X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 A ATUAÇÃO DAS FILOSOFIAS DA MATEMÁTICA E DA/NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA CONSTITUIÇÃO DAS CONCEPÇÕES DOS PROFESSORES NO ENSINO DE MATEMÁTICA1 Lilian Flaviane de Deus Universidade Federal de Lavras [email protected] José Antônio Araújo Andrade Universidade Federal de Lavras [email protected] Resumo: O presente trabalho se propõe discutir qual a atuação da Filosofia da Matemática e da/na Educação Matemática (EM) na determinação de crenças e concepções quanto ao ensino de Matemática e a respeito das práticas investigativas em Educação Matemática (EM), buscando elementos/argumentos que nos permitam refletir sobre e explicar a natureza da Matemática e, assim, determinar como tais filosofias refletem na postura do professor perante o ensino. Daremos destaque às concepções de Ernest (1995), sobre Filosofia da Matemática, e assim ressaltar o que o autor entende por conhecimento e conhecimento matemático. Nesse contexto, será destacado o que o autor caracteriza por filosofia absolutista, falibilista e construtivismo social. Será abordado também o que se entende por filosofias subjetivas difusas e Filosofia da/na Educação Matemática dentro do contexto educacional de acordo com as concepções de Miguel (2003). Será apresentado também um roteiro semi-estruturado para desenvolvimento de narrativas orais de 10 professores da Educação Básica, com o intuito de analisar as filosofias subjacentes em seu discurso e em sua prática docente. Palavras-chave: Conhecimento Matemático; Formação; Perspectivas Filosóficas. Introdução/Justificativa Este trabalho de pesquisa tem por objetivo identificar as crenças e/ou concepções dos professores acerca da Matemática e de que maneira estas refletem em suas práticas de ensino. Pretende-se assim analisar as influências da Filosofia da Matemática e da Filosofia da/na Educação Matemática no processo de formação do professor. As reflexões e os resultados parciais apresentados neste trabalho foram frutos de investigações de diferentes perspectivas da Filosofia da Matemática e Filosofia da/na Educação Matemática. Para compor o corpo de documentos desta pesquisa serão produzidas narrativas orais a partir de um roteiro semi-estruturado que nos permitirá 1 Apoio Financeiro FAPEMIG (Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de Minas Gerais). Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 1 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 contemplar os aspectos que deverão ser analisados em nosso estudo. Com as narrativas produzidas por professores de Matemática da Educação Básica, nosso intuito é compreender melhor a atuação de tais filosofias na postura do professor frente ao ensino. Diversos estudos e pesquisas na área de Educação Matemática têm mostrado que a filosofia concebida pelo professor com relação à Matemática e suas práticas de ensino, refletem no modo como ensinam e consequentemente no modo como os alunos encaram a Matemática, visto que os professores tem grande responsabilidade na construção do conhecimento matemático do aluno e certamente na constituição das concepções dos mesmos perante a Matemática. Nesse sentido, a atuação de determinadas filosofias podem desencadear relações conflituosas entre professor-aluno e o distanciamento ou a aproximação dos alunos da Matemática. As concepções e práticas pedagógicas adotadas pelo professor são resultantes da compreensão que esse tem da Matemática, do contexto social e cultural em que está inserido e das experiências vividas durante seu processo de formação e atuação em sala de aula. Infelizmente, muitas vezes, tais concepções entram em conflito com as práticas de ensino adotadas por um número expressivo de professores, ou seja, esses conhecem e defendem as novas propostas de ensino, mas durante sua prática continuam por exercer as mesmas aulas que trabalhavam há anos, a qual é decorrente de diversos fatores, como a falta de segurança por trabalhar com práticas que não dominam, o tempo reduzido para preparo das mesmas, a comodidade de acreditar que é muito trabalhoso transformar sua prática, entre outros. Esta postura adotada também é decorrente da tendência de ensinar como foram ensinados, ou seja, é mais fácil para o professor adotar uma postura de reprodutor de práticas do que a de um agente investigador e transformador de sua própria prática. É muito importante que o professor desenvolva atitudes de aceitação, mudanças, reflexão, cooperação, comprometimento e busque novas alternativas de ensino, pois quando o professor tenta elaborar estratégias de ensino, refletir sobre sua prática, estabelecer metas e desenvolver novas metodologias de ensino, ele demonstra ter consciência da importância de refletir sobre a natureza da Matemática, o conhecimento matemático e seus objetivos. Isto contribui para a transformação das concepções dos professores sobre o processo de ensino-aprendizagem, refletindo assim em sua postura acerca do ensino e em como o aluno encara a Matemática. Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 2 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 Buscando compreender melhor o papel das Filosofias da Matemática e da Filosofia da/na Educação Matemática na constituição da postura do professor frente ao ensino, será apresentado um conjunto de Filosofias da Matemática as quais influenciam ou, muitas vezes, determinam um modo de se conceber a Matemática e consequentemente seu ensino. Filosofia da Matemática Diversas pesquisas na área da Educação Matemática apontam que a Filosofia da Matemática está presente no processo de formação e nas práticas adotadas pelo professor na sala de aula. A concepção que o professor tem sobre Matemática é de grande relevância nesse processo, pois tal concepção terá uma considerável influencia na constituição da sua postura perante o ensino. De acordo com Ernest (1995) a Filosofia da Matemática é uma área da filosofia que se incumbe de refletir sobre e explicar a natureza da Matemática. A Filosofia da Matemática discute questões como: Em que o conhecimento matemático é baseado? Qual natureza das verdades em Matemática? Quais as características das verdades matemáticas? Como se justificam suas afirmações? Por qual motivo as verdades matemáticas são verdades necessárias? Ernest (1995, p. 4) classifica o conhecimento em duas categorias: a priori e a posteriori. O conhecimento a priori, consiste em proposições que são afirmadas e fundamentadas apenas na razão e o conhecimento empírico ou a posteriori constitui-se de proposições afirmadas e fundamentadas com base na experiência. O conhecimento matemático é classificado pelo autor como conhecimento a priori, ou seja, consiste de proposições afirmadas com base apenas na razão. Neste contexto, a razão é o fundamento do conhecimento matemático e envolve lógica dedutiva e definições usadas em conjunção com um número restrito de enunciados (axiomas ou postulados matemáticos) assumidos como “verdades”, que por sua vez formam uma base a partir da qual se deduz todo o conhecimento matemático por meio de prova dedutiva. De acordo com essa concepção, destacam-se duas perspectivas do conhecimento matemático, a perspectiva absolutista em contraste com a falibilista. A Filosofia Absolutista da Matemática é a mais arraigada e normalmente incorporada nas ações/atitudes dos sujeitos que tem a Matemática como objeto de Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 3 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 investigação e também dos profissionais que ensinam Matemática, principalmente aqueles formados sob a “égide” da racionalidade técnica. A perspectiva absolutista consta de verdades seguras e incontestáveis, com isso o conhecimento matemático é composto de verdades absolutas, o qual representa o único domínio do conhecimento seguro. Ernest (1995) faz uma severa crítica à essa perspectiva absolutista, pois acredita que a mesma oculta todas reveses, equívocos e contradições, bem como o aspecto nãolinear próprios do processo de construção/constituição do conhecimento matemático. Acredita que se o conhecimento matemático é constituído de verdades seguras e incontestáveis, então porque surgiram contradições acerca de tal conhecimento? Ernest (1995) reforça tal questão, afirmando que tais constatações têm, naturalmente, implicações sérias para perspectiva absolutista do conhecimento matemático. Porque se a matemática é segura, e todos os seus teoremas são seguros, como podem contradições (i.e., falsidades) estarem entre seus teoremas? Uma vez que não houve erro acerca do aparecimento dessas contradições, alguma coisa deve estar errada nos fundamentos da matemática (ERNEST, 1995, p. 8). Como conseqüência dessas constatações, houve o surgimento de escolas da Filosofia da Matemática, que tinham por objetivo explicar a natureza do conhecimento matemático e restabelecer sua segurança. As três maiores escolas decorrente da crise eram conhecidas como logicismo, formalismo e construtivismo (incorporando o intuicionismo). As concepções defendidas por essas escolas de que o conhecimento matemático é um objeto puro da razão ou objeto exclusivo da experiência, vem sendo arrastadas a milhares de anos, as quais refletem na constituição das crenças dos professores e, consequentemente, nas práticas pedagógicas adotadas em sala de aula, ou seja, os sucessos ou fracassos pessoais e profissionais são resíduos de tais filosofias explicitadas na postura dos professores, nos procedimentos adotados por eles e certamente nos currículos escolares e acadêmicos. É oportuno esclarecer que estas e outras escolas filosóficas da Matemática Absolutistas falharam ao tentar estabelecer uma necessidade lógica para o conhecimento matemático, pois “a lógica dedutiva apenas transmite verdade, não a injeta, e a conclusão de uma prova lógica é, no melhor, tão segura quanto à premissa mais fraca. (ERNEST, 1995, p. 13)”. Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 4 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 Acredita-se que a rejeição do absolutismo não deve ser vista como uma rejeição da estrutura de desenvolvimento da Matemática, mas sim como uma possibilidade de se discutir a noção de verdade empregada neste contexto, bem como as práticas educativas/pedagógicas que favoreçam uma aprendizagem da Matemática mais crítica e reflexiva. De acordo com Kline (1980) citado por Ernest (1995, p. 20), “a perda da certeza não representa uma perda do conhecimento”. A rejeição do absolutismo abre caminho para a “filosofia falibilista” do conhecimento matemático. A perspectiva falibilista contrasta com a absolutista, pois defende que a verdade Matemática é corrigível, e nunca pode ser considerada como estando acima de revisão e correção. Em comunhão com a perspectiva falibista, Ernest (1995, p. 42) propõe “uma nova Filosofia da Matemática chamada construtivismo social”. O autor afirma que, o construtivismo social admite a Matemática como uma construção, quando afirma que a linguagem, as regras e os acordos humanos são relevantes para instituir e justificar as verdades na Matemática. Compreende que o conhecimento e os conceitos matemáticos, são livres para se desenvolverem e modificarem. “O construtivismo social também adota a tese filosófica de Lakatos de que o conhecimento matemático cresce por meio de conjecturas e refutações, utilizando uma lógica de descoberta em Matemática”. (ERNEST, 1995, p. 42). Alguns autores defendem que os elementos existentes no logicismo, formalismo, construtivismo, construtivismo social da Filosofia da Matemática tem refletido nas concepções que conduzem e regularizam os fundamentos em Educação Matemática. Atualmente ainda é comum enxergar resquícios da perspectiva formalista no ensino da Matemática, em que o conhecimento matemático é organizado por um conjunto de definições, regras, axiomas e teoremas. Infelizmente tal filosofia na maioria das vezes não gera bons resultados para a educação, pois a grande maioria dos professores que adotam essa filosofia, nem sequer fazem reflexões acerca da natureza do conhecimento matemático, tendo a concepção que o ambiente de sala de aula é conduzido somente para o desenvolvimento de cálculo, não dando abertura para indagações e reflexões acerca da Matemática. Para transformar tal realidade é preciso investir na formação dos futuros professores, proporcionando aos mesmos a possibilidade de refletir sobre a natureza do Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 5 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 conhecimento matemático, sobre sua prática, sobre a educação e também fazer com que os professores já atuantes entendam que para ser um bom profissional é preciso, além de dominar o conteúdo, refletir sobre e entender a natureza de tal conteúdo e ter comprometimento, respeito e responsabilidade perante o ensino. A exposição parcial dessas Filosofias da Matemática nos dá uma dimensão do papel de Filosofias Subjetivas (incluindo-se as Filosofias da Educação e da Educação Matemática) atuantes na prática pedagógica e nas praticas de investigação em EM. Miguel (2003) entende que filosofias subjetivas revelam-se difusas, ecléticas e pouco críticas, e como conseqüências do mesmo acabam se transformando por muitas vezes, num impedimento para o crescimento do ensino e de uma aprendizagem da Matemática críticoreflexiva e problematizadora. O autor procura enfatizar o papel das Filosofias Subjetivas na prática pedagógica e da investigação, afirmando que se faz Filosofia na Educação Matemática quando se propõem a investigar e a discutir as repercussões, no terreno da EM de idéias filosóficas publicamente defendidas, acerca da cultura Matemática e de seu processo de circulação. Essas filosofias subjetivas atuam na gestão do currículo de Matemática por meio da intencionalidade do professor, o que torna decisiva a sua pratica pedagógica. A Filosofia da/na Educação Matemática Acreditamos que a postura, crença e/ou concepção adotada pelo professor de Matemática pode estar diretamente associada com algumas formas de se ver a Matemática de um ponto de vista filosófico, o qual é reflexo das práticas sociais de um dado contexto histórico e cultural. Nesse sentido, é oportuno esclarecer que entendemos por prática social a toda ação ou conjunto intencional e organizado de ações físico-afetivo-intelectuais realizadas, em um tempo e espaço determinados, por um conjunto de indivíduos, sobre o mundo material e/ou humano e/ou institucional e/ou cultural, ações essas que, por serem sempre, em certa medida e por um certo período de tempo, valorizadas por determinados segmentos sociais, adquirem uma certa estabilidade e realizam-se com certa regularidade (MIGUEL, 2003, p. 27). Todavia, para o momento, a proposta é fazer um exercício de conceber a EM enquanto prática social o que consiste na reflexão e perspectivação da EM pela janela da Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 6 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 filosofia. A partir deste entendimento, Miguel (2003) desenvolve argumentos para distinguir e caracterizar o que ele denomina de Filosofia da Educação Matemática e Filosofia na Educação Matemática. A Filosofia da Educação Matemática é uma concepção da EM enquanto prática social de investigação e, portanto, uma possibilidade para conceber esta área como uma ciência (campo científico de investigação) que abarca por este constructo toda uma diversidade de métodos e delineamentos teórico-metodológicos. De acordo com Miguel (2003) fazemos filosofia da educação matemática quando realizamos investigações que permitam identificar e avaliar intenções, finalidades, propósitos e valores subjacentes a políticas educativas públicas ou privadas no terreno da educação matemática: reformas oficiais; textos legais; movimentos nacionais e internacionais de reformas; instituições financiadoras, promotoras, executoras e/ou avaliadoras de pesquisas ou de projetos de ações pedagógicas; projetos individuais ou coletivos de pesquisas ou de ações pedagógicas; materiais instrucionais; currículos e livros-texto ( p. 38). Por outro lado, porém não de forma desconexa, a filosofia atua, também, na EM concebida enquanto prática social de ação pedagógica. Tal prática é permeada por diferentes filosofias como a filosofia da educação, mas, sobretudo, pela Filosofia da Matemática a qual perceberemos ser imprescindível na percepção e (re)orientação das concepções relativas ao fazer e ensinar Matemática. Daí a relevância de se fazer e pensar em Filosofia na Educação Matemática. Ao realizarmos investigações que buscam como tematização as tentativas de se “identificar os lugares ou momentos em que o professor depara-se, no exercício de sua prática docente, com problemas de natureza epistemológica” (BKOUCHE, 1997 citado por MIGUEL, 2003, p. 35), estamos fazendo Filosofia na Educação Matemática. Metodologia de pesquisa Para compor o corpo de dados, foi elaborado um roteiro de narrativa semi-estrutura, o qual até o presente momento está em desenvolvimento. A pesquisa tem por objetivo identificar a postura adotada pelo professor diante o ensino e quais crenças e concepções este carrega consigo e que constituem a sua prática pedagógica. Pretende-se também Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 7 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 investigar quais Filosofias da Matemática o professor tem adotado e até que ponto tal filosofia influencia nas crenças e concepções sobre o que é Matemática, conhecimento matemático, ensinar e aprender Matemática. Para o desenvolvimento da pesquisa, serão selecionados 10 professores de Matemática da Educação Básica, levando em consideração as diferentes posturas e práticas adotadas dentro de sala, visto que tais diferenças foram baseadas em nossas crenças e em um conjunto de filosofias que atuam em nosso modo de pensar e agir. A narrativa terá três momentos, os quais serão destacados a seguir. No primeiro momento solicitaremos que o professor faça uma descrição sobre o seu processo de formação. Será questionado como o professor avalia sua formação, se sempre desejou ser professor de Matemática e se em seu curso de formação teve a oportunidade de aprender como se deve ensinar e não só o que se deve ensinar. Os questionamentos serão os seguintes: Fale um pouco de sua formação. Quanto tempo tem de profissão? Por que escolheu ser professor de Matemática? O que é ser professor de Matemática? Quando iniciou sua carreira, você ficou satisfeito(a) com seu processo de formação? Durante a sua formação, teve contato com diferentes concepções de ensino, ou durante esse processo só teve contato com o que se deve ensinar? Que experiências você teve sobre prática pedagógica durante seu processo de formação? No segundo momento pretendemos investigar os professores entendem por Matemática e conhecimento matemático, e assim identificar se o professor concebe que o conhecimento matemático é algo que consta de verdades seguras e incontestáveis ou se o conhecimento matemático é corrigível, e nunca pode ser considerada como estando acima de revisão e correção admitindo assim o conhecimento matemático como uma construção. Com isso será destacado se o professor adota uma perspectiva absolutista, uma perspectiva falibilista da Matemática ou ainda a perspectiva construtivista social. Assim, serão feito os seguintes questionamentos: Para você o que é Matemática? E como se desenvolve o conhecimento matemático dentro da sala de aula? No terceiro momento pretende-se analisar se o professor é um sujeito autocrítico perante sua prática sabendo identificar os pontos positivos e negativos da mesma. Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 8 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 Objetiva-se avaliar o que o professor entende por ensinar Matemática, se conhece seus alunos, e se durante sua prática leva em consideração os valores culturais e sociais que tais alunos trazem de fora da escola. Desejamos identificar se o professor participa de alguma atividade que beneficie e enriqueça a sua prática e assim destacar se o mesmo possui conhecimento da importância de ser um professor pesquisador. Objetivamos também investigar se ele adota uma postura fechada, ou seja, não dando abertura a novas idéias, ou se é aberto a tais idéias, tendo a consciência da importância para o ensino em aceitá-las. As indagações serão as seguintes: Você costuma refletir sobre sua prática pedagógica e como o professor avalia sua prática? Que elementos levam em consideração no processo de ensino-aprendizagem para que ele seja mais significativo? Você conhece seus alunos? O que você entende por ensinar Matemática? E aprender Matemática? O que seria uma aprendizagem satisfatória? E a aprendizagem ideal? Qual a relevância do professor estar em sintonia com as novas proposta de ensino? Não é objetivo desta pesquisa avaliar e/ou criticar a atuação dos professores entrevistados, mas sim dentre as diversas narrativas identificar quais filosofias da Matemática e da/na Educação Matemática refletem nas práticas pedagógica adotadas por eles. As conclusões de tal pesquisa serão apresentadas durante a realização do evento. Considerações finais Os estudos desenvolvidos sobre a Filosofia da Matemática e Filosofia da/na Educação Matemática nos darão sustentação para refletir e analisar a postura de desses professores perante o ensino e o papel destas Filosofias na determinação de suas práticas e como essas refletem no ensino, visto que tais concepções podem trazer conseqüências negativas para o ensino de Matemática. Assim, com o a produção dessas narrativas pretende-se trazer contribuições para debate sobre a complexidade da prática docente possibilitando que esses aspectos sejam levados em consideração nos processos de formação de professores. Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 9 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 Referências ERNEST, Paul. The philosophy of matematics education. Editora Falmer Press, 1995. MIGUEL, Antonio. Formas de ver e conceber o campo de interações entre filosofia e Educação Matemática. In BICUDO, Maria Ap. Viggiani. Filosofia da Educação Matemática: concepções e movimento. Brasília: Plano Editora, 2003, p. 25-44. Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 10