Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas Associação Ampla entre a Universidade Estadual do Centro-Oeste e a Universidade Estadual de Ponta Grossa PROCESSO DE SELEÇÃO PARA O MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Área de Concentração - FÁRMACOS, MEDICAMENTOS E BIOCIÊNCIAS APLICADAS À FARMÁCIA, NO ANO DE 2012 IDENTIFICAÇÃO DO(A) CANDIDATO(A) Nome: R.G.: CANDIDATO N°.: Orientações sobre a Prova de Conhecimentos Específicos em Ciências Farmacêuticas e Prova de Inglês – dia 27/02/2012: − Em cada folha de questões coloque somente seu número de identificação e não assine as folhas de questões; − Cada candidato tem direito a usar 5 (cinco) folhas de papel almaço, sendo que cada folha deve ser utilizada exclusivamente para 1 (uma) questão; − É permitida a utilização de dicionário(s) impresso(s) de língua inglesa; − Não será considerada a questão resolvida a lápis; utilizar caneta esferográfica azul ou preta; − Não é permitida a utilização de calculadoras; − Após o início do período de resolução: a. os candidatos não poderão comunicar-se entre si; b. não haverá atendimento a dúvidas de candidatos por parte dos docentes que estão aplicando a avaliação; c. será permitida a saída para ir ao banheiro somente após 1 (uma) hora do início das atividades, de forma ordenada e com acompanhante; − A duração total das 2 (duas) provas é de 4 (quatro) horas, não havendo tempo adicional. Profa. Dra. Rubiana Mara Mainardes Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas UNICENTRO/UEPG Prof. Dr. Paulo Vitor Farago Vice-coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas UNICENTRO/UEPG Coordenador Local na UEPG Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas Associação Ampla entre a Universidade Estadual do Centro-Oeste e a Universidade Estadual de Ponta Grossa Questão 1. Princípios de farmacocinética e farmacodinâmica A. Os receptores acoplados a proteína G (7-transmembrana) são vistos como componentes da sinalização neuro-humoral. Entretanto, recentemente, descobriu-se que eles podem também desempenhar um papel na mecanotransdução. O receptor AT1 da angiotensina II foi o primeiro receptor acoplado a proteína G, a ser clamado como mecanosensor (veja o esquema abaixo retirado de um artigo recente). Entretanto, vários outros receptores acoplados a proteína G já foram demonstrados como sendo sensíveis a estímulos mecânicos. Dessa forma, o receptor AT1 pode ser ativado pela pressão mecânica do sangue na parede do vaso, independentemente da formação do agonista, a angiotensina II. A ativação mecânica do receptor é iniciada por uma alteração conformacional da proteína receptora diferente da alteração gerada pela ligação do agonista. A ativação mecânica do receptor desempenha um papel fisiológico para a vasoconstrição miogênica e está envolvida na patogênese da hipertrofia cardíaca. Interessantemente, os fármacos antagonistas do receptor AT1 da angiotensina II, cujo protótipo é a losartana, são capazes de bloquear a estimulação mecânica do receptor AT1 (estimulação independente de agonista). Por outro lado, a estimulação mecânica do receptor AT1 não é passível de inibição por outros fármacos que modulam o sistema renina-angiotensina-aldosterona em outros pontos da via, como por exemplo, inibidores da enzima conversa de angiotensina e inibidores da renina. Curr Opin Pharmacol. 11(2):112-6, 2011 Diante do exposto acima, responda: A1. Os fármacos antagonistas do receptor AT1 são tradicionalmente classificados como antagonistas competitivos reversíveis. Entretanto, diante das evidências apresentadas acima como você classificaria estes fármacos em relação a sua modulação do receptor AT1? A2. Explique o papel do inositol trifosfato (IP3), e do diacilglicerol (DAG), que aparecem no esquema acima, na vasoconstrição mediada pela ativação do receptor AT1. B. Na figura abaixo, a curva A mostra a resposta de um agonista sozinho. Após tratamento com baixa concentração de antagonista (curvas B e C), a curva é desviada para a direita; contudo o efeito máximo ainda é alcançado. Entretanto com concentrações mais altas do antagonista (curvas D e E), o efeito máximo não é mais atingido. Com base nestas informações, responda: B1. Que tipo de antagonismo é apresentado na figura abaixo? Explique sua resposta. B2. Por que, em concentrações mais baixas de antagonista (curvas A e B), o efeito máximo atingido é diferente daquele obtido com concentrações mais altas (curvas C e D)? Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas Associação Ampla entre a Universidade Estadual do Centro-Oeste e a Universidade Estadual de Ponta Grossa Agonista sozinho Efeito do agonista Concentrações crescentes de um antagonista Concentração do agonista Questão 2. Marcadores laboratoriais do infarto agudo do miocárdio Discorra sobre a utilidade diagnóstica e sobre os métodos de quantificação da creatina quinase (isoenzima MB) e da mioglobina para o infarto agudo do miocárdio. Questão 3. Validação de métodos analíticos e bioanalíticos O ritonavir (estrutura química abaixo) é um fármaco antiretroviral da classe dos inibidores de protease, utilizado para o tratamento da AIDS. O ritonavir é frequentemente prescrito na HAART (Highly Active Antiretroviral Therapy) ou Terapia Antiretroviral Altamente Ativa. Entretanto, o ritonavir é raramente usado pela sua própria atividade antiviral, mas é amplamente empregado como um reforço a outros inibidores de protease. Sua ação conduz a maiores concentrações plasmáticas dos fármacos posteriores, permitindo ao clínico diminuir a dose e a frequência de uso, bem como melhorar a eficácia do tratamento antiretroviral. Considerando que a faixa de linearidade do fármaco ritonavir em plasma está entre 100 e 1000 ng/mL, monte um protocolo detalhado de validação (incluindo valores de concentração e número de replicatas) para essa situação. Comente sobre as aplicabilidades do método de validação. ritonavir Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas Associação Ampla entre a Universidade Estadual do Centro-Oeste e a Universidade Estadual de Ponta Grossa Questão 4. Dispersões sólidas A. A Biofarmácia, também denominada de Biofarmacotécnica, consolidou-se como a disciplina que estuda os fatores físicos e físico-químicos relacionados ao fármaco, em sua forma farmacêutica, e a influência que a formulação exerce sobre a liberação e a absorção do fármaco no organismo. Uma das ferramentas científicas mais importantes na Biofarmácia é o Sistema de Classificação Biofarmacêutica, no qual o fármaco, segundo a sua solubilidade em água e a sua permeabilidade intestinal, é classificado em uma das quatro categorias, a saber: I. Elevada solubilidade e elevada permeabilidade (exemplo: cloridrato de propranolol); II. Reduzida solubilidade e elevada permeabilidade (exemplo: ibuprofeno); III. Elevada solubilidade e reduzida permeabilidade (exemplo: fluconazol); IV. Reduzida solubilidade e reduzida permeabilidade (exemplo: doxiciclina). Cloridrato de propranolol Fluconazol Ibuprofeno Doxiciclina A1. Considerando os dados anteriores (texto e estruturas químicas), para as quatro classes de fármacos mencionadas, comente pormenorizadamente informações biofarmacêuticas de: estratégia(s) necessária(s) para aumentar a absorção e correlação in vitro/in vivo. A2. Dos quatro fármacos citados, qual é o mais interessante para a elaboração de dispersões sólidas? Por quê? B. Atualmente, estão disponíveis diversos carreadores hidrofílicos para a obtenção de dispersões sólidas. Com o propósito de facilitar a compreensão e o uso desses materiais, Vasconcelos e colaboradores elaboraram um artigo de revisão (Drug Discovery Today. 2007; 12(23-24), dividindo esses carreadores em três gerações. Discorra detalhadamente sobre essas três gerações de carreadores hidrofílicos, citando vantagens e/ou desvantagens de cada uma e exemplificando. Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas Associação Ampla entre a Universidade Estadual do Centro-Oeste e a Universidade Estadual de Ponta Grossa Questão – 5. Traduza os textos abaixo para o português. A FRESH LOOK AT THE ROLE OF CaMKII IN HIPPOCAMPAL SYNAPTIC PLASTICITY AND MEMORY ABSTRACT: Advances in molecular, genetic, and cell biological techniques have allowed neuroscientists to delve into the cellular machinery of learning and memory. The calcium and calmodulin-dependent kinase type II (CaMKII) is one of the best candidates for being a molecular component of the learning and memory machinery in the mammalian brain. It is present in abundance at synapses and its enzymatic properties and responsiveness to intracellular Ca(2+) fit a model whereby Ca(2+) currents activate the kinase and lead to changes in synaptic efficacy. Indeed, such plastic properties of synapses are thought to be important for memory formation. Genetic analysis of the alpha isoform of CaMKII in mice support the hypothesis that CaMKII signaling is required to initiate the formation of new spatial memories in the hippocampus. CaMKII is also required for the correct induction of long-term potentiation (LTP) in the hippocampus, consistent with the widely held belief that LTP is a mechanism for learning and memory. Recent cell biological, genetic, and physiological analyses suggest that one of the cellular explanations for LTP and CaMKII function might be the trafficking of AMPA-type receptors to synapses in response to neural activity. REFERENCE: Rongo, C. BioEssays. 2002; 24(3). RIGOR – THE ESSENCE OF SCIENTIFIC WORK ABSTRACT: Rigor is an attitude that contrasts with the weaknesses of human nature, does not allow laziness, the lack of attention, the acceptance of inexact methods, the adoption of groundless conclusions, accepting the predominant opinion despite the lack of data which sustain it. A famous biochemist, Dr. Efraim Racker, once said “there’s nothing sadder that an ugly fact destroying a beautiful idea”. Rigor demands us to accept the destruction of that beautiful idea by facts. Rigor is in the essence of scientific work, in each one of the stages of the research work. Rigor implies a structured and controlled way of planning, developing, analyzing and evaluating our research and a special care in adapting the presentation of the results to the demands of the audience we communicate the results of our investigations. Scientific rigor is a value that should penetrate our daily thoughts, our media, the discourse of our politicians, and our complete culture. REFERENCE: Allende, J. E. Electron. J. Biotechnol. 2004; 7(1).