emprego de cetamina, amitriptilina e gabapentina em

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EMPREGO DE CETAMINA, AMITRIPTILINA E GABAPENTINA
EM TRATAMENTO DE DOR SOMÁTICA INTENSA EM EQUINO.
USE OF KETAMINE, AMITRIPTYLINE AND GABAPENTIN IN THE
TREATMENT OF SEVERE SOMATIC PAIN IN EQUINE
LUIZ FERNANDO LABRE1, DANIELLA KEMPER2, PEDRO H.
CARVALHO2, ANA FLÁVIA SANCHEZ1, MARTA GASPARIN1.
¹ Discentes de medicina veterinária da UNOPAR campus
Arapongas- PR.
² Docentes da UNOPAR, Departamento de Clínica Médica
Veterinária
Resumo
Injúrias do sistema músculo-esquelético em equinos são muito
frequentes, sendo variáveis quanto à severidade e tratamento
indicado, porém a analgesia é sempre necessária. Em casos de dor
severa, como nas fraturas, o uso de anti-inflamatórios não
esteroidais pode não ser suficiente para promover analgesia e
outras classes de medicamentos podem ser utilizados visando uma
analgesia multimodal. O presente trabalho tem como objetivo relatar
o sucesso da utilização de cetamina, amitriptilina e gabapentina
para analgesia de um equino com fratura em sesamóide proximal. A
eficácia da analgesia foi observada através da utilização da escala
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numérica de dor, escala facial de dor e escala de claudicação
proposta pela AAEP; antes e após o tratamento proposto.
Palavras-chave:
equino,
analgesia,
cetamina,
amitriptilina
e
gabapentina
Abstract
Injuries of the musculoskeletal system are very common in
horses, and they vary in severity and treatment prescribed, but
analgesia is always required. In cases of severe pain, such as
fractures, the use of nonsteroidal anti-inflammatory may not be
enough to provide appropriate analgesia and other classes of drugs
can be used in order to promote a multimodal analgesia. This study
aims to report the successful use of ketamine, amitriptyline and
gabapentin in the analgesia of a horse with fracture of the proximal
sesamoideal bone. The effectiveness of the analgesia was observed
by using the numerical pain scale, facial pain scale and lameness
scale proposed by AAEP; before and after the treatment proposed.
Key-words:
equine,
analgesia,
ketamine,
amitriptyline
and
gabapentin
RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
As fraturas de ossos sesamóides proximais são injúrias comuns em
cavalos de esporte e levam a claudicação evidente e dor somática
intensa. Desta forma, o tratamento da dor de forma eficaz é
importante para o tratamento clínico (BAXTER, 2011)1.
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MATERIAIS E MÉTODOS
Um equino macho, de 6 anos de idade, pesando 450 kg, da raça
Mangalarga Paulista,foi atendido com queixa de claudicação de
membro anterior esquerdo decorrente de trauma há 12 dias.
Na avaliação do sistema locomotor foi verificado dor intensa e
hiperalgesia na região do sesamóide lateral do membro anterior
esquerdo, com pontuação 7 na escala numérica de dor e pontuação
6 na escala facial de dor ambas as escalas variam de 0 a 10, onde
0 representa ausência de dor e 10 a pior dor possível. Na escala
AAEP, o animal apresentava grau de claudicação 5. Na avaliação
radiográfica foi observado presença de fragmento abaxial próximo
ao ápice do sesamóide lateral e tenossinovite.
Inicialmente foram imobilizadas as articulações distais ao
carpo por 45 dias; e foi instituído tratamento de sinovite séptica,
com administração de amicacina através de perfusão regional, na
dose de 1g em dias intercalados, totalizando 3 aplicações.
O tratamento antiálgico inicialmente foi fenilbutazona, na dose
de 4,4 mg/kg IV SID durante 4 dias e cetamina 0,2 mg/kg diluída em
100ml de solução fisiológica IV BID por 18 dias. Foi administrado
omeprazol, na dose de 4 mg/kg VO SID durante todo o tratamento.
Após a interrupção da fenilbutazona, administrou-se meloxicam, na
dose de 0,6 mg/kg VO SID por 20 dias. Após 11 dias do
atendimento, foi iniciada a administração de gabapentina, na dose
de 2 mg/kg VO BID, e amitriptilina, na dose de 0,5 mg/kg VO SID,
mantidas durante 30 dias.
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Durante os 10 primeiros dias de tratamento, o animal
apresentava dor moderada, com pontuação 6 na escala numérica
de dor 5 na escala facial de dor, e grau de claudicação 5. Após 15
dias de tratamento, o animal apresentou melhora, com pontuação 4
nas escalas de dor e grau de claudicação 4.
Após 30 dias de tratamento, apresentava dor leve, com
pontuação 2 nas escalas de dor e grau de claudicação 1 e com 50
dias obteve alta médica com grau de claudicação 0 e ausência de
dor à palpação.
DISCUSSÃO
Em equinos a fenilbutazona é o anti-inflamatório mais
empregado no tratamento da inflamação do aparelho locomotor e
dores somáticas devido a sua alta eficácia analgésica (KOLIASBAKER & COX, 20042). Entretanto, segundo MACALLISTER et al.
(1993)3 a fenilbutazona, quando administrada em altas doses por
vários dias, pode causar efeitos colaterais.
A cetamina é um fármaco empregado como anestésico
dissociativo, porém também apresenta efeito analgésico quando
administrado em doses anestésicas e sub-anestésicas. Apesar de o
animal apresentar melhora parcial da dor após o início do
tratamento com fenilbutazona e cetamina, não podemos afirmar se
o resultado obtido foi decorrente da administração apenas do antiinflamatório ou decorrente da associação da cetamina.
A gabapentina e a amitriptilina são fármacos empregados no
tratamento de dor neuropática, em cavalos, há relato apenas do
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emprego da gabapentina e não há estudos sobre o emprego da
amitriptilina, portando a dose utilizada foi a recomendada para cães.
CONCLUSÃO
O emprego da cetamina, gabapentina e amitriptilina neste cavalo foi
seguro, efetivo e acessível. Estes fármacos adjuvantes aliados a um
protocolo de terapia multimodal permitiram adequada analgesia no
tratamento da dor intensa decorrente à fratura de sesamóide.
Referências bibliográficas
1
BAXTER, G. M. Adams and Stashak’s Lameness in the Horse,
Wiley-Blackwell, 2011.
2
KOLLIAS-BAKER, C.; COX, K. Non-steroidal anti-inflammatory
drugs. In: BERTONE, J. J.; HORSPOOL, L. J. I. Equine clinical
pharmacology. Philadelphia: Saunders Elsevier, 2004. p. 247-266.
3
MACALLISTER, C. G.; MORGAN, S. J.; BORNE, A. T.; POLLET,
R. A. Comparison of adverse effects of phenylbutazone, flunixin
meglumine, and ketoprofen in horses. Journal of the American
Veterinary Medicine Association, v. 202, n. 1, p. 71-77, 1993.
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