FISIOTERAPIA AQUÁTICA PARA PORTADORES DE SÍNDROME DE RETT. Estela Turozi (UNICENTRO), Michele C. da Fonseca (UNICENTRO), Daiane Marconato (UNICENTRO), Mayra Ribas da Silva (Orientadora – Dep. de Fisioterapia/UNICENTRO), e-mail: [email protected] Palavras-chave: fisioterapia aquática, tratamento, Síndrome de Rett. Resumo: A partir do que já se conhece sobre fisioterapia aquática usada para pacientes com distúrbios neurológicos, pretende-se abordar, por meio de revisão de literatura, três das técnicas mais divulgadas dentro da hidrocinesioterapia, os métodos Watsu, Bad Ragaz e Halliwick, e observar os benefícios que estas terapias podem proporcionar para o tratamento de indivíduos portadores da Síndrome de Rett. Introdução: O exercício aquático tem sido usado com sucesso para uma ampla variedade de populações na reabilitação neuropediátrica (KISNER & COLBY, 2005). A piscina terapêutica tem boa indicação para afecções do sistema nervoso central (LIANZA, 2001). Suas propriedades físicas têm efeito direto no corpo do paciente e surgem imediatamente após a imersão, proporcionando o alívio de espasmos musculares, manutenção ou aumento da amplitude de movimento (ADM), melhora do equilíbrio e postura (CAMPION, 2000). A Síndrome de Rett (SR) é uma doença progressiva, que acomete em sua maioria crianças do sexo feminino entre 6 a 18 meses de idade, atingindo uma a cada 15 mil crianças. Manifesta-se levando à microcefalia, hipertonia, ataxia, movimentos estereotípicos das mãos e convulsões. Desenvolvimento de escoliose, cifose, deformidade equinovaro, subluxações do quadril, hiperventilação e apnéia são muito comuns nesses casos (PEREIRA, 1994; RATLIFFE, 2000; TECKLIN, 2002). Desta forma o objetivo deste estudo foi analisar o conhecimento dos benefícios da hidroterapia em crianças Rett. Materiais e Métodos: Foi realizado estudo de revisão da literatura através de livros obtidos na biblioteca da Unicentro e coleta de artigos científicos na biblioteca virtual de saúde – Bireme, utilizando-se as palavras-chave: hidroterapia, Síndrome de Rett e fisioterapia. Pesquisa feita no mês de setembro de 2007 tendo sido encontradas 15 referências entre o período de 1994 a 2005, usando como critérios de exclusão artigos que não tratavam do tema proposto. Resultados e Discussão: A Síndrome de Rett é uma das causas mais freqüentes de deficiência múltipla severa no sexo feminino. Pelo conjunto de suas características, tratase de quadro que deve interessar a todos os profissionais da área da saúde e especialistas que atendem pessoas com distúrbios neuropsiquiátricos severos, para que possa ser feito o diagnóstico e encaminhamento precoces (SCHWARTZMAN, 2003). Apesar das dificuldades de tratamento para SR, a hidroterapia vem sendo usada como um recurso importante nestes casos. Embora os estudos de tratamentos hidroterapêuticos sejam limitados, o principal objetivo é tornar o paciente o mais independente para que consiga realizar as tarefas do dia-adia (RUOTI; MORRIS; COLE, 2000). De acordo com Castro et al. (2004) o tratamento hidroterapêutico realizado em criança com SR proporcionou resultados satisfatórios na avaliação do auto-cuidado e mobilidade, melhorando desta forma sua qualidade de vida. Com a diminuição do peso corporal e da força da gravidade pode-se promover melhora da flexibilidade, reeducação muscular, aumento da AMD, controle do equilíbrio e maior segurança. O aumento da temperatura corporal e o aquecimento muscular em decorrência de respostas circulatórias na água aquecida proporcionam adequação do tônus muscular (CAROMANO; THEMUDO; CANDELORO, 2003; WHITE, 1998). Para selecionar o tratamento com exercícios apropriados ao paciente, o terapeuta precisa ser capaz de identificar as forças que agem sobre o corpo na água, conhecendo as suas propriedades físicas: como massa, viscosidade, pressão hidrostática, densidade e temperatura, que podem facilitar ou resistir o movimento na água (CAROMANO e NOWOTNY, 2002; KOURY, 2000). Diversas abordagens de reabilitação aquática vêm sendo promovidas para o tratamento de pacientes com desordens neurológicas. Dentre elas estão o método Watsu, Halliwick e Bad Ragaz. O primeiro, baseado na medicina oriental, promove o alongamento dos meridianos do corpo (vias de energia) que associado aos movimentos rotacionais promovem melhora da flexibilidade diminuindo as restrições de ADM. O paciente, como receptor passivo, experimenta um relaxamento profundo através da sustentação da água e dos movimentos contínuos e rítmicos. Essa técnica possui uma abordagem de reeducação muscular com pouca ênfase nos modelos de controle motor (BECKER; COLE, 2000; CAMPION, 2000). Já o método Halliwick é mais bem descrito como uma técnica de reabilitação de facilitação neuroterapêutica, utilizando atividades para facilitar os padrões de movimento. É baseado nos princípios da hidrodinâmica e do desenvolvimento humano, por meio do qual se pode ensinar qualquer pessoa a nadar, sendo particularmente adequado para pacientes com múltiplas deficiências, pois valoriza a natureza crítica da água e se adapta às formas e densidades alteradas da pessoa deficiente. Seus objetivos principais são restauração do equilíbrio, controle da cabeça e respiração, desta forma, vários aspectos físicos e psicológicos asseguram que a confiança e auto-estima adquiridas na piscina sejam levados para vida em solo (BECKER; COLE, 2000; CAMPION, 2000). Cunha et al. (1998) em sua revisão histórica sobre hidroterapia, relatam que técnicas como o Bad Ragaz são utilizadas com sucesso para pacientes neurológicos. Elas incorporaram as técnicas de movimento com planos diretos e padrões diagonais com resistência e estabilização realizadas pelo fisioterapeuta. São utilizados exercícios com o paciente posicionado horizontalmente, com auxílio de flutuadores. Tem como principais objetivos a adequação do tônus, treino de marcha, estabilização do tronco e exercícios ativos e resistidos. Conclusões: Pela análise da literatura, ficou evidente que técnicas fisioterapêuticas realizadas na água são favoráveis para o tratamento de portadores de múltiplas deficiências de causa neurológica, como a Síndrome de Rett. As propriedades singulares da água proporcionam aos profissionais opções de tratamento que seriam de outro modo difíceis ou impossíveis de programar no solo. O fisioterapeuta deve determinar cuidadosamente o modelo de sua reabilitação com o objetivo de proporcionar maior funcionalidade ao paciente, deixando-o mais independente possível. Sendo assim, pode-se dizer que a associação das três técnicas é de grande valia no tratamento contínuo da criança portadora de SR, melhorando, desta forma, a sua qualidade de vida e também de seus familiares. Todavia ainda são necessários mais estudos sobre as opções de tratamento da síndrome estudada. Referências: BECKER, B.E.; COLE, A. J. Terapia Aquática Moderna. São Paulo: Ed. Manole, 2000. CAMPION, M.R. Hidroterapia Princípios e Práticas. São Paulo: Ed. Manole, 2000. CAROMANO, F.A.; NOWOTNY J.P. Princípios físicos que fundamenta a hidroterapia. Rev. Fisiot. Brasil, v.3, n.6, São Paulo nov/dez, 2002. CAROMANO, F.A.; THEMUDO, M.R.F.F.; CANDELORO, J.M. Efeitos fisiológicos da imersão e do exercício na água. Rev. Fisiot. Brasil, v.4, n.1, São Paulo jan, 2003. CASTRO, T.M.; LEITE, J. M. R. S.; VITORINO, D. F. M., PRADO, G. F. Síndrome de Rett e Hidroterapia: Estudo de Caso. Rev. Neurociências, v.12, n.2, abr/jun, 2004. CUNHA, M.C.B.; LABRONINI, R.H.D.D.; OLIVEIRA, A.S.B. & GABBAI, A.A. Hidroterapia. Rev. Neurociências, v.6, n.3, São Paulo, 1998. KISNER, C. & COLBY, L. A. Exercícios Terapêuticos fundamentos e técnicas. 4ª ed., Barueri: Ed. Manole, 2005. KOURY, J.M. Programa de Fisioterapia Aquática: um guia para reabilitação ortopédica, São Paulo: Ed. Manole, 2000. LIANZA, S. Medicina de Reabilitação. 3ª ed., Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2001. PEREIRA, J.L.P. Síndrome de Rett: perguntas & respostas. Brasília: CORDE, 1994. RATLIFFE, K.T. Fisioterapia Clinica Pediátrica: guia para a equipe de fisioterapeutas, São Paulo: Ed. Santos, 2000. RUOTI, R.G.; MORRIS, D.M.; COLE, A.J. Reabilitação Aquática. São Paulo: Ed. Manole, 2000. SCHWARTZMAN, J.S. Síndrome de Rett. Rev. Bras. Psiquiatr., v.25, n.2, São Paulo jun, 2003. TECKLIN, J. S. Fisioterapia Pediátrica. 3ª ed., São Paulo: Ed. Artmed, 2002. WHITE, M.D. Exercícios na água. São Paulo: Ed. Manole, 1998.