Perfil nutricional de pacientes oncológicos hospitalizados Fernanda Manzatti, Décia de Almeida Marinho F. Lopes, (Acadêmicas/UNICENTRO). Indiomara Baratto (Orientador/Docente/UNICENTRO). e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências de Ciências da Saúde/Departamento de Nutrição/Guarapuava/Paraná. Palavras-chave: estado nutricional, câncer, IMC, desnutrição. Resumo: O presente estudo teve como objetivo avaliar o estado nutricional de pacientes oncológicos em um hospital de caridade da cidade de Guarapuava-PR. Foram avaliados 23 pacientes e classificados de acordo com o índice de massa corporal (IMC). Encontraram-se 34,79% em desnutrição, desta forma verifica-se a importância de um atendimento nutricional precoce com intuito de fornecer a terapia nutricional adequada. Introdução O câncer é reconhecido como um problema de saúde pública, considerado como a segunda causa de morte no Brasil e que vem apresentando um aumento significativo na sua incidência nas últimas décadas (ULSENHEIMER, 2007). Segundo Peckenpaugh (1997), o câncer é caracterizado pelo crescimento descontrolado e pela disseminação de células anormais, que continuam a se reproduzir até que formem uma massa de tecido conhecida como tumor. Um tumor maligno interrompe as funções do corpo e desvia o alimento e suprimento sangüíneo de células normais. A desnutrição é muito prevalente no paciente oncológico e associa-se à diminuição da resposta ao tratamento especifico e à qualidade de vida, como maiores riscos de infecção pós-operatória e aumento na morbidade e mortalidade. O grau e a prevalência na desnutrição dependem também do tipo e do estágio de tumor, dos órgãos envolvidos, dos tipos de terapia anticâncer utilizadas, da resposta do paciente e da localização do tumor (SHILS, 2003; SIQUEIRA, 2002; TORRES, 2003). O resultado da diminuição da ingestão de alimentos e anormalidades hormonais e metabólicas decorrentes da interação tumor-hospedeiro é conhecido como caquexia do câncer, que se manifesta como desnutrição grave (ILKEMORE, 2002) Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 A anorexia é um sintoma comum nos pacientes oncológicos, associada inicialmente ao processo natural da doença ou, mais tardiamente, ao crescimento tumoral e presença de metástases. Pode estar relacionada à náusea e vômito, a própria doença, ou se resultante de medicamentos utilizados durante o tratamento, desconforto devido à mucosite, entre outros (MORLEY, 2002; BODY, 1999). Segundo Davis et al (2004), consiste na perda de apetite, saciedade precoce, combinação de ambas ou alteração das preferências alimentares. Esses sintomas não são verificados em todos os tipos de tumores (SHILS, 2003; STRASSER, 2003). A diferença mais importante entre desnutrição e caquexia do câncer é a preferência por mobilização de gordura poupando o músculo esquelético na desnutrição, enquanto na caquexia há igual mobilização de gordura e tecido muscular (BODY, 1999). O prejuízo no estado nutricional é frequentemente aceito como parte da doença e do seu tratamento. Conforme Capra (2001), até 20% dos pacientes com câncer morrem em conseqüência da desnutrição. O comprometimento do sistema imune no câncer ocorre devido ao próprio tumor, à caquexia, à diminuída ingestão de alimentos, às possíveis complicações cirúrgicas e aos diferentes tipos de tratamentos. Com isso, o estado nutricional fica suscetível a possíveis depleções e os sintomas gastrintestinais tendem a estimular a desnutrição (DIAS et al, 2006). O objetivo desse estudo foi verificar o perfil nutricional de pacientes oncológicos internados em um hospital de caridade da cidade de Guarapuava-PR para a prevenção ou reversão do declínio nutricional e, possivelmente, o retardo da progressão até a caquexia, pois a detecção prévia da desnutrição torna-se de grande importância para que seja implementada uma terapia nutricional adequada, a fim de manter ou recuperar o estado nutricional e evitar suas possíveis complicações. Materiais e Métodos O presente trabalho contou com a participação de 23 pacientes, adultos e idosos de ambos os sexos, 69,57% do sexo feminino e 30,43 do sexo masculino, com faixa etária entre 20 a 80 anos, internados em um hospital de caridade da cidade de Guarapuava-PR. Os pacientes que aceitaram participar da pesquisa assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. A pesquisa se deu no mês de junho a julho de 2009. Foram incluídos pacientes da ala de oncologia e excluídos pacientes confinados ao leito. Para a avaliação antropométrica utilizou-se balança digital da marca Plenna®, com capacidade máxima de 150 Kg e visor digital com escala de 100g. A altura foi medida pela extensão dos braços, medindo-se a distância entre os dedos médios das mãos, estando os braços estendidos. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 O diagnóstico nutricional foi feito através do cálculo do IMC. Utilizou-se a tabela: IMC (kg/m2) para idade (anos), classificando os adultos (18 a 59 anos) segundo a OMS (1998), e os idosos (>60 anos), segundo a OPAS (2002).Todos os dados coletados foram confrontados e descritos estatisticamente através de média e desvio padrão. Para isso, foi utilizado o programa de Microsoft Excel 2003. Resultados e Discussão Dentre os 23 pacientes estudados, 9 (39,13%) encontraram-se em estado de eutrofia, 8 (34,79%) em desnutrição, 2 (8,69%) com sobrepeso e 4 (17,39%) encontram-se obesos. Como pode ser verificado na figura 1. Estado nutricional segundo IMC 120 100 80 n 60 % 40 20 0 Eutrofia Des nutrição s obrepes o Obes idade Total n 9 8 2 4 23 % 39,13 34,79 8,69 17,39 100 Figura1- Estado nutricional dos pacientes oncológicos segundo IMC. A desnutrição apresenta níveis significativos na população estudada, portanto a intervenção nutricional deve integrar a terapia do câncer, para que haja melhora nos resultados clínicos e na qualidade de vida, porém esta deve ser realizada precocemente para evitar a evolução insatisfatória do estado nutricional. De acordo com Williams (2001), avaliar a perda de peso é muito importante, pois o paciente pode apresentar-se eutrófico, porém uma perda de peso recente pode demonstrar um risco para a desnutrição. O tratamento de câncer pode exigir uma demanda extra do organismo do paciente. Pacientes em quimioterapia estão sujeitos à mudanças como uma perda de peso não intencional e de massa muscular. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 Conclusões Como se sabe pacientes oncológicos apresentam na maioria dos casos, perda de peso que normalmente evolui para casos graves de desnutrição, o que acarreta piora do estado de saúde, aumenta o tempo de internação e deixa o paciente mais susceptível a infecções. Uma intervenção nutricional é de grande importância, pois muitas vezes esses pacientes são incapazes de atingir suas necessidades nutricionais e a grande maioria dos pacientes morrem mais devido as conseqüências da desnutrição do que pelo próprio tumor maligno. Referências Ulsenheimer A et al. Perfil Nutricional de pacientes com câncer segundo diferentes indicadores de avaliação. Rev Bras Nutr clin. 2007; 22(4): 292-7. Peckenpaugh NJ, Poleman CM. Nutrição essência e dietoterapia.1997; 7ed . São Paulo: Roca. Shills ME, Shike M. Suporte nutricional do paciente com câncer. In: SHILS M.E. Siqueira PR et al. Adenocarcinoma primário do duodeno. Rev Assoc Méd Bras.2002; 48(3):242-4. Torres HOG, Ferreira TRAS. Doente com câncer. In: Teixeira Neto F. Nutrição Clinica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;2003; p. 394-9. Ikemore EH et al. Nutrição em Oncologia .1ª ed, São Paulo: Manole, 2002. Body JJ. The syndrome of anorexia-cachexia. Curr Opin Oncol. 1999; 11(4):255-60. Morley JE. 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