1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE NUTRIÇÃO CLARISSA BORGES ELLWANGER VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE DUAS UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO (UANs) DO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA, SC. CRICIÚMA, JULHO DE 2009 2 CLARISSA BORGES ELLWANGER VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE DUAS UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO (UANs) DO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA, SC. Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Bacharel no curso de Nutrição da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador(a): Prof. (ª) Alessandra Zanette Ghisi Frassetto CRICIÚMA, JULHO DE 2009 3 CLARISSA BORGES ELLWANGER VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE DUAS UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO (UANs) DO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA, SC. Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Bacharel, no Curso de Nutrição da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em Alimentação Coletiva. Criciúma, 03 de julho de 2009. BANCA EXAMINADORA Prof. Alessandra Zanette Ghisi Frassetto – Especialista – (UNESC) - Orientadora 4 Dedico este trabalho a minha forte mãe Jeane, minha querida irmã Mayra e ao grande amor de minha vida Aldo. 5 AGRADECIMENTOS À Deus, suprema luz e força que guia meus passos, agradeço pela oportunidade concedida e pela sua proteção. À minha mãe, Jeane Borges, que foi mãe, pai, e amiga, pelo amor, força, compreensão e por ter acreditado em mim, muito mais do que eu mesma. Por não ter medido esforços para que eu chegasse até aqui. A você meu amor e gratidão eternos. À minha irmã Mayra, que muito significa na minha caminhada, obrigada pelo carinho e amor. Ao meu namorado, Aldo, cujo apoio e incentivo foram fundamentais para a concretização deste sonho. Por ter sido presente e compreensivo, principalmente nos meus momentos mais difíceis. Por ter abdicado de tantos sonhos seus para que eu pudesse conquistar os meus. Obrigado por estar sempre ao meu lado, te amo eternamente! À minha família, pelo carinho e amor, e em especial a Luciana e Duguai Borges, tia e tio queridos, por tudo que já fizeram por mim. Aos meus sogros Fúlvio e Izaura, por fazerem de sua casa a minha, obrigada por tudo. As meninas do apartamento 102, Ediane, Sara e Silvana, pela amizade e pelos momentos de descontração. Aos amigos de faculdade, por compartilharem tantas angústias, preocupações e conquistas. À minha orientadora Alessandra Zanette Ghisi Frassetto pela sabedoria doada, paciência e compreensão. À Profª. Fernanda Salvador Alves, pela sua importante participação, e suas orientações que muito contribuíram. A todas as pessoas que me auxiliaram e estimularam a concretizar este sonho. Meu muito obrigado! 6 “Mantenha seus pensamentos positivos, porque seus pensamentos tornam-se suas palavras. Mantenha suas palavras positivas, porque suas palavras tornam-se suas atitudes. Mantenha suas atitudes positivas, porque suas atitudes tornam-se seus hábitos. Mantenha seus hábitos positivos, porque seus hábitos tornam-se seus valores. Mantenha seus valores positivos, porque seus valores..., tornam-se seu destino.” Mahatma Gandhi 7 RESUMO Transformações ocorridas no contexto social têm induzido a mudanças de hábitos alimentares da população, uma dessas mudanças é a realização de refeições fora de casa, o que tem aumentado consideravelmente a demanda do Setor de Alimentação Coletiva. Dentro deste setor encontram-se as Unidades de Alimentação e Nutrição (UANs) que são espaços voltados para preparação e fornecimento de grandes quantidades de refeições. No entanto, para se manterem dentro deste mercado em expansão, as UANs devem criar um diferencial competitivo por meio da melhoria da qualidade dos produtos e serviços. Para possibilitar essa melhoria, estão disponíveis no mercado as “Novas Tecnologias”, que tem o objetivo de sintetizar serviços, reduzir espaços de operação e possibilitar o controle de maneira exata e imediata, por isso, pode auxiliar no equilíbrio das ações e na manutenção da qualidade, resultando no fortalecimento da empresa no mercado e na garantia do alcance dos objetivos propostos pela UAN. Este trabalho teve como objetivo apresentar quais as Vantagens e Desvantagens do uso das Novas Tecnologias em duas Unidades de Alimentação e Nutrição com gestão terceirizada, a partir da visão dos profissionais responsáveis (Nutricionistas). A presente pesquisa caracteriza-se como aplicada, com objetivos de caráter descritivo e exploratório, classificada como um estudo de caso, e de procedimentos técnicos qualitativos. A coleta de dados foi realizada através de um questionário aplicado em forma de entrevista, este documento foi dividido em 15 Novas Tecnologias: Cardápio Diferenciado, Alimentos Funcionais, Ação de Desenvolvimento Profissional, Educação Nutricional, Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio, Avaliação da Qualidade Nutricional e Sensorial, Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle, Programa Alimentos Seguros, Metodologia 5’s, Inovações em Produtos Alimentícios, Inovações em Equipamentos e Utensílios, Inovações em Processos Produtivos, Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, Mapa de Risco e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Na apresentação e análise dos dados foram descritas quais as Novas Tecnologias presentes nas duas Unidades pesquisadas, bem como, quais as Vantagens e Desvantagens mencionadas pelos Nutricionistas para cada Nova Tecnologia. Estes dados foram tabulados, analisados e discutidos a partir do referencial teórico pesquisado. Assim, foi possível observar uma representativa diferença na presença das Novas Tecnologias das duas Unidades, estando elas mais presentes na Unidade A, mas já em relação às Vantagens e Desvantagens, não há uma diferença tão significativa, sendo que tanto as Vantagens quanto as Desvantagens das duas Unidades possuem um direcionamento semelhantes entre si. Conclui-se que os dados coletados na pesquisa vão ao encontro da literatura pesquisada, ressaltando que nem todos puderam ser comparados por consequência da falta de estudos relacionados ao tema. Com a realização da pesquisa fica evidente a necessidade de mais estudos nesta área, contudo, a mesma contribuiu através do tema abordado, não só com a produção científica acadêmica, mas também, com as empresas que fornecem refeições e que se preocupam com sua permanência no mercado de alimentação cada vez mais competitivo. Palavras-chave: Unidade de Alimentação e Nutrição. Novas Tecnologias. Vantagem. Desvantagem. 8 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Presença e Ausência das Novas Tecnologias na UAN A................... 50 Gráfico 2 – Presença e Ausência das Novas Tecnologias na UAN B................... 50 Gráfico 3 – Principais Vantagens citadas na UAN A............................................. 61 Gráfico 4 – Principais Vantagens citadas na UAN B............................................. 61 Gráfico 5 – Principais Desvantagens citadas na UAN A........................................ 62 Gráfico 6 – Principais Desvantagens citadas na UAN B........................................ 62 Gráfico 7 – Direcionamento das Vantagens das Novas Tecnologias da UAN A... 63 Gráfico 8 – Direcionamento das Vantagens das Novas Tecnologias da UAN B... 63 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Tipos de UANs em relação ao tipo de administração utilizada ..............25 Quadro 2 - Presença e ausência das Novas Tecnologias nas UANs estudadas ......50 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APPCC – Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle AQNS – Avaliação de Qualidade Nutricional e Sensorial AQPC – Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio CEP – Comitê de Ética em Pesquisa DTA – Doença Transmitida por Alimentos IMC – Índice de Massa Corporal NR – Norma Regulamentadora OMS – Organização Mundial da Saúde ONU – Organização das Nações Unidas PAS – Programa de Alimentos Seguros PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional POF – Pesquisa de Orçamento Familiar PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UAN – Unidade de Alimentação e Nutrição UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 13 2 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 17 3 OBJETIVOS.................................................................................................. 19 3.1 Objetivo Geral........................................................................................... 19 3.2 Objetivos Específicos............................................................................... 19 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................... 20 4.1 Unidade de Alimentação e Nutrição........................................................ 20 4.1.1 Conceito.................................................................................................. 20 4.1.2 Objetivos................................................................................................. 22 4.1.3 Gerenciamento....................................................................................... 23 4.1.4 Planejamento Físico.............................................................................. 26 4.2 Novas Tecnologias................................................................................... 26 4.2.1 Definição de tecnologia e inovação tecnológica................................ 26 4.3 Novas Tecnologias em Unidades de Alimentação e Nutrição.............. 28 4.3.1 Cardápio Diferenciado........................................................................... 29 4.3.2 Alimentos Funcionais............................................................................ 30 4.3.3 Ação de Desenvolvimento Profissional............................................... 31 4.3.4 Educação Nutricional............................................................................ 33 4.3.5 Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio (AQPC)........... 33 4.3.6 Avaliação da Qualidade Nutricional e Sensorial (AQNS)................... 34 4.3.7 Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)............. 35 4.3.8 Programa de Alimentos Seguros (PAS).............................................. 36 4.3.9 Metodologia 5S’s................................................................................... 36 4.3.10 Inovações em Produtos Alimentícios................................................ 38 4.3.11 Inovações em Equipamentos e Utensílios........................................ 39 4.3.12 Inovação em Processos Produtivos.................................................. 40 4.3.13 Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais (PPRA)................ 41 4.3.14 Mapa de Risco...................................................................................... 42 4.3.15 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).... 43 5 METODOLOGIA............................................................................................ 45 5.1 Delineamento da pesquisa....................................................................... 45 5.2 População e amostra................................................................................ 45 12 5.3 Critérios de inclusão e exclusão............................................................. 45 5.4 Instrumento de obtenção de dados........................................................ 46 5.5 Forma de obtenção de dados.................................................................. 46 5.6 Forma de análise de dados...................................................................... 47 5.7 Aspectos éticos........................................................................................ 47 5.8 Limitações do estudo............................................................................... 48 6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.............................................. 49 6.1 Presença ou ausência, vantagens e/ou desvantagens das Novas Tecnologias mencionadas pelos Nutricionistas pesquisados................... 49 6.1.1 Cardápio Diferenciado........................................................................... 50 6.1.2 Alimentos Funcionais............................................................................ 51 6.1.3 Ação de Desenvolvimento Profissional............................................... 52 6.1.4 Educação Nutricional............................................................................ 53 6.1.5 Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio (AQPC)........... 54 6.1.6 Avaliação da Qualidade Nutricional e Sensorial (AQNS)................... 54 6.1.7 Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)........... 55 6.1.8 Programa Alimentos Seguros (PAS).................................................... 56 6.1.9 Metodologia 5S’s................................................................................... 56 6.1.10 Inovações em Produtos Alimentícios................................................ 57 6.1.11 Inovações em Equipamentos e Utensílios........................................ 58 6.1.12 Inovações em Processos Produtivos................................................ 59 6.1.13 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).................. 59 6.1.14 Mapa de Risco...................................................................................... 60 6.1.15 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).... 60 6.2 Análise dos dados.................................................................................... 60 7 CONCLUSÃO................................................................................................ 65 8 REFERÊNCIAS............................................................................................. 67 APÊNDICE A – Questionário aplicado com os Nutricionistas das duas UANs................................................................................................................ 74 ANEXO A – Carta de Apresentação.............................................................. 77 ANEXO B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE........... 79 13 1 INTRODUÇÃO A alimentação e a nutrição constituem requisitos básicos para a promoção e a proteção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania (PINHEIRO; CARVALHO, 2008). Segundo a última Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) realizada em 2003 pelo IBGE, no Brasil os gastos com alimentação ocupam o segundo lugar na participação da despesa total familiar, representando, na média nacional, 21% dos gastos com despesas de consumo e 17% dos gastos totais das famílias (FIBGE, 2004 apud PINHEIRO; CARVALHO, 2008). Segundo Gouveia (2006), a indústria de alimentos no Brasil é responsável por quase 15% do faturamento do setor industrial e por empregar mais de 1 milhão de pessoas. No Brasil, estima-se que, de a cada cinco refeições, uma é feita fora de casa. Já na Europa duas em cada seis e, nos Estados Unidos da América, uma em cada duas. Esses números indicam que está havendo um grande aumento e desenvolvimento dos estabelecimentos que produzem alimentos para consumo imediato no país (AKUTSU et al., 2005). Dentre os estabelecimentos fornecedores de refeições encontram-se as Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), que são espaços voltados para preparação e fornecimento de refeições equilibradas em nutrientes, segundo o perfil da clientela (LANZILLOTTI et al., 2004 apud RICARTE, 2007). De acordo com Abreu; Spinelli e Zanardi (2007), Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) consiste um conjunto de áreas com objetivo de operacionalizar o provimento nutricional de coletividades. É um serviço organizado, que compreende uma sequência e sucessão de atos destinados a fornecer refeições balanceadas dentro dos padrões higiênicos e dietéticos, com o intuito de atender as necessidades nutricionais dos comensais, mas que se ajuste aos limites financeiros da Instituição. Sob o aspecto conceitual, UAN é considerada como a unidade de trabalho ou órgão de uma empresa que desempenha atividades relacionadas à 14 alimentação e à nutrição, independentemente da situação que ocupa na escala hierárquica da entidade (CARDOSO et al., 2005 apud RICARTE, 2007). O objetivo primário de uma UAN é servir refeições saudáveis do ponto de vista nutricional e seguras do ponto de vista higiênico-sanitário, no sentido de manutenção e/ou recuperação da saúde do comensal, visando auxiliar no desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis (PROENÇA et al., 2005). O mercado de alimentação no Brasil vem crescendo constantemente, resultado de grandes mudanças mundiais tais como: a) indisponibilidade de tempo das pessoas; b) crescimento de oferta/variedade de produtos e serviços; c) ganhos da produtividade sendo repassadas aos consumidores; d) marcas globais que indicam tendências e criam necessidades, dentre outros fatores (VAZ, 2003). Com o reconhecido crescimento do mercado de alimentação, torna-se imprescindível criar um diferencial competitivo nas empresas por meio da melhoria da qualidade dos produtos e serviços oferecidos, para que esse diferencial determine quais permanecerão no mercado. A indústria nacional de alimentos está investindo em “Novas Tecnologias” de produtos e processos, visando oferecer ao mercado consumidor, produtos com maior valor agregado, incentivada pela grande tendência internacional de consumo de produtos cada vez mais práticos. A indústria de alimentos brasileira tem conseguido seguir as tendências internacionais na área de produção, mas ainda precisa desenvolver trajetórias mais consistentes na área de inovação (AKUTSU et al., 2005). Em consequência a estas tendências, onde a concorrência tem gerado transformações nos processos operacionais e administrativos das empresas, percebe-se mudanças relevantes no dia-a-dia das mesmas. Comparando-se os sistemas produtivos e o ambiente entre as empresas tradicionais e modernas percebem-se tais mudanças e necessidades (RIBEIRO, 2002). Ribeiro (2002), afirma ainda que a invasão de diferentes formas de pensar, agir e atuar tem transformado o mercado de trabalho e as necessidades agregadas das populações. Isto gerou novos desafios e novas exigências. Contentar, encantar e compreender a demanda de produtos e serviços é tarefa que poucas empresas podem atingir. Marcon (1997), ressalta ainda que, a influência dessas tendências tem feito com que o Setor de Alimentação Coletiva passe por mudanças, principalmente em relação à tecnologia, estando ela relacionada com equipamentos, técnicas e 15 métodos operacionais, que resulta em mudanças no modo de organizar a produção da UAN. Com essas mudanças as UANs passam a não se preocupar somente com a qualidade do alimento já pronto, mas com os fatores que podem interferir na qualidade da preparação durante a sua produção, fornecimento de matéria-prima, armazenamento, etc (MARCON, 1997). O resultado disso é que cada vez mais as empresas têm se conscientizado de que, para ter competitividade, a melhoria na qualidade de vida, e condições de trabalho de seus colaboradores, torna-se um investimento imprescindível (FERNANDES; SILVA; OLIVEIRA, 2006). Portanto, as Novas Tecnologias são instrumentos que possibilitam essas melhorias, resultando no fortalecimento da empresa no mercado e na garantia do alcance dos objetivos propostos pela UAN. Perrin (1984 apud PROENÇA, 1996), define que tecnologia é o conjunto de informações utilizadas pelo homem para transformar a matéria e para organizar sua participação nesta transformação, ao nível de uma fábrica, de um setor industrial, de uma nação ou entre nações. A implantação de Novas Tecnologias é um fenômeno que vem ocorrendo mais intensamente, no Brasil, desde o final da década de 70. Atualmente é necessário incorporar ao processo de trabalho as tecnologias que possibilitem a modernização da empresa, como forma de prestar um melhor atendimento ao cliente e possibilitar um sistema de informações, controle e gerenciamento que seja capaz de gerar menores custos (GONÇALVES, 1994). As Novas Tecnologias, conforme relatam McCool (1994 apud SANTANA, 2002), Jones e Heulin (1990 SANTANA, 2002), têm contribuído para mudanças nos sistemas de produção e melhoria da qualidade dos alimentos prontos, ou prépreparados, encontrados em larga escala nos serviços americanos, reduzindo os gastos com a mão de obra, racionalizando o trabalho, e melhorando a produtividade. As Novas Tecnologias à disposição da UAN sintetizam serviços, reduzem espaços de operação e possibilitam o controle de maneira exata e imediata. Por isso, podem auxiliar no equilíbrio das ações e na manutenção da qualidade (LOBO, 1999 apud ALVES, 2005). 16 Diante de todas as mudanças, tendências, e inovações uma das principais preocupações do mercado de alimentação é a busca constante e árdua pela melhoria da produtividade e eficiência. Assim, a produção da empresa moderna deve ser feita de maneira a evitar erros e problemas decorrentes da pouca ou da não qualidade. As empresas que continuarem a desrespeitar as regras gerenciais impostas pelo mercado e pelos clientes está condenada ao desaparecimento. Não há lugar no mercado de oportunidades para as empresas que não alcançarem, demonstrarem e apresentarem qualidade agregada a seus produtos e serviços (RIBEIRO, 2002). 17 2 JUSTIFICATIVA As transformações ocorridas no contexto social induziram a modificações nos hábitos alimentares. A realização de refeições fora de casa tem se tornado comum devido à inserção da mulher no mercado de trabalho, a distância do trabalho e de casa e a falta de tempo imposta pela correria diária. Estes fatores elevaram consideravelmente a demanda do Setor de Alimentação Coletiva (RIEKES, 2004). Dados recentes mostram que o Setor de Alimentação Coletiva tem apresentado grande expansão na economia nacional, com o fornecimento de 7,5 milhões de refeições por dia, movimentando cerca de 8,4 bilhões de reais por ano, oferecendo 180 mil empregos diretos e consumindo 3,0 toneladas de alimentos e representa para os governos uma receita anual de 1 bilhão de reais entre impostos e contribuições (ABERC, 2008). O Setor de Alimentação Coletiva caracteriza-se por apresentar grande importância em nível mundial, na medida em que responde às necessidades ligadas tanto à saúde das pessoas, como às características inerentes à evolução da sociedade. No caso do Brasil, com situações nutricionais bastante díspares, este caráter é ampliado pela necessidade de consideração das questões sociais e econômicas envolvidas (PROENÇA, 1996). Dentro desta expansão econômica, o uso de Novas Tecnologias vem se tornando de suma importância para o aumento e fortalecimento do setor alimentício. Assim, compreende-se por Novas Tecnologias a aplicação de um novo conjunto de conhecimentos ao processo produtivo, com alterações em algum atributo do produto antigo e/ou no grau de aceitação do produto pelo mercado, traduzindo-se, em geral em uma elevação do nível de lucratividade e/ou posição da empresa no mercado (ROSENTHAL & MOREIRA, 1992 apud PROENÇA, 1999). Novas Tecnologias em Alimentação Coletiva envolvem inovações em equipamentos; em produtos alimentícios e em processos produtivos. Os novos equipamentos possuem diferenciais que baseiam-se na transmissão de calor, através de aparelhos de cocção e resfriamento. Em relação aos produtos alimentícios as inovações são referentes à elaboração prévia dos mesmos, facilitando o preparo e prolongando o prazo de validade. Já os processos produtivos 18 referem-se à produção a partir desses alimentos pré-elaborados que representam impactos nos custos totais, bem como a utilização do processo de cadeia fria, que permite a dissociação temporal e espacial entre o preparo e a distribuição (PROENÇA, 1996). Apesar das facilidades que as inovações trazem ao setor, o mesmo manteve-se durante muito tempo à margem das evoluções tecnológicas, tanto em nível de equipamentos e instalações como em nível de organização e gestão de processo (KAWASAKI; CYRILLO; MACHADO, 2007). As razões para este relativo atraso tecnológico podem ser relacionadas, em nível geral, com o fato de que o setor de serviços caracteriza-se por tradicionalmente buscar as inovações já desenvolvidas pelo setor de produção de bens. Quanto às questões específicas da alimentação coletiva considera-se que, aos aspectos ligados à tradição na confecção de refeições, observados tanto nos países da Europa Ocidental como no Brasil, soma-se uma noção bastante difundida de que uma unidade de produção de refeições coletivas é somente uma cozinha doméstica maior e que, portanto, não requer procedimentos especiais para o seu funcionamento (PROENÇA, 1996). Matos e Proença (2003) afirmam que embora o arsenal tecnológico disponível para o setor seja significativo, a qualidade das refeições ainda está diretamente relacionada ao desempenho da mão-de-obra. Diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos da América e em países da Europa Ocidental, Novas Tecnologias de produção de alimentação para coletividades têm sido desenvolvidas e implantadas com o intuito de aumentar expressivamente a qualidade e a produtividade (PROENÇA, 1999). Pela escassez de literatura sobre um assunto de extrema relevância dentro da área de Alimentação Coletiva, a presente pesquisa tem como objetivo descrever vantagens e desvantagens do uso das Novas Tecnologias em duas Unidades de Alimentação e Nutrição. Portanto, a importância teórica deste estudo está relacionada tanto com a atualidade do tema, quanto pela contribuição com a ampliação do conteúdo científico acadêmico, servindo assim como fonte de conhecimento para futuras pesquisas e contribuindo relevantemente à literatura. 19 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Apresentar quais as vantagens e desvantagens das Novas Tecnologias em duas Unidades de Alimentação e Nutrição com gestão terceirizada, a partir da visão dos profissionais responsáveis (Nutricionistas). 3.2 Objetivos Específicos • Listar quais as novas tecnologias utilizadas nas Unidades de Alimentação e Nutrição estudadas; • Comparar a presença de Novas Tecnologias em Unidades com gestão terceirizada; • Confrontar os dados da pesquisa em relação às vantagens e desvantagens mencionadas pelos Nutricionistas das Unidades de Alimentação e Nutrição; • Analisar a visão dos Nutricionistas, mesmo na ausência de alguma Nova Tecnologia pesquisada, quais as Vantagens e Desvantagens por eles conhecidas; • Verificar o direcionamento das Novas Tecnologias quanto a sua utilidade, empregando-se a empresa, cliente ou colaborador. 20 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4.1 Unidade de Alimentação e Nutrição 4.1.1 Conceito Unidade de Alimentação e Nutrição é considerada como uma unidade de trabalho ou órgão de uma empresa, que desempenha atividades relacionadas ao fornecimento de refeições (TEIXEIRA et al., 2004). Os termos utilizados para denominar o setor de refeições coletivas, em larga escala, variam. Nos Estados Unidos, a denominação para a provisão de alimentação, incluindo produção e serviço, é food service. Na Europa, em países de língua inglesa, o termo é catering (derivado do verbo to cater), que significa fornecer todos os alimentos necessários. Já nos países em que se fala o francês, o termo utilizado é restauration, que se subdivide em restauration comerciale, representada por restaurantes que atendem clientela ocasional ou regular, abertos a qualquer tipo de público, ou restauration collective, com atendimento à clientela definida, comunidade de direito ou de fato, podendo situarem-se no setor trabalho (empresas), ensino (escolas e universidades - públicas ou privadas), saúde ou social (hospitais, asilos e orfanatos - públicos ou privados) e outros, como prisões, comunidades religiosas e forças armadas (PROENÇA, 1997 apud COLARES, 2005). No Brasil, a designação acompanha a do idioma francês: os termos usados são alimentação comercial e alimentação institucional, sendo que os estabelecimentos que trabalham com a produção e distribuição de alimentação para coletividades tanto enfermas como sadias são comumente denominados de Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) (COLARES, 2005). UANs são unidades que pertencem ao Setor de Alimentação Coletiva, cuja finalidade é administrar a produção de refeições nutricionalmente equilibradas 21 com bom padrão higiênico-sanitário para consumo fora do lar, que possam contribuir para manter ou recuperar a saúde de coletividades, e ainda, auxiliar no desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis. Atendem clientela definida – comunidade de direito ou de fato – e podem estar situadas em empresas, escolas, universidades, hospitais, asilos, orfanatos, dentre outras instituições (COLARES; FREITAS, 2007). Para Santana (1996 apud ALVES, 2005), UANs são restaurantes industriais, que produzem refeições em grande quantidade, e consequentemente realizam atividades relacionadas à alimentação e nutrição. Podendo assim, ser comparadas a uma grande indústria, que a cada ciclo produtivo e a cada dia, produz um novo produto que precisa dar ênfase a higiene, segurança alimentar e que tem uma organização de produção relativamente dificultosa. Segundo Abreu, Spinelli e Zanardi (2007) UAN é um conjunto de áreas com o objetivo de operacionalizar o provimento nutricional de coletividades. Consiste de um serviço organizado, compreendendo uma sequência e sucessão de atos destinados a fornecer refeições balanceadas dentro dos padrões dietéticos e higiênicos, visando assim, atender as necessidades nutricionais de seus clientes, de modo que se ajuste aos limites financeiros da Instituição. Segundo Teixeira, (1990 apud VEIROS, 2002) entende-se por UAN uma unidade de trabalho que desempenha atividades relacionadas à alimentação e nutrição, sendo órgãos de estrutura administrativa simples, porém de funcionamento complexo, sendo que nelas são desenvolvidas atividades de funções técnicas, administrativas, comerciais, financeira, contábil e de segurança. Lanzillotti (2000 apud COLARES, 2005), define ainda que UAN é parte integrante do Setor de Alimentação Coletiva distinguindo-se de qualquer outro processo de produção de refeições, por seu compromisso com a saúde, uma vez que devem oferecer uma alimentação equilibrada nutricionalmente, obedecendo às Leis da Alimentação (quantidade, qualidade, harmonia e adequação), e ser adequada ao comensal (consumidor em alimentação coletiva), no sentido da manutenção ou recuperação da sua saúde, com vistas a auxiliar no desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis (educação alimentar); devem ainda, possuir bom padrão higiênico-sanitário, além de ter um Nutricionista como responsável técnico. 22 As empresas prestadoras de serviço de alimentação de coletividades tratam de alimentar pessoas que se encontram fora de suas residências. São grupos variados de estudantes, idosos, trabalhadores, presidiários e enfermos. O Setor de Alimentação Coletiva é um mercado de expansão gradativa e de forma crescente, revelando-se como um grande empregador (VAZ, 2003). A importância da alimentação para o ser humano está relacionada ao atendimento das necessidades biológicas; além disso, envolve outros aspectos como, os psicológicos, sociais e econômicos, os quais merecem tanta consideração quanto os biológicos (COLARES, 2005). 4.1.2 Objetivos O objetivo de uma UAN é ofertar refeições nutricionalmente equilibradas, com bom nível de sanidade e adequadas ao comensal. Esta adequação tem como objetivo manter e/ou recuperar e promover a saúde dos clientes, além de buscar desenvolver hábitos alimentares saudáveis, amparados pela educação nutricional. Além dos aspectos relacionados à refeição, uma UAN objetiva ainda satisfazer o comensal com o serviço oferecido. Isto quer dizer satisfazê-lo em relação ao ambiente físico, incluindo tipo, conveniência, e condições de higiene das instalações e equipamentos disponíveis, até o contato pessoal entre o colaborador da UAN e o comensal, nos mais diversos momentos (PROENÇA, 1997 apud VEIROS, 2002). Uma refeição balanceada é fundamental não só no que diz respeito a saúde, mas também a produtividade do comensal (trabalhador). Em relação ao trabalhador, a refeição deve preservar o valor nutritivo e os aspectos sensoriais dos alimentos, os quais devem ser qualitativa e quantitativamente adequados ao hábito alimentar e capazes de promover uma vida saudável, prevenindo o aparecimento de doenças e garantindo saúde e capacidade de trabalho, que resultará ao comensal, bom rendimento do trabalho, aumento da produtividade e diminuição dos acidentes (VANIN et al., 2007). A intervenção alimentar representa um importante reflexo na saúde dos comensais, inclusive numa UAN do setor de trabalho, sendo que para diversos 23 colaboradores, a alimentação ofertada na empresa representa a grande refeição do dia (VANIN et al., 2007). Fernandes, Silva e Oliveira (2006) dizem ainda que a alimentação adequada resulta numa maior eficiência das funções do organismo e, consequentemente, no estado de saúde dos indivíduos. Esse dado também foi confirmado por Peguignot (1971 apud FERNANDES; SILVA; OLIVEIRA, 2006), que afirma que se o empregado receber uma refeição balanceada em quantidades e nutrientes, a produção aumenta cerca de 10%, provando que se estiver mal nutrido sua produtividade não será boa. O empregado mal alimentado cansa em poucas horas e, provavelmente, aumenta os erros e os riscos de acidentes de trabalho. Segundo Teixeira et al., (2004), a alimentação em UAN deve alcançar alguns objetivos: ela deve ser equilibrada em alguns nutrientes de acordo com os hábitos alimentares da clientela; deve ser segura sob o aspecto higiênico e deve estar ajustada a disponibilidade financeira da empresa. 4.1.3 Gerenciamento As atividades de gerenciamento ligadas a alimentação coletiva, caracterizam-se pelo controle das atividades relacionadas ao fluxo operacional da produção de refeições, responsabilizado-se por ações que iniciam com planejamento de cardápios, desdobrando-se com a compra, o preparação, distribuição, controle e a garantia de qualidade de todos os procedimentos envolvidos (BERTIN, 2005). O gerenciamento das UANs apresenta algumas dificuldades, pois possuem estrutura organizacional simples, linear, caracterizada por uma unidade de comando, representada por um Nutricionista responsável técnico e um número pequeno de níveis hierárquicos. Há, no entanto, complexidade em seu funcionamento, dependente de fatores como o porte (quantidade e tipo de refeições produzidas) e a forma de inserção no mercado (tipo de gerenciamento, próprio ou terceirizado e tipo de contrato, quando administrado por terceiros) (PROENÇA, 1993 apud COLARES; FREITAS, 2007). 24 As UANs são órgãos de estrutura administrativa simples, porém de funcionamento complexo, visto que, em geral, neles são desenvolvidas atividades que se enquadram nas funções técnicas, administrativas, comerciais, financeira contábil e de segurança (TEIXEIRA et al., 2004). Possuem ainda características diferenciadas: podem ter serviço próprio, quando uma empresa, mesmo tendo outra atividade fim, assume a responsabilidade, inclusive técnica, pela elaboração das refeições, necessitando de infra-estrutura e possibilitando melhor controle de qualidade (TEIXEIRA et al., 2004). Nesta opção a própria empresa se encarrega de providenciar instalações e equipamentos, adquire matéria-prima, faz controle de qualidade, seleciona, contrata e treina seu pessoal, faz ainda manutenção da área e dos equipamentos, bem como gerencia todo o processo (MARCON, 1997; PROENÇA et al., 2005). As UANs podem também ser geridas por terceiros, por meio de concessionárias de alimentação coletiva, por diversas modalidades de contrato entre a empresa beneficiária (tomadora de serviço) e a concessionária (prestadora de serviço). Nesta modalidade de serviço, a maior ou menor possibilidade de atendimento eficaz depende da organização e qualificação do pessoal técnico, operacional e administrativo disponível nas empresas prestadoras de serviço (TEIXEIRA et al., 2004). Em UANs terceirizadas, os contratos entre empresas beneficiárias e concessionárias são feitos das mais diversas formas. Observa-se hoje uma tendência das empresas contratadas equiparem-se e responsabilizarem-se pela manutenção dos equipamentos utilizados na produção de refeições, devido à competitividade no mercado e por melhor produtividade (LANZILLOTTI, 2000 apud COLARES, 2005). Para Alves (2005) as empresas que utilizam a gestão por auto-serviço, fazem da refeição um benefício oferecido a sua clientela, enquanto que as empresas fornecedoras de refeição - as terceirizadas -, veem a refeição como uma mercadoria ou um produto a ser comercializado. No quadro 1, é feita a comparação dos tipos de UANs em relação ao tipo de administração utilizada: 25 UAN com administração de auto-serviço UAN com administração terceirizada A produção da refeição é realizada por A empresa beneficiária contrata uma uma empresa que focaliza outra tarefa empresa como refeições como administra a produção de refeições: da contratada terá compra de insumos à administração de sobre todo o processo produtivo das refeições; da contratação de pessoal à refeições: da compra de insumos à manutenção das instalações. distribuição de refeições; da contratação atividade-fim, mas também de que pessoal tem à a a produção de atividade-fim. A responsabilidade manutenção das instalações. Quadro 1 – Tipos de UANs em relação ao tipo de administração utilizada Fonte: ALVES (2005). Segundo Veiros (2002), a terceirização dispõe das seguintes opções: Administração por mandato: as despesas são pagas pela contratante, e sobre este valor é cobrada uma taxa de administração; Administração por gestão direta: a contratada estabelece um preço de venda do produto (refeição) e deve administra da melhor forma possível para gerar lucro. A aquisição e a manutenção de equipamentos e utensílios dependem do tipo de contrato; Refeição transportada: quando a refeição é produzida em cozinha industrial e transportada até o local de trabalho; Administração de cozinha e refeitório: a empresa beneficiária contrata os serviços de uma terceira, que utiliza as instalações da primeira para o preparo e distribuição das refeições; Refeição convênio: quando os empregados da empresa beneficiária fazem suas refeições em restaurantes conveniados com empresas operadoras de vales, tíquetes ou cupons; Alimentação convênio: a empresa beneficiária fornece senhas, tíquetes, para aquisição de gêneros alimentícios em estabelecimentos comerciais; e Cesta de alimentos: a empresa beneficiária fornece alimentos em embalagens especiais, garantindo ao trabalhador ao menos uma refeição diária. O número de empresas de serviços que fornecem refeições coletivas cresce a cada ano. Em 1995, a autoserviço representava 1,5 milhões de refeições por dia, e as terceirizadas, 2,5 milhões de refeições por dia. Em 2001, o número de refeições distribuídas pelas UANs administradas por autoserviço reduziu em mais de 60%, em contrapartida, as prestadoras de serviços conquistaram o mercado, tendo crescido em torno de 80% (ABERC, 2008). 26 4.1.4 Planejamento Físico O planejamento físico das UANs, é fundamental para adequar a instalação da unidade ao seu objetivo. É através do planejamento que se pode garantir refeições dentro dos parâmetros qualitativos desejados, tanto do ponto de vista técnico como higiênico (TEIXEIRA et al., 2004). O planejamento deve ser detalhado desde a sua instalação, aquisição de equipamentos e organização, até a implantação de serviços. Devem ser considerados vários fatores como: número de refeições a serem servidas, forma de distribuição, diversificação do serviço, quantidade de colaboradores, tipo e quantidade de equipamentos, entre outros aspectos. O planejamento deve seguir um fluxo coerente, a fim de evitar cruzamentos e retrocessos, que podem comprometer a produção das refeições (MANZALLI, 2006). Já para Arruda (2002 apud SACCOL, 2007), os principais aspectos que devem ser levados em consideração no planejamento são: superfícies lisas e impermeáveis, equipamentos de fácil higienização e eliminação de fluxos de processamento com cruzamentos indesejáveis. Os equipamentos e utensílios devem ser duráveis, de fácil higienização, resistente ao calor, à prova de ferrugem, sem utilização de madeira e de nenhum equipamento ou utensílio quebrado, ou qualquer outro tipo de defeito. 4.2 Novas Tecnologias 4.2.1 Definição de tecnologia e inovação tecnológica Através dos tempos, o homem tem buscado métodos e processos de trabalho que minimizem o esforço e aperfeiçoem o resultado na produção dos bens que necessita. Assim, se no início da atividade laboral o trabalho era executado com 27 as mãos, a evolução ocorreu no sentido da utilização de ferramentas, máquinas de acionamento mecânico e, atualmente, equipamentos automatizados. A tecnologia pode ser considerada, então, como uma potente força no sentido de poder estender as capacidades humanas (GONÇALVES et al., 1993 apud PROENÇA, 1996). Para Sáenz e Capote (2002), a tecnologia pode ser definida por dois pontos de vista diferentes: como um conjunto de conhecimentos ou como uma atividade. No primeiro caso, tecnologia é definida como um conjunto de conhecimentos científicos e empíricos, de habilidades, experiências e organização requeridos para produzir, distribuir, comercializar e utilizar bens e serviços. Inclui tanto conhecimentos teóricos como práticos, meios físicos, “know how”, métodos e procedimentos produtivos, gerenciais e organizacionais, entre outros. Do ponto de vista da tecnologia como atividade, esta pode ser entendida como a busca de aplicações para o conhecimento já existente. Wisner (1981 apud PROENÇA, 1996), ressalva que a tecnologia não é somente uma questão de máquinas ou de ciências aplicadas, sendo, essencialmente, um intermediário na interação do homem com seu ambiente, uma ferramenta que, por sua vez, o ajuda na conquista da natureza e tem um efeito direto na sua vida em sociedade. No entanto, antes de se definir inovação tecnológica, é preciso definir inovação. Segundo Barbieri e Álvares (2004 apud ANDREASSI, 2007), o verbo inovar vem do latim innovare e significa renovar ou introduzir novidades de qualquer espécie. Já a inovação é uma variante e quer dizer renovado ou tornado novo. Andreassi (2007), também define os tipos de inovação existentes, que são: as de produto e as de processo. A inovação de produto ocorre quando a empresa introduz um novo produto ou serviço em sua linha de atuação, ou faz uma melhoria substancial em um produto ou serviço já existente. Já a inovação de processo refere-se à introdução de novos processos produtivos ou alterações em processos já existentes. Quando as inovações de produtos e de processos são acompanhadas pela inserção de novas tecnologias - isto é, conhecimento científico e empírico empregados em qualquer ramo de atividade -, está aí a Inovação Tecnológica (ANDREASSI, 2007). Segundo o Manual Frascati (1993 apud SÁENZ; CAPOTE, 2002), inovação é a transformação de uma idéia em um produto novo ou melhorado que se 28 introduz no mercado, ou em novos sistemas de produção, e em sua difusão, comercialização e utilização. O manual também define inovação tecnológica como, a melhoria substancial de produtos ou processos já existentes. Para uma empresa, a aquisição de uma tecnologia conhecida significa uma inovação, exigindo, para sua adoção, muito trabalho de assimilação e adaptação. Assim, atividades importantes dedicadas à adaptação ou à melhoria marginal de tecnologias de processos e produtos – as quais muitas vezes não são novas – constituem uma inovação do ponto de vista da empresa (SÁENZ; CAPOTE, 2002). 4.3 Novas Tecnologias em Unidades de Alimentação e Nutrição O aumento da competitividade entre empresas incentivou a busca por novos processos tecnológicos de produção de refeições. O sistema tradicional de produção de refeições coletivas é definido como o modo de produção, no qual a etapa de preparo dos alimentos é efetuada imediatamente antes de servir as refeições, sendo as preparações mantidas em equipamentos conservadores de temperaturas adequadas e servidas no local da produção (KAWASAKI; CYRILLO; MACHADO, 2007). As inovações tecnológicas relacionadas com a alimentação coletiva incluem equipamentos, produtos alimentícios e processos produtivos. Os novos equipamentos contêm diferenciais principalmente com relação à transmissão de calor, através de aparelhos de cocção e resfriamento. Já os produtos alimentícios, relacionam a elaboração prévia dos mesmos, facilitando o preparo e aumentando o prazo de validade. Com relação aos processos produtivos, as proposições determinam a produção, a partir destes alimentos pré-elaborados (cozinha de montagem), com impactos significativos nos custos totais, bem como a utilização do processo de cadeia fria, que permite a dissociação temporal e espacial entre preparo e distribuição (PROENÇA, 1999). Já Silva Jr. (2002 apud ALVES, 2005), divide as inovações que garantem qualidade higiênico-sanitária e qualidade nutricional dos alimentos, em 29 investimentos de baixo, médio e alto custo. Em relação a investimentos de baixo e médio custo, as UANs podem preferir por adequações do cardápio e do modo de operacionalização, adaptações estruturais e ações de desenvolvimento profissional intensas e contínuas. Logo as inovações de alto custo, podem ser divididas em aquisição de novos equipamentos, ou implantação de diferentes técnicas de produção. Proença (2000 apud ALVES, 2005), expõe que as UANs direcionam-se para modificações do processo tradicional, fazendo uso de Novas Tecnologias para antecipar as necessidades dos clientes. As Novas Tecnologias garantem o fornecimento de serviços mais rápidos, com maior flexibilidade de horários, de opções de escolha, com garantia de qualidade e de controle higiênico-sanitário das preparações, sendo algumas delas: Cardápio Diferenciado, Alimentos Funcionais, Ação de Desenvolvimento Profissional, Educação Nutricional, Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio (AQPC), Avaliação da Qualidade Nutricional e Sensorial (AQNS), Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), Metodologia 5’s, Inovações em Produtos Alimentícios, Inovações em Equipamentos e Utensílios, Inovações em Processos Produtivos, Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais (PPRA), Mapa de Risco, Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). 4.3.1 Cardápio Diferenciado As UANs têm como objetivo principal oferecer alimentação adequada às necessidades nutricionais da clientela das empresas. Os cardápios elaborados devem ser, portanto, balanceados de modo que os requerimentos em energia e nutrientes possam ser atendidos, garantindo saúde e capacitação para o trabalho. As preparações culinárias de cada refeição devem ser selecionadas pelo Nutricionista, levando em consideração os hábitos e as preferências alimentares da clientela, a safra, a oferta e o custo do gênero alimentício no mercado, os recursos humanos, a disponibilidade de área e equipamentos, o preparo e o consumo efetivo dos alimentos (AMORIM; JUNQUEIRA, JOKL 2005). 30 O cardápio deve ser elaborado pelo Nutricionista, e pode ser utilizado como forma de educação nutricional, prevenindo o aparecimento de doenças, melhorando, mantendo ou recuperando a saúde. Por outro lado, se não for elaborado com o cuidado necessário, considerando os aspectos que precisam ser atribuídos a essa tarefa, pode contribuir para fragilizar o estado nutricional das pessoas (PROENÇA et al., 2005). Com a implementação de mudanças no cardápio, é possível melhorar o comportamento alimentar dos comensais por meio do equilíbrio nutricional do cardápio, buscando promover saúde e melhor qualidade de vida (RODRIGUEZ, 2001). Uma tendência é a oferta de opções diferenciadas. Essa refeição alternativa ou light tem sido opção interessante, geradora de satisfação aos comensais. Assim o cardápio light pode ser implantado junto ao cardápio habitual da UAN, podendo ser apenas uma opção menos calórica, quando há a oferta de preparações saudáveis, nutricionalmente adequadas e sensorialmente atrativas. Outra tendência nas UANs é a existência da troca da refeição principal por um lanche, mas, no entanto deve-se tomar cuidado justamente com a composição de tais lanches e a frequência de sua oferta (PROENÇA et al., 2005). 4.3.2 Alimentos Funcionais Quando surgiram os primeiros restaurantes dentro das indústrias, a função da alimentação era fornecer energia ao organismo do trabalhador. Com as mudanças decorrentes do desenvolvimento da refeição, a ciência da nutrição foi se aprimorando e, com o aumento da preocupação com a saúde e qualidade de vida dentro das instituições, os restaurantes passaram também a ter o papel de promotores de saúde. Atualmente as pessoas estão procurando cada vez mais ter uma vida saudável, e a mudança de hábitos alimentares pode ser considerada como um fator-chave neste novo estilo de vida (VILARTA et al., 2007). 31 Com a evolução da Alimentação Coletiva, pretende-se promover mudanças de comportamento alimentar, melhorar o equilíbrio nutricional do cardápio. Dentre as possíveis melhorias do cardápio, está a utilização de alimentos funcionais (VILARTA et al., 2007). Alimentos funcionais são considerados “todos aqueles alimentos ou ingredientes que, além das funções nutricionais básicas, [...] produzem efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde” (BRASIL, 1999 apud RODRIGUES; TOMAÉL, 2008). Para Galisa, Esperança e Sá (2008), alimento funcional é qualquer alimento, natural ou preparado, que contenha uma ou mais substâncias classificadas como nutrientes ou não nutrientes, capazes de atuar no metabolismo e na fisiologia humana, promovendo efeitos benéficos para a saúde, podendo retardar o estabelecimento de doenças crônico-degenerativas e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Rodrigues e Tomaél (2008), dizem que os conhecimentos embutidos em alimentos funcionais provavelmente são Novas Tecnologias. O mercado de alimentos funcionais tem crescido a taxas anuais de aproximadamente 10% e se revela um campo fértil de pesquisa e oportunidades comerciais. Porém, as inovações em alimentos funcionais no Brasil são ainda incipientes se comparadas ao estágio em que se encontram hoje empresas do Japão, Estados Unidos e Europa. Ainda há um longo caminho a percorrer (GOUVEIA, 2006). 4.3.3 Ação de Desenvolvimento Profissional Para Arruda (2002 apud SACCOL, 2007), a qualidade do alimento não é assegurada somente pela adequação das instalações, melhores equipamentos, métodos e matérias-primas adequadas. O manipulador é elemento fundamental na implantação das Boas Práticas e, dessa maneira, todas as pessoas que trabalham na UAN precisam estar conscientes sobre a importância de oferecer um alimento seguro ao consumidor. 32 A capacitação de colaboradores para a manipulação de alimentos é fundamental para o controle de microrganismos indesejáveis nas matérias-primas utilizadas na alimentação humana e na produção de alimentos (SACCOL, 2007). É indiscutível que as ações de desenvolvimento profissional específicos para manipuladores de alimentos são o meio mais recomendável e eficaz para transmitir conhecimento e promover mudanças de atitude (ANDREOTTI et al., 2003). De acordo com Abreu, Spinelli e Zanardi (2007), ações de desenvolvimento profissional proporcionam também informações aos empregados a respeito das técnicas dietéticas (de pré-preparo, preparo, cocção, armazenamento e distribuição), com bases científicas, evitando desperdício de gêneros alimentícios e resultados danosos ao valor nutritivo das refeições. Segundo Chiavenato (1997 apud ABREU; SPINELLI; ZANARDI, 2007), o desenvolvimento profissional “visa ampliar, desenvolver e aperfeiçoar o homem para seu crescimento profissional em determinada carreira na empresa ou para que se torne mais eficiente e produtivo no seu cargo”. Abreu, Spinelli e Zanardi (2007), evidenciam ainda que ações de desenvolvimento profissional, quando devidamente administrado, representa um fator de motivação. Através dele, a equipe melhora a capacidade de trabalho, tornase mais participativa, contribui com novas idéias, satisfazendo sem dúvidas, as necessidades pessoais de valorização, de aceitabilidade pelo grupo e de segurança. Por outro lado, Ações de desenvolvimento profissional dão condições à UAN de reduzir os custos operacionais, racionalizar o uso do tempo e das máquinas, utensílios e procedimentos, reduzindo também o tempo dedicado à supervisão. Através das ações de desenvolvimento profissional, são atingidos alguns resultados satisfatórios, dentre os quais: melhoria da produtividade; maior segurança das técnicas, dos padrões de execução, maior segurança e higiene do trabalho; maior confiança no desempenho do empregado, diminuindo as ações de supervisão; redução das taxa de absenteísmos; redução das taxas de rotatividade de mão-de-obra; melhoria da qualidade dos produtos e serviços; redução da frequência de perdas e danos, desperdícios de gêneros e danos a equipamentos e utensílios (ABREU; SPINELLI; ZANARDI, 2007). 33 4.3.4 Educação Nutricional Cada vez mais as empresas se conscientizam de que para ter competitividade, melhoria na qualidade de vida e das condições de trabalho de seus colaboradores, a educação nutricional torna-se um investimento necessário. Uma alimentação apropriada requer informações e mudança de hábitos e atitudes que só um processo educativo pode proporcionar. Na era da informação e das Novas Tecnologias, saúde, alimentação e educação são sinônimos de competitividade (PEGADO, 1995 apud NIERO, 2004). Segundo Fernandes; Silva e Oliveira (2006), a educação nutricional deve ser pensada como um instrumento eficaz para evidenciar a importância da alimentação para a saúde e os comprometimentos desta que poderão surgir de uma alimentação inadequada. A educação nutricional visa difundir os conhecimentos práticos da ciência da Nutrição para as pessoas, independentemente de serem pobres ou ricas, conhecerem o valor nutricional das diversas partes dos alimentos e a técnica de utilizá-los em preparações, a fim de cobrir as suas necessidades orgânicas (PRASS; MOREIRA; OLIVEIRA, 2007). 4.3.5 Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio (AQPC) A Avaliação Qualitativa das Preparações do cardápio (AQPC) é um método que visa auxiliar o profissional na elaboração de um cardápio que seja adequado do ponto de vista nutricional e alguns aspectos sensoriais, dentro dos parâmetros de saúde cientificamente preconizados, com o intuito de facilitar e auxiliar a sua estruturação (PROENÇA et al., 2005). A proposta do Método AQPC permite analisar qualitativamente a composição do cardápio, considerando as preparações que o compõem quanto a cores e técnicas de preparo, as repetições e combinações, a oferta de determinados 34 alimentos como folhosos, frutas ou tipo de carnes, além do teor de enxofre dos alimentos (VEIROS; PROENÇA, 2003). Dois pontos de destaque do método são a ampla possibilidade de avaliação e a consideração dos itens numéricos. Assim seus percentuais servem para auxiliar na avaliação, mas não representam recomendações estatísticas, pois é somente uma referência, um parâmetro que deve ser considerado analisando as condições da UAN e seus objetivos (PROENÇA et al., 2005). 4.3.6 Avaliação da Qualidade Nutricional e Sensorial (AQNS) A Avaliação da Qualidade Nutricional e Sensorial (AQNS) é uma sistemática de procedimentos que tem por objetivos identificar, avaliar e controlar os perigos nutricionais e sensoriais durante o processo produtivo das preparações de refeições que, aplicada associada ao sistema APPCC, visa assegurar a qualidade nutricional e sensorial das mesmas aos consumidores (RIEKES, 2004; PROENÇA et al., 2005). Considerando que não nos alimentamos de nutrientes, mas de alimentos com cheiro, cor, textura e sabor, o sistema AQNS foi desenvolvido destacando a importância da relação entre alimentação equilibrada nutricionalmente, segura do ponto de vista microbiológico, adequada ao indivíduo e que, ao mesmo tempo, lhe proporcione prazer. O que é confirmado pela Portaria nº 710, de 1999, através do conceito de critério de sanidade dos alimentos que diz: “são princípios e normas para assegurar que os alimentos tenham bom valor nutritivo e não apresentem contaminantes físicos, químicos e biológicos prejudiciais à saúde dos consumidores” (BRASIL, 1999, ANEXO, Item 6 apud BORJES, 2007). Os perigos nutricionais representam a possibilidade de perda ou redução do valor nutricional de uma determinada preparação e os perigos sensoriais de comprometimento dos aspectos como cor, sabor, aroma, textura de uma determinada preparação, ambos em função dos procedimentos adotados em seu processo de elaboração, ou seja, em decorrência da utilização de técnicas de 35 preparo inadequadas (RIEKES, 2004; PROENÇA et al., 2005; HERING et al., 2006 apud BORJES, 2007). O sistema AQNS tem fundamental importância, pois através da avaliação sensorial, são levadas em consideração as características de cor, gosto, odor, aroma, aparência, textura, sabor, envolvendo a percepção múltipla dos sentidos (sinestesia), estando aí uma estratégia para introdução de uma alimentação mais saudável e com melhor aceitação pelo público (BORJES, 2007; PROENÇA et al., 2005). 4.3.7 Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) Os alimentos são um importante veículo de contaminação durante as etapas de seu processamento, por vários motivos que englobam a higiene, considerando desde os alimentos até o ambiente e os manipuladores (PROENÇA et al., 2005). A análise dos perigos inicia-se pela identificação dos perigos e avaliação dos riscos que estes podem causar à saúde do consumidor, desde a fabricação, preparação de alimentos e a obtenção de matérias-primas, até o uso pelo consumidor final (VALLE; MARQUES, 2006). O sistema adotado em todo o mundo para o controle de qualidade higiênico-sanitário na produção de alimentos é o Hazard Analisys Critical Control Point – HACCP, denominado no Brasil como Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC (PROENÇA et al., 2005). O APPCC é um sistema que visa garantir a inocuidade do alimento através da abordagem dos perigos, baseados em fatores causadores de surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs) e em estudos das características dos agentes patogênicos, que podem ser transmitidos pelos alimentos (IAMFES, 1997 apud BORJES, 2007). O sistema APPCC é aplicado para controle de processamento, é um modo operacional para que as indústrias controlem, previnam problemas e garantam alimentos seguros, pelo monitoramento do processo de produção do 36 princípio ao fim, em vez de detectar problemas somente ao término da linha (SACCOL, 2007). A utilização do sistema APPCC permite a adaptação de técnicas de processamento ou desenvolvimentos tecnológicos. O APPCC pode ser aplicado em todo o processo produtivo, desde a produção primária até o consumo final. O sucesso da implantação do sistema APPCC requer comprometimento de todos os profissionais envolvidos (FAO, 2003 apud BORJES, 2007). 4.3.8 Programa de Alimentos Seguros (PAS) O Programa Alimentos Seguros (PAS) é um programa que tem o objetivo de reduzir os riscos dos alimentos à população, atuando no desenvolvimento de tecnologia, metodologia, conteúdos, formação e capacitação de técnicos para disseminar, implantar e certificar ferramentas de controle em segurança de alimentos, como as Boas Práticas e o Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), nas empresas integrantes da cadeia dos alimentos, em todo o país. Com isso, o PAS contribui para: aumentar a segurança e a qualidade dos alimentos produzidos pelas empresas brasileiras, ampliando a sua competitividade nos mercados nacional e internacional; reduzindo as doenças causadas aos consumidores, pela contaminação na ingestão e manipulação dos alimentos (SENAI, 2008). 4.3.9 Metodologia 5S’s O programa 5S’s é assim conhecido por ser constituído, na sua origem, de cinco palavras japonesas iniciadas pela letra S (Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu, Shitsuke). A melhor forma encontrada para expressar a abrangência e significado desses ideogramas foi acrescentar o termo "Senso de" antes de cada palavra em 37 português que mais se aproximava do significado original. No Brasil, essas palavras vêm sendo traduzidas para organização, arrumação, limpeza, padronização e disciplina. A utilização do 5S's propicia a redução de erros e falhas e, consequentemente, eliminação de desperdício, seja de tempo, energia ou materiais (OSADA, 1992 apud COELHO et al., 1999; LAPA, 1998 apud COELHO et al., 1999). A metodologia 5S auxilia na manutenção e no acompanhamento para a redução de custos, retrabalhos e desperdícios; melhor organização das atividades e equipamentos; cumprimento dos procedimentos definidos, principalmente os relacionados à utilização e limpeza (no caso de produtos que requeiram cuidados especiais) e garantam a conformidade dos produtos e/ou serviços (ANDRADE, 2002). A prática do 5S é uma técnica usada para estabelecer e manter a qualidade do ambiente numa organização. O 5S’s são grupos de técnicas para promover a organização do ambiente de trabalho, para assegurar o atendimento aos padrões e promover o espírito da melhoria contínua (AGILITY CENTER, 2002 apud ANDRADE, 2002). O 5S é um sistema organizador, mobilizador e transformador de pessoas e organizações. Assim como as filosofias do just-in-time (no tempo certo), kaizen (melhoria contínua), controle de qualidade total, jidoka (autodetecção) e manutenção produtiva total, o 5S também aponta para a melhoria do desempenho global da organização (VANTI, 1999). De acordo com Silva (1996 apud VANTI, 1999), "o 5S deve ser implementado com o objetivo específico de melhorar as condições de trabalho e criar o ambiente de qualidade". Encaminha-se para um espaço de trabalho limpo e bem organizado e é prévio a qualquer outra inovação que objetive melhorar as condições de trabalho e a qualidade dos produtos e serviços, envolvendo o cotidiano de toda organização. A satisfação do cliente, qualidade, segurança, motivação e a economia de recursos escassos são as metas principais deste programa. Propõe criar as condições básicas ao desenvolvimento de organizações responsáveis socialmente, sem perder de vista o seu objetivo principal, seja este o lucro ou a utilização plena dos seus recursos. Os objetivos centrais do processo 5S consistem em melhorar o ambiente de trabalho, promovendo o bem-estar dos colaboradores e aumentando sua auto-estima; racionalizar o uso de documentos, materiais e equipamentos; reduzir custos e agilizar os processos de trabalho; facilitar a participação de todos e 38 o inter-relacionamento pessoal, estimulando a execução de tarefas em equipe, e contribuir para a melhoria da imagem da empresa (VANTI, 1999). Com a implantação do “5S”, permite-se o envolvimento de todos, gerencia e colaboradores, possibilitando uma maior motivação, contribuindo para melhorar o ambiente de trabalho, combater o desperdício, reduzir os acidentes de trabalho, resultando em maior produtividade e redução de custos para a empresa (ABREU; SPINELLI; ZANARDI, 2007). 4.3.10 Inovações em Produtos Alimentícios Inovações em produtos alimentícios são os produtos pré-elaborados. Silva Filho (1996, apud ALVES, 2005) classifica os gêneros segundo a tecnologia empregada na sua elaboração. São eles classificados como de primeira geração (alimentos in natura); de segunda geração (alimentos industrializados); terceira geração (alimentos congelados e super congelados); quarta geração (alimentos congelados e supergelados com processos industriais – cook chill e cook freeze) ou ainda de quinta geração (que são alimentos cozidos embalados a vácuo). A integração deste tipo de produto numa UAN requer um estudo sobre o tipo de produto ideal para a Unidade, que respeite as preferências dos clientes no processo de implantação (COZINHA INDUSTRIAL, 1993). Dentro das inovações referentes a novos produtos, tem-se ainda a elaboração de todo o cardápio, em outra empresa, este então é transportado sob refrigeração e entregue em embalagens a vácuo. O fornecimento é feito com um dia de antecedência e acompanhado por Nutricionista que também elabora o cardápio, calcula seus valores nutricionais e assistência a parte higiênica e a qualidade do serviço no local (COZINHA INUDSTRIAL, 1994). Estudos têm demonstrado que, quando a UAN utiliza este tipo de produto, chega a economizar 18% em investimentos, 20% de área física, e de 10 a 30% com mão-de-obra (COZINHA INDUSTRIAL, 1994). Mesmo com esses benefícios, ainda é pequeno o número de UANs que utilizam essa tecnologia, pois apesar de ser de fácil manuseio, são mais caros que 39 os in natura e nem sempre diminuem consideravelmente a mão-de-obra e ainda não há constância na distribuição dos produtos. Além disso, para se utilizar este tipo de gênero é necessário a aquisição de freezer especiais para seu armazenamento (COZINHA INDUSTRIAL, 1993). De qualquer forma a utilização desses alimentos implica numa readequação de toda a produção de refeições, pois de nada adianta diminuir o número de colaboradores que exercem atividades na área de pré-preparo, mas continuar necessitando de um alto número deles em outro pico de produção (COZINHA INDUSTRIAL, 1993). 4.3.11 Inovações em Equipamentos e Utensílios As inovações em equipamentos referem-se principalmente à transmissão de calor, com a utilização de aparelhos de cocção e resfriamento de alimentos. Uma característica desenvolvida é a capacidade de programação, com grande precisão, do tempo e da temperatura envolvida, aumentando e garantindo a segurança do processo e modificando a organização do trabalho (PROENÇA, 1999). Dentre os novos equipamentos desenvolvidos para UANs, há o forno combinado, que é um equipamento que combina as funções de calor seco e calor úmido, e que pode atuar em vários momentos da produção: assando, cozinhando, fritando, gratinando, grelhando, descongelando, regenerando e etc. (ALVES, 2005). Um dos benefícios que esse equipamento gera a UAN é a economia de tempo de produção, de espaço e de construção. Segundo estudos, ele é capaz de promover uma economia de 30% de energia elétrica, com a manutenção de 95% dos valores nutricionais dos alimentos e ganho de 25% no peso dos assados (COZINHA INDUSTRIAL, 1992). Entre outros benefícios do forno combinado está a otimização das preparações, aumentando o rendimento e a qualidade dos alimentos, ainda com a possibilidade de alterar todo o processo produtivo da UAN: produto, mão-de-obra e instalações (COZINHA INDUSTRIAL, 1991). 40 Outro importante avanço no setor é a utilização do gastronorme (GN), ou seja, as cubas nas quais os alimentos são regenerados (aquecidos após passarem pelo processo de resfriamento e armazenamento) e só depois servidos aos frequentadores (COZINHA INDUSTRIAL, 2003). 4.3.12 Inovação em Processos Produtivos Segundo Proença (1999), as inovações tecnológicas podem ser classificadas em cozinha de montagem e alimentação diferenciada. Na cozinha de montagem, ocorre a produção de refeições a partir da combinação de produtos alimentares pré-processados. Esta noção envolve não só um conceito de produção, mas também, uma variedade de soluções técnicas que correspondem ao conjunto de produtos e equipamentos específicos que podem ser aproveitados. Já em relação à alimentação diferenciada, Proença (1999), ainda descreve os conceitos de acordo com os parâmetros que dizem respeito à produção e ao consumo de refeições coletivas. Assim a refeição pode ser diferenciada em relação ao espaço (cadeia quente) quando a elaboração da refeição se faz em lugar distinto ao do consumo. E em relação ao tempo, designa a produção em um dia e o consumo em outro dia diferente. No entanto pode ocorrer a alimentação diferenciada em relação ao tempo e espaço, que reúne abordagem das duas classificações. Também são inovações no processo produtivo, as novas formas de interligar fornecedores e clientes. Sistemas de informações que geram maior competição entre fornecedores e consequentemente preços mais competitivos podem ser considerados melhorias advindas da inovação nos negócios (COZINHA INDUSTRIAL, 1994). 41 4.3.13 Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais (PPRA) O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), cuja obrigatoriedade foi estabelecida pela Norma Regulamentadora - NR-9 da Portaria 3.214/78, apesar de seu caráter multidisciplinar, é considerado essencialmente um programa de higiene ocupacional que deve ser implementado nas empresas de forma articulada com um programa médico o PCMSO (MIRANDA; DIAS, 2004). Todos os empregadores são obrigados a elaborar e implementar o PPRA, com o intuito de preservar a saúde e a integridade de seus colaboradores, por meio da antecipação, reconhecimento e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes na Unidade ou que venham a existir, levando em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais (VAZ, 2003). Segundo Miranda e Dias (2004), um aspecto importante deste programa é que ele pode ser elaborado dentro dos conceitos mais modernos de gerenciamento e gestão, em que o empregador tem autonomia suficiente para, com responsabilidade, adotar um conjunto de medidas e ações que considere necessárias para garantir a saúde e a integridade física dos seus trabalhadores. No programa, são descritos setores da unidade e as atividades dos colaboradores, formalizando-se propostas para eliminação ou redução de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho (ZANELLA, 2007). Vaz (2003), relata que, o PPRA deverá ser feito por uma empresa especializada, pelo menos uma vez ao ano, que criará um documento-base, que deverá verificar: nível de ruído da cozinha em diversas áreas; temperatura do ambiente; níveis de iluminação; riscos de acidentes; condições das instalações físicas da unidade como um todo; condições de instalações elétricas; produtos químicos; adequação da iluminação e da ventilação; uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) pelos colaboradores e outros itens que se fizerem necessários. A validade do programa é de um ano, mas deve ser renovado antes do prazo quando houver mudanças na planta da unidade ou compra de novos equipamentos (ZANELLA, 2007). 42 4.3.14 Mapa de Risco O mapa de risco é a expressão gráfica da distribuição dos riscos ocupacionais em um processo de trabalho particular. Utilizando círculos com diferentes cores e tamanhos, o mapa resume os riscos presentes nos locais de trabalho. As cores dos círculos indicam os grupos de riscos segundo sua natureza, por exemplo, físicos (ruído, vibração e altas temperaturas), químicos (substâncias químicas e fumaças), e o tamanho indica a importância destes riscos no local de trabalho (FACCHINI et al., 2007). A utilização de mapas é uma das formas mais efetivas de representação dos riscos ocupacionais, constituindo-se em um elemento básico para a estruturação de planos de prevenção dos danos à saúde dos trabalhadores (BECCASTRINI & FAILLACE, 1982 apud FACCHINI et al., 2007). Neste sentido, a legislação que estabelece a obrigatoriedade da elaboração de mapas de riscos pelas empresas significou um avanço importante para o País, pois ajuda a evidenciar as condições perigosas à saúde dos trabalhadores, historicamente escondidas ou dissimuladas pela lógica capitalista da acumulação (FACCHINI et al., 2007). Através deste mapa, pode-se identificar os fatores nocivos de risco que estão presentes nos diversos setores e também conhecer o número de trabalhadores que estão expostos a diferentes riscos. Com isso, é possível elaborar uma prevenção de risco no interior da UAN (VALLE; MARQUES, 2006). O mapa de risco tem como objetivos: reunir informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde na empresa; possibilitar durante a sua elaboração a troca e a divulgação de informações entre os colaboradores, e estimular sua participação nas atividades de prevenção (FERNANDES; SILVA; OLIVEIRA, 2006). As UANs devem anualmente fazer o levantamento dos riscos operacionais aos quais os colaboradores estão sujeitos quando realizam suas atividades habituais. Esse levantamento deve ser feito para cada função da empresa, por meio do PPRA, sendo que os riscos de cada setor devem ser listados no Mapa de Risco, e o mesmo deve ser distribuído em cada setor da unidade, de 43 modo que seja divulgado a todos os riscos operacionais a que os trabalhadores estão sujeitos (SANTOS JR, 2008). 4.3.15 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), cuja obrigatoriedade foi estabelecida pela NR-7 da Portaria 3.214/78, é um programa médico que deve ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho. Entende-se por "diagnóstico precoce", segundo o conceito adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a detecção de distúrbios dos mecanismos compensatórios e homeostáticos, enquanto ainda permanecem reversíveis alterações bioquímicas, morfológicas e funcionais (MIRANDA; DIAS, 2004). Segundo Zanella (2007), o programa tem como objetivo a preservação da saúde, com caráter de prevenção, identificação e diagnóstico de doenças e verificação, ainda, da necessidade de exames complementares para cada função. O PCMSO é um documento elaborado anualmente por um médico do trabalho e que expressa todos os exames médicos necessários ao acompanhamento da saúde dos colaboradores e à prevenção contra doenças (SANTOS JR, 2008). Procurando garantir a efetiva implementação do PCMSO, a NR-7 determina que o programa deverá obedecer a um planejamento em que estejam previstas as ações de saúde a serem executadas durante o ano, devendo estas ser objeto de relatório anual. O relatório anual deverá discriminar, por setores da empresa, o número e a natureza dos exames médicos, incluindo avaliações clínicas e exames complementares, estatísticas de resultados considerados anormais, assim como o planejamento para o ano seguinte (MIRANDA; DIAS, 2004). Segundo Vaz (2003), o Programa deverá incluir, a realização obrigatória dos exames médicos: admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissional. 44 Os colaboradores devem portar ainda carteira de saúde, fornecida por autoridade sanitária oficial, que deve constar condições de saúde satisfatória, assim garantindo a qualidade e a segurança dos alimentos manipulados (SANTOS JR, 2008). 45 5 METODOLOGIA 5.1 Delineamento da pesquisa Quanto à natureza da pesquisa ela é classificada como aplicada, em relação aos objetivos, a mesma é de caráter descritivo e exploratório. A pesquisa também é classificada como um estudo de caso e quanto aos procedimentos técnicos é considerada quali-quantitativa. 5.2 População e amostra A população e a amostra da pesquisa foram duas Unidades de Alimentação e Nutrição do município de Criciúma. Como a pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso qualitativo, não foi feito cálculo de amostragem. As Unidades de Alimentação e Nutrição foram escolhidas de forma intencional, quanto as suas características, pela facilidade de acesso e disponibilidade da investigadora. Além disso, estavam adequadas aos critérios de inclusão. 5.3 Critérios de inclusão e exclusão Os critérios de inclusão adotados na pesquisa foram a localização no município de Criciúma, e a forma de administração utilizada (terceirização). Foram excluídas da pesquisa Unidades que não se localizavam no município de Criciúma, que utilizavam como forma de administração outra opção que não a gestão por terceirização, e que não aceitaram participar da pesquisa. 46 5.4 Instrumento de obtenção de dados A formulação do instrumento de pesquisa foi o passo seguinte deste estudo, sendo necessário um trabalho conjunto com a orientadora técnica, para elaboração do mesmo. Para coleta de dados, foi elaborada uma entrevista, sendo este um procedimento que envolve duas pessoas – o entrevistador e o entrevistado, com auxílio de um questionário (Apêndice A), que foi elaborado pela investigadora. No questionário, estavam listadas quinze (15) Novas Tecnologias escolhidas de forma aleatória, mas inerentes ao objetivo do trabalho, dessa forma os Nutricionistas responderam sim ou não na presença das mesmas em suas Unidades, tendo por objetivo saber quais são as Novas Tecnologias que as Unidades pesquisadas utilizam. O questionário continha ainda um espaço em que eles foram questionados sobre quais as vantagens e desvantagens das Novas Tecnologias, a partir do seu ponto de vista. 5.5 Forma de obtenção de dados A pesquisa bibliográfica realizada para a elaboração da contextualização teórica foi obtida a partir das publicações encontradas sobre o tema, sendo utilizado além de livros, publicações disponíveis na Internet e artigos científicos de periódicos. A pesquisa de campo para coleta dos dados foi desenvolvida no período de abril a maio de 2009, sendo realizada no município de Criciúma - SC, compondo em seu universo Nutricionistas, responsáveis técnicos de UANs terceirizadas. Primeiramente a investigadora entrou em contado com os responsáveis técnicos das duas Unidades selecionadas, solicitando a permissão para a realização da pesquisa através de uma carta de apresentação (Anexo A), esclarecendo o objetivo da mesma e verificando a disponibilidade de horários dos Nutricionistas em responder a entrevista, quando também foi solicitado a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo B). 47 Num segundo momento, foi realizada uma entrevista com o auxílio do questionário com cada um dos Nutricionistas das Unidades, onde eles responderam se havia a presença ou não de Novas Tecnologias em suas unidades, e descreveram as vantagens e desvantagens das mesmas, e mesmo na ausência de algumas destas Novas Tecnologias foi verificado quais as suas vantagens e desvantagens, pois um dos objetivos é verificar o conhecimento dos Nutricionistas em relação ao tema, sendo que estas questões auxiliaram na coleta de informações inerentes ao trabalho e ajudaram a investigadora a recolher informações necessárias, sobre a percepção e compreensão deles a respeito das Novas Tecnologias. O questionário foi aplicado com os Nutricionistas em suas respectivas Unidades, sendo este determinado após um contato prévio por telefone. 5.6 Forma de análise de dados Os dados das Unidades estudadas foram analisados através dos questionários e tabulados em gráficos. A análise dos dados foi realizada através da comparação entre as características apresentadas pelas duas Unidades. Por meio dos resultados foi possível verificar diferenças na presença ou ausência e comparar as vantagens e desvantagens das Novas Tecnologias segundo os Nutricionistas. 5.7 Aspectos éticos O presente trabalho contém o TCLE (Anexo B), que foi assinado pelas participantes, sendo que a participação das mesmas foi de forma voluntária. 48 O trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNESC, sob o nº. 92/2009. 5.8 Limitações do estudo Sendo a pesquisa caracterizada como estudo de caso, a mesma apresenta certas limitações. A limitação mais significativa está em relação à dificuldade de generalização dos resultados obtidos, já que pode ocorrer das Unidades escolhidas apresentarem resultados muito diferentes em relação às demais. Outra limitação diz respeito à carência literária sobre o uso das Novas Tecnologias em Unidades de Alimentação e Nutrição. Há ainda uma limitação ligada ao conhecimento prévio ou falta de conhecimento dos Nutricionistas entrevistados sobre o tema “Novas Tecnologias”. Sendo esses fatores que influenciam diretamente nos dados e nos resultados da pesquisa. 49 6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS As duas empresas convidadas para a realização da pesquisa aceitaram participar da mesma. Ambas foram bastante receptivas e atenciosas ao responderem as questões do questionário. As UANs estudadas apresentam características semelhantes de funcionamento, refeições servidas e número de comensais atendidos. A primeira UAN, aqui denominada de Unidade A, está localizada no município de Criciúma, a mesma atua como uma UAN do setor de alimentação institucional, do segmento de trabalho, atende cerca de 300 comensais, fornece as seguintes refeições: almoço, jantar e ceia, funciona 24h por dia, 5 dias por semana, e eventualmente também nos finais de semana. A segunda UAN, denominada de Unidade B, localizada no município de Criciúma, atuante também como uma UAN do setor de alimentação institucional, do segmento de trabalho, atende 350 comensais, fornece almoço, jantar e ceia, funciona 24h por dia, 7 dias por semana. Na análise dos questionários (Apêndice A) foram examinados 15 itens, onde estavam listados as Novas Tecnologias, questionamentos sobre a presença ou ausência das mesmas e quais as suas vantagens e/ou desvantagens nas UANs. Segue abaixo as Novas Tecnologias estudadas, com suas Vantagens e/ou Desvantagens mencionadas pelos Nutricionistas responsáveis pelas UANs. 6.1 Presença ou ausência, vantagens e/ou desvantagens das Novas Tecnologias mencionadas pelos Nutricionistas pesquisados No quadro 2, são apresentados os valores de Presença e Ausência das Novas Tecnologias nas duas UANs estudadas, são descritos valores numéricos e percentuais. 50 Unidade A Unidade B N % n % Presença 12 80% 8 53% Ausência 3 20% 7 47% Total 15 100% 15 100% Quadro 2 - Presença e ausência das Novas Tecnologias nas UANs estudadas Fonte: Dados da investigadora. Gráfico 1 - Presença e Ausência das Novas Tecnologias na UAN A 20% Gráfico 2 - Presença e Ausência das Novas Tecnologias na UAN B 47% Presença Presença Ausência Ausência 80% Fonte: Dados da investigadora 53% Fonte: Dados da investigadora No que diz respeito a presença ou ausência das Novas Tecnologias, os gráficos 1 e 2 demonstram que na Unidade A, 80% (n = 12) das Novas Tecnologias se fazem presente e que 20% (n = 3) estão ausentes. Já na Unidade B, estão presentes 53% (n = 8) e ausentes 47% (n = 7), o que não estaria diretamente relacionado às características das Unidades, pois ambas possuem valores semelhantes de funcionamento, comensais atendidos e refeições servidas. 6.1.1 Cardápio Diferenciado Os Nutricionistas foram questionados quanto à presença de cardápio diferenciado (questão 1 do Apêndice A) e as vantagens e desvantagens do mesmo. Na Unidade A, havia a presença de cardápios diferenciados, e o Nutricionista citou como vantagens, que “agrada a clientela, permite que os colaboradores demonstrem suas habilidades culinárias e a promoção de saúde”. Já em relação às desvantagens disse que “o tempo torna-se muito corrido, aumenta o 51 custo da refeição e tem uso maior de mão-de-obra”. A Nova Tecnologia também se faz presente na Unidade B, sendo que foi descrito pelo Nutricionista as seguintes vantagens: “uma opção a mais, maior satisfação e permanência dos clientes e promoção de saúde”. Não foi mencionada nenhuma desvantagem. Para Ansaloni (1999 apud VEIROS, 2002), o planejamento e implantação de cardápios diferenciados necessitam de verificação da variedade de alimentos existentes, considerar as preferências dos clientes, as características nutritivas e sensoriais dos alimentos, gerenciamento e monitoramento dos custos na elaboração e execução do cardápio, número de colaboradores e cumprimento de suas atividades. Estudo realizado por Costa e Fagundes (2000 apud VEIROS 2002), com usuários de um restaurante de refeições coletivas de Santa Catarina, identificou 34,98% de clientes acima do peso normal, pelo cálculo de Índice de Massa Corporal (IMC) para uma média de idade de 30,3 anos e 27,8 anos, para o sexo masculino e feminino, respectivamente. Em outro estudo realizado por Ambrosi (1998 apud VEIROS, 2002), também com comensais de Santa Catarina, apresentou que 62,5% das mulheres apresentavam algum índice de sobrepeso e 74,4% dos homens com peso acima do normal segundo o IMC. Esses exemplos mostram a necessidade de cuidados com os comensais, sendo que a intervenção alimentar feita através da elaboração e implantação de cardápios diferenciados, além de bem nutrir, servirá de exemplo para criação de hábitos alimentares saudáveis, com reflexos positivos para a saúde. 6.1.2 Alimentos Funcionais Quando questionados a respeito dos alimentos funcionais (questão 2 do Apêndice A), tal tecnologia é encontrada em ambas as Unidades. No entanto o Nutricionista da Unidade A ressalta que “a presença não é de forma intencional, visto que o alimento é escolhido, por outros motivos, mas que consequentemente, 52 traz este atributo, e que a preocupação maior é em relação às fibras”, descreve como vantagem “a prevenção de doenças, e a promoção de saúde”. E como desvantagem “o custo”. Já na Unidade B as vantagens mencionadas são: “promoção de saúde e preocupação com os clientes”, e as desvantagens: “custo e uso maior da mão-deobra”. 6.1.3 Ação de Desenvolvimento Profissional Quanto à realização de ações de desenvolvimento profissional (questão 3 do Apêndice A), a Unidade A realiza, e tem como vantagem “o aprimoramento de conhecimentos, a retirada de dúvidas dos colaboradores, promoção de mudanças de atitude, redução nos desperdícios de alimentos, redução de gastos, racionalização do tempo de uso dos equipamentos, maior produtividade, mais segurança e redução da rotatividade”, e como desvantagem “o tempo despendido para a atividade”. A Unidade B também realiza ações de desenvolvimento profissional, e tem como vantagem “segurança alimentar, motivação para os colaboradores e demonstração da importância de um alimento seguro”, e não foi relatada nenhuma desvantagem a respeito desta tecnologia. Segundo Teixeira et al., (1990 apud VEIROS 2002), ações de desenvolvimento profissional são fatores importantes para obter bons índices de produtividade, baixa rotatividade e, principalmente, qualidade na refeição produzida. Os programas de ações de desenvolvimento profissional específicos para manipuladores de alimentos é o meio mais recomendável e eficaz de transmissão de conhecimentos e promoção de mudanças de atitude. Através deles é possível a conscientização dos manipuladores, alcançando-se a garantia de produzir e oferecer alimentos seguros, inócuos e com propriedades nutricionais que satisfaçam os comensais (ANDREOTTI et al., 2003). Estudo realizado por Andreotti et al., (2003), em um Restaurante Universitário de Maringá – PR demonstrou que antes da realização da ação de 53 desenvolvimento profissional, o estabelecimento apresentava 29% dos itens em conformidades, em relação aos aspectos gerais de higiene pessoal de seus colaboradores, e 71% inadequados. Após a ação de desenvolvimento profissional, o estabelecimento apresentou 47% dos itens em conformidade, e 53% dos itens encontravam-se inadequados. 6.1.4 Educação Nutricional Quanto a realização de atividades educativas sobre a saúde com os trabalhadores da empresa (questão 4 do Apêndice A), o Nutricionista da Unidade A disse que as mesmas são feitas, e que as vantagens são: “o aprimoramento dos conhecimentos, prevenção de doenças, e aumento na confiança dos comensais”. Já como desvantagens, diz “não ver nenhuma”. A Unidade B também realiza tais atividades, sendo que o Nutricionista relatou as seguintes vantagens: “boa forma de comunicação entre Nutricionista e cliente, promoção de saúde, incentiva o interesse por parte dos clientes sobre alimentação e saúde, demonstra a preocupação do Nutricionista em relação à saúde dos clientes” e assim como na Unidade A não foi citada nenhuma desvantagem. Matos e Antonini (2001 apud VEIROS, 2002), realizaram um estudo sobre educação nutricional em uma UAN e perceberam um grande interesse e preocupação dos clientes em questões referentes à alimentação. Foram realizadas diversas ações educativas que tinham o objetivo de conscientizar os clientes da importância da alimentação saudável. Com o trabalho os pesquisadores perceberam o grande interesse dos clientes, e o resultados indicaram a importância de realizar ações educativas periódicas para esclarecer dúvidas diversas sobre alimentação. Prass; Moreira e Oliveira (2007), descrevem que a Educação Nutricional é eficaz para demonstrar a importância de uma alimentação saudável para a saúde e os comprometimentos desta que poderão surgir de uma alimentação inadequada. Com várias estratégias de saúde pública sendo estruturadas no país, para a prevenção e controle das doenças crônicas, há lugar de destaque para as ações 54 de educação em alimentação e nutrição, reforçando a importância e o papel do profissional Nutricionista em uma UAN (FRANCISCHI, 2000 apud VEIROS, 2002). 6.1.5 Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio (AQPC) Em relação ao AQPC (questão 5 do Apêndice A), na Unidade A não há está Nova Tecnologia, ainda assim o Nutricionista diz que se houvesse traria vantagens como “melhor visualização do cardápio e auxilio na elaboração do mesmo”, e “não vê nenhuma desvantagem justamente por não tê-lo, por isso não é capaz de descrevê-la”. Na Unidade B, há o AQPC, e as vantagens são: “maior visão nutricional do cardápio, possibilita diversificação do mesmo, possibilita a verificação de erros com mais facilidade”. Já como desvantagem, o Nutricionista relata que “nem sempre é possível fazer as alterações, por causa do gosto e da satisfação do cliente, sendo que a satisfação da clientela é uma das principais preocupações de Unidades terceirizadas”. 6.1.6 Avaliação da Qualidade Nutricional e Sensorial (AQNS) Quando questionados sobre o AQNS (questão 6 do Apêndice A), a Unidade A possui, e traz como vantagem “apresentação de possíveis correções necessárias, avaliação do alimento antes da distribuição e possibilita ações para corrigir erros que surgirem, além da percepção”. E diz “não ver nenhuma desvantagem nessa tecnologia”. A Unidade B também possui o AQNS, e as vantagens são: “prioriza a apresentação dos pratos, possibilita a maior aceitação, satisfação dos clientes, permite maior controle na cozinha e possível troca de pratos”. Já desvantagens não foram citadas pelo Nutricionista. 55 Segundo Riekes (2004), a aplicação da metodologia AQNS, contempla o processo produtivo como um todo, possibilitando a identificação, com maior precisão, em quais etapas do processo produtivo está ocorrendo falhas de procedimentos e podendo assim implementar as ações corretivas cabíveis. 6.1.7 Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) Em relação ao APPCC (questão 7 do Apêndice A), o mesmo é presente na Unidade A, e tem como vantagem “alimentação segura, garantia de qualidade, visualização de erros, de pontos negativos a fim de torná-los positivos e melhoria contínua”. Como desvantagem “tempo e dificuldades encontradas durante a elaboração” Já a Unidade B não tem esta tecnologia, mas o Nutricionista descreve as seguintes vantagens: “real visão de onde estão os perigos e de onde estão as possibilidades de contaminação, é uma forma mais fácil de demonstrar essas informações aos colaboradores e possibilita maior entendimento deles”, como desvantagem cita somente “o tempo para elaboração do APPCC”. Desde 1991, o comitê do Codex Alimentarius sobre higiene dos alimentos vem recomendando a utilização do sistema APPCC por todos os países membros da ONU, evidenciando que traz vantagens como inocuidade e qualidade dos alimentos, racionalização dos recursos e respostas mais oportunas aos problemas. Ele ainda é reconhecido como um sistema de baixo custo que oferece garantia na prevenção de problemas causados pela ingestão de alimentos, então, empregá-lo é fundamental para todas as atividades relacionadas com a segurança alimentar (ABREU; SPINELLI; ZANARDI, 2007). 56 6.1.8 Programa Alimentos Seguros (PAS) Quando questionados sobre o PAS (questão 8 do Apêndice A). Na Unidade A, não há o mesmo, mas segundo o Nutricionista, teria como vantagem “aumentar e garantir a qualidade e segurança dos alimentos, prevenir doenças, principalmente as Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs)”. E diz não ver “nenhuma desvantagem, justamente por não possuir esta Nova Tecnologia”. O PAS também não está presente na Unidade B, o Nutricionista menciona que “ele é bom para empresas de grande porte, o que não se enquadra na sua Unidade”, diz “não saber relatar nenhuma vantagem”, e como desvantagem: “a burocracia, tempo, necessidade de um número maior de colaboradores e o custo”. 6.1.9 Metodologia 5S’s Os Nutricionistas também foram questionados quanto ao uso da metodologia 5S’s (questão 9 do Apêndice A), sendo que na Unidade A, há o 5S’s implantado, e segundo o Nutricionista traz como vantagem “maior organização, incentivo a sempre melhorar e aumento dos conhecimentos dos colaboradores”. Como desvantagem, relata “não haver nenhuma”. A Unidade B, também tem implantado o 5S’s, e tem como vantagem: “organização, limpeza, disciplina e a possibilidade de mostrar ao colaborador a importância do trabalho em equipe”, e diz “não verificar nenhuma desvantagem dessa tecnologia”. Um estudo realizado por Godoy; Belinazo e Pedrazzi (2001), em 4 empresas do Rio Grande do Sul, que tinha por objetivo “Analisar a influência o Programa 5S’s para melhoria da qualidade total, bem como a mudança cultural continuada decorrente a partir da implementação do método”, constatou que ele cria um espírito de equipe, mudança de cultura, melhoria do moral do colaborador, melhoria da qualidade e produtividade. O estudo ainda verificou que o programa leva 57 apoio emocional e oferece motivação, o que contribui para o desenvolvimento pessoal e maior eficiência nas atividades, o que auxilia na efetividade das metas organizacionais. No estudo foi observado ainda, que o mesmo visa aumentar o conhecimento dos colaboradores para permitir a criação de ações futuras e cada empresa precisa avaliar os serviços oferecidos aos seus clientes, pois, este é a alma de todas as organizações. Além disso, o Programa é elemento de fundamental importância para avaliar a qualidade dos serviços e as melhorias necessárias. Sem avaliar os serviços não há forma de melhorá-los (GODOY; BELINAZO; PEDRAZZI, 2001). 6.1.10 Inovações em Produtos Alimentícios Em relação às inovações em produtos alimentícios (questão 10 do Apêndice A), ele se faz presente na Unidade A, tem como vantagem “facilidade na mão-de-obra, maior satisfação dos clientes e colaboradores”. Como desvantagem o Nutricionista relata: “serem muito caros, e necessidade de equipamentos especiais como freezer para armazenamento”. Na Unidade B também são encontrados inovações em produtos alimentícios, como vantagem o Nutricionista relata: “diminui mão-de-obra, diminui quantidade de colaboradores, possibilita maior variedade de alimentos e a possibilidade de encontrar alimentos fora de época”. Como desvantagem cita: “pouca aceitação do cliente, custo, perda de sabor e de qualidade sensorial”. No entanto Oliveira (2008) descreve que a necessidade de melhoria da qualidade e aumento da produtividade são os principais atrativos desta tecnologia, o processo é uma maneira segura e econômica de produzir alimentos de qualidade, com antecedência, eliminando várias etapas de manipulação de alimentos, inibindo a proliferação de microrganismos, reduzindo desperdício de matéria-prima, simplificando a operação da produção nas cozinhas, aumentando a produtividade, racionalizando áreas, além disso, é possível anteceder muitas etapas, ou ainda, produzir refeições de outros turnos que podem ser produzidas juntamente com as 58 refeições de maior período, por exemplo, produzir o jantar junto com o almoço, possibilitando menor mão-de-obra no jantar. Segundo Veiros (2002), as inovações em produtos alimentícios garantem maior rapidez para a oferta de uma refeição com maior variedade de alimentos, principalmente os vegetais e as frutas, no entanto, deve-se ter cuidado com a qualidade de processamento desses alimentos. Outro fator que não pode ser esquecido é que com o aumento da produtividade os restaurantes trabalharão com pessoal mais eficiente e com menos desperdício, além de facilitar a ação de desenvolvimento profissional e a administração de pessoal, cujas demandas também diminuem (OLIVEIRA, 2008). O mesmo é relatado por Teixeira et al., (2004) que diz que adoção de Novas Tecnologias relacionadas a produtos alimentícios leva à redução do contingente de pessoas da UAN, assim, a adoção de tecnologias mais sofisticadas faz diminuir o contingente de pessoal da Unidade. 6.1.11 Inovações em Equipamentos e Utensílios Quando questionados sobre as Inovações em equipamentos e utensílios (questão 11 do Apêndice A), esta tecnologia está presente na Unidade A e apresenta as seguintes vantagens: “reduz mão-de-obra, aumenta a produtividade, maior segurança alimentar e praticidade”. Já sobre as desvantagens “dificuldade na higienização, custo e espaço”. A Unidade B não possui nenhuma inovação em equipamentos e utensílios, mas o Nutricionista cita que teria como vantagem: “maior qualidade do alimento, tanto nutricional, quanto higiênico-sanitário, redução da mão-de-obra e trabalho dentro da UAN”. Como desvantagem menciona somente “o custo”. 59 6.1.12 Inovações em Processos Produtivos Já em relação às Inovações em processos produtivos (questão 12 do Apêndice A), na Unidade A, não há esta Nova Tecnologia, o Nutricionista diz: “não ver nenhuma vantagem e tê-la”, e descreve possíveis desvantagens como: “insegurança alimentar, insatisfação do comensal”. Esta tecnologia também não está presente na Unidade B, e assim como na Unidade A, o Nutricionista “não encontra nenhuma vantagem”, já cita desvantagens como: “necessidade de equipamentos para conservação do alimento, dificuldade em manter a qualidade da preparação, necessidade de mão-de-obra especializada”. 6.1.13 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) Quando questionados sobre o PPRA (questão 13 do Apêndice A), segundo o Nutricionista há esta Nova Tecnologia na Unidade A e traz como vantagem: “segurança, auxilio em buscar coisas novas, preservação da saúde e integridade do colaborador”. Já como desvantagem “dificuldade na elaboração, e tempo despendido para tal”. Já na Unidade B, não há esta tecnologia, mas o Nutricionista sabe das vantagens e menciona as seguintes: “garantia da saúde do trabalhador, prevenção de doenças que possam surgir devido ao trabalho na cozinha”. Em relação às desvantagens, diz “não haver”. Para Miranda e Dias (2004), o PPRA traz como vantagem a prevenção e o controle da exposição ocupacional dos riscos ambientais, isto é, prevenindo e controlando os riscos. 60 6.1.14 Mapa de Risco Quando questionado a respeito do Mapa de risco (questão 14 do Apêndice A), o Nutricionista da Unidade A diz que há o mesmo, e que as vantagens são “fácil visualização dos riscos e prevenção de danos a saúde”. E diz: “não haver nenhuma desvantagem nesta Tecnologia”. Na Unidade B não há Mapa de risco, mas foram descritas as seguintes vantagens: “possibilidade de ver os riscos existentes na Unidade, e possível capacitação dos colaboradores”. Como desvantagem, “o tempo para elaboração”. 6.1.15 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) Em relação ao PCMSO (questão 15 do Apêndice A), esta Nova Tecnologia está presente na Unidade A, e segundo o Nutricionista tem vantagens como: “possibilidade de prevenir, rastrear e diagnosticar precocemente agravos a saúde do trabalhador, garantia de qualidade e a segurança dos alimentos manipulados”. E relata como desvantagem: “o tempo de elaboração”. O PCMSO não existe na Unidade B, mas mesmo assim o Nutricionista citou como vantagens: “acompanhamento da saúde do trabalhador, desde a admissão até a demissão, evita que mais tarde o colaborador entre com alguma ação contra a empresa e garante segurança alimentar”. Como desvantagem: “a falta de interesse dos gestores em implantá-lo e o custo”. 6.2 Análise dos dados Na coleta de dados foram citadas inúmeras vantagens pelos Nutricionistas, as mesmas foram agrupadas e quantificadas quanto ao número de 61 vezes que foram mencionadas pelos Nutricionistas e os dados são apresentados nos gráficos 3 e 4. Gráfico 3 - Principais vantagens citadas na UAN A 1 2 4 3 Auxílio na produção Prevenção de doenças; Aprimoramento de conhecimentos Alimentação segura; Melhoria contínua, Segurança no trabalho Outros Fonte: Dados da investigadora Gráfico 4 - Principais vantagens citadas na UAN B 1 2 5 3 4 Redução de trabalho Aprimoramento de conhecimentos; Segurança alimentar; Promoção de saúde Preocupação com o cliente; Melhoria contínua; Segurança no trabalho Alimentação saudável; Satisfação do cliente; Correções de erros no cardápio Outros Fonte: Dados da investigadora Através dos gráficos 3 e 4 verifica-se que as principais vantagens mencionadas pelos Nutricionistas das Unidades foram em relação ao auxílio na produção, que foi mencionada pelo Nutricionista da Unidade A 4 vezes e redução de trabalho, citada 5 vezes pelo Nutricionista da Unidade B, o que está diretamente relacionado, visto que se a tecnologia auxilia na produção a mesma irá consequentemente reduzir o trabalho dentro da Unidade. Já as vantagens citadas na Unidade A como: prevenção de doenças e aprimoramento de conhecimentos, apareceram 3 vezes, alimentação segura, melhoria contínua e segurança no trabalho, foram citadas 2 vezes, outras vantagens foram mencionadas 1 vez pelo Nutricionista. 62 Na Unidade B, foram mencionadas por 4 vezes: aprimoramento de conhecimentos, segurança alimentar e promoção de saúde, por 3 vezes: preocupação com o cliente, melhoria contínua e segurança no trabalho, por 2 vezes: alimentação saudável, satisfação do cliente e correções de erros no cardápio, outras vantagens foram citadas 1 vez pelo Nutricionista. As desvantagens mencionadas pelos Nutricionistas também foram agrupadas quanto ao número de vezes que foram citadas e estão apresentadas nos gráfico 5 e 6. Gráfico 5 - Principais desvantagens citadas na UAN A 1 5 3 4 Não tem Custo Dificuldades Outros Fonte: Dados da investigadora Gráfico 6 - Principais desvantagens citadas na UAN B 2 6 3 5 Não tem Custo Tempo; Mão-de-obra Outros Fonte: Dados da investigadora Já em relação às desvantagens, os gráfico 5 e 6, mostram que a maior parte das respostas dadas pelos Nutricionistas, foi que não viam nenhuma desvantagem em determinadas Novas Tecnologias, o que pode significar que apesar de algumas apresentarem desvantagens como custo, tempo e etc., as vantagens se sobressaem e representam benefícios dentro da produção da Unidade. 63 Além disso, também mencionada na Unidade A por 4 vezes, está o custo e por 3 vezes, dificuldades. Na Unidade B, citada por 5 vezes está custo e 3 vezes o tempo e mão-de-obra, outras desvantagens foram mencionadas pelos Nutricionistas tanto da Unidade A quanto B e as mesmas apareceram 1 vez no estudo. As vantagens ainda foram separadas quanto ao seu direcionamento, ou seja, se as mesmas visam benefícios ao cliente, ao colaborador, a empresa ou a outros. Gráfico 7 - Direcionamento das vantagens das Novas Tecnologias na UAN A 2 8 4 8 Cliente Colaborador Empresa Outros Fonte: Dados da investigadora Gráfico 8 - Direcionamento das vantagens das Novas Tecnologias na UAN B 3 4 11 9 Cliente Colaborador Empresa Outros Fonte: Dados da investigadora Nos gráficos 7 e 8 é possível observar que tanto a Unidade A, quanto a Unidade B direciona as vantagens das Novas Tecnologias tanto para os clientes (tendo sido citada 8 na Unidade A e 11 vezes na Unidade B) quanto para os colaboradores (citada 8 vezes na Unidade A e 9 vezes na Unidade B), o que traz inúmeros benefícios para as Unidades, pois a qualidade é quantificada pela satisfação do cliente e dos colaboradores. Vantagens direcionadas a empresa 64 apareceram 4 vezes na duas Unidades e outros direcionamentos foram citados pelos Nutricionistas e apareceram 2 vezes na Unidade A e 3 vezes na Unidade B. Morgam (1977 apud PFAFFENZELLER, 2003) argumenta que a satisfação está relacionada ao atendimento de nossas necessidades. E que uma vez satisfeito nessas necessidades, há um aumento da auto-estima e redução da ansiedade. Para Kotler (1994 apud PFAFFENZELLER, 2003) satisfação é o nível de sentimento de uma pessoa resultante da comparação do desempenho ou resultado de um produto em relação a sua expectativa. 65 7 CONCLUSÃO O objetivo geral foi o fio condutor do estudo, norteou a construção do referencial teórico e metodológico, permitindo que o mesmo fosse atingido. Dessa forma, a abordagem teórica buscou destacar a importância das Novas Tecnologias dentro das UANs. Foi encontrado grande dificuldade em relação a falta de estudos sobre o tema Novas Tecnologias, e também saber identificar quais estão atualmente disponíveis para o mercado de alimentação. Cabe ressaltar que, possivelmente, existam outras Novas Tecnologias que não tenham sido citadas, e que talvez, necessitassem serem incluídas aqui, mas que podem ser exploradas através da literatura. Assim, este estudo teve o objetivo maior de despertar o tema e, através dele, possibilitar o desenvolvimento de futuros trabalhos na área. Apesar da escassez de literatura disponível, a fundamentação teórica foi essencial para o delineamento da pesquisa, possibilitando a construção do estudo na busca dos objetivos propostos. Ela permitiu a construção de definições de Novas Tecnologias e sua importância dentro do funcionamento das UANs. As UANs que serviram de campo de estudo, assim como tantas outras empresas de alimentação, têm tentado acompanhar as mudanças que se processam no mercado nacional, com o intuito de permanecerem no mesmo. Na atualidade uma das formas das empresas produtoras e distribuidoras de refeições se manterem no mercado é investindo em Novas Tecnologias. No entanto, as mesmas têm necessidade de controlar seus custos com o objetivo de assegurar sua sobrevivência, e que por este motivo, talvez deixem de investir em Novas Tecnologias, o que pode comprometer a sua permanência no mercado. O desenvolvimento do estudo através da aplicação do questionário com os Nutricionistas permitiu que os mesmos pudessem expor suas opiniões sobre o tema e demonstrou que eles possuem algum conhecimento sobre Novas Tecnologias, mesmo das que encontram-se ausentes em suas Unidades. Na análise dos dados foi verificada uma grande diferença na presença das Novas Tecnologias, estando elas mais presentes na Unidade A. Já em relação às Vantagens e Desvantagens, não houve uma diferença tão significante. Verificouse que todas as Vantagens e Desvantagens mencionadas pelos Nutricionistas 66 possuem um perfil de direcionamento semelhante entre si. O direcionamento das Vantagens é em sua grande maioria em relação a preocupação com os clientes, evidenciando que a satisfação do cliente pode também garantir a permanência da empresa no mercado. Já sobre as desvantagens, apesar da maioria das respostas serem que “não havia desvantagens”, ainda assim, foi bastante mencionado o custo, estando ele ligado as Novas Tecnologias que necessitam de equipamentos, mais mão-deobra, ou alimentos, sendo estas as que necessitam de maior investimento para serem utilizadas pelas UANs, e como as Unidades estudadas são de pequeno porte, ou seja que não atendem um número muito grande de comensais, os Nutricionistas não veem a necessidade de implantá-las em suas Unidades, sendo também estas as mais ausentes nas duas UANs. Através do estudo foi verificado que os dados da população pesquisada vão ao encontro dos dados de alguns autores, no entanto não foi possível comparar todos os dados encontrados com a literatura, pois não são muito frequentes estudos relacionados a este tema. Com a realização da pesquisa fica evidente a necessidade de mais estudos nesta área em grande expansão dentro da Alimentação Coletiva. Contudo, este estudo, contribui através do tema abordado, não só com a produção científica acadêmica, mas também com as empresas que fornecem refeições e que se preocupam com sua permanência num mercado cada vez mais disputado e exigente, visando acima de tudo o sucesso. 67 8 REFERÊNCIAS ABERC – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE REFEIÇÕES COLETIVAS. História, objetivos e mercado, 2008. Disponível em: www.aberc.com.br. Acesso em 11 set. 2008. ABREU, Edeli Simioni de; SPINELLI, Mônica Glória Neumann; ZANARDI, Ana Maria Pinto. Gestão de unidades de alimentação e nutrição: um modo de fazer. 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Nela, o acadêmico deve desenvolver pesquisa no campo da Nutrição, produzir uma monografia com os resultados obtidos e defendê-la perante uma banca examinadora. Neste sentido apresentamos o(a) acadêmico(a) Clarissa Borges Ellwanger da 7ª. fase do curso e solicitamos sua autorização para realização da pesquisa (coleta de dados) em sua instituição. Informamos que será mantida a ética da pesquisa, de acordo com os rigores da legislação, onde serão resguardados o nome da instituição e dos participantes. Agradecemos pela sua atenção e contribuição com o desenvolvimento da ciência. Atenciosamente, _______________________ Coordenador de TCC ___________________________ Responsável pela Instituição Criciúma ______ de ________________ de 20___. 79 ANEXO B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE 80 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado a participar da pesquisa sobre: VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE DUAS UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO (UAN) DO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA, SC. Sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento não necessitando apresentar nenhuma justificativa, bastando, para isso, informar sua decisão a investigadora. Sua recusa não lhe trará nenhum prejuízo em relação a investigadora ou a instituição. O objetivo deste estudo é: Apresentar quais as vantagens e desvantagens das Novas Tecnologias em duas Unidades de Alimentação e Nutrição com gestão terceirizada, a partir da visão dos profissionais responsáveis (Nutricionistas). Sua participação nesta pesquisa consistirá em: Permitir o acesso da investigadora na Unidade de Alimentação e Nutrição, para conhecer o processo produtivo da mesma, e responder a entrevista sobre o uso das novas tecnologias. Não há risco ou ônus na sua participação nessa pesquisa. Da mesma forma, você também não terá bônus. Os dados obtidos serão confidenciais e asseguramos o sigilo de sua participação durante todas as fases da pesquisa, inclusive após a publicação da mesma. Os dados não serão divulgados de forma a denegrir sua imagem, pois o objetivo principal é apresentar quais as vantagens e as desvantagens das novas tecnologias em duas Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas. O seu anonimato será preservado por questões éticas. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone da investigadora para localizá-lo a qualquer tempo e uma cópia do trabalho final. Meu nome é Clarissa Borges Ellwanger. A pesquisa acontece sob supervisão da professora Alessandra Zanette Ghisi Frassetto. Meu telefone para contato é (048) 91112069. Considerando os dados acima, confirmo ter sido informado por escrito e verbalmente dos objetivos deste estudo científico. Desta forma, Eu.................................................................................................................., Nutricionista, aceito voluntariamente participar desta pesquisa e declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação. Criciúma, _____ de ____________ de 200___. Clarissa Borges Ellwanger Nome e assinatura do sujeito pesquisado