Newsletter: Vol. 06 – # 28 – Comentário do Artigo

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GETH
Newsletter
Volume 06 Número 28 05 de setembro de 2008
GETH Newsletter é uma
publicação semanal
distribuída aos sócios do
Grupo de
Comentário do Artigo: Ocorrência de
Tumores na Infância em Famílias com
Mutações Germinativas nos Genes brca2,
mmr e cdkn2a
Estudos de
Tumores Hereditários
Magnusson S, Borg A, Kristoferson U, Nilbert M, Wiebe T, Olsson H. Higher
Sede
R José Getúlio, 579 cjs 42/43
occurrence of childhood cancer in families with germiline mutations in
BRCA2,
MMR and CDKN2A genes. Fam Cancer 2008. [Epub ahead of print]
Aclimação São Paulo - SP
CEP 01503-001
O câncer infantil é incomum. Na Suécia, país com cerca de nove milhões de
habitantes, são diagnosticados 300 casos de câncer em indivíduos com 18 anos ou
E-mail
[email protected]
Site
http://www.geth.org.br
mesmo. Fatores hereditários são responsáveis por uma minoria dos casos de tumores
infantis, e isto pode ser atribuído ao conhecimento limitado sobre a hereditariedade
nos tumores na infância, geralmente relacionado a Síndrome de Li-Fraumeni,
retinoblastoma hereditário e tumor de Wilm´s familiar.
Editores
Erika Maria Monteiro Santos
Ligia Petrolini de Oliveira
A ocorrência de tumores na infância nas síndromes mama-ovário hereditário,
síndrome de Lynch, e melanoma familial é rara. Estudos anteriores em famílias com
mutação nos genes BRCA1 ou BRCA2 apontam que não há aumento no risco de
Diretoria
Presidente
Benedito Mauro Rossi
Vice-Presidente
Erika Maria Monteiro Santos
Diretor Científico
câncer na infância. No entanto, mutações alélicas germinativas no gene BRCA2, e
também nos genes MMR são associadas com a ocorrência de tumores na infância.
Os autores do artigo relataram que a ocorrência de tumores na infância em famílias
com mutação nos genes BRCA1, BRCA2, MMR e CDKN2A podem não ter sido
suficientemente avaliadas, e que não há relatos de estudos que calcularam a prevalência
Gilles Landman
de tumores na infância nestes grupos. Este artigo, publicado recentemente na Familial
Secretário Geral
Cancer tem como objetivo calcular a prevalência do câncer infantil em famílias com
Fábio de Oliveira Ferreira
Primeira Secretária
Ligia Petrolini de Oliveira
Tesoureiro
Wilson Toshihiko Nakagawa
mutação nos genes BRCA1, BRCA2, MMR e CDKN2A.
Foram identificadas 187 famílias com mutação identificada nos genes BRCA1,
BRCA2, MMR (MLH1, MSH2, MSH6) e CDKN2A no serviço de Oncogenética
da Universidade de Lund. Destas famílias, 98 apresentavam mutação no BRCA1, 43
no BRCA2, 31 nos genes MMR, e 15 no gene CDKN2A. A presença da mutação
Ocorrência de tumores na infância em famílias com mutações germinativas nos genes BRCA2, MMR e CDKN2A
foi considerada no caso índice. Por razões éticas, nenhuma
um caso de leucemia com diagnóstico aos 10 anos. Nas
criança fora testada, desta forma foram considerados
quatro famílias com mutação no gene BRCA2 os tumores
hipoteticamente como portadores da mutação identificada
observados foram retinoblastoma, seminoma, leucemia,
na família.
sarcoma, e astrocitoma. Em todas as famílias com mutação
A história familiar foi baseada nos registros da clínica
de oncogenética, e também nas consultas ao registro
populacional nacional, ao registro nacional de câncer e ao
registro nacional de óbitos.
Duas populações foram utilizadas como controle (854
famílias). O primeiro grupo foram famílias que residiam
na paróquia Heliga Trefaldighets entre 1951 e 1963; e o
segundo grupo foram famílias incluídas em um estudo
caso-controle sobre linfoma não-Hodgkin.
Nas 854 famílias do grupo controle foram identificadas
sete famílias com câncer infantil, o que representa uma
freqüência de 0,8%. Das 187 famílias com mutação
nos genes de reparo que apresentavam tumor na infância
foram observados tumores cerebrais. Nas três famílias com
mutação no CDKN2A foram observados um caso de
melanoma, e dois de leucemia.
Do total de crianças nove eram familiares de primeiro
grau do portadores de mutação, três eram familiares de
segundo grau e dois casos eram familiares de terceiro grau.
Segundo os autores foram observados dois fenômenos:
famílias com mutação nos genes BRCA2, MMR e CDKN2A
apresentam aumento no risco de câncer na infância quando
comparadas as famílias da população geral. Além disso, a
frequencia dos tumores foi distinta entre estas síndromes.
identificada, 14 apresentavam casos de tumores na infância.
Deve ser destacado que a presença da mutação não foi
O número de famílias com câncer foi significativamente
verificada nas crianças portadoras de tumor, e portanto,
superior nas famílias com mutação no gene BRCA2 (4/43
o que foi observado foi a ocorrência de tumores infantis
famílias, representando 9,3%), nos genes MMR (6/31
esporádicos em famílias com câncer hereditário. No entanto,
famílias, 19,4%) e no CDKN2A (3/15 famílias, 20%).
os autores relataram que a incidência de tumores nas
Ao considerar o grupo controle como referência, o
Odds ratio (OR) para tumor na infância em portadores
famílias com mutação foi superior ao acaso, o que merece
investigação.
de mutação no BRCA1 foi 1,2 (IC 95% 0,2-10,2); para
Estes resultados necessitam de confirmação com
famílias com mutação no BRCA2 o OR foi 12,4 (3,5-
amostras maiores antes da incorporação destas informações
44,1). Nas famílias com mutação nos genes MMR o OR
no aconselhamento genético e manejo das famílias. O
foi 29,0 (9,1-92,9), e finalmente, para famílias com mutação
uso de métodos prospectivos no cálculo do risco também
no CDKN2A foi 30,2 (IC 95% 7,0-131,1).
podem fornecer informações mais precisas sobre o risco de
Em uma família com mutação no BRCA1 foi observado
câncer nestas famílias.
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