É preciso falar sobre a doença Mas, afinal, o que é

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Mas, afinal, o que é endometriose?
z Para entender o que é a endometriose, primeiro é importante lembrar o que é menstruação, que é quando o corpo
da mulher se prepara, mensalmente, para uma gravidez.
z Quando a mulher não engravida, a
parede interna do útero, o endométrio,
descama em forma de menstruação.
z Na endometriose, também chamada de “menstruação reversa”,
partes do endométrio pegam o caminho contrário e se alojam
no lugar errado. Eles entram através das Trompas de Falópio e
pequenos pedaços de endométrio grudam na cavidade abdominal.
Pedaços do
endométrio
Trompas
de Falópio
so
Cavidade
abdominal
al
tru
ns
o
inh
r
ve
re
me
m
Ca
Útero
z Ao se implantarem em órgãos
como intestino, bexiga, trompas e
ovário, isso dá início a um processo
inflamatório, a endometriose.
Fluxo
menstrual
normal
Os sintomas
z Um dos principais sintomas da doença é a
cólica intensa e prolongada. Esse também é o
motivo pelo qual muitas mulheres acham que a
dor é normal no período menstrual e acabam
não investigamento o problema.
z Além da cólica, há outros indícios da endometriose: dor durante as relações sexuais, dor ao
defecar ou urinar, sangramento na urina ou nas
fezes, sangramento intenso ou irregular e dificuldade para engravidar.
z De acordo com os médicos, em cerca de 20%
dos casos, as pacientes não apresentam nenhum sintoma prévio. Na maior parte dessas
situações, a paciente só descobre a doença
quando não consegue engravidar.
O tratamento
A
cura da endometriose vem com a menopausa, mas
o ginecologista Paulo Afonso Beltrame alerta: há
vários tipo de tratamentos que podem ser feitos,
especialmente em mulheres que estão longe do fim do
ciclo reprodutivo. Essas terapias envolvem desde medicação – como anticoncepcionais orais ou injetáveis, que
inibem a menstruação – até a laparoscopia, procedimento cirúrgico no qual os focos espalhados pelo corpo
são cauterizados.
– Há tratamentos que podem durar até seis meses.
Falar de cura é complicado. Até existem casos em que
a paciente fica curada, mas não há garantia de que não
ocorra uma reincidência – explica o ginecologista.
O médico João Sabino Cunha Filho aconselha ainda
que devido à chance de reincidência, as pacientes continuem fazendo o acompanhamento médico ao longo
da vida.
10 – Santa Maria, sábado e domingo, 25 e 26 de julho de 2015
É preciso
falar sobre
a doença
Q
uando tinha 24 anos, a terapeuta ocupacional Marília
Rodrigues, hoje com 32,
começou a sentir os primeiros
sintomas do que seria confirmado depois de uma longa jornada:
a endometriose. Ela tinha cólicas tão intensas que provocavam
queda de pressão e até mesmo
desmaios. Do período menstrual,
as dores passaram a ser diárias e
alguns profissionais procurados
chegaram a afirmar que seria apenas cólicas normais.
– Coisas como sair para passear
em um shopping, ou pequenas
atividades domésticas eram difíceis de fazer, por causa da dor.
Fiquei um ano e meio a base de
morfina – lembra Marília.
O diagnóstico foi lento e, mesmo depois da confirmação, ela
ainda demorou um tempo até
encontrar um especialista que a
orientasse o tratamento. Foram
quase dois anos de investigação e cinco cirurgias. No caso
de Marília, fragmentos do endométrio chegaram a aderir aos
nervos lombares, incluindo o nervo ciático, tornando a doença ainda mais complicada. Ela e outras
amigas, que também são vítimas
do problema, resolveram criar um
site para compartilhar dúvidas e
experiências. O Grupo de Apoio
às Portadoras de Endometriose e
Infertilidade (eutenhoendometriose.blogspot.com.br) também virou fanpage no Facebook (Endometriose Gapendi).
A ideia do site e da página na
rede social é mais do que reunir e
compartilhar experiências entre
quem sofrem da doença, mas, sim,
divulgar dados sobre a endometriose, um tema desconhecido por
muitas brasileiras. Em 2013, uma
pesquisa da Sociedade Brasileira
de Endometriose (SBE) revelou
que 53% das mulheres nunca ouviram falar sobre a enfermidade.
A luta de quem conhece de perto o problema é para falar sobre o
tema e para que a pauta seja de interesse público.
– É importante falar sobre o
assunto, porque falta conhecimento da população, inclusive das
mulheres e dos médicos – afirma
Marília.
Para a terapeuta, é preciso agir
para apoiar quem sofre calada:
– A endometriose machuca demais a mulher, destrói sonhos,
adia planos, interfere muito na
qualidade de vida. A gente percebeu que essas mulheres precisam
saber o que é a doença e que não
estão sozinhas. A doença não
mexe só com o físico, mas com o
emocional também, por conta das
dores, da possível infertilidade e
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