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Crescimento inicial de jambu.
Fred Denilson Barbosa da Silva1; Francisco José Carvalho Moreira1; Antonio
Marcos Esmeraldo Bezerra3; Sebastião Medeiros Filho2.
1
UFC, mestrando em Fitotecnia, Fortaleza - CE;
2
UFC, Professor adjunto, Fortaleza - CE. e-mail:
[email protected]
RESUMO
O jambu (Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen) é uma espécie condimentar e medicinal
usada na região norte do Brasil, para o preparo do famoso “molho-de-tucupi” e no
tratamento dos males da boca e da garganta. A análise do crescimento inicial da planta é
indispensável para estabelecimento de um sistema racional de produção de mudas desta
espécie. Nesse sentido, avaliou-se o crescimento inicial de jambu sob condições de casa
de vegetação. A semeadura foi realizada em bandeja plástica e decorridos 14 dias as
plântulas foram repicadas para bandejas de isopor de 128 células contendo o substrato
comercial Plantimax®. Os tratamentos consistiram de seis épocas de amostragens assim
definidas: 25, 32, 39, 46, 53 e 60 dias após a semeadura dispostos num delineamento
inteiramente casualizado com quatro repetições (10 plantas/repetição). As variáveis
analisadas foram: altura, número de folhas por planta, pesos secos da parte aérea,
radicular e total, bem como relação parte aérea e radicular. A análise dos dados
evidenciou que aos 32 dias após a semeadura as mudas estão aptas para o transplante.
A partir de 39 dias após a semeadura as plantas ingressam na fase reprodutiva.
Palavras-chave: Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen, Asteracea, planta medicinal,
propagação.
ABSTRACT - Initial Growth of Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen.
The ‘jambu’ (Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen) is a specie seasoning and medicinal used
in the Northern part of Brazil for the preparation of the famous ‘molho-de-tucupi’ and for
the treatment of the mouth and the throat illnesses. The analysis of the initial growth of the
plant is essential to establish a rational system of seedling production for its culture. For
this, it was evaluated the initial growth of ‘jambu’ under greenhouse conditions. The
sowing was carried through in plastic tray and after 14 days the seedling was replicated to
a 128 cell expanded polystyrene tray filled with Plantimax®. The treatments consisted of
six times of samplings: 25, 32, 39, 46, 53 and 60 days after the sowing disposed in a
completely random design with 4 replicates (10 plants/replicate). It was analyzed: plant
height, leaves number per plant, and dry weight of the aerial and root parts. The data
analysis showed that at the 32 days after the sowing the seedlings are qualified to be
transplanted. 39 days after the sowing the plants get in the reproductive phase.
Keywords: Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen, Asteracea, medicinal plant, propagation.
INTRODUÇÃO
O jambu (Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen) é uma Asteraceae herbácea perene nativa
da região Amazônica, usada como hortaliça condimentar e para fins medicinais, cujos
capítulos contêm o espilantol, substância responsável pela ação anestésica da mucosa
bucal (LORENZI; MATOS, 2002).
O demanda crescente por produtos naturais requer estudos direcionados à tecnologia de
produção de modo a garantir a oferta de matéria-prima vegetal em quantidade e
qualidade, para suprir esse mercado promissor. A análise do crescimento da planta é um
dos componentes desta tecnologia, constituindo-se, segundo Benincasa (1988) uma
ferramenta indispensável para o conhecimento da planta, como entidade biológica, e o
seu comportamento, quando submetida às condições de cultivo. Estudos sobre
crescimento inicial em plantas medicinais foram realizados por Bezerra (2003), Momenté
et al. (2003), Oliveira (2004) e Santos Neto (2005) em Egletes viscosa (L.) Less.
(Asteracea), Ageratum conyzoides L. (Asteraceae), Acmella oleracea (L.) R.K. Jansen
(Asteraceae) e Hyptis pectinata L. (Lamiaceae), respectivamente.
Em vista disso, objetivou-se neste trabalho analisar o crescimento inicial de jambu sob
condições de casa de vegetação.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação anexa ao Laboratório de Análise de
Sementes da Universidade Federal do Ceará (UFC). As sementes usadas no ensaio
foram colhidas de exemplares cultivados na Horta Didática do Departamento de Fitotecnia
(UFC). Inicialmente efetuou-se a semeadura em bandeja plástica contendo vermiculita,
areia e esterco bovino na proporção de 2:1:1 (v/v) como substrato. Após 14 dias da
semeadura realizou-se a repicagem das plântulas para bandejas de isopor de 128 células
contendo o substrato comercial Plantimax®. Os tratamentos consistiram de seis épocas
de amostragens assim definidas: 25, 32, 39, 46, 53 e 60 dias após a semeadura (DAS),
dispostos num delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições (10
plantas/repetição). As variáveis analisadas foram: número de folhas por planta, altura,
pesos secos da parte aérea, radicular e total e relação parte aérea e raiz. Os dados foram
submetidos à análise de variância e as médias apresentadas através de regressão
polinomial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O número de folhas por planta (Figura 1A) variou entre 10 e 30 aos 25 e 53 dias após a
semeadura, respectivamente, ajustando-se a uma regressão quadrática (R2=0,99).
Resposta similar foi obtida por Bezerra (2003), em Egletes viscosa (Asteracea). Por sua
vez, Santos Neto (2005) verificou que a relação funcional entre o número de folhas por
planta e as épocas de amostragens, em Hyptis pectinata (Lamiaceae), adequou-se a um
polinômio do 3° grau.
A altura (Figura 1B) e o peso seco da parte aérea (Figura 1C) exibiram um padrão de
crescimento linear em função das épocas de amostragens cujas taxas foram em torno de
0,38 cm dia-1 e 14,26 mg dia-1, respectivamente. Trabalhando com a mesma espécie em
diferentes substratos, Oliveira (2004) registrou uma taxa de crescimento absoluta de 0,42
cm dia-1 para altura e 0,49 mg planta-1 para o peso seco em substrato a base de areia e
palha de sorgo (1:1 v/v). Santos Neto (2005) também observou resposta linear para Hiptis
pectinata L.
Os pesos secos da raiz (Figura 1D) e da planta (Figura 1E) ajustaram-se a uma regressão
cúbica. Esse modelo de crescimento pode ser dividido em três etapas: a primeira de 25 a
32 DAS (crescimento lento), a segunda de 32 a 46 DAS (crescimento rápido) e a terceira
de 46 a 60 DAS (fase de estabilização). Esta última etapa coincide com o ingresso da
planta na fase reprodutiva. Momenté et al. (2003) verificaram em mentrasto “forma
florífera” (Ageratum conyzoides L.) que entre 66 e 88 dias após a semeadura as plantas
apresentavam flores e sinais de senescência.
A relação parte aérea/raiz (Figura 1F) decresceu de forma constante entre 25 e 60 DAS,
exibindo um padrão linear de ajuste. Modelos distintos foram observados por Bezerra et
al. (2003), em Egletes viscosa e Santos Neto (2005), em Hyptis pectinata.
Conclui-se que as mudas de jambu apresentam rápido crescimento estando aptas para o
transplantio aos 32 dias após a semeadura. A partir de 39 dias após a semeadura, as
plantas ingressam na fase reprodutiva.
LITERATURA CITADA
BEZERRA, A.M.E. Desenvolvimento de um sistema de produção para macela
(Egletes viscosa (L.) Less.)125 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal
do Ceará, Fortaleza.
BENINCASA, M.M.P. Análise de crescimento de plantas: noções básicas. Jaboticabal:
FUNEP,1988. 42p.
LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas
cultivadas. São Paulo: Instituto Plantarum, 2002. 544p.
MOMENTÉ, V. G.; BEZERRA, A. M. E.; INNECCO, R.; LEDO, A. S.; ALVES, M. C. S.
Crescimento inicial de mudas de mentrasto “Forma florífera”. Ciência Agronômica,
Fortaleza, v.34, n.1, p.5-10, 2003.
OLIVEIRA, M.A.S. Germinação, crescimento, adubação e espaçamento para a
produção de capítulos florais de jambu (Acmella oleracea - Asteraceae). 2004. 61 f.
Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.
Núm. Folhas Planta-1
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Altura (cm)
SANTOS NETO, A.L. Germinação e crescimento inicial de sambacaitá (Hyptis
pectinata L.). 2005. 61f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Federal do
Ceará, Fortaleza.
2
y = -0,0237x + 2,638x - 43,109
2
R = 0,99
25
32
39
46
53
y = 0,3767x - 7,0612
R2 = 0,99
20,0
18,0
16,0
14,0
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
25
60
32
39
Dias após a semeadura
R = 0,98
400
300
200
100
2
2
R = 0,99
125
100
75
50
25
0
0
25
32
39
46
53
25
60
32
Relação Parte Aérea/Raiz
y = -0,021x3 + 2,6079x2 - 84,285x + 834,83
R2 = 0,99
700
600
500
400
300
200
100
0
25
32
39
46
53
60
D
C
800
39
Dias após a semeadura
Dias após a semeadura
PSP (mg planta-1)
60
y = -0,007x + 0,8812x - 31,52x + 350,79
150
2
PSR (mg planta -1)
PSPA
(mg planta-1)
3
y = 14,265x - 335,86
500
53
B
A
600
46
Dias após a sem eadura
46
53
60
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
y = -0,0651x + 7,4851
2
R = 0,76
25
32
39
46
53
Dias após a semeadura
Dias após a semeadura
,
F
E
Figura 1. A - Número de folhas por planta, B - altura, C - peso seco da parte aérea
(PSPA), D - peso seco da raiz (PSR), E - peso seco da planta (PSP) e F – relação parte
aérea/raiz de jambu (Acmella oleracea) em função da época de amostragem (dias após a
semeadura). Fortaleza – CE, UFC, 2005.
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