42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 1 EMPREGO DE CETAMINA, AMITRIPTILINA E GABAPENTINA EM TRATAMENTO DE DOR SOMÁTICA INTENSA EM EQUINO. USE OF KETAMINE, AMITRIPTYLINE AND GABAPENTIN IN THE TREATMENT OF SEVERE SOMATIC PAIN IN EQUINE LUIZ FERNANDO LABRE1, DANIELLA KEMPER2, PEDRO H. CARVALHO2, ANA FLÁVIA SANCHEZ1, MARTA GASPARIN1. ¹ Discentes de medicina veterinária da UNOPAR campus Arapongas- PR. ² Docentes da UNOPAR, Departamento de Clínica Médica Veterinária Resumo Injúrias do sistema músculo-esquelético em equinos são muito frequentes, sendo variáveis quanto à severidade e tratamento indicado, porém a analgesia é sempre necessária. Em casos de dor severa, como nas fraturas, o uso de anti-inflamatórios não esteroidais pode não ser suficiente para promover analgesia e outras classes de medicamentos podem ser utilizados visando uma analgesia multimodal. O presente trabalho tem como objetivo relatar o sucesso da utilização de cetamina, amitriptilina e gabapentina para analgesia de um equino com fratura em sesamóide proximal. A eficácia da analgesia foi observada através da utilização da escala 1070 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 2 numérica de dor, escala facial de dor e escala de claudicação proposta pela AAEP; antes e após o tratamento proposto. Palavras-chave: equino, analgesia, cetamina, amitriptilina e gabapentina Abstract Injuries of the musculoskeletal system are very common in horses, and they vary in severity and treatment prescribed, but analgesia is always required. In cases of severe pain, such as fractures, the use of nonsteroidal anti-inflammatory may not be enough to provide appropriate analgesia and other classes of drugs can be used in order to promote a multimodal analgesia. This study aims to report the successful use of ketamine, amitriptyline and gabapentin in the analgesia of a horse with fracture of the proximal sesamoideal bone. The effectiveness of the analgesia was observed by using the numerical pain scale, facial pain scale and lameness scale proposed by AAEP; before and after the treatment proposed. Key-words: equine, analgesia, ketamine, amitriptyline and gabapentin RELATO DE CASO INTRODUÇÃO As fraturas de ossos sesamóides proximais são injúrias comuns em cavalos de esporte e levam a claudicação evidente e dor somática intensa. Desta forma, o tratamento da dor de forma eficaz é importante para o tratamento clínico (BAXTER, 2011)1. 1071 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 3 MATERIAIS E MÉTODOS Um equino macho, de 6 anos de idade, pesando 450 kg, da raça Mangalarga Paulista,foi atendido com queixa de claudicação de membro anterior esquerdo decorrente de trauma há 12 dias. Na avaliação do sistema locomotor foi verificado dor intensa e hiperalgesia na região do sesamóide lateral do membro anterior esquerdo, com pontuação 7 na escala numérica de dor e pontuação 6 na escala facial de dor ambas as escalas variam de 0 a 10, onde 0 representa ausência de dor e 10 a pior dor possível. Na escala AAEP, o animal apresentava grau de claudicação 5. Na avaliação radiográfica foi observado presença de fragmento abaxial próximo ao ápice do sesamóide lateral e tenossinovite. Inicialmente foram imobilizadas as articulações distais ao carpo por 45 dias; e foi instituído tratamento de sinovite séptica, com administração de amicacina através de perfusão regional, na dose de 1g em dias intercalados, totalizando 3 aplicações. O tratamento antiálgico inicialmente foi fenilbutazona, na dose de 4,4 mg/kg IV SID durante 4 dias e cetamina 0,2 mg/kg diluída em 100ml de solução fisiológica IV BID por 18 dias. Foi administrado omeprazol, na dose de 4 mg/kg VO SID durante todo o tratamento. Após a interrupção da fenilbutazona, administrou-se meloxicam, na dose de 0,6 mg/kg VO SID por 20 dias. Após 11 dias do atendimento, foi iniciada a administração de gabapentina, na dose de 2 mg/kg VO BID, e amitriptilina, na dose de 0,5 mg/kg VO SID, mantidas durante 30 dias. 1072 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 4 Durante os 10 primeiros dias de tratamento, o animal apresentava dor moderada, com pontuação 6 na escala numérica de dor 5 na escala facial de dor, e grau de claudicação 5. Após 15 dias de tratamento, o animal apresentou melhora, com pontuação 4 nas escalas de dor e grau de claudicação 4. Após 30 dias de tratamento, apresentava dor leve, com pontuação 2 nas escalas de dor e grau de claudicação 1 e com 50 dias obteve alta médica com grau de claudicação 0 e ausência de dor à palpação. DISCUSSÃO Em equinos a fenilbutazona é o anti-inflamatório mais empregado no tratamento da inflamação do aparelho locomotor e dores somáticas devido a sua alta eficácia analgésica (KOLIASBAKER & COX, 20042). Entretanto, segundo MACALLISTER et al. (1993)3 a fenilbutazona, quando administrada em altas doses por vários dias, pode causar efeitos colaterais. A cetamina é um fármaco empregado como anestésico dissociativo, porém também apresenta efeito analgésico quando administrado em doses anestésicas e sub-anestésicas. Apesar de o animal apresentar melhora parcial da dor após o início do tratamento com fenilbutazona e cetamina, não podemos afirmar se o resultado obtido foi decorrente da administração apenas do antiinflamatório ou decorrente da associação da cetamina. A gabapentina e a amitriptilina são fármacos empregados no tratamento de dor neuropática, em cavalos, há relato apenas do 1073 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 5 emprego da gabapentina e não há estudos sobre o emprego da amitriptilina, portando a dose utilizada foi a recomendada para cães. CONCLUSÃO O emprego da cetamina, gabapentina e amitriptilina neste cavalo foi seguro, efetivo e acessível. Estes fármacos adjuvantes aliados a um protocolo de terapia multimodal permitiram adequada analgesia no tratamento da dor intensa decorrente à fratura de sesamóide. Referências bibliográficas 1 BAXTER, G. M. Adams and Stashak’s Lameness in the Horse, Wiley-Blackwell, 2011. 2 KOLLIAS-BAKER, C.; COX, K. Non-steroidal anti-inflammatory drugs. In: BERTONE, J. J.; HORSPOOL, L. J. I. Equine clinical pharmacology. Philadelphia: Saunders Elsevier, 2004. p. 247-266. 3 MACALLISTER, C. G.; MORGAN, S. J.; BORNE, A. T.; POLLET, R. A. Comparison of adverse effects of phenylbutazone, flunixin meglumine, and ketoprofen in horses. Journal of the American Veterinary Medicine Association, v. 202, n. 1, p. 71-77, 1993. 1074