platinosomose em felino doméstico no estado de santa

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42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR
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PLATINOSOMOSE EM FELINO DOMÉSTICO NO ESTADO DE
SANTA CATARINA – RELATO DE CASO
EUNICE AKEMI KITAMURA1, ANDRESSA VIEIRA DE MORAES2,
ELISA FISCHER2, LUCA FRONDANA2, VIVIANE MILCZEWSKI1,
ANDRÉ LUIZ TORRECILLAS STURION1
1
Docente de Medicina Veterinária, Instituto Federal Catarinense - IFC -
Araquari
2
Aluno de Medicina Veterinária, Instituto Federal Catarinense - IFC -
Araquari
e-mail para correspondência: [email protected]
Resumo
A platinosomose provoca a colangite ou colangiohepatite felina. Os
sinais clínicos são inespecíficos e o diagnóstico difícil, no entanto a
incidência é grande, porém pouco relatada. O objetivo é relatar a
platinosomose em felino doméstico no Estado de Santa Catarina.
Palavras-chaves: Platynossomum spp; Felis catus; doença hepática
PLATINOSOMOSE IN DOMESTIC FELINE IN SANTA CATARINA
STATE - CASE REPORT
Abstract
The platinosomose causes cholangitis or feline cholangiohepatitis.
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Clinical signs are nonspecific and the diagnosis difficult, however the
incidence is great but little reported. The goal is to report the
platinosomose in domestic feline in the state of Santa Catarina.
Key-words: Platynossomum spp; Felis catus; liver disease.
Introdução
A platinosomose é uma hepatopatia parasitária ocasionada por
trematódeos do gênero Platynosomum (Basu e Charles, 2014). A
infecção é pela predação da lagartixa que é o hospedeiro intermediário,
o desenvolvimento ocorre nos ductos e vesícula biliar (Michaelsen et al.,
2012).
A colangiohepatite parasitária provocada pelo Platynossomum
spp. é assintomática ou os sinais clínicos são inespecíficos, como a
anorexia e episódios eméticos, associados à baixa produção de ovos e
a difícil detecção no exame coproparasitológico, dificultam o diagnóstico
(Basu e Charles, 2014).
No Brasil, a platinosomose foi relatada em vários Estados, mas
inexiste em Santa Catarina (Michaelsen et al., 2012). O objetivo é relatar
a platinosomose em felino doméstico no Estado de Santa Catarina.
Descrição do relato
Foi atendido em um hospital escola, um felino, fêmea inteira, sem
raça definida, com 12 anos, pesando 4,5 Kg, com a queixa principal de
polifagia, poliúria e polidipsia há 60 dias, referia início dos sinais clínicos
após a troca de ração para ração senior premium para gatos.
A anamnese apresentava vômitos esporádicos há 60 dias, cerca
de dois episódios semanais, com conteúdo alimentar de coloração
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amarelo e esverdeado, tinha o hábito de caçar lagartixas e vivia em
zona urbana com acesso à rua. Negava outras alterações clínicas.
O exame físico constatou: animal alerta, sobrepeso (ECC 6/9),
desidratação 6%, mucosas hipocoradas, linfonodo poplíteo reativo e os
demais parâmetros vitais dentro da normalidade.
Foram realizados exames laboratoriais e de diagnóstico por
imagem, confirmando o diagnóstico e instituiu-se o tratamento com
sucesso e após a alta do paciente.
Discussão
Segundo Soldan e Marques (2010), o estilo de vida do felino
influencia na prevalência da infecção: em animais de vida livre é de
42%, em gatos confinados é de 7,1% e semiconfinados é de 28,6%. O
paciente do presente relato de caso vivia em semi-confinamento.
Em área endêmica são acometidos de 15 a 85% dos gatos com
acesso ao ambiente externo (Soldan e Marques, 2010).
O hemograma revelou linfopenia discreta (1.358/µL), sem
importância
clínica.
No
bioquímico
sérico
a
ALT
(alanina
aminotransferase) 261UI/L, FA (fosfatase alcalina) 160UI/L e uréia
79mg/dL apresentaram os valores acima da normalidade, confirmando a
injúria em hepatócitos, colestase e azotemia pré-renal. A GGT
(gamaglutamiltransferase) 4UI/L, albumina, proteína total, globulinas,
creatinina e glicose estavam normais, descartando a doença renal
crônica e diabetes mellitus, estas doenças comuns em gato geriátrico
como no presente relato de caso.
A urinálise com densidade 1.045, levemente turva, pH 7,0 e
proteinúria + (30mg/dL), descartou a nefropatia e confirmou a
colangiohepatite felina.
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A ultrassonografia abdominal demonstrou fígado com parênquima
heterogêneo e vesícula e vias biliares sem presença de ecoestruturas,
rins, bexiga e baço normais, sugerindo colangite e colestase.
O
exame
coproparasitológico
pelo
método
de
centrífugo-
sedimentação foi positivo para ovos de Platynossomum concinnum,
confirmando a platinosomose.
O tratamento hospitalar foi com fluidoterapia por via subcutânea.
Foi prescrito o anti-helmíntico praziquantel, dose 30mg/kg, por via oral, a
cada 24 horas, durante cinco dias, que é mais eficaz (Basu e Charles,
2014), o hepatoprotetor silimarina, dose 20mg/kg, via oral, a cada 24
horas e a ração da linha veterinária para doença renal felina.
No retorno após 30 dias apresentava melhora total. O exame
bioquímico sérico revelou: ALT 76UI/L, albumina, uréia (35mg/dL) e
creatinina normais, no entanto a colestase discreta persistia conforme a
FA 180UI/L e GGT 15UI/L, o tratamento com a silimarina foi mantida.
Foi repetido o exame coproparasitológico administrando os
colagogos, óleo mineral e óleo de milho, e nas duas ocasiões foram
negativos, portanto o paciente recebeu alta.
Conclusão
É imprescindível incluir a platinosomose como diagnóstico
diferencial das doenças hepatobiliares em felinos domésticos.
Referências
BASU, A.K.; CHARLES, R. A. A review of the cat liver fluke
Platynosomum fastosum Kossack, 1910 (Trematoda: Dicrocoeliidae).
Veterinary Parasitology, v.200, p.1-7, 2014. Disponível em: <
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http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0304401713006821>.
Acesso em: 28 Jul. 2015.
MICHAELSEN, R.; SILVEIRA, E.; MARQUES, S. M. T. et al.
Platynosomum
concinnum
(Trematoda:
Dicrocoeliidae)
em
gato
doméstico da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
Veterinária em Foco, v.10, n.1, p.53-60, 2012.
SOLDAN, M.H.; MARQUES, S.M.T. Platinosomose: abordagem na
clínica felina. Revista da FZVA Uruguaiana, v.18, n.1, p.46-67, 2011.
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