O CÂNCER DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL E O CUIDADO DOMICILIÁRIO SOUSA, Daisy Mendes de FIALHO, Ana Virginia de Melo O cuidado no domicílio é uma prática existente desde a era cristã, na qual pessoas doentes eram tratadas em suas residências e onde o cuidador era a mulher, parentes ou pessoas próximas da comunidade. Hoje, por ser considerado o câncer uma doença crônico-degenerativa de avanço prolongado, é uma das patologias que mais necessitam da assistência domiciliária. Baseado nesses conhecimentos resolvemos investigar as condições do ambiente domiciliário para assistência ao portador de câncer e averiguar a repercussão da doença e do tratamento no cotidiano familiar enfatizando a papel do cuidador. A pesquisa realizou-se pelo método de estudo de caso, caráter exploratório-descritivo, coleta de dados realizada no domicílio do paciente através de um formulário, sendo a análise desses dados realizada pela história do paciente, da observação e do desenvolvimento da doença. Constatamos que o quadro que o paciente se encontra aumenta a necessidade do cuidador familiar, tanto no auxílio das atividades básicas como no conforto da angústia causada pelo efeito devastador da doença. Com esses achados deduzimos que as condições do ambiente domiciliário ao referimos à relação entre membros da família influi no estado de melhora ou piora do paciente no que diz respeito ao papel do cuidador, no momento em que este esteja impossibilitado ou até mesmo pela dificuldade de relacionamento entre paciente-cuidador. Fazendo que o paciente tenha mais um conflito além das complicações da doença agravando seu estado e impedindo a restituição da saúde. Palavras-chave: câncer do sistema nervoso central, cuidado domiciliário e cuidador. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version THE CANCER OF THE CENTRAL NERVOUS SYSTEM AND THE IN DOMICILE SOUSA, Daisy Mendes de FIALHO, Ana Virginia de Melo The care in the domicile is one practical that exists since the Christian age, in which sick people were treated in its residences and where the person who used to take care of sick people one was the woman, relatives or people next to the community. Today, for being considered the cancer a chronic-degenerative illness of drawn out advance, it is one of the patologias which need the domicile assistance a lot. Based on these knowledge we decided to investigate the conditions of domicile environment for assistance to the cancer carrier and to inquire the repercussion of the illness and the daily treatment in the familiar one being emphasized the pole of the person who takes care of sick people. The research was become fullfilled for the method real studying, lype of exploraterdescription, collects of data carried through the domicile of the patient through a form, being the analysis of these data carried through by the history of the patient, the comment and the development of the illness. We noticed that the way that the patient is at the moment, increases the necessity of the correct person to take careof him, as much as in the aid of the basic activities as in the comfort of the anguish caused for the devastador effect of the illness. With these findings we deduced that the conditions of the domicile environment we related to the relation between members of the family even though influences in the state of improvement or worsening of the patient in whom it says respect to the paper of the cuidador, at the moment where this is disabled or for the difficulty of relationship between patient-cuidador. Making this situation promotes a big conflict to the patient besides illness and the problems that involver all the patient’s life. So it obstructs the ways to improve the health. Key Words: cancer of the central nervous system, well-taken care domicile and a person who takes care of sick in domicile. 7 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version O CÂNCER DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL E O CUIDADO DOMICILIÁRIO SOUSA, Daisy Mendes de FIALHO, Ana Virginia de Melo 1.Introdução A visita domiciliária é um instrumento para conhecer o ambiente familiar que influi na saúde de quem nele vive. Além disso, é uma necessidade sentida e vivida por amplos setores da população, na medida em que pode dar resposta a problemas que representa manter o enfermo ou incapacitado no domicílio, com todas as complicações do tipo assistencial e estrutural que desta situação deriva, tanto para o usuário como para sua família e também para a equipe de saúde (MARTIN,1994). Segundo Nogueira (1997), a visita domiciliária é um método de trabalho de enfermagem junto às famílias, tendo como vantagens proporcionar ao indivíduo o conhecimento no seu próprio meio ambiente, atentando-se para as condições de habitação, relações afetivas, sociais da família; facilitar a adaptação e planejamento da família conforme seus próprios recursos; proporcionar melhor relacionamento do profissional com a família, pois ela é menos formal que as atividades desenvolvidas nos serviços de saúde; proporcionar maior liberdade para que os clientes explorem seus problemas, pois o tempo dedicado a eles é bem maior que no contexto institucional, além de outros. O autor afirma ainda que a visita domiciliária permite ao profissional criar um relacionamento afetivo e amistoso com a comunidade envolvida, pois ele está adentrando em seu lar, sua casa, sua intimidade, mantendo assim interações, ou seja, relacionamento interpessoal, que permite obter dados fidedignos sobre a saúde das famílias. Para isso é necessário estabelecer confiança entre os membros da equipe de saúde e os da família, para que esta se sinta segura com as ações desenvolvidas pelos profissionais e em casos de problemas ou dúvidas, solicite ajuda, explicações e orientações. É importante ainda, que os profissionais entendam o significado do 8 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version momento vivido e possam atender as necessidades evidenciadas e as solicitações feitas, ajudando a família a descobrir suas possibilidades. Quanto mais efetivo for o relacionamento e o envolvimento do profissional com a família, maior será seu reconhecimento como profissional. Para proporcionar assistência à saúde com qualidade, é necessário entender cada família como única, pertencente a um contexto social e cultural específico que condiciona diferentes formas de viver e adoecer, então a visita domiciliária serve como um instrumento de interação, resolutividade, procurando assistir/cuidar de forma adequada a proporcionar-lhes meios para terem uma vida mais saudável. Esta forte ligação entre o profissional de enfermagem e a família é essencial para torná-la apta a assumir o cuidado do paciente dentro do domicílio, desde o momento em que o paciente deixa o hospital e passa para os cuidados constantes da família. Andrade (1996) mostra isso claramente quando afirma que “a família cada vez mais tem assumido parte da responsabilidade de cuidar de seus membros e, nesta perspectiva, necessita de apoio de profissionais, quando diz respeito à atenção a saúde, seja a nível hospitalar e domiciliar”. Foi baseado no conhecimento sobre a visita domiciliária que resolvemos trabalhar com o paciente oncológico, devido à necessidade que esse tipo de paciente apresenta em relação ao cuidado no domicílio. O câncer é hoje uma das principais patologias que necessitam de atendimento domiciliário. Smeltezer e Bare (2000), constatam uma transição na oferta de serviços de saúde oncológicos à medida que os pacientes têm alta de instalações de tratamento intensivo agudo para o ambiente domiciliar onde a família e os amigos estão assumindo responsabilidades crescentes para o cuidado continuado do cliente. Os avanços tecnológicos dos dias atuais tornam possível a oferta de cuidados especiais de saúde no domicílio do cliente no que se refere à quimioterapia, nutrição parenteral, transfusões de hemoderivados, antibióticos parenterais e tratamento parenteral da dor, conduta frente aos sintomas e cuidados com dispositivos e acesso vascular. As autoras dizem ainda que um número significativo de pacientes sofrem complicações no sistema nervoso central como resultante de um câncer sistêmico e déficits neurológicos causados por metástases para o cérebro. As lesões metastáticas cerebrais compreendem 50% de todos os tumores intracranianos. A metástase cerebral é 9 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version a complicação de câncer sistêmico mais comum. Este fato se torna mais importante clinicamente quanto mais pacientes com todas as formas de câncer vivem mais, como resultado de terapias mais eficazes. Os sintomas neurológicos e os sinais incluem cefaléia, distúrbios na marcha, déficits de visão, alterações de personalidade, memória alterada (perda de memória e confusão), fraqueza focal, paralisia, afasia e convulsões. Estes problemas podem ser devastadores para os pacientes e família. Tendo em vista a complexidade da metástase cerebral, resolvemos aprimorar nossos conhecimentos sobre o assunto e tentar auxiliar uma família no cuidado domiciliário de um paciente, averiguando a repercussão da doença e o tratamento no cotidiano, dando ênfase ao papel do cuidador e investigar as condições do ambiente domiciliário. Visto que este tipo de patologia dificulta o cotidiano do paciente e sua família. O interesse por esta temática surgiu a partir da nossa inserção no Projeto de Pesquisa e Extensão, Cuidado Domiciliário: Aspectos Familiares e Terapêuticos, do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú. A atenção domiciliária humaniza a assistência de saúde tornando-se um amplo campo de atuação para esses profissionais de Enfermagem, ao lidar com questões biológicas, psicológicas, sociais e culturais do cliente e de sua família, através da avaliação de necessidades, do planejamento e da prestação de cuidados da visão holística do ser humano (VALE, 2002). 10 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 2.Objetivos Investigar as condições do ambiente domiciliário para a assistência ao portador de câncer; Averiguar a repercussão da doença e tratamento no cotidiano familiar dando ênfase ao papel do cuidador. 3.Revisão de Literatura 3.1. O cuidado domiciliário O cuidado no domicílio não é uma prática nova. Desde a era cristã, as pessoas doentes eram tratadas em casa, freqüentemente por uma mulher - mãe, familiar ou pessoa da comunidade (SENA, 2000). Com os avanços tecnológicos tanto na área da saúde, quanto na área da comunicação, inúmeros cuidados domiciliares podem ser prestados no domicílio do cliente à distância do hospital. Vários estudos já comprovaram os benefícios da internação domiciliar (BARROS, 2000). Lacerda (1996) considera o domicílio como o local onde a pessoa se desenvolve física, emocional, mental e espiritualmente. É onde as primeiras relações se estabelecem, onde as crises e conflitos aparecem. Em momentos de doença de algum membro da família é necessário ajuda para que a família supere, adapte-se e cresça. 3.2. A desospitalização O ambiente domiciliar vem sendo como uma alternativa para um cuidado mais humanizado propiciando ao paciente um ambiente familiar que traz consigo seus 11 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version aspectos próprios do lar encontrando a proteção e a segurança, tornando-lhe menos intediado e mais ativo, evitando assim a ansiedade e/ou depressão que o hospital pode gerar como também proporciona resultados positivos para o tratamento e do ponto de vista econômico é mais viável para o sistema de saúde reduzindo a hospitalização. Conforme Sena (2000), a desospitalização é uma tendência mundial, uma estratégia para garantir a humanização da assistência, a diminuição dos gastos hospitalares e a prevenção de agravos decorrentes da hospitalização. Cunha (1991) ressalta a necessidade de se repensar a assistência à saúde centrada no hospital. Cita as altas precoces, o alto custo do tratamento, a carência de leitos e a alta incidência de doenças crônicas como motivo para a prestação de assistência domiciliar. Segundo Marcon et al. (1998), “a hospitalização pode trazer uma série de prejuízos para o paciente, à medida que o expõe a infecção cruzada, ansiedade, afastamento dos parentes, perda de privacidade e individualidade, alterações de hábitos alimentares e de lazer, além de representar uma carga onerosa para a família e para o Estado”. De acordo com uma pesquisa feita por Leme (1998), o custo médio dia/ paciente do Serviço de Assistência Domiciliar do Hospital do Servidor Público Municipal, segundo dados preliminares, parece oscilar em torno de R$8,00/dia/paciente, aí incluídos todos os gastos, inclusive combustível, desgaste de veículos, salário, medicação, nutrição e empréstimo de material permanente. Como pode ser percebido, trata-se de um valor muito inferior à média de custo dia/paciente para a manutenção de pacientes crônicos institucionalizados. A estrutura de uma assistência domiciliar consiste no atendimento do paciente no seu próprio domicílio, considerando suas necessidades, identificadas em sua admissão, sendo acompanhada por uma equipe multidisciplinar e alguns recursos que garantam a assistência médica, dividindo com a família os cuidados com o paciente. Cabe a equipe multidisciplinar orientar e treinar o paciente e sua família, o que resultar em maior integração do doente em sua própria comunidade (HINRICHSEN, 1997). 3.3. O cuidar e o cuidador 12 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version Cuidar é mais do que ato de atenção, é sim um ato de amor, dedicação e solidariedade para com o próximo. A enfermagem traz na sua formação esse compromisso e atua de modo que essa ação seja vivida como uma dedicação prazerosa e não uma obrigação. Sena (2000) diz que o cuidado exige muito mais do que uma simples execução de tarefas, depende de disponibilidade, dedicação e comprometimento do cuidador com o ser cuidado. E Boof (2000) conclui dizendo que “cuidar é mais do que uma ato, é uma atitude.” Morse et al. (1996) identificaram na literatura de enfermagem norteamericana a presença de 5 categorias sobre o cuidar em enfermagem: o cuidar como uma característica humana, como imperativo moral ou ideal, como afeto, como relação interpessoal, e como intervenção de enfermagem. Devemos sempre ver o cuidado como um comportamento de proteção, de auxílio e de apoio, pois a palavra cuidar aludi a uma imagem de mãe que sabe cuidar de seu filho sem possuir nenhum embasamento científico apenas agindo com seu amor e carinho. Então, o cuidado dentro do lar deve se fundamentar na solidariedade humana como uma manifestação terapêutica do cuidador, a partir de atitudes, sentimento, relacionamentos humanos, dando relevância ao lado psicológico, espiritual e afetivo. Marcon et al. (1998) descreve que “... a paciência e o amor despontam como requisitos básicos para que o membro da família assuma o papel de cuidador familiar, visto que esses dois requisitos parecem constituir os sustentáculos do cuidado domiciliar”. É evidente que o cuidado no domicílio evidencia a subjetividade, a troca de saberes e fazeres, sendo imprescindível respeitar as realidades sócio-econômicas, cultural e sanitária. O grande diferencial do cuidado domiciliar é o aspecto humano, a partir do qual a interação se efetiva e desencadeia o processo de cuidar na família (SENA, 2000). Por isso deve-se considerar a pessoa não somente como um ser biológico, e sim tendo uma visão holística do paciente e multidisciplinar. O ser humano é um todo uno, um intrelaçado de relações. É zelando e promovendo esta unidade nos seus diferentes aspectos que se proporciona uma abordagem profissional humanizada, profundamente solidária, geradora de vida e de saúde. 13 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version Mas, infelizmente, para alguns cuidadores o momento do cuidar não é visto como um instante de solidariedade e troca de amor, é sentido como uma obrigação em resposta à recompensa de favores que deve ser retribuído ao doente, em gratidão às suas atitudes anteriores. Nem sempre o cuidador age com boa vontade, pois muitas vezes a responsabilidade de prestar cuidados e ter que ser, em parte, responsável pela vida do outro, é muito grande, tendo que tomar resoluções sozinho e deixando de realizar suas atividades normais para se dedicar ao outro. Mostramos isso muito bem quando Andrade diz que “o cuidador familiar, na maioria das vezes assume o papel solitariamente, levando à deterioração física e emocional”. Principalmente quando tratamos de uma doença crônica como o câncer que exige um cuidado exaustivo de muitos meses e até anos. 3.4. O câncer O câncer é tido como uma doença crônico-degenerativa (DCD). Isto quer dizer que ele é uma doença que apresenta uma evolução prolongada e progressiva, exceto se for interrompida em uma de suas fases. As doenças crônico-degenerativas em geral caracterizam-se por um longo período de latência; fase assintomática prolongada; envolvimento de múltiplos fatores de risco, com participação importante dos fatores ambientais. Além disso, elas acarretam alterações patológicas irreversíveis com conseqüente incapacidade residual (ROUQUAYROL, 1988). De acordo com Wynder e Gori (1977), sem dúvida, há uma relação evidente, entre o câncer e o modo de viver das populações. Os cânceres, tumores malignos ou neoplasias malignas, originam-se nas células orgânicas, a partir de um estímulo cancerígeno que pode ser uma substância química, física ou biológica, adquirem características anatomofisiológicas diferenciadas das células normais, iniciando uma multiplicação descontrolada e irregular. Não se sabe realmente quais as causas dessas transformações desordenadas. 3.5. Metástases cerebrais 14 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version Para Ayoub et al. (2000), as lesões metastáticas intracranianas correspondem a manifestações de doença maligna avançada. A freqüência de metástases cerebrais varia consideravelmente com a histologia do câncer primário. As metástases cerebrais são os tumores cerebrais mais comuns. Até 50% dos pacientes que falecem devido a um tumor maligno sistêmico apresentam metástases cerebrais à autópsia, sendo que, em um terço desses pacientes, estas metástases são solitárias. Em sua maioria, essas metástases se originam no pulmão, seja devido a um tumor primário, seja devido a uma metástase pulmonar de um outro tumor sistêmico. Em alguns casos, as células tumorais podem alcançar o sistema nervoso central por maio do plexo venoso vertebral (ANTICO, 1998). 3.6. Locais de origem Diferentes locais de origem desses tumores dentro do sistema nervoso e predominância de vários tipos histológicos para diversas idades sugerem que distintos mecanismos moleculares e genéticos podem desencadear a gênese tumoral em diferentes períodos da vida. Neoplasias metastáticas para o sistema nervoso são mais freqüentes do que tumores primários do sistema nervoso central (AURÉLIO, 1997). Origens mais freqüentes das Neoplasias Metastáticas do SNC Localização Pulmão Mama Melanoma Rim Porcentagem (%) 30-40 15-50 10-65 4-10 FONTE: BINDAL, R. et al. Surgical treatment of multiple brain metastases. J Neurosurg 79: 210-216, 1993. 3.7. Fatores de risco O tabagismo aparece com um dos hábitos mais importantes que podem induzir ou propiciar o desenvolvimento das neoplasias malignas, pois o hábito de fumar cigarros, charutos, cachimbos e cigarros de palha apresenta relação causal com cânceres de pulmão, cavidade bucal, lábio, laringe, faringe, esôfago, pâncreas e bexiga. O tabaco 15 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version é considerado pela Organização Mundial de Saúde a maior causa isolada e evitável de doenças e mortes no mundo (BRASIL, 1993). A predisposição familiar também é um fator de risco e, sem dúvida, os familiares de portadores destes tipos de tumores devem ser alvos de maior controle médico. Estudos prospectivos demonstraram que os familiares de portadores de câncer do estômago, do intestino grosso, da mama e do colo uterino (SILVEIRA, 1989). 3.8. Radioterapia A radioterapia pode ser utilizada isoladamente ou em combinação com outros métodos. O emprego correto da radioterapia e da quimioterapia produz 50% de cura nos pacientes com câncer; nos 50% restantes, incuráveis através de qualquer método, o tratamento paliativo pode minimizar os sinais e sintomas, melhorando a qualidade de vida (GONZALEZ, 1994). 3.9. Controle da dor Segundo o Ministério da Saúde (1995), a dor é uma experiência pessoal, subjetiva. Só a pessoa que sente pode avaliá-la. A resistência maior ou menor à dor não deve ser sentida como bem ou mal, bravura ou covardia, e sim como a resposta própria daquele indivíduo. Em pessoas muito ansiosas ou deprimidas, a resistência à dor fica diminuída. Isto é particularmente importante nos pacientes cancerosos, onde a própria doença, o medo da evolução da enfermidade e o medo da morte, a falta de um significado positivo da dor e de expectativa de alívio podem acarretar altos níveis de ansiedade e depressão. 16 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 4. Metodologia 4.1. Tipo de estudo A pesquisa foi realizada através do método de estudo de caso, de caráter exploratório e descritivo, dentro da abordagem qualitativa para análise dos dados, com base nas regras da ABNT, que permitiu uma investigação aprofundada, da individualidade do caso estudado. Chizzotti (1991), afirma que o estudo de caso possui uma cicatrização abrangente para designar uma diversidade de pesquisas que coletam e registram dados de um caso particular ou de vários casos a fim de organizar um relatório ordenado e crítico de uma experiência, ao avaliá-la analiticamente, objetivando tomar decisões a seu respeito ou propor uma ação transformadora. Lazarsfeld apud Haguete (2000), afirmam que a superioridade do método qualitativo fornece uma compreensão profunda de certos fenômenos sociais apoiados no pressuposto de maior relevância do aspecto subjetivo da ação social face à configuração das estruturas sociais, seja a incapacidade de estatística de dar conta dos fenômenos complexos e dos fenômenos únicos, sendo mencionado que esse método enfatiza as especialidades de um fenômeno em termo de suas origens e de sua razão de ser. 17 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 4.2. Critérios de seleção do sujeito Visitamos o setor de Oncologia da Santa Casa de Misericórdia de Sobral, em busca de um paciente com câncer colorretal que necessitasse de cuidado ao regressar ao domicílio, mas devido à dificuldade de encontrar um paciente residente em Sobral optamos pela escolha de um paciente com câncer no Sistema Nervoso Central em virtude da complexidade desta patologia. Iniciamos com visitas ainda no ambiente hospitalar com o propósito de darmos um auxílio melhor ao paciente e sua família no cuidar e no tratamento deste tipo de patologia no domicílio. 4.3. Local e período O estudo está sendo desenvolvido com paciente na Santa Casa de Misericórdia de Sobral e posteriormente no domicílio do mesmo, situado no bairro Alto da Brasília, a partir do mês de junho de 2004 a março de 2005. 4.4. Instrumentos de coleta de dados Os dados serão coletados no domicílio do paciente com a utilização de um formulário de avaliação domiciliária. O formulário de visita domiciliária é composto por avaliações abertas e fechadas sobre a identificação do paciente, cuidados terapêuticos que o paciente necessita, atuação da equipe de enfermagem e de outros profissionais, constituição familiar do paciente, moradia, problemas que afetam a família, vida social comunitária, sentimentos percebidos relacionados à doença e identificação do responsável pelo cuidado no domicílio. 4.5. Proposta de análise dos dados Realizaremos a análise dos dados a partir da elaboração da história do paciente, da observação do ambiente domiciliar e da repercussão da doença no cotidiano da família principalmente para o cuidador feita durante todo o período em que acompanharmos o paciente. 4.6. Aspectos éticos da pesquisa Garantimos a privacidade e individualidade do paciente, os aspectos legais e éticos da pesquisa envolvendo seres humanos de acordo com a seguinte resolução 18 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Utilizamos o termo de consentimento pósinformação, no qual o paciente assegura sua participação. A pesquisa foi norteada pela resolução número 196/96, do conselho Nacional de Saúde, sobre pesquisa envolvendo seres humanos, que se caracteriza como uma pesquisa que, individualmente ou coletivamente, envolva o ser humano, de forma direta e indireta, em sua totalidade ou a partir deles, incluindo o manejo de informações ou materiais. Incorporando sobre a óptica do indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, benevolência e justiça. Visando também, assegurar os deveres e os direitos que dizem respeito à comunidade científica, os sujeitos da pesquisa e ao estado. (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 1996 apud GAUTHIER, 1998). De acordo com Gelain (1998), a ética na enfermagem é apresentada como formadora de consciência individual e coletiva para o esforço de obtenção de uma assistência de qualidade e o direito a ela. Ressalta ainda que o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem compreende um componente próprio de conhecimentos científicos e técnicos, construídos e reproduzidos por um conjunto de práticas sociais, éticas e políticas, que se processam pelo ensino, pesquisa e assistência e que se realiza na prestação dos serviços aos seres humanos, no contexto e circunstâncias da vida. 19 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 5. Resultados e Discussões O paciente J.B.N., 69 anos, casado, natural de Sobral, residente no bairro do Alto da Brasília, internado durante um mês e meio na Santa Casa de Misericórdia de Sobral, com o qual realizamos o estudo apresenta um diagnóstico de metástase cerebral, posteriormente confirmado como câncer no Sistema Nervoso Central. A internação ocorreu dia 04 de maio de 2004 devido a uma crise convulsiva sem motivo conhecido, foram solicitados vários exames (raios-X de tórax, tomografia computadorizada cerebral, hemograma completo, sumário de urina, glicemia, uréia e creatinina), até que se identificou metástase cerebral, mas sem confirmação da origem do câncer com suspeita de causa pulmonar. O paciente queixa-se constantemente de dor nas costas devido a um problema de coluna, possui dificuldade de locomoção por conta de uma deficiência do membro inferior direito ocasionado por uma queda, que necessitou de intervenção cirúrgica, e agravado pelas reações da neoplasia e da osteoporose, hipertensão arterial, uma enorme hérnia testicular e dificuldade de dicção como conseqüência do câncer. Constatamos que o quadro em que o paciente se encontra faz com que aumente a necessidade de um cuidador familiar, seja no auxílio das atividades básicas diárias, pois a doença incapacita o paciente progressivamente, seja no conforto da angústia causada pelo efeito devastador da doença. O paciente mostrou-se frustrado em relação ao seu cuidador, durante o período de internação hospitalar, pois este seria sua esposa que por motivo de saúde ocasionado pelo assistência prestada ao marido, não podia estar com freqüência no hospital, ficando o cuidado ficando o cuidado sob a responsabilidade dos filhos. Isso agravou muito o estado de saúde do paciente enquanto hospitalizado, causando desânimo, tristeza e um estado de depressão constante. Com a internação no domicílio a depressão deixou de ser um problema agravante, pois o paciente passou a ficar todo o tempo com o sua cuidadora e a não mais 20 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version sentir solidão. Porém a não-aceitação da doença faz com que todos os sintomas e dificuldades pareçam mais intensos do que realmente são, tornando mais complicado o cuidado pela família. Sobrecarregada pelas barreiras da situação financeira presente em todos os momentos da doença. 6. Conclusões Com base na obtenção dos achados deduzimos que as condições do ambiente domiciliário quando nos referimos à relação entre os membros da família influi, consideravelmente, no estado de melhora ou piora do paciente principalmente no que diz respeito ao papel do cuidador, no momento em que este esteja impossibilitado por incapacidade física, emocional ou até mesmo pela dificuldade de relacionamento entre paciente-cuidador. Fazendo com que o paciente tenha mais um conflito além das complicações da doença agravando seu estado e impedindo a restituição de sua saúde. 21 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, O.G. Cuidado ao idoso com seqüela de acidente vascular cerebral: representações do cuidador familiar. Ribeirão Preto, 1996. 177p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto. ANTICO, J; FERREIRA, M.A; BUNGE, H. Radiocirurgia de Metástases Cerebrais com Leksell Gamma-Knife: Experiência de 100 casos tratados. Artigo Original. São Paulo, 2004. Disponível em: http://www.rsbcancer.com.br/rsbc/6artigo1.asp. Acesso em: 29 jun. 2004. AURÉLIO, J.C. Neoplasias do Sistema Nervoso Central (1ª. Parte). Oncologia Atual, São Paulo, v.7, n.2, p. 61-71, Mar. 1997. AYOUB, A. C. et al. Planejando o cuidar na Enfermagem Oncológica. São Paulo: Lemar, 2000. BARROS, S.R.T.P. et al. Enfermagem em Home Care e sua inserção nos nívaies de atenção à saúde. Revista Brasileira de Home Care, São Paulo, n.61, Maio. 2000. BOOF, L. 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Estudo dos Acidentes na infância na Santa Casa de Misericórdia de Sobral no período de julho de 2002 a abril de 2003. 2003. 123 p. trabalho acadêmico (graduação em Enfermagem)- Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual Vale do Acaraú, Sobral, 2003. VALE, A.R. Atenção Domiciliária à mulher com câncer à luz da teoria da adaptação. 2002. p.75. Trabalho acadêmico (Graduação em Enfermagem) – Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual Vale do Acaraú, Sobral, 2002. WYNDER, E.L.; CORI, C.B. Contribuition of the Environment to Câncer Incidence: an Epidemological Exercise. J. Nalt Cancer Inst. 1977. 8. APÊNDICES APÊNDICE 1 – Formulário de entrevista 25 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 1. Identificação Nome: _____________________________________________________________ Endereço: ___________________________________________________________ Idade: _______________ Sexo: __________ Estado civil: ____________________ Nacionalidade/Naturalidade: ______________ Profissão: _____________________ Diagnóstico: _________________________________________________________ Tratamento a que está sendo submetido: ___________________________________ Medicamentos prescritos: ______________________________________________ Origem de encaminhamento: ____________________________________________ 2. Atuação da equipe de Enfermagem e de outros profissionais 3. Constituição familiar do paciente 3.1. Pais vivos mãe ( ) pai ( ) Idades: ___________ Situação conjugal: casados ( ) concubinato ( ) Outros: ___________ Profissão: Pai ________________________________________________________ Mãe: _______________________________________________________________ Fonte de renda para o sustento da família: _________________________________ Religião: ___________________________________________________________ 3.2. Nº de filhos: ___________________ Sexo: ___________________________ Idades: _______________ Escolaridade: __________________________________ Profissão: ___________________________________________________________ Situação conjugal: casados ( ) concubinato ( ) Outros: ___________ Coabitam a mesma casa: _______________________________________________ Contribuem para o sustento da família: ____________________________________ Sentimentos por parte da paciente de: Desconfiança, rejeição, infidelidade, solidão/ isolamento, outros: ____________________________________________________ Problemas que afetam a família: _________________________________________ 4. Hábitos Tabagismo ( ). Quantidade/dia: _______ Há ____ anos Parou há _____ anos. Etilismo ( ). Quantidade/dia: _______ Há ____ anos Parou há _____ anos. Sono (horas/dia): __________________________ Cochilos: _______________ Alimentação/hidratação: _______________________________________________ Eliminação urinária: __________________________________________________ Eliminação intestinal: _________________________________________________ Atividade física/recreação: _____________________________________________ 5. Comunicação ( ) sem problemas alteração: ( ) visual ( ) auditiva ( ) fala. Tipo: __________________________________________ 6. Perfil de saúde Queixa principal: _____________________________________________________ Antecedentes familiares: _______________________________________________ Cirurgias anteriores: __________________________________________________ 26 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 7. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( Patologias atuais (A)/pregressas (P). ) diabetes ) epilepsia ) alterações ósseas ) doença renal/problemas urinários ) doença vascular/hipertensão ) doença cardíaca ) doença pulmonar ) doença gastrintestinal/hepatite ) câncer ) outras Tipo _____________________________ _____________________________ _____________________________ _____________________________ _____________________________ _____________________________ _____________________________ _____________________________ _____________________________ _____________________________ 8. Sentimentos percebidos relacionados à doença 9. Identificação do responsável pelo cuidado no domicílio Nome:______________________________________________________________ Idade:____________ Sexo:_______________ Estado civil:____________________ Escolaridade:________________________________________________________ Grau de parentesco: _____________________ Profissão:_____________________ Dificuldades e facilidades encontradas em cuidar do paciente: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Apoio recebido: ______________________________________________________ Exercício de outras atividades: __________________________________________ APÊNDICE 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM 27 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version Solicitamos a sua colaboração para responder a algumas perguntas relacionadas à história de vida e de sua patologia. Participarão na implementação destes questionamentos acadêmicos do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Este termo de consentimento tem por base o artigo 35, capítulo IV, do Código de Ética do Profissional de Enfermagem que apresenta a seguinte disposição: Art. – Solicitar consentimento do cliente ou do seu representante legal, de preferência por escrito, para realizar ou participar de pesquisa ou atividade de ensino em Enfermagem, mediante apresentação da informação completa dos objetivos, riscos e benefícios, da garantia do anonimato ou sigilo, do respeito à privacidade e intimidade e a sua liberdade de participar ou declinar de sua participação no momento que desejar. Respeitamos a sua vontade de participar ou não desta entrevista, ressaltando a não obrigatoriedade de resposta a qualquer questionamento que venha a ser empreendido. Garantimos, ainda, o total e mais absoluto sigilo quanto a sua identidade. SOBRAL-CE, 21 de Maio de 2004. ________________________________ Assinatura do paciente ou representante Assinatura das acadêmicas: ________________________________ ________________________________ 28 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version