Rev. bras. fisioter. VoL 6, No. I (2002), 41-45 ©Associação Brasileira de Fisioterapia COMPARAÇÃO ENTRE A ESCALA DE BORG MODIFICADA E A ESCALA DE BORG MODIFICADA ANÁLOGO VISUAL APLICADAS EM PACIENTES COM DISPNÉIA Brunetto, A. F., 1 Paulin, E. 2 e Yamaguti, W. P. S. 3 1 Av. Robert Kock, 60, Bairro Cervajaria, C.P. 6001, CEP 86010-190, Londrina, PR 2 Rua Marialva, 5819, Zona III, CEP 87502-100, Umuarama, PR 3Rua Tijuca, 94, Jardim Ipanema, CEP 86015-230, ~ondrina, PR Correspondência para: Elaine Pau !in, Rua Marialva, 5819, Zona III, CEP 87502-100, Umuarama, PR, e-mail: [email protected] Recebido: 04/06/01 -Aceito: 29/08/01 RESUMO Dispnéia é um sintoma respiratório que pode ser primário ou associado a várias condições patológicas. A utilização de instrumentos que possibilitem a graduação da intensidade desta sensação subjetiva de desconforto respiratório deve ser incorporada na prática clínica do fisioterapeuta. A literatura relata que vários instrumentos têm sido propostos para a avaliação da intensidade da dispnéia, incluindo métodos de entrevistas, questionários auto-aplicativos e escalas numéricas e v_isuais. A Escala de Borg Modificada é a mais utilizada na prática clínica para a avaliação do grau de desconforto respiratório durante o exercício, porém sua aplicação está restrita a indivíduos alfabetizados. Diante disso, surgiu a necessidade de criar uma forma alternativa de avaliar a dispnéia em pacientes analfabetos ou com baixo grau de compreensão. Então, elaboramos uma escala com a mesma graduação da Escala de Borg Modificada, porém, em vez de o paciente ler para dar a nota, ele se orientará por quadros que vão variar a intensidade da cor, conforme a sensação de dispnéia referida pelo paciente no momento. Denominamos este novo instrumento de medida baseado na Escala de Borg Modificada de Escala de Borg Modificada Análogo Visual. O objetivo deste estudo foi comparar a Escala de Borg Modificada (EBM) com a Escala de Borg Modificada Análogo Visual (EBMAV) desenvolvida em nosso setor. Foram selecionados, aleatoriamente, 23 pacientes que aguardavam atendimento no Hospital Regional do Norte do Paraná (HURNPr) e que estivessem procurando o serviço devido à dispnéia. Todos os pacientes graduaram a intensidade da dispnéia que apresentavam naquele exato momento por intermédio das duas escalas: Escala de Borg Modificada (EBM) e Escala de Borg Modificada Análogo Visual (EBMAV). A média das notas obtidas pela aplicação das duas escalas foram de 4,83 ± 1,67 para a Escala de Borg Modificada e de 4,91 ± 2,19 para a Escala de Borg Modificada Análogo Visual. Não houve diferença significativa entre os valores das duas escalas (p = 0,32), indicando similaridade entre as duas escalas na mensuração da dispnéia. A EBMAV é um recurso prático que pode ser utilizado pelo fisioterapeuta na avaliação de pacientes não alfabetizados que relatam dispnéia, visando graduar a intensidade dessa sensação subjetiva de desconforto respiratório ao repouso e/ou durante o exercício. Palavras-chave: dispnéia, Escala de Borg Modificada, Escala Análogo Visual, avaliação. ABSTRACT Dyspnea is a respiratory symptom that can be primary or associated with severa! patologic conditions. The use of instruments that make possible lhe graduation of the intensity of this subjective feeling o f respiratory discomfort, must be added in physiotherapyst clinicai practice. Previous studies relates severa! instruments suggested for lhe evaluation of dyspnea intensity including interviewing methods, questionnaires self-applied, numerical scales and visual scales. The Modified Borg Scale (MBS) is the most used in clinicai practice to evaluate respiratory discomfort degree during exercise, but its application is restricted to alphabetized individuais. Considering these facts, emerged the necessity to create an alternative method to evaluate the dyspnea in non-alphabetized patients or with low levei of comprehension. A different scale was elaboreted with the same graduation of MBS. The difference was in giving marks not through the phrases, but through coloured tables that varied the colour intensity according to the intensity of dyspnea refered by the patient in that moment. We denominated this new scale based in MBS as Visual Analogue Modified Borg Scale (VAMBS). The aim of this study was to compare the MBS with the VAMBS created in our laboratory. Twenty three patients waiting for attending in HURNPr and refering breathlessness were aleatory selected. Ali the individuais sellected pointed the intensity of dyspnea presented in that moment on both scales: MBS and VAMBS. The average of the obtained notes by the application of both scales was 4,83 ± Rev. bras . .fisiorer Brunetto, A. F, Paulin, E. e Yamaguti, W. P. S. 42 (p = 0.32) 1.67 for the MBS and 4. 91 ± 2.19 for the VAMBS. There wasn't significative diference between the values of both scales by thL' used be can that and it indicate simylarity between both scales to evaluate the dyspnea. The VAMBS is a pratic instrument subjectiYl' this of intensity the graduare to physiotheraphyst in the evaluation of patients non-alphabethized who relates dyspnea intending sensation of respiratory discomfort in repouse and/or during exercise. Key words: dyspnea, Modified Borg Scale, Visual Analogue Scale, assessment. INTRODUÇ ÃO Dispnéia é um sintoma comum em indivíduos acometidos por doenças cardíacas e/ou pulmonares, podendo ser definida como uma sensação subjetiva de desconforto e falta de ar (McGavin et al., 1978). O mecanismo da dispnéia não é claramente entendido, e não há uma teoria universal que explique completame nte suas bases fisiológicas. Mahler et al. (1984) consideram a dispnéia resultado de fatores fisiológicos e psicológicos que afetam pacientes com afecções cardioiTespiratórias Alguns fatores como diminuição da complacência pulmonar, limitação ao fluxo aéreo, insuficiência cardíaca, distúrbios metabólicos e outras condições que alteram a ventilação pulmonar, como gravidez, obesidade, anemia e fatores psíquicos, podem estar associados à gênese da dispnéia (Silva, 1981). Além desses fatores, o aumento do trabalho respiratório durante a atividade física pode desencadear e intensificar a sensação de falta de ar. Independente das causas do desconforto respiratório, os profissionais da área da saúde devem conhecer as característica s e a intensidade da dispnéia para entender o impacto do desconforto respiratório na qualidade de vida dos pacientes. Embora seja normal o desconforto respiratório desencadead o quando indivíduos realizam atividades com esforço máximo, o mesmo desconforto experimenta do diante de atividades moderadas ou leves ou mesmo em repouso implica situação patológica (Killina et al., 1994). Para muitos pacientes é difícil descrever sua experiência de falta de ar. Simon et al. (1988) demonstrara m que a dispnéia é específica para cada patologia e pode refletir os diferentes mecanismos fisiopatológ icos, porém sua intensidade deve ser graduada. Então, a mensuração da intensidade da dispnéia é fundamenta l na prática clínica, pois permite ao fisioterapeu ta elaborar uma conduta efetiva que viabilize alcançar seus objetivos terapêuticos . Além disso, o conheciment o da intensidade da dispnéia apresentada pelo paciente fornece dados importantes da evolução do quadro clínico do paciente durante o tratamento. Contudo, sabese que a avaliação da dispnéia não é um procediment o fácil por se tratar de uma sensação subjetiva e individual na qual sua severidade pode não estar corrclaciona da com mensurações fisiológicas (Killina, 1994 ). Gateau et al. ( 1997) afirmam que o reconhecim ento da dispnéia e a avaliação de sua gravidade baseiam-se clinicament e na intensidade da atividade funcional que é exigida para produzir desconforto ao ato de respirar. Vários instrumento s têm sido propostos para a avaliação da intensidade da dispnéia, incluindo métodos de en- trevistas, questionário s auto-aplicati vos e escalas numéricas e visuais (Muza et al., 1990). Todos estes métodos têm sido aplicados com objetivos clínicos e de pesquisa, bem como para estudos epidemiológ icos. Mador et a!. ( 1995) consideram a Escala de Borg Modificada (EBM) e a Escala Análogo Visual (EAV) como os instrumentos mais utilizados por investigador es na avaliação do grau de desconforto respiratório durante o exercício. A Escala de Borg Modificada (Borg, 1982) é uma escala de I O pontos na qual cada número corresponde a uma intensidade de falta de ar, desde "nenhuma falta de ar" até "falta de ar máxima". Segundo Mador et al. (I 995), a EBM é reprodutível e válida na avaliação da dispnéia, porém para utilizar essa escala o paciente deve ser alfabetizado , pois terá de ler e informar o número corresponde nte à intensidade da falta de ar referida no momento. Como grande parte dos pacientes atendidos no Ambulatório de Fisioterapia Cardiopulm onar tem baixo nível sócio-econô mico e/ou são analfabetos , a EBM torna-se inviável. Diante disso, surgiu a necessidade de criar uma forma alternativa de avaliar a dispnéia em pacientes analfabetos ou com baixo grau de compreensã o. Então, elaboramos uma escala com a mesma graduação da Escala de Borg Modificada, porém em vez de o paciente ler para dar a nota. ele se orienta por quadros que variam a intensidade da cor. conforme a sensação de dispnéia referida pelo paciente no momento. Denominam os esse novo instrumento de medida baseado na Escala de Borg Modificada de Escala de Borg Modificada Análogo Visual (EBMAV). O objetivo deste estudo foi comparar a Escala de Borg Modificada com a Escala de Borg Modificada Análogo Visual desenvolvid a em nosso setor. METODOL OGIA Sujeitos Estudados Foram avaliados, aleatoriame nte, 23 pacientes que aguardavam atendimento no Hospital Regional do Norte do Paraná (HURNPr) e/ou que estivessem internados por causa de dispnéia, sendo I O mulheres e 13 homens com idade média de 57,43 ± 15,59 anos, peso médio de 63,24 ± I 2,28 kg e altura média de I 53,63 ± 39,38 em. Os critérios de inclusão dos pacientes neste estudo foram os seguintes: todos deveriam ser alfabetizado s, nenhum paciente deveria conhecer as escalas utilizadas neste estudo c todos os pacientes deveriam estar em crise de dispnéia sem levar em consideraçã o sua causa. Não foram estudados exclusivame nte pacientes pncumopatas e, sim, todos os pacientes que referiam desconforto 43 Avaliação Subjetiva da Dispnéia Vol. 6 No. I, 2002 respiratório independente da causa. As doenças apresentadas pela população estudada variaram desde patologias do aparelho respiratório até neoplasias e doenças cardíacas. A Figura 1 traz os dados referentes às doenças apresentadas pelo grupo. ·-··---···-··- D Pneumonia b'JDPOC 10 tensidade da dispnéia é graduada por intermédio de linhas coloridas que variam a intensidade das cores. Esta escala apresenta I O linhas, e cada uma corresponde a uma intensidade de dispnéia. À medida que as linhas vão apresentando cores mais intensas, a dispnéia sentida pelo indivíduo também aumenta. Nesta escala, o indivíduo deve apontar qual linha representa sua falta de ar (Figura 3). O Carcinoma brônquico ~ 2 8 c QJ ·u "' Q. ll'JAsma brônquica 6 QJ "O o ESCALA DE BORG MODIFICADA ANÁLOGO VISUAL 1181Derrame pleural 4 (i) E 2 •:::> IIICC z o 11 Fibrose pulmonar Figura I. Diagnóstico dos pacientes estudados. Instrumentos Utilizados l. Escala de Borg Modificada (EBM): Trata-se de uma escala de 10 pontos na qual a intensidade da dispnéia sentida no momento da investigação é graduada por intermédio de números. Cada número é seguido de uma descrição escrita da intensidade da dispnéia, desde "nenhuma falta de ar" até "falta de ar máxima". À medida que os valores numéricos vão aumentando, a intensidade da dispnéia também aumenta. O indivíduo deve informar qual número representa sua falta de ar (Figura 2). ESCALA DE BORG MODIFICADA 1) nenhuma 2) muito, muito leve 3) muito leve 4) leve 5) moderada 6) pouco intensa 7) intensa 8) muito intensa 9) muito, muito intensa Figura 3. Representação da EBMAY. Procedimento Experimental Todos os pacientes graduaram a intensidade da dispnéia por intermédio das duas escalas: Escala de Borg Modificada e Escala de Borg Modificada Análogo Visual. Um sorteio prévio definiu por qual escala o paciente graduaria primeiro a intensidade de sua dispnéia. As notas obtidas foram anotadas em uma ficha elaborada para cada paciente para análise posterior. Nessa ficha também foi anotado o diagnóstico dos pacientes que foi obtido em pesquisa nos prontuários médicos. Este estudo foi desenvolvido com a aprovação da Comissão de Bioética da instituição (parecer nu 366.263/97) e com a autorização de todos os indivíduos participantes. Análise Estatística A análise dos dados obtidos foi realizada por intermédio da aplicação do test t de student, com diferença significativa para p < 0,05 para dados pareados e correlação simples de Pearson. 10) máxima RESULTADO S Figura 2. Representação da EBM. 2. Escala de Borg Modificada Análogo Visual (EBMAV): Também se trata de uma escala de I O pontos, porém a in- A média das notas obtidas pela aplicação das duas escalas foi de 4,83 ± I ,67 para a Escala de Borg Modificada e de 4,91 ± 2,19 para a Escala de Borg Modificada Análogo Visual (Tabela 1). Não foi constatada diferença sig- 44 Brunetto, A. F., Paulin, E. e Yamaguti, W. P. S. nificativa entre os valores das duas escalas (p = 0,32), mostrando-similaridade entre as duas escalas na mensuração da dispnéia. Houve correlação (r= 93%) entre os valores obtidos pelas duas escalas, como podemos observar na Figura 4. A inclinação da reta de correlação foi de aproximadamente 45°, uma vez que y = I ,0361 X e cruza o eix,o X próximo da origem. 10 • 8 • 6 i u.J 4 • y = 1,0361 X . r= 0,93 0+-------.-------.-------.-------.-------, o 2 4 6 8 10 EBM Figura 4. Correlação entre EBM e EBMAV. Tabela 1. Valores das notas obtidas pela aplicação da EBM e da EBMAY. Rev. bras . .fisioter sua função é de grande importância, já que a segunda maior causa de morbidade hospitalar no Brasil é representada pelo grupo de patologias do aparelho respiratório, que comumente desencadeiam sensação de falta de ar no paciente portador da doença ( <http\\www.datasus.gov.br> ). Vimos neste estudo que as notas obtidas pela aplicação da Escala de Borg Modificada e da Escala de Borg Modificada Análogo Visual foram similares. Isso sugere que a EBMAV pode ser aplicável à investigação da dispnéia em situações clínicas nas quais o paciente relata dispnéia, independente de seu grau de alfabetização . Como a dispnéia é uma sensação subjetiva de difícil mensuração, na qual sua gravidade pode não se correlacionar com mensurações fisiológicas, acreditamos que o fato de terem sido avaliados pacientes com diferentes patologias pode não ter influenciado o resultado final deste estudo, porém são necessários estudos posteriores para confirmar tal hipótese. Por meio da utilização desse instrumento simples e prático para avaliar a intensidade da dispnéia em pacientes com menor grau de alfabetização, estaremos possibilitando o estudo mais aprofundado dessa população, visto que muitas vezes eles são excluídos dos trabalhos pela dificuldade em coletar dados. A aplicação da EBMAV auxiliará na elaboração de tratamentos fisioterapêuticos mais precisos e em um acompanhamento quantificável. CONCLUSÃO Notas EBM 4,83 ± 1,67 EBMAV 4,91 ±2,19 Os valores estão expressos pela média ± dpm. A EBMAV é um recurso prático que pode ser utilizado pelo fisioterapeuta na avaliação de pacientes não alfabetizados que relatam dispnéia, visando graduar a intensidade dessa sensação subjetiva de desconforto respiratório em repouso e/ou durante o exercício. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DISCUSSÃO Em serviços públicos, em que o nível sócio-econômico dos pacientes é baixo, a probabilidade de o fisioterapeuta prestar atendimento a um paciente analfabeto é muito grande: De acordo com dados do IBGE (1998), cerca de 14,71% da população ativa brasileira é analfabeta, sem incluir aqueles indivíduos que apresentam baixo grau de escolaridade, o que representa mais de 20 milhões de pessoas. Estes dados se tomam relevantes para o fisioterapeuta no que se refere à importância de assistir essa população, quer seja com métodos acessíveis de diagnóstico e tratamento ou com métodos de avaliação. Nessas condições é necessário que o profissional disponha de instrumentos de avaliação que sejam facilmente aplicáveis. Em relação ao instrumento proposto neste estudo como forrr{a de avaliar o grau de dispnéia de pacientes analfabetos, BORG, G. A. V., 1982, Psychophysical basis of perceived exertion. Med. Sei. Sports. Exerc., 14: 377-381. GATEAU, P. B., TESSIER, J. F. & NEJJARI, C., 1997, Dyspnoea and disability: an epidemiological approach. Crit. Rev. Phys. Rehabilit. Med., 9: 265-299. Indicadores socioeconômicos básicos para 2000. Disponível em: <http\\www.datasus.gov.br>. Acessado em 20/05/200 I. KILLINA, J. K. et al., 1994, Mechanisms of exertional dyspnea. Clin. Exerc. Test., 15(2): 247-257. MADOR, M. 1., RODIS, A. & MAGALANG, U. J., 1995, Reproducibility of Borg scale measurements of dyspnea during exerci se in patients with COPO. Chest, 6: 1590-1597. MAHLER, D. A., WEINBERG, D., WELLS, C. K. & FEINSTEIN, A. R., 1984, The measurement of dyspnea. Chest, 6: 751-758. MCGAVIN, C. 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