CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM QUIMIOTERAPIA: INTERVENÇÕES SEGUNDO A TAXONOMIA NURSING INTERVENTION CLASSIFICATION (NIC) Sônia Regina de Souza , Thais Regina Araújo dos Santos; Denise de Assis Corrêa Sória, Lívia de Alcantara Sales, Nathalia Lima de Souza. A Política Nacional de Oncologia recomenda pesquisas nas diversas áreas da atenção oncológica, educação permanente e capacitação das equipes de saúde em todos os âmbitos da atenção. O câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, aproximadamente no ano de 2030, podem-se esperar 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer. No Brasil a realidade do ano de 2012 será válida para o ano de 2013, estimando-se a ocorrência de aproximadamente 518.510 novos casos de câncer, sendo destes, 11.530 em crianças e adolescentes até os 19 anos o que representa em torno de 2 a 3% de tumores pediátricos no Brasil. As neoplasias mais comuns para os casos pediátricos foram leucemias (23,1%), linfomas (16,0%) e os tumores do SNC (13,1%). Nos adolescentes, os carcinomas e outras neoplasias epiteliais malignas (22,0%), os linfomas (20,8%) e as leucemias (14,9%) foram os tipos mais frequentes. Neste estudo será apresentado os resultados de um subprojeto de iniciação científica vinculado ao projeto institucional ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA NOS DIFERENTES CENÁRIOS ASSISTENCIAIS. Os objetivos foram analisar as intervenções de enfermagem a criança e adolescente em tratamento quimioterápico e Classificar as intervenções segundo os domínios da NIC (Nursing Intervention Classification). A Taxonomia NIC define intervenção de enfermagem como qualquer tratamento baseado no julgamento e no conhecimento clínico realizado por um enfermeiro para melhorar os resultados do paciente/cliente3. Realizou-se uma revisão integrativa da literatura, do qual aborda o tema: as intervenções de enfermagem à criança e ao adolescente com câncer durante o tratamento quimioterápico. Este método de pesquisa permitiu a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilitou conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo. Para a construção deste estudo foi necessário percorrer seis etapas distintas: estabelecer hipótese ou a questão da pesquisa, estabelecer critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura, definir as informações a serem extraídas dos estudos selecionados, avaliar os estudos incluídos na revisão integrativa, interpretar os resultados e apresentar a síntese do conhecimento adquirido na pesquisa. A busca dos artigos online foi sob o recorte temporal de 1999 a 2012. Os resultados apontam para intervenções de enfermagem que vão desde a disponibilidade do enfermeiro à criança/adolescente para prestar informações sobre a doença e o tratamento; prepará-la para receber os procedimentos; adotar medidas para o alívio da dor e desconforto; incluir a família no processo do cuidado, como também salvaguardar a tomada de decisão da família, da criança e do adolescente, ao cuidado que inclui aproximação ao outro na convivência, como força de ajuda, para superar desafios e adaptar-se diante de novas situações de saúde ou doença e avaliar possibilidades e limitações do atendimento. As intervenções de enfermagem ao cliente oncológico pediátrico estão centradas, de acordo com a literatura, no controle da quimioterapia, da nutrição, dos medicamentos, da dor e controle intestinal e hídrico. Além disso, a modificação do comportamento, o controle da energia, a melhora do enfrentamento, a melhora do sono, a intervenção na crise e a melhora do sistema de apoio. O tratamento de doenças crônicas 00915 geralmente é longo, complexo, demandando cuidados constantes em relação à terapêutica em si e em relação a determinantes que possam agravar o estado de saúde da criança. Quanto aos domínios da NIC,quando relacionados aos resultados obtidos na revisão, constata-se a maior frequência no domínio comportamental, seguidos dos domínios família, Segurança e fisiológico Básico. No domínio comportamental as intervenções tiveram como foco as informações sobre a doença e o tratamento. Neste sentido verificou-se que o objetivo era fortalecer o comportamento para superar os desafios enfrentados e as necessidades emocionais. No domínio família destacam-se as intervenções com vistas à inclusão da família no processo de cuidado por meio de apoio emocional, aliviando o sofrimento trazido pela doença. No domínio segurança destaca-se o preparo da criança e ou adolescente para receber a quimioterapia e avaliar o contexto do atendimento e seus possíveis riscos e danos. No fisiológico básico a intervenção tem foco no manejo da dor e promoção do conforto. As intervenções de enfermagem baseadas na Taxonomia NIC evidenciaram que o foco no atendimento a criança e adolescente em tratamento quimioterápico pauta-se, de acordo com a literatura, em ações comportamentais que produzem resultados positivos para além da fase de tratamento e controle que podem durar anos. Uma dessas ações comportamentais é o autocuidado apoiado o qual se baseia em uma técnica chamada “Técnica do Cinco A’s” que consiste em avaliar, aconselhar, pactuar, assistir e acompanhar o cliente em todo o processo de tratamento do câncer. Neste sentido a família também passa a ser foco de intervenção uma vez que a comunicação entre profissional-familiar e a inclusão dos demais membros da família no cuidado é considerado uma excelente ferramenta para o tratamento do cliente oncológico pediátrico.Importante ressaltar que a enfermagem lida, segundo os resultados encontrados na revisão integrativa, com sentimentos das crianças e adolescentes que vão desde o medo da morte, dor, vergonha, sentimento de diferença até a aceitação da doença e ou tratamento. Esses sentimentos geram um impacto na vida da criança e da família, influenciando o seu crescimento e desenvolvimento. Para o adolescente acrescenta-se a esses sentimentos questões relacionadas à autoimagem, escolhas afetivas, de identidade social e sexual, além dos projetos realizados que estão por concretizar e do futuro incerto. Descritores: oncologia pediátrica, quimioterapia, enfermagem. Área Temática: Processo de Cuidar em Saúde e Enfermagem Referências Bibliográficas: 1. Ministério da Saúde (Brasil), Instituto Nacional de Câncer – O que é Câncer. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde. 2009 2. Ministério da Saúde (Brasil), Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Estimativa 2012 – Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde. 2012. 3. Ministério da Saúde (Brasil), Instituto Nacional de Câncer, Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica. Câncer na Criança e no Adolescentes no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde: 2008. 4. Dochterman JM, Bulechek GM. Classificação das intervenções de enfermagem (NIC). 4a. ed. Porto Alegre: Artmed; 2008. 5. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão Integrativa: Método de Pesquisa para Incorporação de Evidências na Saúde e na Enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2008 OutDez; 17(4): 758-64. 00916