Prof. Romulo Liz Oliveira Conjuntos Matemáticos A teoria avançada dos conjuntos foi desenvolvida por volta do ano 1872 pelo matemático alemão Georg Cantor (1845 / 1918) e aperfeiçoada no início do século XX por outros matemáticos, entre eles, Ernst Zermelo (alemão - 1871/1956), Adolf Fraenkel (alemão - 1891/ 1965), Kurt Gödel (austríaco - 1906 /1978), Janos von Newman (húngaro - 1903 /1957), entre outros. O que se estuda deste assunto ao nível do segundo grau e exigido em alguns vestibulares, é tão somente uma introdução elementar à teoria dos conjuntos, base para o desenvolvimento de temas futuros, a exemplo de relações, funções, análise combinatória, probabilidades, etc. Conjunto: conceito primitivo; não necessita, portanto, de definição. Exemplo: conjunto dos números pares positivos: P = {2, 4, 6 ,8 ,10 ,12, ... }. Esta forma de representar um conjunto, pela enumeração dos seus elementos, chama-se forma de listagem. O mesmo conjunto também poderia ser representado por uma propriedade dos seus elementos ou seja, sendo x um elemento qualquer do conjunto P acima, poderíamos escrever: P = { x | x é par e positivo } = { 2,4,6, ... }. - Relação de pertinência: Sendo x um elemento do conjunto A , escrevemos x A, onde o símbolo significa "pertence a". Sendo y um elemento que não pertence ao conjunto A , indicamos esse fato com a notação y A. O conjunto que não possui elementos , é denominado conjunto vazio e representado por . Com o mesmo raciocínio, e opostamente ao conjunto vazio, define-se o conjunto ao qual pertencem todos os elementos, denominado conjunto universo, representado pelo símbolo U. Assim é que, pode-se escrever como exemplos: = { x; x x} e U = {x; x = x}. - Subconjunto Se todo elemento de um conjunto A também pertence a um conjunto B, então dizemos que A é subconjunto de B e indicamos isto por A B. Notas: a) todo conjunto é subconjunto de si próprio. ( A A ) b) o conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto. ( A) c) se um conjunto A possui m elementos então ele possui 2m subconjuntos. d) o conjunto formado por todos os subconjuntos de um conjunto A é denominado conjunto das partes de A e é indicado por P(A). Assim, se A = {c, d} , o conjunto das partes de A é dado por P(A) = { , {c}, {d}, {c,d}} e) um subconjunto de A é também denominado parte de A. - Conjuntos numéricos fundamentais Entendemos por conjunto numérico, qualquer conjunto cujos elementos são números. Existem infinitos conjuntos numéricos, entre os quais, os chamados conjuntos numéricos fundamentais, a saber: - Conjunto dos números naturais N = {0,1,2,3,4,5,6,... } - Conjunto dos números inteiros Z = {..., -4,-3,-2,-1,0,1,2,3,... } Nota: é evidente que N Z. - Conjunto dos números racionais Q = {x | x = p/q com p Z , q Z e q 0 }. (o símbolo | lê-se como "tal que"). Temos então que número racional é aquele que pode ser escrito na forma de uma fração p/q onde p e q são números inteiros, com o denominador diferente de zero. Lembre-se que não existe divisão por zero!. São exemplos de números racionais: 2/3, -3/7, 0,001=1/1000, 0,75=3/4, 0,333... = 1/3, 7 = 7/1, etc. Notas: a) é evidente que N Z Q. b) toda dízima periódica é um número racional, pois é sempre possível escrever uma dízima periódica na forma de uma fração. Exemplo: 0,4444... = 4/9 - Conjunto dos números irracionais Q' = {x | x é uma dízima não periódica}. (o símbolo | lê-se como "tal que"). Exemplos de números irracionais: = 3,1415926... (número pi = razão entre o comprimento de qualquer circunferência e o seu diâmetro) 2,01001000100001... (dízima não periódica) 3 = 1,732050807... (raiz não exata). Conjunto dos números reais R = { x | x é racional ou x é irracional }. Notas: a) é óbvio que N Z Q R b) Q' R c) um número real é racional ou irracional; não existe outra hipótese! - Intervalos numéricos Dados dois números reais p e q, chama-se intervalo a todo conjunto de todos números reais compreendidos entre p e q , podendo inclusive incluir p e q. Os números p e q são os limites do intervalo, sendo a diferença p - q , chamada amplitude do intervalo. ; Se o intervalo incluir p e q , o intervalo é fechado e caso contrário, o intervalo é dito aberto. A tabela abaixo, define os diversos tipos de intervalos. TIPOS REPRESENTAÇÃO OBSERVAÇÃO INTERVALO FECHADO [p;q] = {x R; p x q} inclui os limites p e q INTERVALO ABERTO (p;q) = { x R; p x q} exclui os limites p e q INTERVALO FECHADO A ESQUERDA [p;q) = { x R; p x q} inclui p e exclui q INTERVALO FECHADO À DIREITA (p;q] = {x R; p x q} exclui p e inclui q INTERVALO SEMI-FECHADO [p; ) = {x R; x p} valores maiores ou iguais a p. INTERVALO SEMI-FECHADO (- ; q] = { x R; x q} valores menores ou iguais a q. INTERVALO SEMI-ABERTO (- ; q) = { x R; x q} valores menores do que q. INTERVALO SEMI-ABERTO (p; ) = { x p } valores maiores do que p. Nota: é fácil observar que o conjunto dos números reais, (o conjunto R) pode ser representado na forma de intervalo como R = ( - ; + ). - Operações com conjuntos - União ( ) Dados os conjuntos A e B, define-se o conjunto união A B = {x; x A ou x B}. Exemplo: {0,1,3} { 3,4,5 } = { 0,1,3,4,5}. Percebe-se facilmente que o conjunto união contempla todos os elementos do conjunto A ou do conjunto B. Propriedades imediatas: a) A A = A b) A = A c) A B = B A (a união de conjuntos é uma operação comutativa) d) A U = U , onde U é o conjunto universo. - Interseção ( ) Dados os conjuntos A e B , define-se o conjunto interseção A B = {x; x A e x B}. Exemplo: {0,2,4,5} { 4,6,7} = {4}. Percebe-se facilmente que o conjunto interseção contempla os elementos que são comuns aos conjuntos A e B. Propriedades imediatas: a) A A = A b) A = c) A B = B A ( a interseção é uma operação comutativa) d) A U = A onde U é o conjunto universo. São importantes também as seguintes propriedades: P1. A ( B C ) = (A B) ( A C) (propriedade distributiva) P2. A ( B C ) = (A B ) ( A C) (propriedade distributiva) P3. A (A B) = A (lei da absorção) P4. A (A B) = A (lei da absorção) Observação: Se A B = , então dizemos que os conjuntos A e B são Disjuntos. - Diferença: A - B = {x ; x A e x B}. Observe que os elementos da diferença são aqueles que pertencem ao primeiro conjunto, mas não pertencem ao segundo. Exemplos: { 0,5,7} - {0,7,3} = {5}. {1,2,3,4,5} - {1,2,3} = {4,5}. Propriedades imediatas: a) A - = A b) - A = c) A - A = d) A - B B - A (a diferença de conjuntos não é uma operação comutativa). - Complementar de um conjunto Trata-se de um caso particular da diferença entre dois conjuntos. Assim é , que dados dois conjuntos A e B, com a condição de que B A , a diferença A - B chama-se, neste caso, complementar de B em relação a A . Simbologia: CAB = A - B. Caso particular: O complementar de B em relação ao conjunto universo U, ou seja , U B ,é indicado pelo símbolo B' .Observe que o conjunto B' é formado por todos os elementos que não pertencem ao conjunto B, ou seja: B' = {x; x B}. É óbvio, então, que: a) B B' = b) B B' = U c) 'U d) U' = - Partição de um conjunto Seja A um conjunto não vazio. Define-se como partição de A, e representa-se por part(A), qualquer subconjunto do conjunto das partes de A (representado simbolicamente por P(A)), que satisfaz simultaneamente, às seguintes condições: 1 - nenhuma dos elementos de part(A) é o conjunto vazio. 2 - a interseção de quaisquer dois elementos de part(A) é o conjunto vazio. 3 - a união de todos os elementos de part(A) é igual ao conjunto A. Exemplo: Seja A = {2, 3, 5} Os subconjuntos de A serão: {2}, {3}, {5}, {2,3}, {2,5}, {3,5}, {2,3,5}, e o conjunto vazio - Ø. Assim, o conjunto das partes de A será: P(A) = { {2}, {3}, {5}, {2,3}, {2,5}, {3,5}, {2,3,5}, Ø } Vamos tomar, por exemplo, o seguinte subconjunto de P(A): X = { {2}, {3,5} } Observe que X é uma partição de A - cuja simbologia é part(A) - pois: a) nenhum dos elementos de X é Ø . b) {2} {}Ø c) {2} U {} = {2, 3, 5} = A Sendo observadas as condições 1, 2 e 3 acima, o conjunto X é uma partição do conjunto A. Observe que Y = { {2,5}, {3} } ; W = { {5}, {2}, {3} }; S = { {3,2}, {5} } são outros exemplos de partições do conjunto A. Outro exemplo: o conjunto Y = { {0, 2, 4, 6, 8, ...}, {1, 3, 5, 7, ...} } é uma partição do conjunto Z dos números inteiros, pois {0, 2, 4, 6, 8, ...} {1, 3, 5, 7, ...} = Ø e {0, 2, 4, 6, 8, ...} U {1, 3, 5, 7, ...} = Z - Número de elementos da união de dois conjuntos Sejam A e B dois conjuntos, tais que o número de elementos de A seja n(A) e o número de elementos de B seja n(B). Nota: o número de elementos de um conjunto, é também conhecido com cardinal do conjunto. Representando o número de elementos da interseção A B por n(A B) e o número de elementos da união A B por n(A B) , podemos escrever a seguinte fórmula: n(A B) = n(A) + n(B) - n(A B) - Exercícios propostos I: 1) USP-SP - Depois de n dias de férias, um estudante observa que: a) choveu 7 vezes, de manhã ou à tarde; b) quando chove de manhã não chove à tarde; c) houve 5 tardes sem chuva; d) houve 6 manhãs sem chuva. Podemos afirmar então que n é igual a: a)7 b)8 *c)9 d)10 e)11 2) 52 pessoas discutem a preferência por dois produtos A e B, entre outros e conclui-se que o número de pessoas que gostavam de B era: I - O quádruplo do número de pessoas que gostavam de A e B; II - O dobro do número de pessoas que gostavam de A; III - A metade do número de pessoas que não gostavam de A nem de B. Nestas condições, o número de pessoas que não gostavam dos dois produtos é igual a: *a)48 b)35 c)36 d)47 e)37 3) UFBA - 35 estudantes estrangeiros vieram ao Brasil. 16 visitaram Manaus; 16, S. Paulo e 11, Salvador. Desses estudantes, 5 visitaram Manaus e Salvador e , desses 5, 3 visitaram também São Paulo. O número de estudantes que visitaram Manaus ou São Paulo foi: *a) 29 b) 24 c) 11 d) 8 e) 5 4) FEI/SP - Um teste de literatura, com 5 alternativas em que uma única é verdadeira, referindo-se à data de nascimento de um famoso escritor, apresenta as seguintes alternativas: a)século XIX b)século XX c)antes de 1860 d)depois de 1830 e)nenhuma das anteriores Pode-se garantir que a resposta correta é: a)a b)b *c)c d)d e)e - Exercícios propostos II: 1 - Se um conjunto A possui 1024 subconjuntos, então o cardinal de A é igual a: a) 5 b) 6 c) 7 d) 9 *e)10 2 - Após um jantar, foram servidas as sobremesas X e Y. Sabe-se que das 10 pessoas presentes, 5 comeram a sobremesa X, 7 comeram a sobremesa Y e 3 comeram as duas. Quantas não comeram nenhuma? *a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 0 3) PUC-SP - Se A = e B = {}, então: *a) A B b) A B = c) A = B d) A B = B e) B A 4) FGV-SP - Sejam A, B e C conjuntos finitos. O número de elementos de A B é 30, o número de elementos de A C é 20 e o número de elementos de A B C é 15. Então o número de elementos de A (B C) é igual a: *a)35 b)15 c)50 d)45 e)20 5) Sendo a e b números reais quaisquer, os números possíveis de elementos do conjunto A = {a, b, {a}, {b}, {a,b} } são: *a)2 ou 5 b)3 ou 6 c)1 ou 5 d)2 ou 6 e)4 ou 5 RELAÇÃO BINÁRIA Dados dois conjuntos A e B , chama-se relação de A em B , a qualquer subconjunto de AxB. Em termos simbólicos, sendo uma relação de A em B , podemos escrever: = { (x;y) AxB ; x y } Ex: = { (0;3) , (2;5) , (3;0) } é uma relação de A = { 0;2;3;4} em B = {3;5;0}. NOTAS: 1) AxB 2) o conjunto A é o conjunto de partida e B o conjunto de chegada ou contradomínio. 3) se (x;y) , então dizemos que y é imagem de x , pela relação . 4) a expressão x y equivale a dizer que (x;y) . 5) dada uma relação = { (x;y) AxB ; x y } , o conjunto dos valores de x chamase domínio da relação e o conjunto dos valores de y chama-se conjunto imagem da relação. 6 - o número de relações possíveis de A em B é dado por 2 n(A).n(B) . 7 - Dada uma relação = { (x,y) AxB ; x y } , define-se a relação inversa -1 como sendo: -1 = { (y,x) BxA ; y x }. Ex: F = { (0,2) , (3.5) , (4,8) , ( 5,5) } F-1 = { (2,0) , (5,3) , (8,4) , (5,5) }. Agora, tente resolver as questões a seguir. 1 - Sendo A = {x N; 1 x 4} e B = {x Z; 5 x 10}, o conjunto imagem da relação S = {(x, y) AXB; x + y = 9} é: a) {4,5,6} *b) {6,7} c) {5,6,7} d) {7} e) {1} 2 - Sendo n(A) = 2 e n(B) = 3, então o número de elementos de p(A) X p(B) é: a)4 b)8 c)16 *d)32 e)64 3 - UFBA - Sejam: A = { 1 , 5 } ; B = { -1 , 0 , 1 }; R = {(x , y) AxB } e F = conjunto dos pontos do plano, simétricos aos pontos de R em relação à primeira bissetriz. Dos conjuntos e relações dados, pode-se afirmar: I) A imagem da relação inversa de R é o conjunto A. II) O domínio de F é o conjunto B. III) R tem 5 elementos. IV) Em F há pontos pertencentes ao eixo Ox. V) Existe um único ponto de R que pertence à primeira bissetriz. São verdadeiras: a) todas b) nenhuma c) III e IV *d) I, II e V e)somente I 4 - UEFS - Sendo A = { 1, 3 } e B = [-2 , 2], o gráfico cartesiano de AxB é representado por: a) 4 pontos b) 4 retas c)um retângulo d)retas paralelas a Ox *e) dois segmentos de reta 5 - Sabendo-se que n(AxB) = 48 , n(BxC) = 72 , n(p(A)) = 256, podemos afirmar que n(AxC) é: a)64 b)72 *c)96 d)128 e)192 6 - UFCE - Dado um conjunto C , denotemos por n(p(C)) o número de elementos do conjunto das partes de C. Sejam A e B dois conjuntos não vazios, tais que n(p(AxB)) = 128 e n(B) n(A). Calcule n(p(B)) / n(p(A)). Resp: 64 Funções 1 - Definição Dados dois conjuntos A e B não vazios, chama-se função (ou aplicação) de A em B, representada por f : A B ; y = f(x) , a qualquer relação binária que associa a cada elemento de A , um único elemento de B . Veja o capítulo Relações Binárias Portanto, para que uma relação de A em B seja uma função, exige-se que a cada x A esteja associado um único y B, podendo, entretanto existir y B que não esteja associado a nenhum elemento pertencente ao conjunto A. Obs : na notação y = f(x) , entendemos que y é imagem de x pela função f, ou seja: y está associado a x através da função f. Exemplo: f(x) = 4x+3 ; então f(2) = 4.2 + 3 = 11 e portanto , 11 é imagem de 2 pela função f ; f(5) = 4.5 + 3 = 23 , portanto 23 é imagem de 5 pela função f , f(0) = 4.0 + 3 = 3, etc. Para definir uma função, necessitamos de dois conjuntos (Domínio e Contradomínio ) e de uma fórmula ou uma lei que relacione cada elemento do domínio a um e somente um elemento do contradomínio . Quando D(f) R e CD(f) R, sendo R o conjunto dos números reais , dizemos que a função f é uma função real de variável real . Na prática , costumamos considerar uma função real de variável real como sendo apenas a lei y = f(x) que a define , sendo o conjunto dos valores possíveis para x , chamado de domínio e o conjunto dos valores possíveis para y , chamado de conjunto imagem da função . Assim, por exemplo, para a função definida por y = 1/x , temos que o seu domínio é D(f) = R* , ou seja o conjunto dos reais diferentes de zero (lembre-se que não existe divisão por zero) , e o seu conjunto imagem é também R* , já que se y = 1/x , então x = 1/y e portanto y também não pode ser zero . Dada uma função f : A B definida por y = f(x), podemos representar os pares ordenados (x,y) f onde x A e y B ,num sistema de coordenadas cartesianas . O gráfico obtido será o gráfico da função f . Assim , por exemplo , sendo dado o gráfico cartesiano de uma função f , podemos dizer que: a ) a projeção da curva sobre o eixo dos x , nos dá o domínio da função . b ) a projeção da curva sobre o eixo dos y , nos dá o conjunto imagem da função . c ) toda reta vertical que passa por um ponto do domínio da função , intercepta o gráfico da função em no máximo um ponto . Veja a figura abaixo: 2 -Tipos de funções 2.1 - Função sobrejetora É aquela cujo conjunto imagem é igual ao contradomínio . Exemplo: 2.2 - Função injetora Uma função y = f(x) é injetora quando elementos distintos do seu domínio , possuem imagens distintas, isto é: x1 x2 f(x1) f(x2) . Exemplo: 2.3 - Função bijetora Uma função é dita bijetora , quando é ao mesmo tempo , injetora e sobrejetora . Exemplo: Exercícios resolvidos: 1 - Considere três funções f, g e h, tais que: A função f atribui a cada pessoa do mundo, a sua idade. A função g atribui a cada país, a sua capital A função h atribui a cada número natural, o seu dobro. Podemos afirmar que, das funções dadas, são injetoras: a) f, g e h b) f e h c) g e h d) apenas h e) nenhuma delas Solução: Sabemos que numa função injetora, elementos distintos do domínio, possuem imagens distintas, ou seja: x1 x2 f(x1) f(x2). Logo, podemos concluir que: f não é injetora, pois duas pessoas distintas podem ter a mesma idade. g é injetora, pois não existem dois países distintos com a mesma capital. h é injetora, pois dois números naturais distintos, possuem os seus dobros também distintos. Assim é que concluímos que a alternativa correta é a de letra C. 2 - Seja f uma função definida em R - conjunto dos números reais - tal que f(x - 5) = 4x. Nestas condições, pede-se determinar f(x + 5). Solução: Vamos fazer uma mudança de variável em f(x - 5) = 4x, da seguinte forma: x-5=ux=u+5 Substituindo agora (x - 5) pela nova variável u e x por (u + 5), vem: f(u) = 4(u + 5) f(u) = 4u + 20 Ora, se f(u) = 4u + 20, teremos: f(x + 5) = 4(x+5) + 20 f(x+5) = 4x + 40 Agora resolva este: A função f em R é tal que f(2x) = 3x + 1. Determine 2. f(3x + 1). Resp: 9x + 5 3 - Paridade das funções 3.1 - Função par A função y = f(x) é par, quando x D(f) , f(- x ) = f(x) , ou seja, para todo elemento do seu domínio, f( x ) = f ( - x ). Portanto, numa função par, elementos simétricos possuem a mesma imagem. Uma conseqüência desse fato é que os gráficos cartesianos das funções pares são curvas simétricas em relação ao eixo dos y ou eixo das ordenadas. Exemplo: y = x4 + 1 é uma função par, pois f(x) = f(-x), para todo x. Por exemplo, f(2) = 24 + 1 = 17 e f(- 2) = (-2)4 + 1 = 17 O gráfico abaixo, é de uma função par. 4.2 - Função ímpar A função y = f(x) é ímpar , quando x D(f) , f( - x ) = - f (x) , ou seja, para todo elemento do seu domínio, f( - x) = - f( x ). Portanto, numa função ímpar, elementos simétricos possuem imagens simétricas. Uma conseqüência desse fato é que os gráficos cartesianos das funções ímpares são curvas simétricas em relação ao ponto (0,0), origem do sistema de eixos cartesianos. Exemplo: y = x3 é uma função ímpar pois para todo x, teremos f(- x) = - f(x). Por exemplo, f( - 2) = (- 2)3 = - 8 e - f( x) = - ( 23 ) = - 8. O gráfico abaixo é de uma função ímpar: Nota: se uma função y = f(x) não é par nem ímpar, dizemos que ela não possui paridade. Exemplo: O gráfico abaixo, representa uma função que não possui paridade, pois a curva não é simétrica em relação ao eixo dos x e, não é simétrica em relação à origem. Funções II 1 - FUNÇÃO INVERSA Dada uma função f: A B, se f é bijetora, então se define a função inversa f -1 como sendo a função de B em A, tal que f -1 (y) = x. Veja a representação a seguir: É óbvio então que: a) para obter a função inversa , basta permutar as variáveis x e y . b) o domínio de f -1 é igual ao conjunto imagem de f . c) o conjunto imagem de f -1 é igual ao domínio de f . d) os gráficos de f e de f -1 são curvas simétricas em relação à reta y = x ou seja , à bissetriz do primeiro quadrante . Exemplo: Determine a INVERSA da função definida por y = 2x + 3. Permutando as variáveis x e y, fica: x = 2y + 3 Explicitando y em função de x, vem: 2y = x - 3 y = (x - 3) / 2, que define a função inversa da função dada. O gráfico abaixo, representa uma função e a sua inversa. Observe que as curvas representativas de f e de f-1, são simétricas em relação à reta y = x, bissetriz do primeiro e terceiro quadrantes. Exercício resolvido: A função f: R R, definida por f(x) = x2: a) é inversível e sua inversa é f -1 (x) = x b) é inversível e sua inversa é f -1(x) = - x c) não é inversível d) é injetora e) é bijetora. SOLUÇÃO: Já sabemos que somente as funções bijetoras são inversíveis, ou seja, admitem função inversa. Ora, a função f(x) = x2, definida em R - conjunto dos números reais - não é injetora, pois elementos distintos possuem a mesma imagem. Por exemplo, f(3) = f(-3) = 9. Somente por este motivo, a função não é bijetora e, em conseqüência, não é inversível. Observe também que a função dada não é sobrejetora, pois o conjunto imagem da função f(x) = x2 é o conjunto R + dos números reais não negativos, o qual não coincide com o contradomínio dado que é igual a R. A alternativa correta é a letra C. 2 - FUNÇÃO COMPOSTA Chama-se função composta ( ou função de função ) à função obtida substituindo-se a variável independente x , por uma função. Simbologia : fog (x) = f(g(x)) ou gof (x) = g(f(x)) . Veja o esquema a seguir: Obs.: atente para o fato de que fog gof , ou seja, a operação " composição de funções " não é comutativa . Exemplo: Dadas às funções f(x) = 2x + 3 e g(x) = 5x, pede-se determinar gof(x) e fog(x). Teremos: gof(x) = g[f(x)] = g(2x + 3) = 5(2x + 3) = 10x + 15 fog(x) = f[g(x)] = f(5x) = 2(5x) + 3 = 10x + 3 Observe que fog gof . Exercícios resolvidos: 1 - Sendo f e g duas funções tais que: f(x) = ax + b e g(x) = cx + d . Podemos afirmar que a igualdade gof(x) = fog(x) ocorrerá se e somente se: a) b(1 - c) = d(1 - a) b) a(1 - b) = d(1 - c) c) ab = cd d) ad = bc e) a = bc SOLUÇÃO: Teremos: fog(x) = f[g(x)] = f(cx + d) = a(cx + d) + b fog(x) = acx + ad + b gof(x) = g[f(x)] = g(ax + b) = c(ax + b) + d gof(x) = cax + cb + d Como o problema exige que gof = fog, fica: acx + ad + b = cax + cb + d Simplificando, vem: ad + b = cb + d ad - d = cb - b d(a - 1) = b(c - 1), que é equivalente a d(a - 1) = b(c - 1), o que nos leva a concluir que a alternativa correta é a letra A. 2 - Sendo f e g duas funções tais que fog(x) = 2x + 1 e g(x) = 2 - x então f(x) é: a) 2 - 2x b) 3 - 3x c) 2x - 5 *d) 5 - 2x e) uma função par. SOLUÇÃO: Sendo fog(x) = 2x + 1, temos: f[g(x)] = 2x + 1 Substituindo g(x) pelo seu valor, fica: f(2 - x) = 2x + 1 Fazendo uma mudança de variável, podemos escrever 2 - x = u, sendo u a nova variável. Portanto, x = 2 - u. Substituindo, fica: f(u) = 2(2 - u) + 1 f(u) = 5 - 2u Portanto, f(x) = 5 - 2x, o que nos leva à alternativa D. Agora resolva esta: Dadas às funções f(x) = 4x + 5 e g(x) = 2x - 5k ocorrerá gof(x) = fog(x) se e somente se k for igual a: *a) -1/3 b) 1/3 c) 0 d) 1 e) -1 Funções III Tipos particulares de funções 1 FUNÇÃO CONSTANTE Uma função é dita constante quando é do tipo f(x) = k , onde k não depende de x . Exemplos: a) f(x) = 5 b) f(x) = -3 Nota : o gráfico de uma função constante é uma reta paralela ao eixo dos x . Veja o gráfico a seguir: 2 FUNÇÃO DO 1º GRAU Uma função é dita do 1º grau , quando é do tipo y = ax + b , onde a 0. Exemplos : f(x) = 3x + 12 ( a = 3 ; b = 12 ) f(x) = -3x + 1 (a = -3; b = 1). Propriedades da função do 1º grau: 1) o gráfico de uma função do 1º grau é sempre uma reta. 2) na função f(x) = ax + b, se b = 0, f é dita função linear e se b 0 f é dita função afim. Nota: consta que o termo AFIM foi introduzido por Leonhard Euler (pronuncia-se óiler) - excepcional matemático suíço - 1701/1783). 3) o gráfico intercepta o eixo dos x na raiz da equação f(x) = 0 e, portanto, no ponto de abscissa x = - b/a . 4) o gráfico intercepta o eixo dos y no ponto (0 , b) , onde b é chamado coeficiente linear . 5) o valor a é chamado coeficiente angular e dá a inclinação da reta . 6) se a 0, então f é crescente. 7) se a 0, então f é decrescente. 8) quando a função é linear, ou seja, y = f(x) = ax, o gráfico é uma reta que sempre passa na origem. Exercício resolvido: 1 - Determine a função f(x) = ax + b, sabendo-se que f(2) = 5 e f(3) = -10. SOLUÇÃO: Podemos escrever: 5 = 2.a + b -10 = 3.a + b Subtraindo membro a membro, vem: 5 - (- 10) = 2.a + b - (3.a + b) 15 = - a a = - 15 Substituindo o valor de a na primeira equação (poderia ser na segunda), fica: 5 = 2.(- 15) + b b = 35. Logo, a função procurada é: y = - 15x + 35. Agora resolva esta: A função f é definida por f(x) = ax + b. Sabe-se que f(-1) = 3 e f(3) = 1, então podemos afirmar que f(1) é igual a: *a) 2 b) -2 c) 0 d) 3 e) -3 3 FUNÇÃO DO 2º GRAU Uma função é dita do 2º grau quando é do tipo f(x) = ax2 + bx + c , com a 0 . Exemplos: f(x) = x2 - 2x + 1 ( a = 1 , b = -2 , c = 1 ) ; y = - x2 ( a = -1 , b = 0 , c = 0 ) Gráfico da função do 2º grau y = ax2 + bx + c: é sempre uma parábola de eixo vertical . Propriedades do gráfico de y = ax2 + bx + c: 1) se a 0 a parábola tem um ponto de mínimo. 2) se a 0 a parábola tem um ponto de máximo 3) o vértice da parábola é o ponto V(xv, yv) onde: xv = - b/2a yv = - /4a, onde = b2 - 4ac 4) a parábola intercepta o eixo dos x nos pontos de abscissa x' e x'' , que são as raízes da equação ax2 + bx + c = 0 . 5) a parábola intercepta o eixo dos y no ponto (0 , c) . 6) o eixo de simetria da parábola é uma reta vertical de equação x = - b/2a. 7) ymax = - / 4a ( a 0 ) 8) ymin = - /4a ( a 0 ) 9) Im(f) = { y R ; y - /4a } ( a 0 ) 10) Im(f) = { y R ; y - /4a} ( a 0) 11) Forma fatorada : sendo x1 e x2 as raízes da de f(x) = ax2 + bx + c , então ela pode ser escrita na forma fatorada a seguir : y = a(x - x1).(x - x2) Exercícios Resolvidos 1 - UCSal - Sabe-se que -2 e 3 são raízes de uma função quadrática. Se o ponto (-1 , 8) pertence ao gráfico dessa função, então: a) o seu valor máximo é 1,25 b) o seu valor mínimo é 1,25 c) o seu valor máximo é 0,25 d) o seu valor mínimo é 12,5 *e) o seu valor máximo é 12,5. SOLUÇÃO: Sabemos que a função quadrática, pode ser escrita na forma fatorada: y = a(x - x1)(x - x2) , onde x1 e x2, são os zeros ou raízes da função. Portanto, poderemos escrever: y = a[x - (- 2 )](x - 3) = a(x + 2)(x - 3) y = a(x + 2)(x - 3) Como o ponto (-1,8) pertence ao gráfico da função, vem: 8 = a(-1 + 2)(-1 - 3) 8 = a(1)(-4) = - 4.a Daí vem: a = - 2 A função é, então: y = -2(x + 2)(x - 3) , ou y = (-2x -4)(x - 3) y = -2x2 + 6x - 4x + 12 y = -2x2 + 2x + 12 Temos então: a = -2, b = 2 e c = 12. Como a é negativo, concluímos que a função possui um valor máximo. Isto já elimina as alternativas B e D. Vamos então, calcular o valor máximo da função. = b2 - 4ac = 22 - 4 .(-2).12 = 4+96 = 100 Portanto, yv = - 100/4(-2) = 100/8 = 12,5 Logo, a alternativa correta é a letra E. 2 - Que número excede o seu quadrado o máximo possível? *a) 1/2 b) 2 c) 1 d) 4 e) -1/2 SOLUÇÃO: Seja x o número procurado. O quadrado de x é x2 . O número x excede o seu quadrado , logo: x - x2. Ora, a expressão anterior é uma função quadrática y = x - x2 . Podemos escrever: y = - x2 + x onde a = -1, b = 1 e c = 0. O valor procurado de x, será o xv (abscissa do vértice da função). Assim, xv = - b / 2.a = - 1 / 2(-1) = 1 / 2 Logo, a alternativa correta é a letra A . Agora resolva estes similares: 1 - A diferença entre dois números é 8. Para que o produto seja o menor possível, um deles deve ser: a) 16 b) 8 *c) 4 d) -4 e) -16 2 - A diferença entre dois números é 8. O menor valor que se pode obter para o produto é: a) 16 b) 8 c) 4 d) -4 *e) -16 Funções IV Exercícios resolvidos e propostos 1 - Se f(x) = 1/[x(x+1)] com x 0 e x -1, então o valor de S = f(1) + f(2) + f(3) + ... + f(100) é: a)100 b) 101 c) 100/101 d) 101/100 e) 1 SOLUÇÃO: Temos: Portanto, f(1) = 1/1 - 1/2 f(2) = 1/2 - 1/3 f(3) = 1/3 - 1/4 f(4) = 1/4 - 1/5 f(5) = 1/5 - 1/6 ......................... .......................... ........................... f(99) = 1/99 - 1/100 f(100) = 1/100 - 1/101 Somando membro a membro as igualdades acima (observe que os termos simétricos se anulam entre si), vem: f(1) + f(2) + f(3) + ... + f(100) = 1 - 1/101 = 100/101, o que nos leva à alternativa C. 2 - UCSal - Sejam f e g funções de R em R, sendo R o conjunto dos números reais, dadas por f(x) = 2x - 3 e f(g(x)) = -4x + 1. Nestas condições, g(-1) é igual a: a) -5 b) -4 c) 0 *d) 4 e) 5 SOLUÇÃO: Como f(x) = 2x -3, podemos escrever: f[g(x)] = 2.g(x) - 3 = - 4x + 1 Logo, 2.g(x) = - 4x +4 g(x) = -2x + 2 Assim, g(-1) = -2(-1) + 2 = 4. Logo, a alternativa correta é a letra D. 3 - O conjunto imagem da função y = 1 / (x - 1) é o conjunto: a) R - { 1 } b) [0,2] c) R - {0} d) [0,2) e) (-2 ,2] SOLUÇÃO: Se y = 1 / (x - 1), então x - 1 = 1 / y. Como o conjunto imagem é o conjunto dos valores de y, percebemos que y não pode ser nulo, pois não existe divisão por zero. Logo, o conjunto imagem é R - {0}, o que nos leva à alternativa C. 4 - Determine o domínio da função y = (x+1) / (x - 2). SOLUÇÃO: Como não existe divisão por zero, vem imediatamente que: x - 2 0 x 2. Logo, o domínio da função será D = R - {2}, onde R é o conjunto dos números reais. Agora resolva estes: 1 - UFBA - Se f (g (x) ) = 5x - 2 e f (x) = 5x + 4 , então g(x) é igual a: a) x - 2 b) x - 6 c) x - 6/5 d) 5x - 2 e) 5x + 2 Resp: C 2 - A função f é tal que f(2x + 3) = 3x + 2. Nestas condições, f(3x + 2) é igual a: a) 2x + 3 b) 3x + 2 c) (2x + 3) / 2 d) (9x + 1) /2 e) (9x - 1) / 3 Resp: D 3 - Qual o domínio da função y = (x - 4)1/4 ? Resp: D = [4, ). 4 - Qual o conjunto imagem da função y = 1/x? Resp: Im = R - {0}. 5 - Qual o domínio da função y = (senx)/x ? Resp: D = R - {0}. 6 - Sendo f(x) = senx e g(x) = logx, pede-se determinar o valor de g[f( /2)]. Resp: 0 7 - Elabore o gráfico da função y = [x] , de domínio R, onde [x] significa o maior inteiro contido em x, assim definido: [x] = maior inteiro que não supera x. Exemplos: [2] = 2 [2,01] = 2 [0,833...] = 0 [-3,67...] = -4 [-1,34...] = -2, etc. Resp: UMA CERTA FUNÇÃO Seja f uma função definida para todo x real, satisfazendo as condições: Então, f(–3) vale: a) –6 b) 0 c) ½ d) 2 e) –1 Solução: Podemos escrever, usando as definições dadas no enunciado: Para x = -3: f(-3 + 3) = f(-3).f(3) ou f(0) = f(-3).2 Podemos também escrever: Para x = 0: f(0 + 3) = f(0).f(3) ou f(3) = f(0).f(3), de onde concluímos que o valor de f(0) é: f(0) = f(3)/f(3) = 2/2 = 1. Daí, vem, por substituição, lembrando que f(0) = f(-3).2 e que f(0) = 1: 1 = f(-3).2, de onde concluímos imediatamente f(-3) = 1/2, o que nos leva à alternativa C. Agora resolva este: PUC-RS - Se f é uma função tal que f(1) = a, f() = b e f(x + y) = f(x) . f(y), x, y R, então f(2 + ) é igual a: a) a b) b 2 c) a b 2 d) ab e) a + b Resposta: alternativa C. Simbologia: - qualquer que seja, para todo. - pertence a - número irracional pi, cujo valor aproximado é 3,1416. Uma certa classe de funções Determine todas as funções f tais que quaisquer que sejam os números reais x, y. Solução: Fazendo x = y = 0, já que todas as funções f que satisfazem à condição dada, pelo enunciado, estão definidas para todo x e y real, vem: f(02) – f(02) + 2.0 + 1 = f(0 + 0).f(0 – 0) Daí, vem: f(0) – f(0) + 1 = f(0).f(0) = [f(0)] 2 . Como f(0) - f(0) = 0, vem: 0 + 1 = [f(0)] 2 1 = [f(0)] 2, de onde vem: f(0) = 1. Pelo conceito de função , o elemento 0 não poderá ter duas imagens (1 e –1), e, portanto, apenas um desses valores deve ser válido. Fazendo y = x na igualdade dada no problema, vem: f(x2) – f(x2) + 2x + 1 = f(x + x) . f(x – x) Como f(x2) = f(x2), vem da igualdade acima: 2x + 1 = f(2x).f(0) Fazendo uma mudança de variável, colocando 2x = u, vem: u + 1 = f(u).f(0) Supondo f(0) = 1 (do resultado obtido acima), fica: f(u) = u + 1 Supondo f(0) = -1 (também do resultado obtido acima), fica: f(u) = - (u + 1) Como é indiferente usar o símbolo u ou x, teremos: f(x) = x + 1 ou f(x) = - (x + 1). Seriam estas duas funções, a solução do problema proposto. Mas, como é dito que f é uma função, f(0) não pode ter duas imagens (1 e –1), conforme já foi relatado anteriormente. Temos então que verificar os dois resultados, para saber qual a que satisfaz ao problema proposto. Consideremos que y = f(x) = x + 1, seja uma solução procurada. Como, já sabemos do enunciado que: Vem, f(x) = x + 1 f(x2) = x2 + 1 y = f(x) y2 = [f(x)]2 = (x + 1)2 f(y2) = y2 + 1 = (x +1)2 + 1 f(x + y) = f[x + (x +1)] = f(2x + 1) = (2x + 1) + 1 = 2x + 2 f(x – y) = f[x – (x + 1)] = f(-1) = -1 + 1 = 0 Substituindo, vem: x2 + 1 – [(x +1)2 + 1]+ 2x + 1 = (2x + 1).0 x2 + 1 –(x2 + 2x + 1 + 1)+ 2x + 1 = 0 x2 + 1 – x2 – 2x – 2 + 2x + 1 = 0 Simplificando, vem 0 = 0, e, portanto, a função y = f(x) = x + 1, satisfaz ao problema. Por extensão, sabendo que f é uma função, é razoável supor que o valor de f(0) (que deve ser único, pelo conceito de função ) é igual a f(0) = 1 e que o resultado f(0) = -1, não serve. Deixamos como exercício para o visitante, verificar que f(x) = - (x+1), não satisfaz ao problema proposto. Isto é fácil; basta seguir os passos indicados acima para f(x) = y = x + 1. Portanto, a única função que obedece ao critério do enunciado do problema proposto, é a função y = x + 1. Resp: Só existe uma função que satisfaz à condição dada no enunciado e esta função é y = f(x) = x + 1. Nota: esta questão apareceu na prova da 9ª Olimpíada de Matemática do Cone Sul, realizada no ano de 1998, na cidade de Salvador - BA. Calcule o valor da função Seja f uma função tal que f(n + 1) = [(2.f(n) + 1)] / 2 para todo n inteiro positivo e f(1) = 2. Nestas condições, o valor de f(101) é: (a) 102 (b) 101 (c) 86 (d) 76 (e) 52 Solução: Teremos, fazendo n = 1, 2, 3, 4, ... na expressão f(n+1) = [(2.f(n) + 1) / 2: n = 1 f(1 + 1) = f(2) = [2.f(1) + 1] / 2 = [2.2 + 1] / 2 = 5 / 2 n = 2 f(2 + 1) = f(3) = [2.f(2) + 1] / 2 = [2.(5 / 2) + 1] / 2 = 3 n = 3 f(3 + 1) = f(4) = [2.f(3) + 1] / 2 = [2.3 + 1] / 2 = 7 / 2 n = 4 f(4 + 1) = f(5) = [2.f(4) + 1] / 2 = [2.(7 / 2) + 1] / 2 = 4 ........................................................................................................... ........................................................................................................... Vamos resumir os valores obtidos acima: f(1) = 2 = 4 / 2 f(2) = 5 / 2 f(3) = 3 = 6 / 2 f(4) = 7 / 2 f(5) = 4 = 8 / 2 ........................ ........................ Observe que o denominador é sempre 2 e o numerador é o valor de n acrescido de 3 unidades, pois: f(1) = 4 / 2 e 4 = 1 + 3 f(2) = 5 / 2 e 5 = 2 + 3 f(3) = 6 / 2 e 6 = 3 + 3 f(4) = 7 / 2 e 7 = 4 + 3 f(5) = 8 / 2 e 8 = 5 + 3 ....................................... ....................................... Observe que a lei de formação para um n inteiro positivo qualquer será então f(n) = (n + 3) / 2 Portanto, o valor de f(101) será obtido fazendo n = 101, o que resulta: f(101) = (101 + 3) / 2 = 104 / 2 = 52 Agora resolva este: Seja f uma função tal que f(n + 1) = [(2.f(n) + 1)] / 2 para todo n inteiro positivo e f(1) = 2. Nestas condições, determine o valor de f(105) + f(109). Resposta: 110 Módulo I Módulo ou valor absoluto “O valor positivo do número real, desprezando-se o sinal. Escreve-se x . Por exemplo: 3 = 3; -4 = 4, e 0 = 0". 1 - INTRODUÇÃO Genericamente, podemos dizer que o módulo de um número real, é o número sem o seu sinal. Assim, o módulo de -7 é 7, o módulo de -5 é 5, ... , etc. Para representar o módulo de um número real a , usamos a notação a , que lê-se módulo de a. Podemos dizer que módulo é a operação de apagar o sinal, conforme pode-se perceber nos exemplos acima. 2 - GENERALIDADES 2.1 - Seja x um número real qualquer. Das considerações do item (1) acima, seria correto dizer que x = x ?. Claro que não! Senão vejamos: Suponha x = -3; teremos: -3 = 3 = -(-3) = - x. Portanto para x negativo, vale a igualdade x = -x. Não se esqueça do fato que se x é negativo, então -x é positivo. Somente para x positivo ou nulo é que vale a igualdade x = x. Das considerações acima podemos concluir que o módulo ou valor absoluto de um número real qualquer é sempre positivo ou nulo. Lembre-se que 0 = 0. Exercícios resolvidos. 1 - Qual o conjunto solução da equação x + 1 + x - 1 = 10 ? Solução: Considere a reta numerada abaixo onde -1 e +1 são os valores que anulam as expressões entre módulo: Temos que considerar 3 casos: 1º caso: x -1: neste caso, tanto x -1 como x+1 são negativos, e portanto: x-1 = -(x-1) e x+1 = -(x+1) . Assim, substituindo as expressões em módulo pelos seus valores válidos nesse intervalo, vem: -(x-1) + [-(x+1)] = 10 \ -x + 1 -x -1 = 10 e, portanto x = -5. 2º caso: -1 x 1: neste caso, x + 1 é positivo e x -1 é negativo, e, portanto: x+1 = x+1 e x - 1 = -(x - 1). Assim, substituindo as expressões em módulo pelos seus valores válidos nesse intervalo, vem: x + 1 + [-(x - 1)] = 10 e, logo chegamos à igualdade 0.x = 8 que é impossível, pois não existe divisão por zero. Logo, nesse intervalo, a equação não tem solução. 3º caso: x 1 : nesse caso, tanto x + 1 quanto x - 1 são positivos e, portanto, teremos: x - 1 = x - 1 e x + 1 = x + 1; substituindo as expressões em módulo pelos seus valores válidos nesse intervalo, vem: x - 1 + x + 1 = 10 2x = 10 e, logo x = 5. Portanto, o conjunto solução da equação dada é: S = { -5, 5 }. 2 - Agora você deve resolver a equação: 2x + 6 + 2x - 6 = 80. Resp: x = -20 ou x = 20 ou S = { -20, 20 }. 3 - Resolva a equação: x 2 - 10 x + 16 = 0. Solução: Temos de considerar dois casos: 1º caso: x 0 : neste caso, já sabemos que x = -x. Substituindo as expressões em módulo pelos seus valores válidos nesse intervalo, vem: (-x)2 - ( - 10x ) + 16 = 0 x2 + 10x + 16 = 0, que é uma equação do 2º grau de raízes -8 e -2 (verifique). 2º caso: x 0 : nesse caso, sabemos que x = x . Logo, substituindo, vem: x2 - 10x + 16 = 0, que é uma equação do 2º grau de raízes 2 e 8 (verifique). Logo, o conjunto solução da equação dada é: S = { - 8, - 2, 2, 8 }. 4 - Resolva a equação: x 2 - 20 x + 64 = 0. Resp: S = { -16, -4, 4, 16 } EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1 - Sendo y = x - 5 + 3x - 21 + 12 - 3x , se 4 x 5, podemos afirmar que: a) y =14 - x b) y = x - 14 c) y = 7x + 38 d) y = 0 e) y = 14x 2 - Resolva as seguintes equações modulares em R, conjunto dos números reais: a) 2x - 3 = 5 b) 3x = x + 2 c) x2 - 4 = 5 Resp: a) S = {-1, 4} b) S = {-1/2, 1} c) S = {-3, 3} 3 - UCSal/BA - O maior valor assumido pela função y = 2 - x - 2 é: a) 1 *b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 4 - UCSal/BA - O gráfico da função f de R em R, dada por f(x) = 1 - x - 2, intercepta o eixo das abscissas nos pontos (a,b) e (c,d), com a c. Nestas condições o valor de d + c - b - a é: *a) 4 b) -4 c) 5 d) -5 e) 0