Conduta em pacientes com endometriomas ovarianos: modalidades terapêuticas e impacto sobre a fertilidade. Autores: Ludimila Sobreira Sena; Ana Luiza Sobreira Sena; Breno Machado Neves; Rayssa Piazzi Rocha1; Homero Gonçalves Junior2; Luciano Fernandes Loures3. 1-Acadêmicos de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora; 2- Professor de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora; 3Professor de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora e orientador da Liga Acadêmica de Ginecologia. Universidade Federal de Juiz de Fora Introdução: O endometrioma ovariano é um tumor benigno dependente de estrogênio, muito associado à infertilidade. A quantidade e a qualidade dos oócitos podem ser afetadas. Marcadores séricos, como FSH, inibina B, 17-β-estradiol, hormônio antimülleriano, são usados para medir a função ovariana e revelar a coorte de folículos inativos responsáveis pela continuidade de ciclos ovulatórios e o potencial reprodutivo.1 Objetivos: A presente revisão tem como objetivo analisar as modalidades terapêuticas e o impacto sobre a fertilidade em pacientes com endometriomas ovarianos. Metodologia: A revisão sistemática selecionou artigos publicados nas bases de dados SciELO e PubMed nos últimos dez anos, considerando os descritores: endometriose ovariana, tratamento e infertilidade. Foram selecionados os estudos mais relacionados ao tema. Resultados: O tratamento da endometriose é baseado em sua classificação em mínima, leve, moderada ou grave segundo a extensão da doença no peritônio e ovários, bem como a presença de aderências. Os tratamentos mais difundidos atualmente são a cirurgia, a terapia de supressão ovariana ou a associação de ambas. Os endometriomas ovarianos não respondem adequadamente ao tratamento medicamentoso, sendo a cirurgia indicada nos casos de endometriomas sintomáticos ou volumosos. A cirurgia conservadora deve ser considerada como primeira opção nas pacientes inférteis com endometriose ovariana, jovens ou com desejo de gestação, a fim de se evitar redução na resposta ovariana2. As opções de cirurgia conservadora incluem a exérese da pseudocápsula, drenagem e ablação do cisto ou punção e esvaziamento. A cirurgia excisional aumenta os índices de gestação espontânea nas pacientes com subfertilidade e parece haver uma melhor resposta folicular ovariana à estimulação com citrato de clomifeno e gonadotrofinas nas pacientes que realizaram esta cirurgia. Na endometriose de graus mínimo e leve, a ablação e a adesiólise parecem melhorar a fertilidade, e se mostram mais eficaz para esta finalidade do que a realização exclusiva da laparoscopia diagnóstica, além de contribuir na redução da dor pélvica.3 Em casos de infertilidade já confirmada, a reprodução assistida é uma alternativa para mulheres com desejo de gestação. Na endometriose mínima ou leve, a inseminação intrauterina com indução da ovulação é um tratamento eficaz, levando-se em consideração que a anatomia da pelve deve estar preservada e pelo menos uma trompa deve estar pérvia e em boas condições.4 No caso de pacientes em estágios moderado ou grave, com comprometimento tubário, submetidas ao uso prévio de agonistas do GnRH por 3 a 6 meses para possível aumento da probabilidade de gravidez, a fertilização in vitro (FIV) é o tratamento apropriado. Nestas situações tem-se proposto atualmente a aspiração seguida de escleroterapia com etanol antes da FIV, já que é uma técnica pouco invasiva, menos dispendiosa e permite a preservação do tecido ovariano e foliculogênico.5 Conclusão: Analisando-se as informações apresentadas, que abordam o impacto das diferentes modalidades terapêuticas sobre a fertilidade, conclui-se que fatores primordiais como a reserva ovariana, idade da paciente, volume do endometrioma, e severidade da doença devem ser sempre levados em consideração, no que tange à escolha do tratamento mais adequado para cada paciente, a fim de potencializar as taxas de sucesso de gestação. Referências bibliográficas: 1- FRANKFURT, Sandra et al.Avaliação dos níveis basais de FSH em pacientes inférteis com endometriose profunda de ovário tratadas cirurgicamente. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [online]. 2009, vol.31, n.7, pp.349-352. ISSN 0100-7203. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-7203200900070000. 2-Ünlü, C., & Yıldırım, G. (2014). Ovarian cystectomy in endometriomas: Combined approach. Journal of the Turkish German Gynecological Association, 15(3), 177–189. http://doi.org/10.5152/jtgga.2014.1111 3- CARMAHAN, Molly et al. Ovarian endometrioma: guidelines for selection of cases for surgical treatment or expectant management. Expert Rev. Obstet. Gynecol. 8(1), 29–55 (2013). USA. ISSN 1747-4108. https://www.clevelandclinic.org/ReproductiveResearchCenter/info/2012/CarnahanM_Fedor-J-2012.pdf 4-NACUL, Andrea Prestes and SPRITZER, Poli Mara.Aspectos atuais do diagnóstico e tratamento da endometriose. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [online]. 2010, vol.32, n.6, pp.298-307. ISSN 0100-7203. http://dx.doi.org /10.1590/S0100-72032010000600008. 5-ANDRE, Gustavo Mendonça et al.Aspiration and ethanol sclerotherapy to treat recurrent ovarian endometriomas prior to in vitro fertilization – a pilot study. Einstein (São Paulo) [online]. 2011, vol.9, n.4, pp.494-498. ISSN 1679-4508. http://dx.doi.org/10.1590/s1679-45082011ao2081.