uso da associação cetamina, dexmedetomidina e

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USO DA ASSOCIAÇÃO CETAMINA, DEXMEDETOMIDINA E
METADONA EM SAPAJUS SPP.
ASSOCIATION OF USE KETAMINE , DEXMEDETOMIDINE AND
METHADONE IN SAPAJUS SPP.
VIVIANE LUIZE BOSAK1, SHARLENNE LEITE DA SILVA MONTEIRO2,
GIULIANA GELBCKE KASECKER BOTELHO2, GISLANE DE ALMEIDA3,
ANA CAROLINE RIBAS DE OLIVEIRA4 e HELEN MOTTA4
1
Aprimoranda em anestesiologia , Docente do Departamento de Medicina Veterinária, da Universidade
2
Estadual do Centro-Oeste , Aprimoranda em Clínica de Animais Selvagens
Medicina Veterinária
3
e Graduandas em
4
Resumo
O presente estudo relata a anestesia realizada em dois primatas
não humanos, ambos da espécie Sapajus spp., para a coleta de líquor e
humor aquoso. Os animais receberam os anestésicos cetamina,
dexmedetomidina
e
metadona,
dexmedetomidina
foi
revertida
por
com
via
intramuscular.
atipamezol.
Levou-se
A
em
consideração a frequência cardíaca e a respiratória, a glicemia, a
temperatura e o tempo de recuperação anestésica após a aplicação do
antagonista.
Palavras chaves: Primatas, contenção química, opióide.
Abstract
The presents study reports the anesthesia made in two primates
(Sapajus spp.), for the harvest of cerebrospinal fluid and aqueous humor.
The animals received ketamine, dexmedetomidine and methadone, by
intramuscular
route.
After
carrying
out
the
procedures,
the
dexmedetomidine it was reversed with atipamezole. It was give
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emphasis on heart and respiratory rate, glycemia, temperature and
anesthesic recovery time after the application of antagonist.
Key words: Primates, chemical contention, opioid.
Introdução
Primatas não humanos, pela sua disparidade morfológica, são um
desafio em anestesiologia. Por isso a conduta anestésica deve ser
baseada no estado do paciente, na duração do procedimento, no local
da intervenção e, por fim, na escolha do protocolo anestésico.
A cetamina é utilizada como anestésico em primatas, desde a
década de 1970, em razão de possuir grande margem de segurança,
gerando catalepsia, que envolve inconsciência e analgesia somática.
(Popilskis e Kohn, 1997). Pela via intramuscular, a concentração
plasmática máxima é obtida rapidamente, entre 5 a 15 minutos após a
aplicação, sua biodisponibilidade é alta e a biotransformação é hepática
pela N-desmetilação pelo citocromo P-450 (Valadão, 2011).
A metadona, um analgésico morfinomimético agonista μ, foi
utilizado
para
garantir
melhor
analgesia
dos
animais.
Possui
propriedades farmacológicas qualitativamente similares às da morfina,
porém possui afinidade adicional com receptores N-metil-D-aspartato
(Lamont e Mathews, 2013).
Via de regra, associa-se um opióide e/ou alfa-2 agonista à
cetamina para reduzir seus efeitos adversos, como taquicardia,
hipertensão e aumento da pressão intracraniana. O fármaco alfa-2
agonista escolhido foi a dexmedetomidina por apresentar efeitos mais
brandos sobre a condução elétrica cardíaca se comparado à xilazina e à
romifidina.
Como antagonista da dexmedetomidina, optou-se pelo atipamezol,
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em razão deste ser de 200 a 300 vezes mais seletivo que a ioimbina,
bem como por não possuir efeitos sobre os receptores betaadrenérgicos,
dopaminérgicos,
serotoninérgicos,
histaminérgicos,
muscarínicos, opioides, gabaérgicos ou benzodiazepínicos (Lemke,
2013).
Materiais e métodos
Foram utilizados dois primatas, ambos da espécie Sapajus spp.,
mantidos em jejum por seis horas. Os macacos pregos "1" e "2", do sexo
feminino, possuíam 2,200kg e 2,100kg. A anestesia realizou-se por via
intramuscular,
com
dexmedetomidina,
cetamina,
metadona,
respectivamente, nas doses de 5 μg/kg, 8mg/kg e 0,1mg/kg. Após o
procedimento de coleta de líquor e humor aquoso, procedeu-se a
administração intramuscular de atipamezol, na dose de 15 μg/kg.
Resultados
Os primatas "1" e "2" ficaram inconscientes após quatro minutos
da aplicação dos fármacos, sendo que os procedimentos duraram,
respectivamente, 18 e 10 minutos. No animal "1" a frequência cardíaca
variou entre 96,6±8,08 (bpm), a respiratória
45,3±4,61 (mpm), a
temperatura 39,9±0,2 e a glicemia aferida foi de 83. No animal "2" a
frequência cardíaca variou entre 106±11,5 (bpm), a respiratória 44±5,7
(mpm), a temperatura 39,4±0,3 e a glicemia aferida foi de 88. Após a
administração do antagonista, os primatas retomaram a consciência,
respectivamente, após 27 e 11 minutos.
Discussão
O uso de um agonista alfa-2 ajudou a balancear os efeitos
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simpatomiméticos da cetamina. A dexmedetomidina inibiu a atividade
simpática pela ativação pós-sináptica dos receptores alfa-2-adrenérgicos
do sistema nervoso, diminuindo, assim, a pressão arterial e a frequência
cardíaca e promovendo sedação, ansiólise e analgesia (Massone, 2011).
Confirmando o que os autores supracitados relatam, não se observaram
alterações significativas dos parâmetros vitais, isso devido a associação
desses três fármacos.
Os opióides não costumam causar depressão cardiovascular, mas
podem produzir depressão respiratória (Atcheson e Lambert, 1994), o
que não ocorreu no caso em comento.
Conclusão
A associação dos supracitados fármacos mostrou-se eficiente para
procedimentos curtos, com duração entre 10 a 18 minutos, e que exijam
relaxamento muscular, inconsciência, imobilidade e analgesia. O período
de latência foi curto e não se notaram alterações significativas nos
parâmetros vitais dos animais, que tiveram uma recuperação tranquila e
sem excitação. O uso do atipamezol ajudou na reversão da
dexmedetomidina, ocasionando em uma recuperação breve.
Este projeto foi autorizado pelo Comitê de Ética da Universidade
Estadual do Centro-Oeste, através do Parecer no 003/2014, e pelo
Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade, através da
Autorização no 42671-1.
Referências bibiográficas
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Journal os Anesthesia. Oxford, v.73, p.132-134, 1994.
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