CAROLINA GONÇALVES ANDRADE ANALGESIA E ANTISSEPSIA DO EXTRATO DE Acmella oleracea NA PELE: ENSAIO CLÍNICO ALEATÓRIO “Trabalho Profissional, Final do Mestrado apresentado à Universidade do Vale do Sapucaí, para obtenção do título de Mestre em Ciências Aplicadas à Saúde.” Pouso Alegre - MG 2016 CAROLINA GONÇALVES ANDRADE ANALGESIA E ANTISSEPSIA DO EXTRATO DE Acmella oleracea NA PELE: ENSAIO CLÍNICO ALEATÓRIO “Trabalho final Profissional, do Mestrado apresentado à Universidade do Vale do Sapucaí, para obtenção do título de Mestre em Ciências Aplicadas à Saúde.” ORIENTADORA: Profa. Dra. Ana Beatriz Alkmim Teixeira Loyola COORIENTADORES: Profa. Dra. Adriana Rodrigues dos Anjos Mendonça Prof. Dr. Manoel Araújo Teixeira Pouso Alegre - MG 2016 Andrade, Carolina Gonçalves. Analgesia e Antissepsia do Extrato de Acmella oleracea na Pele: Ensaio Clínico Aleatório / Carolina Gonçalves Andrade. -Pouso Alegre: Univás, 2016. xiv, 38f. Trabalho Final do Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas à Saúde, Universidade do Vale do Sapucaí, 2016. Título em inglês: Analgesia and antisepsis of Acmella oleracea extract on skin: randomized clinical trial. Orientador: Profa. Dra. Ana Beatriz Alkimim Teixeira Loyola Coorientadores: Profa. Dra. Adriana Rodrigues dos Anjos Mendonça Prof. Dr. Manoel Araújo Teixeira 1. Analgesia. 2. Plantas medicinais. 3. Pele. 4. Produto de Ação antimicrobiana. 5. Medição da dor.DO I. Título. UNIVERSIDADE DO VALE SAPUCAÍ III Universidade do Vale do Sapucaí MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE COORDENADOR: Prof. Dr. Taylor Brandão Schnaider Linha de Atuação Científico-Tecnológica: Fitoterapia em feridas IV DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a DEUS, fonte de toda sabedoria e luz que ilumina meus caminhos; Aos meus pais, Norival de Abreu Andrade e Marli Gonçalves Andrade, por serem meus maiores exemplos de vida e valores e por serem meus maiores incentivadores na busca de constantes aprendizados, meu amor por vocês é infinito; Ao meu irmão, Matheus Gonçalves Andrade, meu puxador de orelha preferido e meu exemplo de seriedade e à minha cunhada, Natália Arruda Barroso, pela ajuda e exemplo de foco no trabalho; Ao meu noivo, Bruno Maia Vasconcelos, pelo incentivo diário, pelo amor, carinho e paciência e por abrir mão muitas vezes de suas vontades para me acompanhar nessa jornada; Ao meu sogro, minha sogra e cunhadas, pelo carinho constante que têm comigo; Aos meus familiares, por torcerem sempre pelo meu sucesso; Aos meus amigos, por entenderem minha ausência muitas vezes e por me incentivarem com palavras de afeto e encorajamento. V AGRADECIMENTOS À PROFESSORA Drª. ANA BEATRIZ ALKMIM TEIXEIRA LOYOLA, professora orientadora do Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas à Saúde da Universidade do Vale do Sapucaí, que até mais que minha orientadora, foi a todo tempo minha amiga! Obrigada pela confiança, amizade, paciência, incentivo, motivação e profissionalismo com que conduz seus ensinamentos. Aos PROFESSORES Dr. MANOEL ARAÚJO TEIXEIRA e Dra. ADRIANA RODRIGUES DOS ANJOS MENDONÇA professores orientadores do Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas à Saúde, pela coorientação nesse trabalho, de forma tão gentil e atenciosa compartilharam seus conhecimentos em prol da melhoria dessa pesquisa. Aos PROFESSORES DO MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE DA UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ, pelos conhecimentos compartilhados ao longo do curso e amizade sempre presente. À PROFESSORA Drª. DANIELA FRANCESCATO VEIGA, professora orientadora do Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas à Saúde da Universidade do Vale do Sapucaí, pelo exemplo de pesquisadora apaixonada pelo que faz, pelo incentivo e valor que coloca nas pesquisas e por se dispor a ajudar sempre que solicitada. Aos COLEGAS DE PÓS-GRADUAÇÃO, pelo nosso convívio, amizade, pelos momentos de descontração e muitas risadas que deixaram mais leve as dificuldades que enfrentamos. Ao PROFESSOR Dr. MARCOS MESQUITA FILHO, coordenador adjunto e docente do Mestrado em Bioética da Universidade do Vale do Sapucaí, pela ajuda na análise estatística dos resultados deste trabalho. Ao PROFESSOR Ms. PAULO ROBERTO MAIA, professor titular do curso de Engenharia de Produção da Universidade do Vale do Sapucaí, pela análise e cálculos estatísticos dos resultados deste trabalho. VI Ao PROFESSOR Dr. FELIX CARLOS OCÁRIZ BAZZANO, diretor clínico do hospital das clínicas Samuel Libânio, pela autorização de realizarmos as coletas nos pacientes do Ambulatório I (um). Aos PACIENTES do AMBULATÓRIO I DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS SAMUEL LIBÂNIO, que se dispuseram a participar da pesquisa. Ao BIÓLOGO LUIZ FRANCISLEY DE PAIVA, funcionário do laboratório de pesquisa da Univás, por sua importante ajuda no preparo dos meios de cultura e análise microbiológica. À BIÓLOGA HELLEN VANESSA PEREIRA E AO TÉCNICO JOSÉ DONIZETE DOS REIS funcionários do laboratório de fitoterapia da Univás pela imensa boa vontade e ajuda na obtenção do extrato. À PROFESSORA Dra ANDREA SILVA DOMINGUES, pró-reitora de pósgraduação e pesquisa, por se dispor a trazer a muda da planta diretamente do Pará para a realização da nossa pesquisa. À FARMACÊUTICA-BIOQUÍMICA JAQUELINE MARIA DE OLIVEIRA MARTINS, por ter manipulado nosso extrato com tanto carinho mantendo a persistência a cada nova formulação até que chegássemos a um produto satisfatório. À FUNCIONÁRIA DO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS LAÍS HALINE PRADO VIANA por nos ceder sua técnica em coleta e nos acompanhar em todos os pacientes. À ALUNA DO CURSO DE MEDICINA BÁRBARA MARIA TAVARES PEREIRA pela disponibilidade e ajuda durante as coletas. À AMIGA REGINA DE PAIVA SILVEIRA, por sua ajuda e incentivo. Aos colegas de trabalho da FUNDAÇÃO HEMOMINAS (Pouso Alegre e Belo Horizonte), por me incentivarem nessa jornada. VII “Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados” Mahatma Gandhi VIII SUMÁRIO LISTA DE TABELAS............................................................................ X LISTA DE FIGURAS............................................................................. XI LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS...................................... XII RESUMO................................................................................................ XIV ABSTRACT............................................................................................ XV 1. CONTEXTO....................................................................................... 1 2. OBJETIVOS....................................................................................... 6 3. MÉTODOS......................................................................................... 7 4. RESULTADOS/PRODUTO.............................................................. 13 5. APLICABILIDADE........................................................................... 16 6. IMPACTO SOCIAL.......................................................................... 19 7. CONCLUSÃO................................................................................... 22 8. REFERÊNCIAS................................................................................. 23 APÊNDICES.......................................................................................... 29 ANEXOS................................................................................................ 33 NORMAS ADOTADAS........................................................................ 38 IX LISTA DE TABELAS TABELA 1: Distribuição etária dos voluntários......................................................................13 TABELA 2: Gênero dos voluntários........................................................................................14 TABELA 3: Intensidade de dor pela escala EVN...................................................................14 TABELA 4: Contagem de UFC antes e após a realização da técnica de antissepsia...............15 X LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Cultivo da planta Acmella oleracea no laboratório de botânica da Univás........10 FIGURA 2: Obtenção do extrato aquoso de Acmella oleracea..............................................11 FIGURA 3: Produto a base do extrato de Acmella oleracea manipulado com Transcutol®...12 FIGURA 4: Diagrama Consort - Fluxo de Pacientes no Estudo.............................................13 FIGURA 5: Dispersão dos pontos de intensidade de dor pela escala EVN............................14 XI LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS OMS Organização Mundial da Saúde ul Microlitro % Por cento – uma parte em cem partes ® Marca registrada ºC Graus Celsius cm 2 Centímetro cm Centímetro quadrado EVN Escala Visual Numérica de dor MG Minas Gerais mL Mililitro Nº Número TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UFC Unidades Formadoras de colônias Univás Universidade do Vale do Sapucaí HCSL Hospital das Clínicas Samuel Libânio g Grama mg Miligrama EAI Extração Aquosa por Infusão PCA Plate Counte Agar EEFAO Extrato obtido pela fração de clorofórmio PA Pará p p-value = Igual ≤ Menor ou igual Na+ Sódio A. oleracea Acmella oleracea USPTO United States Patent and Trademark Office WIPO World Intellectual Property Organization AIDS Acquired Immunodeficiency Syndrome UFBA Universidade Federal da Bahia UNICAMP Universidade Estadual de Campinas INPI Instituto Nacional de Propriedade Intelectual XII Co Companhia Ltd. Limitada S.A. Sociedade Anônima BD Becton and Dicknson XIII RESUMO Contexto: Pesquisas sobre produtos naturais com finalidade terapêutica, analgésica ou antimicrobiana devem ser estimuladas na criação de novas drogas. Acmella oleracea, planta típica da região Norte do país e conhecida popularmente como jambu, vem despertando o interesse de pesquisadores devido ao seu potencial terapêutico. Objetivo: Avaliar o potencial analgésico tópico e antimicrobiano do extrato da planta Acmella oleracea, na pele íntegra de pacientes submetidos à antissepsia cutânea nos procedimentos de venopunção. Métodos: Trata-se de um ensaio clínico, aleatório, controlado com voluntários sadios recrutados no setor de coleta de materiais biológicos do Ambulatório I do Hospital das Clínicas Samuel Libânio, em Pouso Alegre-MG. O extrato da planta A. oleracea manipulado com Transcutol® e o álcool 70% foram utilizados nos voluntários antes do procedimento de venopunção, conforme alocação nos grupos do estudo. Realizou-se coleta da microbiota da pele pela técnica de swab e ao final do procedimento de venopunção foi aplicada ao voluntário, a escala visual numérica (EVN) padronizada para determinar o grau da dor. Resultados: A média da intensidade de dor pela EVN com o grupo álcool 70% foi de 2,90. Para o grupo A. oleracea a média foi de 1,60 (p=0,0206). A intensidade de dor analisada pela EVN com o grupo A. oleracea foi estatisticamente menor comparado com o grupo álcool 70%. A contagem de UFC antes da utilização do álcool 70% para antissepsia da pele foi de 112,9 e após foi de 25,27. A contagem de UFC antes da utilização do A. oleracea foi de 83,23 e após de 46,23. A taxa de redução (antes/após) de UFC para o grupo álcool 70% foi 77,62% e para o grupo A. oleracea 44,45% (p=0,000). No entanto houve redução estatisticamente significante na contagem de UFC no grupo A. oleracea (p=0,001). Conclusão: O extrato aquoso de A. oleracea manipulado com 10% de Transcutol® foi capaz de diminuir de modo significante a sensibilidade dolorosa na pele íntegra e a microbiota da pele quando submetida a um procedimento invasivo, como a venopunção. Palavras chave: Analgesia, Plantas Medicinais, Pele, Produto de Ação Antimicrobiana, Medição da Dor XIV ABSTRACT Context: Research on natural products with therapeutic, analgesic or antimicrobial purpose should be encouraged to create new drugs. Acmella oleracea, typical plant of the Northern region of the country and popularly known as jambu, has aroused the interest of researchers because of its therapeutic potential. Objective: To evaluate the potential topical analgesic and antimicrobial the Acmella oleracea plant extract in full skin of patients undergoing skin antisepsis in venipuncture procedures. Methods: This is a clinical, randomized, controlled trial with healthy volunteers recruited at the Clinic I of the collection of biological materials sector of the Hospital das Clinicas Samuel Libânio, in Pouso Alegre-MG. The plant extract A. oleracea manipulated with Transcutol® and 70% alcohol were used in the volunteers before the venipuncture procedure as allocation in study groups. Held collection of skin microbiota by the swab technique and the end of the venipuncture procedure was applied to the volunteer, the visual numeric scale (VNS) standard to determine the degree of pain. Results: The mean pain intensity by VNS with the alcohol 70% group was 2.90. For the group A. oleracea average was 1.60 (p=0.0206). Pain intensity analyzed by VNS with A. oleracea group was statistically lower compared with the alcohol 70% group. The UFC count before use alcohol 70% for skin antisepsis was 112.9 and after was 25.27. The CFU count before using the A. oleracea was 83.23 and after 46.23. The reduction rate (before/after) the UFC for the alcohol 70% group was 77.62% and the group A. oleracea 44,45 % (p= 0.000). However there was a statistically significant reduction in CFU counts in A. oleracea group (p= 0.001). Conclusion: The aqueous extract of A. oleracea manipulated with 10% Transcutol® was able to decrease pain sensitivity significant way in intact skin and skin microbiota when subjected to an invasive procedure, such as venipuncture.. Key words: Analgesic, Medicinal plants, Skin, Antimicrobial agents, Pain Measurement XV 1. CONTEXTO Desde os primórdios da humanidade as plantas medicinais são recursos para tratamento de diversas enfermidades. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que 80% da população mundial já fez uso de plantas medicinais. Este crescente interesse destaca a medicina complementar alternativa (CARNEIRO et al., 2014, RENÓ et al., 2010). A medicina complementar alternativa consiste em um conjunto de sistemas médicos, onde se aplica práticas e produtos que não são considerados parte da medicina convencional (LEAL et al., 2008). Baseia-se na busca de meios terapêuticos simples e menos dependentes de tecnologia científica, mas principalmente sem altos gastos monetários. Porém estes meios devem possuir igual ou maior eficácia que os medicamentos da medicina contemporânea (TESSER e BARROS, 2008). O Brasil tem uma rica história no uso de plantas medicinais em tratamentos dos problemas de saúde da população (FIGUEREDO et al., 2014). No âmbito nacional, as plantas dos biomas brasileiros têm sido utilizadas na medicina tradicional pela população para tratar uma variedade de doenças (BASTOS et al., 2011). Acredita-se que o cuidado realizado por meio da utilização das plantas seja favorável à saúde humana desde que o usuário tenha conhecimento de sua finalidade, riscos e benefícios (BADKE et al., 2012). A partir do conhecimento das plantas medicinais surgiram os medicamentos fitoterápicos. A fitoterapia, phyton (planta) e therapia (tratamento) é descrita como prática antiga, que vem crescendo mundialmente entre os programas preventivos e curativos, estimulando pesquisas que avaliam os extratos de plantas na busca por novos produtos com maior atividade terapêutica, baixo custo, biocompatibilidade e menor toxicidade. Os fitoterápicos são medicamentos regulamentados no Brasil que devem apresentar critérios similares de qualidade e segurança aos convencionais. São obtidos a partir de substâncias vegetais que funcionam como princípio ativo, utilizadas nas mais variadas fórmulas, como cápsulas, comprimidos, géis e pomadas (PINTO et al., 2013). Sintomas dolorosos ou desagradáveis podem ser resolvidos com o uso de plantas medicinais em busca de alívio (MILLANI et al., 2010). A maioria dos procedimentos invasivos na pele envolve dor e desconforto. A analgesia tópica adequada é fundamental no tratamento da dor, sobretudo no que diz respeito à realização de procedimentos invasivos, como é o caso da venopunção (IVANDER JUNIOR et al., 2011). A punção venosa é um procedimento que consiste no acesso à corrente sanguínea por meio de dispositivos adequados, adjuntos de uma seleção criteriosa do local da punção e de uma eficiente técnica de penetração na veia (OLIVEIRA et al., 2014). A 1 utilização do acesso venoso é de extrema importância nos serviços de saúde e centros de hemoterapia. Os analgésicos tópicos são promissores como estratégia para o tratamento da dor, já que estão associados à menor incidência de efeitos colaterais (FLORES et al., 2012). No Brasil, existe uma falta crônica de doadores de sangue que pode ser explicada por diversos motivos dentre os quais o medo da picada da agulha (MENEZES et al., 2015). Uma das principais funções da pele é a proteção do organismo, pois se apresenta como uma barreira funcional, limitando a penetração de substâncias exógenas presentes no ambiente. Além de proteger, a pele é considerada um órgão sensitivo em decorrência de diferentes receptores para tato, pressão, dor e temperatura. É formada basicamente por três camadas: a epiderme, a derme e a hipoderme ou subcutânea. O estrato córneo, constituinte da epiderme, é a principal barreira aos fármacos quando estes são aplicados topicamente e a penetração de substâncias na pele é dependente das propriedades do ativo e de seu comportamento quando incorporado a um veículo (ALVES, 2015). O Transcutol® ou éter monoetílico de dietileno glicol é uma substância que tem longa história de uso na cosmética e produtos de aplicação tópica sendo usado em formulações como cotensoativo e melhorador de penetração. Segundo Ganem-Quintanar et al., 1997, a ação do Transcutol®, como promotor de penetração, pode ser atribuída pela alteração do coeficiente de partição do fármaco no veículo, por hidratação (água absorvida do ar), maximizando a atividade termodinâmica devida à mudança de solubilidade dos fármacos. Esse composto não é tóxico, possui boa compatibilidade tópica, além de ser utilizado como solvente de inúmeros fármacos (MURA, 2000). É frequentemente utilizado em formulações tópicas (sistemas de administração de fármacos por via cutânea), sistemas de distribuição transdérmica e ocular e também sistemas de entrega intranasal (JAVADZADEH et al., 2015). Sendo a punção um procedimento invasivo, tornam-se necessárias medidas de antissepsia para prevenção da contaminação bacteriana da pele no local onde este procedimento será realizado. Antissepsia é um conjunto de medidas propostas para inibir ou destruir microrganismos existentes nas camadas superficiais, (microbiota transitória), ou nas camadas profundas, (microbiota residente), da pele ou mucosa, por meio da aplicação de um germicida classificado como antisséptico (REIS et al., 2011). Os antissépticos tópicos devem ter ação antimicrobiana rápida, efeito residual persistente e não devem ser tóxicos, alergênicos ou irritantes. Atualmente, utiliza-se álcool a 70% na antissepsia de punções venosas na grande maioria dos serviços de saúde. A atividade antisséptica do álcool ocorre pela desnaturação de proteínas e remoção de lipídios, inclusive dos envelopes de alguns vírus. Para alcançar atividade germicida máxima, o álcool deve ser diluído em água, o que possibilita a 2 desnaturação das proteínas. A concentração recomendada para atingir maior rapidez microbicida é de 70% (KAMPF & KRAMER, 2004). Ao mesmo tempo, formulações antissépticas a base de alcoóis são hipoalergênicas e têm a capacidade de reduzir drástica e quase instantaneamente a carga microbiana quando aplicado sobre o tecido vivo. Não deve ser aplicado como antisséptico para procedimentos de longa duração (acima de 30 minutos), uma vez que o mesmo não apresenta ação residual, exceto quando associado a produtos químicos ou até mesmo produtos naturais que prolonguem sua atividade antimicrobiana. Deve-se levar em consideração também a eficácia do álcool etílico já constatado e a facilidade de execução da técnica, o baixo custo, a facilidade de encontrar no comércio e a baixa toxicidade (PAIVA & MURAI, 2005). Estudos com extratos vegetais podem evidenciar que algumas plantas produzem em seu metabolismo secundário, substâncias com a capacidade de inibir a atividade de bactérias e outros microrganismos (DE BONA et al., 2010). Pesquisas voltadas para o estudo e a avaliação de produtos naturais como agentes terapêuticos ou como agentes com atividade antimicrobiana devem ser estimulados no intuito de criar novas drogas (RIBEIRO et al., 2009). Acmella oleracea (Spilanthes oleracea; Spilanthes acmella var.oleracea popularmente conhecido no Brasil como jambu é um vegetal distribuídos em regiões tropicais e subtropicais, com propriedades químicas importantes. É uma planta muito apreciada na região norte do Brasil fazendo parte da culinária e medicina popular local. Possui muitos sinônimos populares, como o agrião do Pará, agrião de Brasil, agrião do Norte, jabuaçú, planta louca, jaburama e planta da dor de dente (TANIA et al., 2015). No Norte do Brasil é utilizada como ingrediente na culinária e na medicina popular para o tratamento de várias desordens. De fato, algumas atividades biológicas têm sido descritas para A. oleracea, como anestésico, anti-inflamatório, analgésico e antitérmico, anti-obesidade, diurético, antioxidante, antimutagênico, inseticida e bacteriostático (FERREIRA et al., 2014; BARBOSA et al., 2015, CHENG et al., 2015). A composição físico-química de folhas frescas de A. oleracea apresenta cálcio, fósforo, ferro, água, proteínas, lipídios, carboidratos, fibra, cinza, vitamina B1, B2, niacina, vitamina C e outros elementos químicos (REVILLA, 2002). O efeito farmacológico deve-se às suas substâncias químicas, dentre as quais o trans-cariofileno, germacreno D, L-dodeceno, espatulenol e espilantol (BORGES, 2012). Seu princípio ativo, o espilantol, é uma Nalquilamida (N- isobutil-amida espilantol) obtido a partir das inflorescências e folhas da planta (BOONEN et al., 2010). A presença de N-alquilamidas sugere que o efeito terapêutico 3 da Acmella oleracea está relacionado à sua maior atividade anestésica (NOMURA et al., 2013). É uma planta comumente usada em casos de dores de dente e estomatites, como gargarejo. Na medicina popular, a planta é frequentemente empregada como anestésico local no combate às dores de dente, devido à presença de espilantol, também utilizado em cremes dentais e gomas de mascar (REVILLA, 2002). Várias patentes relacionadas à utilização de espilantol ou extrato de A. oleracea em cremes dentais e outras formulações para higiene oral foram depositadas nas décadas de 80 e 90, sobretudo no Japão (CAVALCANTI, 2008). A busca por novas substâncias com atividade antimicrobiana tem levado aos produtos naturais e, entre eles, os derivados das plantas superiores vêm despertando o interesse em explorar o potencial da flora brasileira (AYRES et al., 2008). A atividade antifúngica e bacteriostática do espilantol tem sido estudada (BARBOSA et al., 2015). Estudos demonstraram também sua ação antibacteriana e antiinflamatória bem como atividade inseticida (WU et al., 2008, ALCANTARA et al., 2014, MORENO et al., 2012). A atividade diurética do chá das inflorescências da planta é atribuída à presença de alcaloides (RATNASOORRIYA et al., 2004; GERBINO et al., 2016) e os efeitos antiinflamatório e antipirético à presença de flavonoides (CHAKRABORTY et al., 2010). Em um estudo sobre a atividade anti-inflamatória e analgésica de Acmella oleracea, não se observou efeito adverso ou mortalidade em ratos, administrando até 3g/kg por via oral, em forma de extrato aquoso (CHAKRABORTY et al., 2004). A observação de que o espilantol inibe vários citocromos, alerta sobre o risco de interações adversas entre esta substância e outras drogas (RODEIRO et al., 2009). Devido a sua popularidade na culinária e para fins medicinais, cresce atualmente o interesse das indústrias cosméticas e farmacêuticas pela Acmella oleracea. Sendo assim, seu cultivo nos últimos anos vem sendo observado nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil (CAVALCANTI, 2008). Na conjuntura atual, a preocupação de se encontrar novas fontes naturais e eficazes para a formulação de novos medicamentos vem aumentando. A situação em que a ciência atual se apresenta remete a uma maior aceitação de tratamentos baseados em plantas medicinais, devido à ação comprovada de certas substâncias presentes em materiais orgânicos diversos, aumento do número de pesquisas e estudos científicos que objetivam aprimorar a utilização técnica dessas plantas, visando á máxima eficiência de seus princípios ativos. Qualquer procedimento que envolva a utilização de agulhas provoca certa tensão e ansiedade para quem vivencia. A punção venosa é uma intervenção constante em laboratórios 4 clínicos, hospitais e centros de hemoterapia. Desta forma torna-se um desafio para os profissionais de saúde minimizar a dor e o desconforto causado por este procedimento. Produtos capazes de eliminar ou mesmo suavizar a percepção do estímulo doloroso em procedimentos invasivos na pele podem melhorar a aceitabilidade por parte das pessoas em aderirem a tratamentos bem como a processos de doação de sangue. Portanto, justifica-se a proposta do presente estudo em avaliar a ação analgésica e antisséptica da A. oleracea na pele íntegra, como meio de enquadramento de sua utilização á medicina complementar alternativa. 5 2. OBJETIVOS Avaliar o potencial analgésico tópico e antimicrobiano do extrato da planta Acmella oleracea, na pele íntegra de pacientes submetidos à antissepsia cutânea nos procedimentos de venopunção. 6 3. MÉTODOS 3.1 Delineamento do estudo Foi realizado um ensaio clínico, aleatório, controlado e duplo cego. 3.2 Local As punções venosas foram realizadas no Ambulatório I do Hospital das Clínicas Samuel Libânio em Pouso Alegre, MG. Os testes microbiológicos foram realizados no Laboratório de Pesquisas Básicas da Faculdade de Ciências da Saúde, Unidade Central da Universidade do Vale do Sapucaí, na cidade de Pouso Alegre, MG. 3.3 Aspectos éticos Na condução deste estudo foram observadas e seguidas as determinações da Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, que dispõe sobre diretrizes e normas que regulamentam a pesquisa envolvendo seres humanos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Sapucaí, sob o parecer número 959.061 (Anexo 1). 3.4 Amostragem e Cálculo amostral Como não foi encontrado na literatura nenhum estudo que avaliasse a atividade analgésica da A. oleracea na pele íntegra aplicado topicamente, que permitisse usar dados para o cálculo do tamanho da amostra, foi realizado um estudo piloto com 30 pacientes divididos em dois grupos; 15 utilizando álcool 70% e 15 utilizando Acmella oleracea. Estes resultados foram utilizados para o cálculo da amostra. Para o cálculo, foi utilizado o desfecho primário do estudo (dor) através do teste t student (hipótese monocaudal). Utilizando um desvio-padrão de 2,6, uma diferença clinicamente relevante de 2 pontos na escala visual numérica (EVN), com um poder de teste de 90% e considerando um nível de significância de 5%, o número calculado de indivíduos, por grupo, foi de 29 (Apêndice 1). 3.5 Critérios de elegibilidade 7 Critérios de Inclusão: voluntários sadios, com idade entre 18 a 65 anos de ambos os gêneros sem restrição quanto à etnia, escolaridade e classe social, que aceitaram participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), (Apêndice 2). Critérios de não inclusão: gestantes, pacientes oncológicos, renais crônicos, psiquiátricos, com necessidade de duas ou mais punções e recusa em participar da pesquisa. 3.6 Seleção A “sequência aleatória” foi gerada pelo software Randomization Plan (Apêndice 3). Os indivíduos foram selecionados em ordem aleatória sistemática. Os voluntários foram aleatoriamente alocados para os grupos denominados: -Grupo álcool 70% (n=30): foi utilizado álcool 70% na antissepsia da pele. -Grupo A. oleracea (n=30): foi utilizado extrato de A. oleracea 90% na antissepsia da pele. 3.7 Procedimentos Os voluntários foram recrutados por ordem de chegada ao ambulatório I do Hospital das Clínicas Samuel Libânio em Pouso Alegre, MG. Ao chegar ao ambulatório para coleta de sangue, o voluntário foi esclarecido sobre o estudo e convidado a participar. Aceitando, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi então submetido aos procedimentos determinados pelo estudo. As coletas de amostras foram realizadas no próprio ambulatório, no período da manhã, nos horários compreendidos entre 7h30 e 10h00. Todas as punções foram realizadas na fossa cubital (direita ou esquerda, de acordo com a preferência do voluntário) pelo mesmo flebotomista, que não possuía conhecimento a respeito do produto utilizado nos voluntários. A punção foi realizada de uma única vez com seringa e agulhas descartáveis de calibre 25x7 da marca BD®. 3.7.1. Avaliação Antimicrobiana da A. oleracea O primeiro swab embebido em salina estéril foi coletado da fossa cubital em região demarcada por campo de papel filtro qualitativo estéril com fenestra de 5cm2, da marca Nalgo®. As coletas foram realizadas pelo pesquisador. O swab foi acondicionado em tubo de vidro estéril com solução salina contendo oito pérolas de vidro. Em seguida o produto sorteado foi aplicado conforme a técnica de antissepsia recomendada pelo laboratório de 8 análises clínicas do HCSL. Aguardou-se três minutos, que foi o tempo estimado para que o produto tivesse ação (BARBAS et al., 2016), e o segundo swab foi coletado da mesma maneira que o primeiro. O paciente foi então encaminhado ao flebotomista do laboratório para realização da punção venosa. Ao término das coletas os swabs foram acondicionados em caixa plástica térmica e encaminhados ao laboratório de pesquisas básicas da Univás para que fossem analisados. Para a análise, cada swab foi homogeneizado em agitador automático da marca PHOENIX, modelo AP56, tipo vortex (Fabricante: Luferco, Brasil) por um minuto com oito pérolas de vidro estéreis que favorecem a remoção de microrganismos do swab para a solução. Após a homogeneização do tubo, foram semeados 50 µL da solução em placas contendo o meio de cultura Plate Count Agar – Standart Methods Agar (PCA) e espalhados por toda a superfície com auxílio de uma alça de Drigalski (SILVA et al., 2001). Após a semeadura das amostras, as placas foram colocadas na estufa a uma temperatura de 35ºC por um período de 48 horas (McDONALD et al., 2001; WONG et al., 2004). Após esse período, as unidades formadoras de colônias (UFC) foram contadas. Os resultados foram registrados no Protocolo de respostas e resultados dos voluntários da pesquisa (Apêndice 4). 3.7.2. Avaliação da dor Os voluntários fizeram a avaliação da dor após a punção venosa por meio de uma escala unidimensional, a escala visual numérica (EVN). A EVN é uma escala de 11 pontos consistindo dos inteiros de 0 a 10; onde 0 representa '' nenhuma dor '' e 10 representa “pior dor imaginável'' (FERREIRA et al., 2011). Os voluntários foram instruídos a selecionar um único número que melhor representasse a intensidade da dor (Apêndice 3). Os dados foram registrados no Protocolo de respostas e resultados dos voluntários da pesquisa (Apêndice 4). 3.8 Formulação do Produto As mudas da planta foram obtidas em feira livre na cidade de Belém-PA e cultivadas em estufa no laboratório de botânica da Univás no período de maio a novembro de 2014, em Pouso Alegre-MG. Observou-se o período de cultivo da planta e a coleta das flores foi realizada em aproximadamente 40 dias após o plantio. 9 Figura 1: Cultivo da planta Acmella oleracea no laboratório de botânica da Univás. A extração da A. oleracea foi realizada através de um método intitulado “extração aquosa por infusão” (EAI) (BARBOSA et al., 2011) no mês de setembro de 2015. A escolha do tipo de extração foi embasada na utilização de um agente que não interferisse na atividade antimicrobiana da planta, no caso, água destilada. 10 Para a extração foram colhidos 106g de flores frescas da planta e transferidas para um triturador acrescido de 200 mL de água destilada. A mistura foi triturada por aproximadamente 10 minutos até a obtenção de uma substância pastosa. Essa substância foi transferida para um Erlenmayer de 500 mL e incubada em banho de água a 60°C por 60 minutos. Após esse período a substância pastosa foi filtrada a vácuo para obtenção do extrato. Figura 2: Obtenção do extrato aquoso de Acmella oleracea O extrato foi encaminhado para uma farmácia de manipulação para acréscimo do Transcutol ® na concentração de 10%. Esta concentração foi estabelecida após testes executados nas concentrações com extratos de 50%, 60%, 70%, 80% e 90%, representando o máximo de concentração do extrato capaz de causar efeito com o mínimo de Transcutol ® que pudesse ser incorporado para ser absorvido pela pele íntegra. O produto foi acondicionado em frasco plástico conta-gotas. As coletas nos voluntários foram realizadas nos dias 2, 3, 4, 8 e 9 de setembro de 2015. 11 Figura 3: Produto a base do extrato de Acmella oleracea manipulado com Transcutol® 3.9 Análise estatística Os dados coletados foram tabulados em um banco de dados construído a partir do programa Microsoft Excel®. As análises descritivas foram obtidas para variáveis quantitativas, por meio de medidas de tendência central (média) e de dispersão (desvio padrão). A análise estatística dos dados foi realizada por meio do software MINITAB utilizando o Teste de Fisher para comparação de médias, Two Proportion para análise de proporções, Man-Whitney, Teste de Kruskal-Wallis qui-quadrado e teste de Wilcoxon-MannWhitney, todos com o nível de 95% de confiabilidade e 5% de significância. 12 4. RESULTADOS/ PRODUTO O presente trabalho foi registrado no Clinical Trials em 23/05/16, registro: NCT02792972. Dentre os 64 voluntários incluídos no estudo quatro foram excluídos, participando 30 voluntários no grupo álcool 70% e 30 no grupo A. oleracea (Figura 4). Avaliados para elegibilidade (n=64) Excluídos: n=4 INCLUSÃO DE SUJEITOS Aleatorizados: n=60 ALOCAÇÃO Grupo Álcool 70% n=30 Receberam intervenção n=30 Grupo A. oleracea n=30 Receberam intervenção n=30 SEGUIMENTO Perda de seguimento n=0 Perda de seguimento n=0 ANÁLISE Analisados n=30 Analisados n=30 Figura 4: Diagrama CONSORT – Fluxo de pacientes no estudo Neste estudo não houve diferença significante em relação à média de idade entre os grupos analisados através do Teste de Fisher (p = 0,906) (Tabela 1). Tabela 1: Distribuição etária dos voluntários Idade Mediana Média Desvio Padrão Geral 19-65 51 48,73 12,47 Grupo Álcool 70% 19-65 51 49,16 12,71 Grupo A. oleracea 21-65 52 48,30 12,44 Valor de p 0,906 13 Para a análise do gênero foi utilizado o teste Two Proportion com significância estatística de p≤0,05. Não houve diferença estatisticamente significante entre os homens (p = 0,806) e entre as mulheres (p = 0,785) nos grupos analisados (Tabela 2). Tabela 2: Gênero dos voluntários Gênero Masculino Feminino Geral 55,0% 45,0% Grupo Álcool 70% 56,67% 43,30% Grupo A. oleracea 53,33% 46,67% 0,806 0,785 Valor de p A intensidade de dor analisada pela escala EVN no grupo A. oleracea foi estatisticamente menor comparado com o grupo álcool (p=0,0206 pelo Teste de Man Whitney; Tabela 3). Tabela 3: Intensidade de dor pela escala EVN Mediana Grupo Álcool 70% 2,5 Média de dor EVN 2,90 Grupo A. oleracea 1,0 1,60 Desvio Padrão 1,57 Valor de p 2,44 0,0206 Pode-se observar através da figura 5 que a dispersão entre os pontos para o grupo A. oleracea foi menor que para o grupo álcool 70%, demonstrando maior precisão nas respostas. 10 8 6 EVN 4 2 0 0 5 10 15 20 Grupo Álcool 70% Grupo A. oleracea 25 30 PACIENTES 35 Figura 5: Dispersão dos pontos de intensidade de dor pela escala EVN. 14 Os resultados da contagem de UFC pela técnica de antissepsia encontram-se na Tabela 4. Os grupos foram analisados através do Teste de Kruskal-Wallis qui-quadrado com significância estatística de p≤0,05. Tabela 4: Contagem de UFC antes e após a realização da técnica de antissepsia. Grupo Antes da antissepsia Após antissepsia Mediana Média Mediana Média Antes/Após valor de p p Álcool 70% 41,5 109,20 1,0 25,27 0,0000 A. oleracea 11,5 83,23 1,0 46,23 0,0125 A redução na contagem de UFC da microbiota da pele (antes/após) a utilização do álcool foi estatisticamente significante com p=0,0000. Uma significância semelhante também foi observada (antes/após) a utilização da A. oleracea com p=0,0125 (Tabela 4). Considerando a grande dispersão dos dados da análise microbiológica no estudo os cálculos comparativos entre o álcool 70% antes/após antissepsia e Acmella oleracea antes/após antissepsia demonstrou que não houve diferença estatisticamente significante entre as medianas dos dois produtos (p=0,0643 pelo Teste de Wilcoxon-Mann-Whitney). 15 5. APLICABILIDADE A Acmella oleracea (jambu) é uma planta típica da região norte do país. Porém, devido às suas variadas propriedades farmacológicas, seu cultivo nos últimos anos vem sendo observado nas demais regiões. Há relatos do seu aparecimento nos estados do Rio de Janeiro, em Minas Gerais sem identificação botânica e em São Paulo onde ocorre a produção comercial da espécie de A. oleracea (com sementes adquiridas de produtores do estado do Pará) com fins para indústria de cosméticos, e para restaurantes de comidas exóticas (BORGES et al., 2013). A planta Acmella oleracea foi depositada no herbário do laboratório de botânica do curso de biologia da Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, MG. Não há relatos na literatura da presença da planta Acmella oleracea em Pouso Alegre, MG. A presença desta planta na região pode favorecer projetos de pesquisa em diferentes áreas como medicina, odontologia e farmácia. A planta necessita ser analisada em todas as suas partes separadamente devido à concentração do espilantol ser variável (BARBOSA, 2015). A forma de se obter o extrato também interfere diretamente na concentração dos princípios ativos obtidos. O espilantol é uma amida responsável pelas propriedades anti-inflamatórias, antissépticas e anestésicas da planta (DIAS et al., 2012). A extração da planta A. oleracea foi realizada pela técnica de extração aquosa por infusão. Segundo estudo realizado por Romão (2015) foi possível concluir que o extrato aquoso bruto das flores de A. oleracea possui principalmente flavonóides e alcamidas, substâncias estas responsáveis pelas principais atividades biológicas da planta. Barbosa et al. (2007) relatam também que o método de extração aquoso é uma opção mais viável para ser testado por ser de baixo custo e de fácil preparo. Novas formas de extração e manipulação do extrato de Acmella oleracea poderiam auxiliar na obtenção de princípios ativos mais concentrados como forma de utilização em produtos que possam ser utilizados para reduzir a sensação dolorosa na pele bem como reduzir o número de bactérias no tecido íntegro. A análise da atividade analgésica da planta reportadas nesse estudo vão de encontro ao trabalho realizado por Nomura et al. (2013), que examinaram o efeito antinociceptivo do extrato etanólico obtido a partir das flores de A. oleracea em modelos animais com hiperalgesia térmica e química induzida. Os dados mostram que o extrato etanólico obtido com as flores de A. oleracea produz efeitos antinociceptivos prevalentes e não causam efeitos adversos. Conforme relatado por Prachayasittikul et al. (2013), em um 16 artigo de revisão, o mecanismo de ação dos anestésicos como a lidocaína envolvem o bloqueio dos canais de sódio (Na+). Neste mesmo artigo, Prachayasittikul et al. (2013) relatam que o extrato aquoso frio das flores de A. oleracea também exibe atividade antinociceptiva contra a dor persistente e atividade antihiperalgésica. Pela mesma analogia, as alquilamidas presentes no extrato da planta A. oleracea produz uma ação anestésica tópica presumivelmente através do bloqueio de canais de Na+. Sabe-se que a anestesia gera uma analgesia, porém uma analgesia não causa anestesia. Outros estudos como o desenvolvido por Andrade et al. (2013) demonstraram que uma pomada a base de A. oleracea foi efetiva e segura em reduzir a dor provocada pela inserção da agulha de anestesia em mucosa oral. Osório et al. (1989) em estudo realizado com as flores de Spilanthes americana (planta pertencente a mesma família da A. oleracea, encontrada na Colômbia) relatou que o extrato demonstrou uma atividade anestésica de infiltração maior que o padrão utilizado, a lidocaína. Portanto, torna-se extremamente relevante os resultados encontrados neste estudo em relação à atividade analgésica da A. oleracea no tecido íntegro. A eficiência de anestésicos tópicos tem sido questionada por alguns autores, que duvidam de sua ação farmacológica real e reforçam seu efeito psicológico, que devem ser considerados. Martin et al. (1994) observaram que se os pacientes pensassem que iriam receber anestésicos tópicos, eles apresentariam menos dor porque tinham menos ansiedade sobre a injeção. O mesmo autor menciona que o aspecto mais importante do anestésico tópico pode não ser a sua eficácia clínica, mas o efeito psicológico sobre o paciente, que se torna ciente do esforço profissional para evitar a dor. Neste estudo, procurou-se não evidenciar para o paciente a atividade analgésica do produto pesquisado, justamente para não exercer sobre o mesmo indução de resposta baseada no efeito psicológico. Segundo Barbosa et al. (2015), o espilantol presente na planta Acmella oleracea apresenta além da ação analgésica, ação bacteriostática. A ação antisséptica observada neste estudo está de acordo com os estudos de Arora et al. (2011) que demonstraram que o extrato obtido das folhas de A. oleracea exibem atividade antimicrobiana melhor que o padrão utilizado, a doxiciclina. Molina-Torres et al (2004) relatam a atividade antifúngica e bacteriostática exercida pelo espilantol. De Bona et al. (2010) relatam que a atividade bacteriostática ou bactericida demonstrada pelo extrato aquoso de Ilex paraguariensis (ervamate) pode ser atribuída à composição química da planta, que é composta por alcalóides, flavonóides e várias saponinas triterpenóides e derivados do ácido clorogênico que apresentam atividade antimicrobiana comprovada tanto para bactérias Gram positivas como Gram negativas. Sabe-se que a A. oleracea possui várias dessas substâncias citadas. O resultado da avaliação da atividade antimicrobiana demonstrado no estudo de Alcantara et al. 17 (2014) indica que o extrato obtido pela fração de clorofórmio (EEFAO) das flores de A. oleracea foi capaz de reduzir o crescimento visível de Salmonella typhi in vitro. Os resultados do presente estudo demonstram que o extrato aquoso das flores de A. oleracea foi capaz de reduzir o número de unidades formadoras de colônias na pele íntegra, indo de acordo aos resultados apresentados em estudos sobre a atividade antimicrobiana da planta. Dessa forma o extrato aquoso de A. oleracea torna-se uma opção barata e viável para ser utilizada em procedimentos de venopunção na redução da sensibilidade dolorosa e também na redução da microbiota da pele, visto que não existe nenhum produto disponível no mercado que exerça essas atividades ao mesmo tempo. 18 6. IMPACTO SOCIAL O produto elaborado a base do extrato de Acmella oleracea a 90% com Transcutol® pode ser um auxilio nos procedimentos invasivos realizados com agulha na pele, podendo vir a ser utilizado como analgésico tópico. A punção venosa é um procedimento considerado doloroso e que certamente pode ativar a liberação de hormônios do estresse, levando ao medo, pânico e outras reações. A dor surge a partir de uma lesão tecidual, devido a estímulos mecânicos, térmicos e químicos e é transmitida ao sistema nervoso central através de nociceptores periféricos localizados na pele e vísceras. Após a ocorrência da lesão tecidual e a consequente sensação dolorosa, o indivíduo manifesta uma resposta sistêmica, que pode provocar aumento da glicemia, do ritmo metabólico, da frequência e do débito cardíacos; a diminuição da função gástrica e intestinal e alteração na função imune. Considerando que cada indivíduo tem um limiar para suportar a dor e na tentativa de reduzir as reações provocadas pelo estímulo doloroso, o analgésico tópico deve contribuir para a minimização das sensações de desconforto de pessoas submetidas a punção venosa nos diversos serviços de saúde. (MACEDO et al., 2006). Existe a necessidade de contribuir para a sistematização da assistência voltada para o manejo da dor, mais especificamente acerca da prevenção, visto que a punção venosa é o procedimento mais comumente realizado nas unidades hospitalares, como também aquele que gera maior nível de estresse, em especial na criança e sua família. Logo, receber estratégias para o alívio da dor é um direito de todos e um cuidado imprescindível nas ações da equipe de saúde (MACEDO et al., 2006). O processo de doação de sangue pode ser melhorado, dando maior atenção para a redução do nível de dor na punção venosa (JOVANOVIC et al., 2012). Estudos comprovam que programas que oferecem um anestésico tópico antes da punção venosa pode aumentar a participação tanto do doador de primeira vez como os não doadores e torná-los doadores de repetição (WATANABE et al., 2011). Os procedimentos cosmiátricos e cirúrgicos têm aumentado consideravelmente e, consequentemente, também a busca por analgesia eficiente, rápida, segura e indolor (IVANDER JUNIOR et al., 2011). Conforme os achados deste estudo, o mesmo poderá ser patenteado como modelo de utilidade. O modelo de utilidade é a criação de algo resultante da capacidade intelectual do seu autor, referindo-se a um objeto de uso prático ou parte deste. Este objeto deve ser tridimensional (como instrumentos, utensílios e ferramentas), apresentar nova forma ou disposição, que envolva ato inventivo e resulte em melhoria funcional no seu uso ou fabricação. Este deve ser suscetível de aplicação industrial (INPI, 2012). O extrato aquoso da 19 A. oleracea quando manipulado com o Transcutol® demonstrou ser eficaz na redução do nível de dor durante a punção venosa representando uma nova maneira de utilização. O baixo custo do produto também é um diferencial, garantido fácil acesso pela população. O interesse comercial pela planta é evidente, haja vista as várias patentes solicitadas ao redor do mundo para produtos contendo a planta inteira, partes da planta, ou extratos, que vão desde cosméticos a flavorizantes de alimentos. Algumas das patentes expressam a presença do espilantol nos extratos da planta ou a obtenção de espilantol puro para participação em produtos elaborados (NASCIMENTO, 2012). O alcalóide espilantol presente nas folhas, ramos e flores da A. oleracea (jambu) é descrito em patentes como apropriado para uso anestésico, antisséptico, antirrugas, creme dental, ginecológico, anti-inflamatório, com diversos produtos no mercado, vendidos como remédio e cosmético. Essa é a razão da existência de cinco patentes que utilizam a A. oleracea registradas no United States Patent and Trademark Office (Uspto) no período de 2000 a 2006 (uma americana, uma francesa e três japonesas), sete na World Intellectual Property Organization (Wipo) (japonesa, americana, inglesa, dinamarquesa, suíça, brasileira e australiana) no período de 2006 a 2010 e uma única no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual em 2005. A A. oleracea é utilizado pela Natura na composição do creme antirrugas Chronos®, que era adquirida de plantios na Região Metropolitana de Belém (HOMMA, 2012). Nascimento (2012), em sua dissertação de mestrado, fez um interessante levantamento de várias patentes contendo o extrato de A. oleracea, relacionando a presença de espilantol. Essas patentes foram solicitadas por indústrias japonesas para utilização como aditivo para alimentos e bebidas; agente de limpeza em preparações para o corpo e cabelos; uso, juntamente com uma mistura de outras plantas, como produto inseticida, para o controle de insetos e microrganismos em plantas. Na China foi solicitada uma patente para um remédio oriental para utilização no tratamento de resfriados comuns e gripes composto por várias plantas, incluindo A. oleracea. Nascimento (2012) relata ainda que a empresa Ballal BB solicitou a patente de um produto fitoterápico contra infecção por HIV e tratamento de AIDS, obtido a partir do pó da raiz de A. oleracea. A empresa Fortune Star requer a patente de uma composição a base de plantas, incluindo A. oleracea com atividade fungicida. Uma composição contendo uma mistura de várias plantas, com atividade antibacteriana e antimicrobiana, foi patenteada pela empresa Euro Natural Products. A empresa Dermane & Passaro descreve um produto para o tratamento cosmético antirrugas a base de espilantol puro ou extrato de A. oleracea contendo espilantol, com capacidade de inibir a contração de músculos subcutâneos, principalmente da 20 face. A empresa Ikeda Bussa Co Ltd. requer a patente de preparações cosméticas para o corpo e rosto a partir do extrato da raiz de A. oleracea, para redução das rugas e antienvelhecimento da pele. A patente US2008/0069912 trata do uso de um extrato da A. oleracea para efeito botox em uma composição cosmética antirrugas. A Natura Cosméticos S.A. reivindica um processo de preparação de extrato de A. oleracea livre de clorofila e seu uso em composições cosméticas. Na patente sob número PI0802053-3, a Natura, em parceria com a UFBA e a UNICAMP, registrou um processo de extração, por meio da tecnologia de fluido supercrítico, de compostos ativos de material vegetal, com o objetivo principal de obter espilantol e outras alcamidas a partir da planta A. oleracea. Após busca no INPI, não foi encontrado pedido de patente como modelo de utilidade para a utilização de A. oleracea manipulada com Transcutol® para analgesia tópica da pele em venopunção. Diante do exposto foi realizado o pedido de patente sob o número BR 20 2016 013965 7. 21 7. CONCLUSÃO O extrato aquoso de A. oleracea manipulado com 10% de Transcutol® foi capaz de diminuir de modo significante a sensibilidade dolorosa na pele íntegra e a microbiota da pele quando submetida a um procedimento invasivo, como a venopunção. 22 8. REFERÊNCIAS Alcantara BN, Kobayashi YT, Barroso KF, Silva IDR, Almeida MB, Barbosa WLR. Pharmacognostic analyses and evaluation of the in vitro antimicrobial activity of Acmella oleracea (L.) RK Jansen (Jambu) floral extract and fractions. J of Med Plants Res. 2014 fev; 9(4):91-96. Alves NC. Penetração de ativos na pele: revisão bibliográfica. Rev Amazônia Science & Health. 2015 out-dez; 3(4):36-43. Andrade LC, Rotta IW, Chaves SR, Uchida DT, Gazim ZC, Ferreira FBP, Jacomassi E, Ceranto, DCFB. Effectiveness of Acmella oleracea for topical anesthesia on buccal mucosa. Rev Odonto Cienc. 2013; 28(3). Arora S, Vijay S, Kumar D. Phytochemical and antimicrobial studies on the leaves of Spilanthes Acmella. J Chem Pharm Res. 2011; 3:145-150. Ayres MCC, Brandão MS, Vieira Junior GM, Menor JCAS, Silva HB, Soares MJS, Chaves MH. Atividade antibacteriana de plantas úteis e constituintes químicos da raiz de Copernicia prunifera. Rev. Bras. Farmacognosia. 2008; 18:90-97. Badke MR, Budó MLD, Alvim NAT, Zanetti GD, Heisler EV. Saberes e práticas populares de cuidado em saúde com o uso de plantas medicinais. Rev. Texto Contexto Enferm. 2012; 21(2):363-370. Barbas LAL, Stringhetta GR, Garcia LO, Figueiredo MRC, Sampaio LA. Jambu, Spilanthes acmella as a novel anaesthetic for juvenile tambaqui, Colossoma macropomum: Secondary stress responses during recovery. Aquaculture. 2016, 456:70-75. Barbosa AF, Carvalho MG, Smith RE, Sabba-Srur AUO. Sphilantol: occurrence, extraction, chemistry and biological activities. Brazilian Journal of Pharmacognosy [Internet] 2015 [acesso em 2016 mar 30]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbfar/v26n1/0102-695Xrbfar-26-01-0128.pdf. Barbosa FS, Leite GLD, Paulino MAO, Guilherme DO, Maia JTLS, Fernandes RC. Toxicity of extracts of Cyperus rotundus on Diabrotica speciosa. Acta Sci., Agron. 2011 dec; 33 (4). Barbosa FFS, Leite GGLD, Paulino MAMO, Guilherme DDO, Maia JTJLS, Fernandes RRC, Costa CCA. Utilização de extratos de tiririca no controle de Diabrotica speciosa. Rev Bras de Agroecologia. 2007, 2(2). 23 Bastos GM, Nogueira NAP, Soares CL, Martins MR, Rocha LQ, Teixeira AB. Determinação in vitro do potencial antimicrobiano de preparações caseiras de plantas medicinais utilizadas para o tratamento de doenças infecciosas. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl. 2011; 32(1). Boonen J, Baert B, Burvenich C, Blonde ELP, Saeger S, Spiegeleer B. LC-MS Profiling of Nalkylamides in Spilanthes acmella extract and the transmucosal behaviour of its main bioactive spilanthol, Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis. 2010; 53(3):243-249. Borges LS, Guerrero AC, Goto R, Lima GPP. Exportação de nutrientes em plantas de jambu, sob diferentes adubações. Semina: Ciências Agrárias. 2013, 34(1):107-116. Borges LS, Vianello F, Marques MOM, Lima GPP. Influence of Organic and Mineral Soil Fertilization and Essential Oil of Spilanthes oleracea. American Journal of Plant Physiology. 2012, 7:135-142. Carneiro FM, Silva MJP, Borges LL, Albernaz LC, Costa JDP. Tendências dos Estudos com Plantas Medicinais no Brasil. Revista Sapiência: sociedade, saberes e práticas educacionais – UEG/Câmpus de Iporá. 2014 jul-dez; 3(2):44-75. Cavalcanti, VMS. Extração de espilantol de Spilanthes acmella var. oleracea com dióxido de carbono supercítico. [Tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química; 2008. Chakraborty A, Devi RKB, Rita S, Sharatchandra K, Singh TI. Preliminary studies on antiinflammatory and analgesic activities of Spilanthes acmella in experimental animal models. Indian J. Pharmacology. 2004; 36:148-150. Chakraborty A, Devi RKB, Sanjebam R, Khumbong S, Thokchom IS. Preliminary studies on local anesthesic and antipyretic activies of Spilanthes acmella Murr. in experimental animals models. Indian J. Pharmacology. 2010; 42:277-279. Cheng YB, Liu RH, Ho MC, Wu TY, Chen CY, Lo IW, Hou MF, Yuan SS, Wu YC, Chang, F. R. Alkylamides of Acmella oleracea. Molecules. 2015, 20(4):6970-6977. De Bona EAM, Pinto FGS, Borges AMC, Weber LD, Fruet TK, Alves LFA, Moura AC. Avaliação da Atividade Antimicrobiana de Erva-Mate (Ilex paraguariensis) sobre Sorovares de Salmonella spp. de Origem Avícola. Ciênc. Biol. Saúde UNOPAR Cient. 2010; 12(3):4548. Dias AMA, Santos P, Seabra IJ, Junior RNC, Braga MEM, Sousa HC. Spilanthol from Spilanthes acmella flowers, leaves and stems obtained by selective supercritical carbon dioxide extraction. Journal of Supercritical Fluids. 2012; 61: 62–70. 24 Ferreira VMA, Pais RJL, Jensen MP. Validity of four pain intensity rating scales. Pain. 2011; 152(10):2399-2404. Ferreira DM, da Silva LM, Mendes DAGB, Cabrini DA, Nascimento AM, Iacomini M, Cipriani TR, Santos ARS, Werner MFP, Baggio CH. Rhamnogalacturonan from Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen: Gastroprotective and Ulcer Healing Properties in Rats. PLos One. 2014, 9(1). Figueredo CA, Gurge IGD, Junior GDG. A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos: construção, perspectivas e desafios. Physis: Rev de Saúde Coletiva, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2014 abr-jun, 24(2):381-400. Flores MP, Castro APCR, Nascimento JS. Analgésicos tópicos. Rev. Bras. Anestesiol. Campinas. 2012 mar-apr, 62(2). Ganem-Quintanar A, Lafforgue C, Falson-Rieg F, Buri P. Evaluation of the transepidermal permeation of diethylene glycol monoethyl ether and skin water loss. International Journal of Pharmaceutics. 1997, 147(2):165-171. Gerbino A, Schena G, Milano S, Milella L, Barbosa AF, Armentano F, Procino G, Svelto M, Carmosino M. Spilanthol from Acmella Oleracea Lowers the Intracellular Levels of cAMP Impairing NKCC2 Phosphorylation and Water Channel AQP2 Membrane Expression in Mouse Kidney. PLoS One. 2016; 11(5):e0156021. Homma AKO. "Plant extractivism or plantation: what is the best option for the Amazon?" Estudos Avançados. 2012; 26(74):167-186. Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Brasil), Diretrizes de exame de modelo de utilidade, Diretoria de Patentes, 2012 mai, 10p. Javadzadeh Y, Adibkia K, Hamishekar H. Transcutol® (Diethylene Glycol Monoethyl Ether): A Potential Penetration Enhancer. In: Percutaneous Penetration Enhancers Chemical Methods in Penetration Enhancement. Springer, Berlin Heidelberg, 2015, 195-205. Jovanovic R, Radlovacki V, Pecujlija M, Kamberovic B, Delic M, Grujic J. Assessment of blood donors’ satisfaction and measures to be taken to improve quality in transfusion service establishments. Med Glas, Zenica. 2012 aug; 9(2):231-238. Ivander Júnior B, Martins ALGP, Alves FS, Nascimento DC. Comparing the pain ratings of two topical lidocaine preparations. Surg Cosmet Dermatol. 2011; 3(1):28-30. 25 Kampf G, Kramer A. Epidemiologic background of hand hygiene and evalution of the most important agents for scrubs and rubs. Clin Microbiol Rev. 2004; 17(4):863-893. Leal F, Schwartsmann G, Lucas HS. Medicina Complementar e Alternativa: uma Prática comum entre os pacientes com câncer. Rev Assoc Med Bras. 2008; 54(6):471-486. Macedo EC, Batista GS, La Cava AM. Reações de crianças e adolescentes submetidos à analgesia tópica local na punção venosa periférica. Enfermería Global. 2006 nov. 9: 1-8. Martin MD, Ramsay D, Whitney C, Fiset L, Weinstein P. Topical anesthesia: differentiating the pharmacological and psychological contributions to efficacy. Anesth Prog, 1994; 41:4047. McDonald CP, Lowe P, Roy A, Robbins S, Hartley S, Harrison J, Slopecki A, Verlander N, Barbara JAJ. Evaluation of donor arm disinfection techniques.Vox Sanguinis, Vienna. 2001 abr; 80 (3):135-141. Menezes AG, Sousa CV, Pereira FF, Guerra KN. A influência de atributos de gestão da qualidade organizacional na satisfação e no comportamento do doador de sangue. Sociais e Humanas. Santa Maria, 2015 mai-ago, 28(02):109-124. Millani AA, Rossatto DR, Rubin Filho CJ, Kolb RM. Análise de crescimento e anatomia foliar da planta medicinal Ageratum conyzoides L. (Asteraceae) cultivada em diferentes substratos. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu. 2010; 12(2):127-34. Molina-Torres J, Salazar-Cabrera CJ, Armenta-Salinas C, Ramírez-Sánchez, E. Fungistatic and bacteriostatic activities of alkamides from Heliopsis longipes roots: affinin and reduces amides. J. Agric. Food Chem. 2004; 52:4700-4704. Moreno SC, Carvalho GA, Picanço MC, Morais EG, Pereira RM. Bioactivity of compounds from Acmella oleracea against Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae) and selectivity to two non-target species. Pest Manag Sci. 2012 mar, 68(3):386-393. Mura P, Faucci MT, Bramanti G, Corti, P. Evaluation of transcutol as a clonazepam transdermal permeation enhancer from hydrophilic gel formulations. European Journal of Pharmaceutical Sciences. 2000, 9(4):365-372. Nascimento, AM. Polissacarídeos e metabólitos secundários de Spilanthes Oleracea L. (Jambu) [Dissertação] Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Ciências-Bioquímica; 2012. 26 Nomura EC, Rodrigues MR, Da Silva CF, Hamm LA, Nascimento AM, De Souza LM, Cipriani TR, Baggio CH, Werner MF. Antinociceptive effects of ethanolic extract from the flowers of Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen in mice. J Ethnopharmacol. 2013 nov; 150(2): 583-589. Oliveira AKA, Medeiros LP, Melo GSM, Torres GV. Passos da técnica de punção venosa periférica: revisão Integrativa. Arq. Ciênc. Saúde. 2014 jan-mar; 21(1):88-95. Osório AM, Nigrinis LSO, Torres NС, Ussa HJA. Selección de la actividad farmacologica del extracto etereo purificado de las flores de Spilanthes americana. Rev Colombiana de Ciencias químico-farmacéuticas. 1989, 17(23). Paiva SE, Murai HC. Eficácia do uso do álcool etílico 70% na antissepsia da pele antes da administração vacinal. Rev Enferm UNISA. 2005; 6:85-88. Pinto ATM, Silva DJ, Ribeiro ASC, Peixoto ITA. Atividade Antimicrobiana de Dentifrícios Fitoterápicos Contra Streptococcus mutans e Staphylococcus aureus. UNOPAR Cient Ciênc Biol Saúde. 2013; 15(4): 259-263. Prachayasittikul V, Prachayasittikul S, Ruchirawat S, Prachayasittikul V. High Therapeutic Potential of Spilanthes Acmella: A Review. EXCLI Journal. 2013; 12:291-312. Ratnasooriya WD, Pieris KPP, Samaratunga U, Jayakody JRAC. Diuretic activity of Spilanthes acmella flowers in rats. Journal of Ethnopharmacology. 2004; 91(2-3):317-320. Reis LM, Rabello BR, Ross C, Santos LMR. Avaliação da atividade antimicrobiana de antissépticos e desinfetantes utilizados em um serviço público de saúde. Rev. Bras. Enferm. 2011; 64:870-75. Renó FGF, Lemos VR, Silva AG, Campoy RM, Silva CAP, Pacheco-Soares C. Avaliação da atividade antitumoral de extrato Spilanthes acmella. XIV Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e X Encontro Latino Americano de Pós-Graduação; 2010; São José dos Campos, Brasil. Revilla J. Apontamentos para a cosmética amazônica. Ed. Sebrae-AM/INPA, Manaus, 2002, 532p. Ribeiro CM, Souza KGS, Ribeiro TAC, Vieira ABR, Mendonça LCV, Barbosa WLR, Vieira JMS. Avaliação da atividade antimicrobiana de plantas utilizadas na medicina popular da Amazônia. Informa. 2009; 21(1-2). 27 Rodeiro I, Donato MT, Jimenez N, Garrido G, Molina-Torres J, Menendez R, Castell JV, Gomez-Lechon M J. Inhibition of human P450 enzymes by natural extracts used in traditional medicine. Phytotherapy Research. 2009; 23:279-282. Romão NF, Silva FC, Viana RN, Ferraz ABF. Análise fitoquímica e potencial antioxidante do extrato das flores de Spilanthes acmella. South American Journal of Basic Education, Technical and Technological. ISSN: 2446-4821. 2015, 2(2):23-32. Silva N, Junqueira VCA, Silveira NFA. Manual de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos. 2ª Edição. São Paulo: Editora Varela, 2001. 317p. Tania MP, Castilo BDD, Lobato ABR, Silva RR. Antioxidant and cytotoxic potential of aqueous crude extract of Acmella oleracea (L.) RK Jansen. Journal of Chemical and Pharmaceutical Research. 2015, 7(12):562-569. Tesser CD, Barros NF. Medicalização social e medicina alternativa e complementar: pluralização terapêutica do Sistema Único de Saúde. Revista Saúde Pública. 2008; 42(5):914920. Watanabe KM, Jay J, Alicto C, Yamamoto L. Improvement in Likelihood to Donate Blood After Being Offered a Topical Anesthesic. Hawaii Med J. 2011 feb; 70(2):28-29. Wong PY, Colville VL, White V, Walker HM, Morris R A. Validation and assessment of a blood‐donor arm disinfectant containing chlorhexidine and alcohol. Transfusion. 2004; 44(8): 1238-42. Wu L, Fan N, Lin M, Chu L, Huang S, Hu C, Han S. Anti-inflammatory effect so spilanthol from Spilanthes acmella on murine macrophage by down-regulation LPS-indiced inflammatory mediators. Journal of Agricultural and Food Chemistry. 2008; 53:2341-2349. 28 APÊNDICES Apêndice 1 Valores calculados com os dados de entrada Desvio padrão: 2.6000 Diferença a ser detectada: 2.0000 Nível de significância: 5% Poder do teste: 90% Teste de hipótese: monocaudal Tamanho da amostra calculado para cada grupo: 29 Para outros valores do nível de significância e poder do teste temos: Nív. de signif. 5% 5% 5% 5% 5% 5% 0.1% 1% 10% Poder do teste 65% 70% 75% 80% 85% 95% 90% 90% 90% Tam. amostra p/ grupo 14 16 18 21 24 36 65 44 22 29 Apêndice 2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Responsáveis: Carolina Gonçalves Andrade, Ana Beatriz Alkmim Teixeira Loyola. Título do trabalho: Ação anestésica e antisséptica de fitoterápico na pele. Eu compreendo que fui convidado (a) para participar como voluntário (a) nesta pesquisa. Serão convidados a participar voluntários que tenham pedido de exame de sangue para ser realizado no setor de coleta do Laboratório de Análises Clínicas do Hospital das Clínicas Samuel Libânio. O objetivo deste estudo é aplicar um produto à base da planta jambu na pele antes da coleta do sangue para ver se sente algum tipo de alivio da dor conforme a escala de números: O procedimento de coleta poderá causar desconforto e dor durante o procedimento. Sua participação neste estudo não é paga, assim também como os pesquisadores não receberão nenhum dinheiro com ele. Você não terá benefício direto com a realização desta pesquisa. Somente no final do estudo poderemos afirmar se o uso da planta jambu diminui a dor na coleta de sangue. Em qualquer tempo do estudo, você poderá entrar em contato com os pesquisadores responsáveis pela pesquisa para tirar qualquer dúvida. Se você tiver alguma sugestão ou dúvida sobre a parte ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVÁS (CEP): Av. Prefeito Tuany Toledo, 470, Pouso Alegre-MG, telefone: (35)34499271, horário de atendimento: 9-18h e 19-22h, de 2º a 6º feira. Não há pagamento de despesas pessoais para o participante da pesquisa em nenhuma fase do estudo. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa. 30 Riscos para você: Você está sujeito aos riscos comuns da coleta, tais como hematomas, dor e irritação no local. Direito de privacidade: Você tem o direito de não realizar a pesquisa ou desistir de participar do estudo em qualquer momento. As informações obtidas neste estudo serão analisadas em conjunto com outras pessoas, não sendo seu nome divulgado e identificado como também de nenhum participante. Declaração de danos: Caso ocorra algum dano à sua pessoa, ainda que improvável, resultante diretamente de sua participação nesta pesquisa, o pesquisador e a Instituição serão os responsáveis. Recusa ou retirada: Eu compreendo que minha participação é voluntária e eu posso recusar e retirar o meu consentimento a qualquer momento. Eu confirmo que me explicaram os objetivos desta pesquisa e os procedimentos a que serei submetido (a) e que li e compreendi este formulário de consentimento. Portanto, concordo em participar desta pesquisa, e uma cópia deste termo ficará em meu poder. Pouso Alegre, ____/____/____ _________________________________ Paciente ou Responsável __________________________________ Pesquisador 31 Apêndice 3 A Randomization Plan from http://www.randomization.com 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ 32 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Alcool_________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ Jambu__________________________________ 60 subjects randomized into 1 block 33 Apêndice 4: Protocolo de respostas e resultados dos voluntários da pesquisa. Ação analgésica e antisséptica de fitoterápico na pele. Data: __/__/__ Número do paciente: Número do produto: Idade: __ anos. Sexo: __ Feminino__ Masculino Escolaridade: 1- Análise EVN: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 3- Crescimento microbiano: ANTES DO GEL APÓS O GEL Observações: EVN (Ferreira et al., 2014) 34 ANEXOS Anexo 1: Parecer do comitê de Ética em Pesquisa 35 36 37 NORMAS ADOTADAS DeCS - Descritores em Ciências da Saúde. Disponível em: http://www.decs.bvs.br ICMJE – International Committee of Medical Journal Editor Standard - http://www.icmje.org/ MPCAS – Elaboração e formatação do Trabalho de Conclusão de Curso. Univás Consort - http://www.consort-statement.org 38