POTENCIAL ANESTÉSICO DO EXTRATO DAS FOLHAS DA PLANTA ACMELLA OLERACEA COMPARADA COM OS ANESTÉSICOS ARTICAÍNA E PRILOCAÍNA EM MINHOCAS Vanessa Taborda da Cruz (Fundação Araucária/UEPG), Vitoldo Antonio Kozlowski Junior (Orientador), e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Odontologia. Farmacologia aplicada à Odontologia Palavras-chave: Acmella oleracea, anestésicos locais, open field. RESUMO: A utilização de plantas com fins medicinais, para tratamento, cura e prevenção de doenças, é uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade. A Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen e sua sinonímia científica Spilanthes acmella var oleracea, é uma planta medicinal pertencente à família Asteraceae (antiga Composite), conhecida popularmente como jambu, agrião-do-pará, agrião do norte, agrião-bravo, agrião-do-brasil, botão-de-ouro, entre outros. Estudos científicos demonstraram que o gênero Spilanthes apresenta uma série de efeitos biológicos. O presente trabalho tem como objetivo estudar o potencial anestésico do extrato das folhas da planta Acmella oleracea comparando o seu efeito com outros dois anestésicos do uso cotidiano dentro da odontologia, a articaína 4% e o cloridrato de prilocaína a 2%. Os testes experimentais foram realizados na espécie de minhoca Lumbricus rubellus, ou minhoca dos resíduos orgânicos, sendo de origem europeia e conhecida comercialmente como Vermelha da Califórnia. As minhocas foram divididas em 4 grupos com 05 espécimes e teste do campo aberto (open field) e teste da hiperalgesia térmica ao calor (placa quente) foi realizado. Os resultados obtidos indicam que houve diferença estatisticamente significante entre os grupos experimentais no teste da placa quente (p=0.0012) e open field (p<0.0001) segundo ANOVA. O extrato das folhas do jambu apresentou importante efeito farmacológico sedativo versus grupo controle (p<0.01) não sendo diferente dos grupos experimentais com articaína (p>0.05) e prilocaína (p>0.05) no teste do campo aberto. No teste da placa quente o controle da hiperalgesia foi maior com prilocaína (p<0.05) que com articaína versus jambu (p>0.05), indicando um importante efeito farmacológico nos testes in vivo. Introdução As plantas medicinais são frequentemente utilizadas com o intuito de substituir ou auxiliar as terapias convencionais no tratamento de várias doenças. Tem sido, desde a antiguidade, um recurso ao alcance do ser humano. O homem encontrou nas chamadas plantas medicinais, virtudes que foram transmitidas de geração a geração. A Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen e sua sinonímia científica Spilanthes acmella var oleracea, é uma planta medicinal pertencente à família Asteraceae (antiga Composite), conhecida popularmente como jambu, agrião-do-pará, agrião do norte, agrião-bravo, agrião-do-brasil, botão-de-ouro, entre outros (Favoreto e Gilbert, 2010). Os anestésicos locais compreendem uma série de substâncias químicas localmente aplicadas, com estruturas moleculares semelhantes, capazes de inibir a percepção das sensações (sobretudo a dor) e também de prevenir o movimento. A classe oligoqueta apresenta diversas espécies de minhocas, sendo que a espécie Lumbricus rubellus foi utilizada no presente estudo pela sua mobilidade e capacidade exploratória no teste “open field”. Além disso, esta espécie foi também utilizada pela sua capacidade de reproduzir saltos no teste da hiperalgesia térmica ao calor (placa quente). Materiais e métodos Foram avaliados os efeitos farmacológicos dos anestésicos locais sobre a movimentação das minhocas, usando o teste de campo aberto (Open Field), bem como a avaliação da analgesia térmica ao calor (placa quente), medindo o número de contrações a serem dadas pelas minhocas. Para a realização do teste de campo aberto (Open Field), foi confeccionado uma caixa cujo assoalho foi dividido em 20 quadrantes, distribuídos partindo do centro até a borda externa. Uma vez colocada no centro da caixa, o animal inicia o comportamento exploratório e o número de quadrantes a serem cruzados (Tadaiesky et al., 2006) é avaliado. Além disso, foi realizado a avaliação da hiperalgesia térmica ao calor (placa quente) seguindo a metodologia de Nomura (2013). Neste teste, a avaliação é medida pela quantidade de contrações que a minhoca reproduz após a administração das soluções experimentais. Foram preparadas soluções com os anestésicos, e a quantidade de 20 UI foi administrada em cada minhoca pelo tempo de dois minutos. Sendo que após a administração, foram avaliados a locomoção dentro do campo aberto pelo tempo de dois minutos. Sob temperatura de 50ºC (cinquenta graus Celsius) foi avaliado a hiperalgesia térmica ao calor, quantificando o número de contrações dados pela minhoca pelo tempo de dois minutos, sendo transcritos todos os dados para uma tabela. Foram utilizados um total de 40 minhocas, divididas em 4 grupos, sendo que cada grupo experimental continha 10 (dez) espécimes, sendo 05 (cinco) para o teste de campo aberto e 05 (cinco) para a avaliação da analgesia térmica. O grupo 1- Controle negativo: As minhocas eram mergulhadas em solução de soro fisiológico pelo tempo de 02 (dois) minutos e após era avaliado o percurso da mesma dentro do campo aberto e o número de contrações pelo teste da placa quente. Grupo 2- Grupo de tratamento: as minhocas eram mergulhadas em solução (chá) coletado de 3g do extrato da folha da planta Acmella oleracea pelo tempo de 02 (dois) minutos e após era avaliado o percurso da mesma dentro do campo aberto e o número de contrações pelo teste da placa quente. Grupo 3- Controle positivo: era realizado a imersão das minhocas em recipiente contendo o anestésico local Articaína pelo tempo de 02 (dois) minutos e após era avaliado o percurso da mesma dentro do campo aberto e o número de contrações pelo teste da placa quente. Grupo 4- Controle positivo: era realizado a imersão das minhocas em recipiente contendo o anestésico local Prilocaína pelo tempo de 02 (dois) minutos e após era avaliado o percurso da mesma dentro do campo aberto e o número de contrações pelo teste da placa quente. Todas as minhocas foram pesadas em balança de precisão, realizadas as medidas aproximadas do diâmetro e comprimento com o uso de um paquímetro para na sequência serem preparadas para os testes. Resultados e Discussão As amostras dos dados do teste Open field analisados estatisticamente (ANOVA Teste T de Tukey) com relação ao peso, comprimento e diâmetro das minhocas dos grupos I (soro fisiológico), grupo II (articaína), grupo III (prilocaína) e grupo IV (jambu) não obtiveram diferenças significativas, sendo valor de p > 0,05. Com relação a distância percorrida em quadrados e distância percorrida em centímetros quadrados obteve-se valor de p<0,0001 entre os grupos experimentais. As amostras do teste da Placa quente estatisticamente demonstraram não haver diferença significativa com relação ao peso, comprimento e diâmetro das minhocas entre os grupo I (soro fisiológico), grupo II (articaína), grupo III (prilocaína) e grupo IV (jambu) (p>0.05), porém quando analisado o número de contrações o valor de p foi estatisticamente significante (p=0,0012). Análise estatística das amostras do teste Open Field quando comparada soro fisiológico com articaina obteve se valor de p<0.001, quando comparado soro fisiológico com prilocaína p<0.001 e soro fisiológico com o jambu p<0,01, demostrando que ambos os anestésicos tiveram valores significantes quando administrados na minhoca e submetida ao teste do campo aberto (open field), bem como o extrato da planta jambu demonstrando o seu efeito anestésico sob o sistema locomotor da minhoca. No teste da placa quente, o qual avalia a hiperalgesia térmica ao calor, prilocaína foi mais eficiente que o extrato de jambu (p<0,05), enquanto a articaína embora tenha sido mais potente que o jambu os dados obtidos não foram estatisticamente diferentes (p>0.05). Conclusões No presente trabalho percebe-se a importância de aprofundarmos os estudos sobre as plantas medicinais, pois apresentam uma rica fonte de compostos que são de extrema valia para área da saúde. Concluiu-se com os resultados dos testes Open field e Placa Quente, que o extrato das folhas da planta Acmella oleracea apresenta importante efeito farmacológico e que necessita ser melhor investigado. Agradecimentos Universidade Estadual de Ponta Grossa Fundação Araucária Referências FAVORETO, R.; GILBERT, B. Acmella oleracea (l.) R. K. Jansen (asteraceae) – jambu. Revista Fitos, v.5, n.1, p.83-90, 2010. MALAMED, S.F.. Manual De Anestesia Local. 5ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editota Ltda. 2005. NOMURA, E.C.O. Avaliação do Potencial Terapêutico do Extrato Etanólico e da Fração Rica em Alquilamidas Obtidos das Flores de Acmella Oleracea (l.) R.k.. Jansen, em Modelos de Nocicepção em Camundongos. Tese (mestrado) – Curso de Pos Graduação, Farmacologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013. TADAIESKY, M. T.; ANDREATINI, R.; VITAL, M.A. B.F. Different Effects Of 7-Nitroindazole In Reserpine-Induced Hypolocomotion In Two Strains Of Mice. Eur. J. Pharmacol, v. 535, p. 199-207, 2006.