TÍTULO: EFEITOS DO FÁRMACO ANTICONCEPCIONAL 17-A-ETINILESTRADIOL SOBRE A REPRODUÇÃO DE MEXILHÕES PERNA PERNA CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA AUTOR(ES): THAIS SANTOS SILVA, NELSON DE JESUS SANTOS JUNIOR ORIENTADOR(ES): CAMILO DIAS SEABRA PEREIRA 1. RESUMO O composto 17α-etinilestradiol é um hormônio estrógeno sintético amplamente usado em pílulas anticoncepcionais. Como consequência da grande utilização em contraceptivos, e por não ser totalmente eliminado pelas estações de tratamento de efluentes domésticos, esse fármaco tem sido detectado em ambientes aquáticos. Em vista disso, o presente trabalho tem como objetivos determinar as concentrações de efeito agudo do hormônio 17α-etinilestradiol sobre a fertilização e determinar as concentrações de efeito crônico sobre o desenvolvimento do mexilhão marinho Perna perna, A metodologia se baseia nos ensaios agudos e crônicos adaptados da ASTM e Zaroni (2005). Os ensaios de fertilização apresentaram efeito agudo a partir da concentração de 5,0 mg.L -1, enquanto que os ensaios de desenvolvimento embriolarval demonstraram efeito crônico a partir da concentração de 0,1 mg.L-1. Esses resultados indicam a necessidade de redução de introdução do hormônio 17α-etinilestradiol em ecossistemas marinhos devido aos seus potenciais efeitos adversos sobre a performance reprodutiva. 2. INTRODUÇÃO Em todas as partes do mundo, fármacos como antibióticos, anti-inflamatórios, hormônios, entre outros, são frequentemente utilizados pela população. Um dos mais comumente utilizados é o comprimido anticoncepcional, que consiste em um coquetel variável de hormônios (SILVA, 2002). O contraceptivo normalmente consumido possui uma gama variável de hormônios, que não são totalmente absorvidos pelo corpo da mulher, e são eliminados naturalmente. Mesmo os medicamentos não diretamente descartados, acabarão sendo eliminados no meio ambiente, pois após serem metabolizados pelo organismo, os restos serão excretados e chegam aos esgotos e posteriormente a ambientes marinhos (ALVARENGA; NICOLETTI, 2011). Alguns trabalhos já evidenciaram a presença de hormônios estrógenos naturais (estrona e 17β-estradiol) e sintéticos (17α-etinilestradiol) em esgotos domésticos e em efluentes de estações de tratamento de esgoto (TERNES et al., 1999), em concentrações na ordem de µg/L e ng/L, pois não são totalmente absorvidos pelo organismo, e as estações de tratamento de efluentes domésticos não possuem métodos eficientes para sua remoção. A introdução de fármacos pode ocasionar problemas ambientais, pois esses compostos possuem potencial para persistir em ecossistemas aquáticos e contaminar organismos e recursos hídricos. Muitos trabalhos com esse tema buscam alternativas para a eliminação dos resíduos, alguns foram realizados para a verificação da toxicidade de tais substâncias, mas poucos têm o intuito de saber as interferências que esses resíduos causam aos organismos de maneira direta ou indireta (GIROTTO et al., 2007). 3. OBJETIVO O objetivo do presente estudo é elucidar os efeitos adversos do estrógeno 17αetinilestradiol sob a reprodução do mexilhão marinho Perna perna. Para tanto, serão determinadas as concentrações de efeito agudo do composto sobre a taxa de fertilização de gametas e as concentrações de efeito crônico sobre o desenvolvimento embriolarval de P. perna. 4. METODOLOGIA Os métodos deste trabalho se baseiam na pesquisa experimental, pois o objeto de estudo é colocado em condições técnicas de observação e manipulação em laboratório (SEVERINO, 2007). Os ensaios agudos e crônicos foram realizados de acordo com os métodos propostos por ASTM (1992) e adaptados por Zaroni (2005). O organismo teste utilizado foi o mexilhão marinho Perna perna por ser uma espécie abundante e de sensibilidade adequada para os testes. Após os organismos serem limpos, foram colocados em bandejas com água do mar reconstituída. Para liberação dos gametas, os mexilhões foram estimulados através de choque térmico. Foram inicialmente mantidos em água do mar reconstituída a 10ºC por 1 hora e posteriormente mantidos em temperatura elevada e constante (28ºC) até o momento da liberação. Ao iniciarem a liberação de gametas, os organismos foram transferidos para placas de Petri para a coleta dos ovócitos e espermatozoides, que são concentrados isoladamente em béqueres com água do mar reconstituída. Para a exposição a priori da fecundação, os espermatozoides foram colocados em tubos de ensaio onde ficaram por 1 hora em cada concentração do composto. Para a fecundação algumas gotas de solução espermática foram adicionadas na solução de ovócitos. Se a fecundação foi bem sucedida, observa-se a formação do corpúsculo polar (REIS Fo. & RESGALLA Jr., 2002). 5. DESENVOLVIMENTO Foram realizados ensaios de toxicidade aguda e crônica nas concentrações de 0,001 mg.L-1; 0,01 mg.L-1; 0,1 mg.L-1; 0,5 mg.L-1; 1 mg.L-1; 2,5 mg.L-1; 5 mg.L-1 e 10 mg.L-1; de acordo com o procedimento descrito em ASTM (1992) e adaptado por Zaroni et al. (2005). 6. RESULTADOS PRELIMINARES O primeiro ensaio de fertilização demonstrou efeito agudo a partir da concentração de 5,0 mg.L-1, enquanto que o ensaio de desenvolvimento embriolarval demonstrou que a menor concentração que apresentou efeito biológico crônico foi de 0,1 mg.L-1 (CEO). 7. REFERÊNCIAS ALVARENGA, Luciana Santos Vieira; NICOLETTI, Maria Aparecida. Descarte doméstico de medicamentos e algumas considerações sobre o impacto ambiental decorrente. Revista Saúde- UnG, v.4, n.3, 2011. ASTM – American Society of Testing and Materials. E 724-89, 1992. Standard guide for conducting static toxicity tests starting with embryos of four species of saltwater bivalve mollusks. In: Annual Book of ASTM Standards: water and environmental technology. Philadelphia, 11, pp. 377-394. GIROTTO, G. et al. Estrógenos em água: otimização da extração em fase sólida utilizando ferramentas quimiométricas. Eclética Química, v. 32, n. 2, p. 61-67, 2007. REIS Fo., RW; RESGALLA JR, C. Testes de toxicidade com embriões de Perna perna (Linnaeus, 1758)(Mollusca: Mytilidae): avaliações de indução e sensibilidade. Brazilian Journal of Aquatic Science and Technology, v. 6, n. 1, p. 717, 2010. SEVERINO, Antônio J. et al. Metodologia do trabalho científico. 22 ed. São PauloSP: Cortez, 2007. SILVA, Penildon. Farmacologia. Rio de Janeiro- RJ: Guanabara Koogan. 2002. TERNES, Thomas A. et al. Behavior and occurrence of estrogens in municipal sewage treatment plants—I. Investigations in Germany, Canada and Brazil. Science of the Total Environment, v. 225, n. 1, p. 81-90, 1999. ZARONI, L. P. et al. Toxicity testing with embryos of marine mussels: protocol standardization for Perna perna (Linnaeus, 1758). Bulletin of environmental contamination and toxicology, v. 74, n. 4, p. 793-800, 2005.