Estudo questiona os efeitos colaterais da Finasterida N 42 Abril/2015

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No 42
Abril/2015
Centro de Farmacovigilância da UNIFAL-MG
Site: www2.unifal-mg.edu.br/cefal
Email: [email protected]
Tel: (35) 3299-1273
Equipe editorial: prof. Dr. Ricardo Rascado; profa. Drª.
Luciene Marques; Bernadete Rocha; Laura Pinheiro;
Marcela Forgerini.
Estudo questiona os efeitos colaterais da Finasterida
Finasterida é indicado para o
tratamento e o controle da hiperplasia
prostática benigna (HPB), que corresponde
ao aumento desta glândula, e para a
prevenção de eventos urológicos, reduzindo
o risco de retenção urinária aguda e de
cirurgias. Este medicamento diminuiu o
tamanho da próstata aumentada, melhora o
fluxo urinário e os sintomas associados à
HPB. Atualmente, na hiperplasia da
próstata, tem-se outro medicamento de
escolha e apenas 20% dos homens com
essa condição usam a Finasterida.
Também atua no couro cabeludo
bloqueando a ação da enzima 5-alfaredutase, responsável por transformar a
testosterona em dihidrotestosterona (DHT),
hormônio relacionado ao afinamento dos
fios. A finasterida 1 mg é indicada para o
tratamento de homens com calvíciealopecia androgênica, para aumentar o
crescimento e prevenir a queda adicional de
cabelo. O produto é contra indicado para
mulheres grávidas, por apresentar efeito
teratogênico mesmo que haja apenas o
contato da pele com o pó liberado pelo
rompimento de uma cápsula do produto.
Os efeitos colaterais são geralmente
leves e não é necessária a descontinuação
da terapia.
Os efeitos adversos
relacionados à droga foram: diminuição da
libido, disfunção erétil e diminuição do
volume do ejaculado. Esses efeitos
desapareceram
nos
homens
que
descontinuaram a terapia e em muitos que
mantiveram a terapia. Os efeitos colaterais
relatados no tratamento da HPB são
aumento do volume e da sensibilidade da
mama e reações de hipersensibilidade,
incluindo edema labial e erupções cutâneas.
Mas, dentre os efeitos colaterais, o
mais conhecido e preocupante para os
homens que fazem o uso, é a disfunção
sexual, podendo apresentar dificuldade em
ter e manter ereções além da perda de
libido. Questões sobre o verdadeiro risco de
sofrer efeitos colaterais sexuais, quanto
tempo podem durar, a gravidade e se a
função sexual pode voltar à normalidade
depois de que seja interrompido o
tratamento seguem sem resposta, o que
dificulta a orientação de médicos e
pacientes sobre o assunto.
De acordo com uma equipe de
pesquisadores americanos e italianos,
foram realizados estudos em 34 testes
clínicos feitos com a Finasterida, e através
deste concluíram que as informações sobre
toxicidade e efeitos colaterais do
medicamento eram muito limitadas, pois
nenhum deles fornecem informações
adequadas sobre gravidade, frequência ou
reversibilidade dos efeitos colaterais na
sexualidade.
Segundo o dermatologista Steven
Belknap, pesquisador da Universidade
Northwestern, nos Estados Unidos, e
principal autor do estudo: "Nos últimos
anos tem havido relatos de homens que
desenvolvem problemas sexuais quando
tomam Finasterida para calvície e muitos
especialistas dizem que isso não pode ser
levado a sério porque testes clínicos foram
feitos e eles mostraram que o medicamento
é seguro". Diante disto, ele decidiu analisar
todos os testes clínicos que teve acesso e
1
encontrou pouca informação para dizer se o
medicamento é seguro.
O estudo liderado por Belknap se
baseou em uma meta-análise que incluiu os
dados de mais de 5.700 homens que
tomaram Finasterida.
Na maioria dos estudos existentes,
baseiam-se suas conclusões sobre a
segurança do medicamento após um ano de
tratamento, embora cerca de um terço dos
homens que tomam o medicamento
continuam o tratamento por um período
maior. E as informações básicas sobre os
efeitos colaterais do medicamento não
puderam ser obtidas nos estudos analisados,
segundo os cientistas. A ciência não explica
por que alguns homens podem apresentar a
disfunção e outros não, e o motivo de os
efeitos persistirem mesmo quando o
medicamento é interrompido em alguns
casos e o quão comum é o aparecimento de
problemas e a severidade.
E em relação a isso a Merck
respondeu que "conduziu testes clínicos
bem elaborados e apoia seus resultados, os
quais foram enviados à FDA e outras
agências regulatórias do mundo”. Belknap
acredita que a chance de que novos testes
sejam realizados é pequena, uma vez que a
droga já está no mercado e há pouco
interesse comercial nisto.
O dermatologista brasileiro Arthur
Tykocinski, membro da Sociedade
Internacional de Transplante Capilar,
afirma que muitos pacientes tomam a
finasterida por anos e grande parte dos
estudos acompanha os homens por um ano
ou menos. O médico conta que recomenda
o remédio apenas para pacientes jovens, na
faixa dos 20 anos, que têm uma produção
maior de testosterona e seus derivados e
correm menos riscos de sofrer os efeitos
nas funções sexuais. "É o único
medicamento com efeito significativo sobre
a calvície, mas ainda estamos um pouco às
cegas e a tendência é que ele seja cada vez
menos prescrito", conta. A partir dos 40
anos, ele diz não indicar o tratamento.
Belknap considera que, para um
medicamento de finalidade estética (ainda
que a calvície possa ser uma questão
importante
para
o
comportamento
psicológico masculino), o risco envolvido
na prescrição é muito alto. "A finasterida
definitivamente causa disfunção sexual em
alguns homens. Por que ela ainda é usada é
um mistério", diz o pesquisador.
Alguns relatos
Durante seis anos, Augusto, 36
anos, tomou 1 miligrama de finasterida
(dosagem
recomendada
em
bula)
diariamente. Uma semana após interromper
o tratamento, os efeitos começaram a
aparecer: o pênis sofreu uma curvatura, ele
começou a ter dificuldade em ter e em
manter a ereção, além de uma diminuição
na consistência e na quantidade do
esperma. "Durante três meses também tive
dificuldades para urinar. Parecia que, de
uma hora para outra, eu tinha envelhecido",
diz. Após percorrer diversos médicos pelo
Brasil, Augusto acabou desistindo de
procurar ajuda. "Ninguém sabe o que fazer,
e todos acabam dizendo que meu problema
é psicológico", diz.
Ricardo, de 53 anos está com
processo aberto contra a Merck. "Tomei a
medicação por cinco anos. Parei a
medicação porque ela tinha me deixado
com uma dor terrível nas costas, causada
pela osteopenia [redução na concentração
de cálcio nos ossos, que pode levar à
osteoporose]." Ao parar com a medicação,
começou a ter problemas para manter a
ereção. "Minha vida sexual não é mais a
mesma. Precisei passar por tratamento
psicológico e faço reposição hormonal até
hoje."
Os brasileiros fazem parte de um
dos principais fóruns na internet para
pessoas que sofreram efeitos adversos da
finasterida. As histórias deles vão ao
encontro das pesquisas clínicas que
apontam os malefícios da medicação. Há
ainda estudos que apontam para problemas
de ordem psicológica, como a depressão,
além de problemas cardiovasculares.
2
Referências bibliográficas
O Globo, Ciência e Saúde: Estudo
questiona efeitos colaterais da
finasterida, Santo Graal dos carecas.
Disponível em:
<http://g1.globo.com/ciencia-esaude/noticia/2015/04/estudoquestiona-efeitos-colaterais-dafinasterida-santo-graal-doscarecas.html>. Acesso em 11 de
abril de 2015.
Veja Abril. "Preferia ter ficado
careca", diz ex-paciente que usava
finasterida. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/noticia/sau
de/preferia-ter-ficado-careca-diz-expaciente-que-usava-finasterida/>.
Acesso em 11 de abril de 2015.
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