Dor Crônica Estímulos persistentes na medula, como uma inflamação na articulação, ou de grande intensidade, como o trauma causado por uma cirurgia, podem provocar alterações nas células da medula e, com isso, os neurônios mantêm-se hiperativos e continuam enviando sinais de dor para o cérebro, mesmo sem a presença do estímulo doloroso. Veja. 24 de agosto de 2.011: 92 – 99 (Resumo realizado pela Dra. Danielle Louise Sposito Bourreau) Persistente, inútil e aniquiladora, a dor crônica acometia, em 2.011, 30% da população mundial. Apenas no Brasil, eram 40 milhões de pessoas em agonia contínua por pelo menos três meses. Os avanços nos conhecimentos dos mecanismos cerebrais associados à transmissão e supressão dos estímulos dolorosos levaram à descoberta de que, na maioria dos casos, a dor constante é a própria doença e não o sintoma de um distúrbio primário. Para entender a dor crônica é preciso, antes, diferenciá-la da dor aguda. A aguda é uma reação saudável, um mecanismo de proteção, importantíssimo, para a evolução da espécie. A dor serve para avisar o organismo de que algo não vai bem. É como um alarme que toca quando um ladrão entra em casa. O invasor, no caso, os estímulos térmicos, mecânicos ou químicos afetam os nociceptores, estruturas localizadas nas terminações nervosas espalhadas em todo o organismo. Elas são responsáveis por transformar os estímulos dolorosos em elétricos. Dessa forma, são transportados até o cérebro em uma cascata de reações. Lá, são processados e decodificados naquilo que conhecemos como dor. A aguda vai embora assim que a origem do problema desaparece. A crônica, no entanto, é tão inútil quanto incômoda. É como se um alarme de um carro disparasse sem que ele fosse roubado. Ela surge quando sinais muito intensos ou intermitentes são deixados a seu próprio curso, sem tratamento ou com tratamentos inadequados. Nesse caso, as células nervosas permanecem superativadas mesmo sem a presença dos estímulos dolorosos originais. O corpo dói sem motivo. A dor crônica pode surgir também em situações de estresse profundo. A morte de uma pessoa querida pode alterar a química cerebral e fazer surgir e perpetuar as sensações dolorosas. Em 80% dos casos, a depressão está associada à dor física. Já foi provado que as substâncias cerebrais relacionadas à depressão estão também presentes nos circuitos de dor. Além disso, há o componente genético e em algumas pessoas, o sistema natural de analgesia está programado para funcionar abaixo do normal. Em outras, as estruturas associadas à dor são sensíveis além da conta. A grande dificuldade no tratamento da dor é a sua subjetividade. Ao contrário do diabetes, que se mede pela quantidade de glicose no sangue e para o qual existe um parâmetro, o índice glicêmico, o médico da dor não dispõe de nada além do relato do paciente e o modo como cada um experimenta a dor depende de uma conjunção de fatores – genéticos, culturais, sócio-econômicos e emocionais, entre outros. A dor de um nunca pode ser comparada à dor do outro. Embora nem todos os medicamentos usados para combater a dor tenham sido desenvolvidos especificamente para o seu tratamento, o arsenal disponível hoje em dia, de remédios e cirurgias, é capaz de controlar a doença ou até livrar definitivamente o paciente do sofrimento. Se bem tratadas, as dores agudas não evoluem para crônicas. A cronicidade depende da causa do estímulo doloroso e de fatores genéticos e comportamentais. Além do tratamento medicamentoso, todos os pacientes devem ser submetidos a terapias complementares como fisioterapia, massoterapia, psicoterapia, acupuntura, entre outras. A prática de exercícios físicos também faz parte do tratamento, pois libera os chamados analgésicos naturais. Também realizar atividades rotineiras como trabalhar, encontrar os amigos ou ir ao cinema, pois tira o foco de atenção da dor.