NEOPLASIA INTRAEPITELIAL CERVICAL I. INTRODUÇÃO O conceito de NIC se caracteriza como uma ampla gama de atipias celulares limitadas ao epitélio de revestimento da cérvix, sem ruptura da membrana basal. Patogênese: Ocorre uma fase virótica da infecção produtiva que é normalmente auto limitada e em seguida uma transformação neoplásica em uma minoria de lesões HPV induzidas. Isso levou uma nova classificação: o Sistema de Bethesda (1988), o qual determina que tanto atipia coilocítica, condiloma plano e NIC 1 são lesões de baixo grau, já NIC 2 e NIC 3, lesões de alto grau. II. EPIDEMIOLOGIA Incidência de câncer cervical: 0,2 a 0,5%. Prevalência de LIE de alto grau: 0,5 a 0,1% e baixo grau ~ 4%. As lesões de alto grau são diagnosticadas em mulheres entre 25 a 35 anos de idade, enquanto que o câncer invasor é diagnosticado geralmente após os 40 anos. Fatores de risco: HPV, sendo necessário para o desenvolvimento da carcinogênese cervical em 99% dos casos. Tabagismo, menarca precoce, multiplicidade de parceiros sexuais, deficiências nutricionais e o estado de imunodepressão. III. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Frequentemente assintomático. Raramente a NIC de alto grau pode levar a sangramento de contato e pós coito causado por alterações vasculares do epitélio. IV. DIAGNÓSTICO Baseado no tripé: CITOLOGIA + COLPOSCOPIA + BIÓPSIA CITOLOGIA( Papanicolaou): Método rápido, econômico e o mais utilizado para detectar precocemente lesões neoplásicas e pré neoplásicas cervicais. 1 CLASSIFICAÇÃO DE BETHESDA para lesões intraepitelial escamosas: a) Atipia celular de significado indeterminado (ASCUS) e atipia celular de significado indeterminado, favorecendo LIE de alto grau (ASC-H). b) LIE escamosa de baixo grau (LIEBG): HPV, displasia leve ou NIC 1. c) LIE escamosa de alto grau (LIEAG): displasia moderada ou NIC 2, displasia acentuada ou NIC 3 e Carcinoma in situ ou NIC 3. d) Carcinoma de células escamosas. LIE-BG: Células com núcleo aumentado e hipercromático, cromatina bem distribuída ou granular e cavitação perinuclear (coilocitose). LIE-AG: Células imaturas isoladas, em placas. Presença de hipercromasia. COLPOSCOPIA: Exame de alta sensibilidade e crucial para o diagnóstico das lesões intraepiteliais. Analisam-se a tonalidade e intensidade do acetobranqueamento, margens e contorno superficial das áreas acetobrancas, padrão vascular e da coloração do iodo. Geralmente, o grau de acetobranqueamento do epitélio está relacionado com o grau da alteração neoplásica na lesão colposcópica. LIE-BG: margens com contornos pouco definidos, são irregulares, picotadas com aspecto geográfico, mosaico regular, pontilhado fino. LIE-AG: lesões de aspecto branco-acinzentadas, geralmente densas, com margens bem delimitadas e regulares, pontilhado grosseiro, mosaico irregular. HISTOPATOLOGIA: De acordo com a invasão: NIC 1: Displasia nas camadas mais basais do epitélio estratificado até 1/3 inferior. NIC 2: Displasia nas camadas até 2/3 inferiores. NIC 3: Displasia que afeta mais de 2/3 da espessura do epitélio. Características histológicas: NIC 1: Células com núcleos hipercromáticos e cariomegálicos, bi ou multinucleados e halos perinucleares (coilocitose). Apresenta-se baixa taxa mitótica. 2 NIC 2: Caracteriza-se por acantose, maior quantidade de células imaturas atípicas, coilocitose é menos freqüente. NIC 3: A célula apresenta perda do volume citoplasmático, aumento do volume nuclear. Ocorrem mitoses em toda espessura do epitélio. V. TRATAMENTO A escolha do método terapêutico continua na dependência da alguns fatores: o grau histológico da lesão e sua extensão, o envolvimento endocervical, a idade da paciente, o seu desejo reprodutivo, a concomitância com outras patologias e a concomitância com gestação. ASCUS E ASCH COM COLPOSCOPIA NEGATIVA: - Controle de 6/6 meses. - Se mulher menopausada: é impositivo o uso de estrógeno local ou sistêmico por 21 dias e repetir citológico e colposcópico. NIC DE GRAU I: - Acompanhamento cito-colposcópico de 6/6 meses com nova biópsia, essa apenas se tiver agravo da imagem colposcópica. - Após dois anos de acompanhamento, não havendo regressão, o tratamento se impõe. Pratica-se o uso do ácido tricloroacético a 70 a 80%, eletrocauterização, crio-coagulação ou vaporização a laser. NIC DE GRAU II: - Se < 20 anos: acompanhamento cito-colposcópico de 6/6 meses por 2 anos, caso a paciente seja assídua em seus retornos. - Se > 20 anos, ou seguimento difícil, ou HIV positivas, ou naquelas que a lesão penetre o canal endocervical, a excisão da zona de transformação é o tratamento de eleição (conização) + conduta expectante com controle de cito/colpo 6/6 meses por 2 anos. 3 NIC DE GRAU III: - Se localizado na endocérvice: conização, por técnica de cirurgia de alta freqüência, laser CO2 excisional ou a frio + conduta expectante com controle de cito/colpo 6/6 meses por 2 anos. - Histerectomia: pode ser indicada para aquelas pacientes com doença recorrente, cuja cérvice encontra-se muito diminuída, nas quais a repetição da conização pode oferecer risco de determinar lesões de bexiga e de vagina. As lesões de alto grau podem ser tratadas também com métodos destrutivos locais/químicos como a podofilina a 25%, podofilotoxina a 0,05%, 5-fluorouracil a 5% e ácido tricloroacético a 70 a 80%. Lembrando que a realização de métodos destrutivos locais só é indicada se a lesão e JEC são completamente visíveis; citologia, colposcopia e histologia concordantes; ausência de adenocarcinoma in situ; casos de NIC I ou lesão intra-epitelial de baixo grau e em alguns casos de NIC II. São contra-indicados para lesões endocervicais. --------------------------x-----------------------LEANDRO MARTIN – TURMA 2 – MEDICINA ARARAQUARA INTERNATO MÉDICO – GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA I 4