Atualização 1 Capítulo 2 Ressuscitação Cardiopulmonar-cerebral Capítulo 3 Novas Técnicas em Ressuscitação Cardiopulmonar 1. CONSIDERAÇÃO INICIAL Em dezembro de 2005 a American Heart Association (AHA) divulgou as mais recentes diretrizes do suporte de vida (ressuscitação cardiopulmonarcerebral).1 As principais modificações, para todos os socorristas, segundo a AHA são: 1. Recomendação de que cada ventilação resgate seja feita por 1 segundo e produza visível elevação do tórax; 2. Compressões torácicas eficazes; 3. Uma única relação compressão-ventilação (30:2); 4. PCR atendida após 4-5 minutos do evento deve ser procedida a ressuscitação (5 ciclos de compressões-ventilação) antes de se desfibrilar o paciente; 5. Não são mais recomendados choques escalonados na TV/FV (200, 300, 360 J); aplicar um choque de 360 Joules do monofásico (150-200 J do bifásico), seguido de RCP imediata por dois minutos antes de checar pulso central ou sinais de circulação. 6. Não existe mais a seqüência droga? choque? checa. corroborado pelo estudo realizado em Chicago (EUA).2 Os pesquisadores mostraram que: • Os pacientes ficam sem compressão torácica por quase 1/4 do tempo da RCP; • Em mais de 1/3 dos pacientes, as compressões não foram adequadas; • Os socorristas costumam hiperventilar o paciente (freqüência respiratória média de 21/ minuto); • Pior ainda, quase 60% das PCR’s são ventiladas com freqüência maior que 20/minuto. É importante lembrar que a hiperventilação ocasiona aumento da pressão intratorácica, diminui o retorno venoso e reduz o fluxo de perfusão coronariana. Por isto, o socorrista deve evitar a hiperventilação em pacientes com PCR (uma regra útil é contar de 1 a 6 (segundos) e ventilar apenas no 6, ou seja, 10 irpm). Outro estudo mostrou que ocorre um grande atraso no início da RCP. Gastou-se mais 1 minuto entre diagnosticar o ritmo da PCR e iniciar o tratamento seja desfibrilação ou compressões torácicas.3 3. NOV AS DIRETRIZES DO SUPORTE DE VID A OVAS IDA 2. QUALID ADE DA RESSUSCIT AÇÃO (RCP) ALIDADE ESSUSCITAÇÃO Infelizmente, o prognóstico de pacientes com parada cardiorrespiratória (PCR) ainda é muito ruim; uma fração muito pequena de pacientes consegue ter alta hospitalar e levar uma vida produtiva. Acredita-se que parte do prognóstico ruim da PCR deva-se à inadequada técnica de RCP. Isso foi 3.1. Compressões T orácicas Eficazes Torácicas Na vigência de PCR não existe fluxo sangüíneo. As compressões torácicas produzem uma pequena quantidade de fluxo sanguíneo para órgãos vitais como coração e cérebro. Quanto melhores forem as compressões torácicas, melhor será o fluxo sangüíneo para esses órgãos. 1 ABORDAGEM INICIAL DOS PACIENTES NO PRONTO-SOCORRO Estudos recentes mostraram que 50% das compressões torácicas realizadas por socorristas são muito superficiais e interrompidas com muita freqüência. RECOMENDAÇÃO: As compressões devem ser em uma freqüência de 100 por minuto, o socorrista deve fazer compressão forte, rápida e sem parar, de maneira que o tórax retorne a posição inicial antes de ser iniciada uma nova compressão. O tempo de compressão e relaxamento deve ser praticamente o mesmo. As compressões devem ter uma profundidade de aproximadamente 4 a 5 cm. O socorrista deve, ao máximo, evitar interrupções nas compressões torácicas. 3.2. V entilação com Duração de Um Segundo Ventilação Durante as manobras de RCP o fluxo sanguíneo para os pulmões é muito menor que o normal, portanto, a vítima necessita de muito menos ventilação que o normal. As ventilações de resgate podem ser aplicadas com segurança por um segundo. Inclusive, devemos limitar o tempo empregado nas ventilações de resgate, pois elas promovem interrupção das compressões torácicas e também aumentam a pressão intratorácica diminuindo o retorno venoso para o coração e prejudicando a eficácia da RCP. RECOMENDAÇÃO: A ventilação deve durar um segundo e produzir elevação evidente do tórax. Os socorristas devem aplicar o número recomendado de ventilações; nunca, porém, devem ultrapassar esse número ou então realizar ventilações prolongadas e/ou forçadas. 3.3 - Uma Única Relação Compressão Compressão--Ventilação para Adultos A ventilação, nos primeiros minutos de uma parada respiratória, parece desempenhar um papel secundário quando comparada às compressões torácicas, porém em alguns casos como PCR em lactentes e crianças, casos de afogamento e parada respiratória por overdose de drogas tem um importante componente de hipóxia, determinando nesses casos uma importância fundamental das ventilações, daí a recomendação da compressão associada à ventilação. RECOMENDAÇÃO: Realizar ciclos de compressão torácica-ventilação 30:2, ou seja, 30 compressões alternadas com 2 ventilações. Essa orientação aplica-se desde socorristas leigos até profissionais de saúde treinados em normas de ACLS e objetiva uniformizar o atendimento para todos os socorristas, facilitar a 2 memorização, aumentar o número de compressões torácicas e diminuir o tempo de interrupções na massagem cardíaca. 3.4. Aplicação de Um Choque Seguido de RCP Imediata Mesmo quando a aplicação de um choque consegue reverter uma FV, demora-se alguns minutos para que o coração retome um ritmo cardíaco “normal” e mais tempo ainda para retomar um fluxo sanguíneo efetivo. Um período de compressões torácicas pode oferecer sangue e oxigênio para o coração, aumentando a probabilidade de que esse coração ofereça uma circulação eficaz. RECOMENDAÇÃO: Os socorristas devem aplicar um choque e depois começar RCP imediata; a verificação da presença de pulso central após a desfibrilação foi abolida. O socorrista, depois do choque deve realizar 5 ciclos de RCP (2 minutos aproximadamente) e só então verificar sinais de circulação (movimentação, respiração e tosse) para os leigos ou presença de pulso central, para profissionais de saúde. Muito importante: se a duração da parada for maior que 4-5 minutos, o socorrista deve realizar 5 ciclos de compressão torácica e ventilação (1 ciclo: 30 compressões e 2 ventilações) mesmo que seja um fibrilação ventricular (FV)/taquicardia ventricular (TV) antes de desfibrilar. 4. VASOPRESSORES E AMIOD ARONA MIODARONA O uso de um vasopressor durante o atendimento da parada se faz necessário, pois determina melhora do retorno venoso e da perfusão coronariana. As drogas a serem administradas inicialmente na PCR (FV/TV sem pulso, assistolia ou atividade elétrica sem pulso) são: adrenalina (epinefrina) e/ou a vasopressina. • Adrenalina (EV) é de 1 mg a cada 3 a 5 minutos; • Vasopressina: deve ser utilizada em única dose de 40 U. • A Vasopressina pode ser utilizada em substituição à primeira ou segunda dose da adrenalina ou como droga inicial. A primeira droga antiarrítmica recomendada é amiodarona: • Indicação: FV/TV que não reverte com a desfibrilação; ATUALIZAÇÃO 1 • Dose: 300 mg EV em bolus (5 mg/kg de peso), podendo ser repetida mais uma dose de 150 mg (2,5 mg/kg); • Manutenção após retorno de ritmo com pulso: 1 mg por minuto por 6 horas e 0,5 mg por minuto por mais 18 horas. • Máximo de 2,2 g em 24 horas. • Quando uma via aérea avançada for conseguida, ventilar 8-10 por minuto, não sendo necessário mais sincronia com a compressão torácica. 6. O NOVO ALGORITMO Apesar de aparentemente complexo, o algoritmo é bastante didático e completo. 5. VENTILAÇÃO Muito cuidado para não hiperventilar os pacientes. Regras gerais recomendadas pela AHA: • Aplicar as ventilações durante um segundo/cada; • Volume corrente suficiente para elevar a parede torácica; • Não usar ventilações forçadas; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Advanced Life Support – American Heart Association: Circulation 2005; 112: IV-1-IV-211. 2. Abella BS, Alvarado JP, Myklebust H et al. JAMA 2005; 293:305-309. 3. Valenzuela TD, Kern KB, Clark LL. Interruptions of Chest Compressions During Emergency Medical Systems Resuscitation. Circulation 2005; 112:1259-1265. 3 ABORDAGEM INICIAL DOS PACIENTES NO PRONTO-SOCORRO 1 PCR • Pedir ajuda e iniciar RCP; • Oxigênio; • Acoplar monitor/desfibrilador quando disponível. 2 3 FV/TV sem pulso 9 Checar ritmo: Ritmo passível de choque? Não Sim 4 10 Aplicar um choque de 360 J do monofásico# e reiniciar RCP imediatamente. Aplicar 5 ciclos de RCP 5 Checar ritmo: Ritmo passível de choque? Continuar RCP por 5 ciclos; Aplicar vasopressor quando acesso EV/IO disponível: • Adrenalina 1mg/dose; repetir a cada 3-5 min ou • Vasopressina 40 U, substituindo a 1ª ou 2ª dose de adrenalina; Considerar Atropina 1mg EV/IO para assistolia ou AESP com frequência baixa (a cada 3-5 min; dose máxima 3mg). Não Sim Aplicar 5 ciclos de RCP 6 11 Continuar RCP enquanto o desfibrilador é carregado; Aplicar um choque de 360 J do monofásico# e reiniciar RCP imediatamente; Aplicar vasopressor quando acesso EV/IO disponível: • Adrenalina 1mg/dose; repetir a cada 3-5 min ou • Vasopressina 40 U, substituindo a 1ª ou 2ª dose de epinefrina. Checar ritmo: Ritmo passível de choque? 12 7 Box 4 Sim Não Não Sim 8 Continuar RCP enquanto o desfibrilador é carregado; Aplicar um choque de 360 J do monofásico# e reiniciar RCP imediatamente Considerar antiarrítmico durante RCP: • Amiodarona: 300mg EV/IO; considerar 2ª dose de 150 mg; Após 5 ciclos de RCP, vá para o box 5. 13 Se assistolia, siga para box 10; Se atividade elétrica, cheque por pulso: • Pulso ausente: vá para box 10; • Pulso presente: inicie cuidados pós-PCR. Aplicar 5 ciclos de RCP Checar ritmo: Ritmo passível de choque? AESP/ Assistolia DURANTE A RCP: RCP rápida e forte (100/minuto); Permitir o retorno do tórax; Evitar interrupções na RCP; 1 ciclo de RCP: 30 compressões - 2 ventilações; Não hiperventilar; Assegurar e confirmar via aérea avançada; Após via aérea avançada: – 8-10 ventilações por minuto; – Compressões contínuas e ininterruptas; – Checar pulso a cada 2 minutos; • Mudar o profissional que aplica as compressões a cada 2 min; • Procurar e tratar 6H/5T: – Hipovolemia – Hipóxia – Hidrogênio (acidose) – Hipo ou hipercalemia – Hipoglicemia – Hipotermia – Tóxicos (intoxicação exógena) – Tamponamento cardíaco – Tensão (pneumotórax hipertensivo) – Trombose (síndrome coronariana) – Tromboembolia pulmonar • • • • • • • Fig. 1 – Algoritmo da PCR – Baseado no algoritmo da American Heart Association 2005: Part 7.2: Management of Cardiac Arrest: Circulation 2005; 112: IV-59. IO = intra-ósseo;# ou energia equivalente do bifásico (150 a 200 Joules). 4