangue e pode estar associado a outrs doenças hepáticas, tais como hepatites B e C, carcinoma hepatocelular, hepatites agudas crônicas e fulminantes de causa desconhecida. O diagnóstico por ELISA ainda não está disponível. A PCR seria uma possibilidade diagnóstica. RESUMO DE EXAMES PARA IMUNODIAGNÓSTICO NAS HEPATITES Para avaliar hepatite aguda. !HEPATITE “A” ----------------------------------------- HAV IgM !HEPATITE “B” ----------------------------------------- HbsAg, HBc IgM !HEPATITE “C” ----------------------------------------- Anti HCV, TGO !HEPATITE “D” ----------------------------------------- Anti HDV !HEPATITE “E” ---------------------------------------- Anti HEV Para avaliar o grau de imunidade. !HEPATITE “A” ----------------------------------------- Anti HAV IgG !HEPATITE “B” ------------------------------------------ Anti HBs Para avaliar a cronicidade da hepatite “B” ---------------------------- HbsAg HBc IgG HBc IgM HEPATITE “B” CRONICA --------------------------------------------- HBsAg HBc - IgG HBc IgM - Reagente - Reagente - Não Reagente HEPATITE “B” CRONICA COM SOROCONVERÃO (melhor diagnóstico para o paciente) - Anti HBe - HBeAg - HbsAg - HBc IgG - HBc IgM Reagente Não reagente Reagente Reagente Não reagente HEPATITE “B” CRONICA SEM SOROCONVERSÃO (pior prognóstico) - - Anti HBe - HbeAg - HbsAg - HBc IgG - HBc IgM Não reagente Reagente Reagente Reagente Não reagente Agradecemos a sua atenção e desde já me coloco a disposição para quaisquer informações adicionais a este informativo e ou sugestões. Junho de 2003 Dr. Jorge Alberto Schaefer