Curso Nova Ortografia da Língua Portuguesa

Propaganda
Seja bem Vindo!
Curso
Nova Ortografia da Língua
Portuguesa
CursosOnlineSP.com.br
Carga horária: 20hs
Conteúdo programático:
Introdução
Breve Histórico
Objetivos e argumentos a favor do novo acordo
As Transformações da Língua
Mudanças no Alfabeto
Uso e Eliminação do Trema
Mudanças nas Regras de Acentuação
Uso do Hífen
Uso do "h"
Utilização de Letras Maiúsculas e Minúsculas
ABL e as Mudanças Finais na Nova Reforma Ortográfica
Confusões entre gramáticos e dicionários
Bibliografia
Introdução
A Língua Portuguesa, única do Ocidente a apresentar dois sistemas
ortográficos oficiais, tem levado os países que compõem o mundo
lusófono (especialmente Brasil e Portugal) a discutir, a partir do
século XX, a necessidade cada vez maior em buscar uniformização
na língua escrita portuguesa. Se questões de ordem histórica,
cultural e social impedem uma coexistência ortográfica mais ampla,
sentiu-se a premência da aproximação dos códigos escritos,
visando-se a critérios de ordem política e econômica.
Como o quinto idioma mais falado no planeta, com cerca de 280
milhões de falantes, a Língua Portuguesa constitui-se como uma
das línguas mais utilizadas no mundo, colocando-se, desta forma,
como instrumento essencial nas relações comunicativas e
interacionais entre as pessoas. Dessa forma, falar português
assume destaque como importante moeda, quer no campo político,
quer econômico, através de projetos que visam ao crescimento dos
países que possuem a Língua Portuguesa como idioma oficial.
Demonstrando estas preocupações, em 1986 reuniram-se, no Rio
de Janeiro, seis países falantes oficiais da Língua Portuguesa
(Guiné-Bissau não compareceu e Timor Leste ainda não era uma
república independente), estabelecendo os primeiros passos para
um acordo ortográfico.
Em 1990, em Lisboa, voltaram a se reunir os sete países (GuinéBissau compareceu), firmando acordo que cria um pacto ortográfico
que atinge os países lusófonos. Após 18 anos de sua elaboração, o
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa passou a vigorar, no
Brasil, a partir de 1º de janeiro de 2009, segundo decretos
assinados pelo Presidente Lula. Nosso País, entre os que integram
a CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), foi o
primeiro a adotar oficialmente a nova grafia, a partir do ano de
2009.
A vigência obrigatória do novo Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa foi adiada pelo governo brasileiro por mais três anos. A
implementação integral da nova ortografia estava prevista para 1º
de janeiro de 2013, contudo, o Governo Federal adiou para 1º de
janeiro de 2016, prazo estabelecido também por Portugal.
As mudanças mais significativas alteram a acentuação de algumas
palavras, extingue o uso do trema e sistematiza a utilização do
hífen. No Brasil, as alterações atingem aproximadamente 0,5% das
palavras. Nos demais países, que adotam a ortografia de Portugal,
o percentual é de cerca de 1,43%.
Breve Histórico
Você pensa que a reforma ortográfica é novidade?
Saiba que não! Os países de língua portuguesa já fizeram vários
acordos para tentar unificar a escrita. O primeiro Acordo Ortográfico
foi celebrado entre Brasil e Portugal em 1931, mas deixou muitas
questões em aberto. No Brasil, esse acordo resultou no Formulário
Ortográfico de 1943.
Em 1945, houve a segunda tentativa de unificação. O Acordo se
tornou lei em Portugal, entretanto não foi ratificado pelo Congresso
Nacional Brasileiro, que manteve o Formulário Ortográfico anterior.
Novos acordos entre Brasil e Portugal começaram a vigorar em
1971 e 1973, porém davam ênfase à alteração dos acentos
gráficos, especialmente os diferenciais.
Outros esforços dos dois países foram frustrados em 1975 e 1986,
porque houve resistência na supressão do acento gráfico nas
palavras proparoxítonas. Em 1988, foi elaborado o Anteprojeto de
Bases da Ortografia Unificada da Língua Portuguesa, que resultou,
em 1990, no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O
documento foi assinado em Lisboa por representantes oficiais de
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e
São Tomé e Príncipe.
Depois de conquistar a independência, Timor-Leste aderiu ao
Acordo em 2004. No dia 29/09/08, o Presidente Lula assinou o
Decreto nº 6.583/08, que aprovou o Acordo Ortográfico.
O novo Acordo Ortográfico busca um consenso, ele não modifica (e
nem poderia fazê-lo) nossa forma de falar, mas procura
padronizar/unificar a escrita da língua portuguesa, ou seja,
mudanças apenas gráficas nos oito países do Comunidade de
Países de Língua Portuguesa - CPLP:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
Brasil
Portugal
Guiné-Bissau
São Tomé e Príncipe
Angola
Moçambique
Cabo Verde
Timor Leste
CRONOLOGIA
1931 – Primeiro Acordo Ortográfico entre Brasil e Portugal.
1943 – Publicação do Formulário Ortográfico.
1945 – Segunda tentativa de unificação.
1971 a 1973 – Acordos que deram ênfase à alteração dos acentos
gráficos.
1975 a 1986 – Esforços frustrados de unificação.
1990 – Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
2008 – Assinatura do Decreto nº 6.583/08, que aprovou o Acordo
Ortográfico.
2009 a 2012 – Serão aceitas as duas ortografias até dezembro de
2012, exceto para os livros didáticos, que deverão estar adaptados
em 2010.
2013 – Nova ortografia -> data de vigência anterior, que foi adiada:
2016 - 1 de janeiro, data em que o Novo Acordo passa a ser
obrigatório.
O Brasil teve um período de transição de quatro anos – de 1º de
janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012 – para implantar a
reforma ortográfica. Os livros didáticos, porém, já estavam
adaptados às novas regras em 2010. Até 2015, foi o prazo final
para adaptação às novas regras.
É importante lembrar que a língua falada não muda.
Continuaremos pronunciando as palavras da mesma forma. O
Acordo altera apenas a língua escrita. Todo processo de mudança
gera dúvidas, principalmente pela falta de informações.
Objetivos e argumentos a favor do novo acordo
Argumentos a favor:





a Língua Portuguesa é a única que tem (tinha) duas grafias oficiais;
simplicidade de ensino e aprendizagem;
unificação de todos os países de língua oficial portuguesa;
fortalecimento da cooperação educacional dos países da CPLP (o
português pode se tornar um dos idiomas oficiais da ONU);
preparação de um vocabulário técnico-científico comum.
Objetivos do Acordo:
Publicações circulam entre as nações da Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa sem necessidades de revisão ou de
“versões”.
Sentido político do Acordo: o grande objetivo do Acordo é unificar a
ortografia de Língua Portuguesa.
Outros objetivos:
•Facilitar o processo de intercâmbio cultural e científico entre as
nações;
•Ampliar a divulgação do idioma e da literatura em língua
portuguesa.
As Transformações da Língua
As línguas se transformam. As línguas mudam. A caminhada ao
longo dos tempos, os espaços que separam os grupos sociais, os
processos interativos que envolvem as pessoas produzem
mudanças que, aos poucos, fazem de uma língua um elemento que
se descaracteriza em relação ao que era antes. Entretanto,
permanece viva, forte e com um poder de comunicação que
acontece exatamente porque ela muda, caminha, se faz outra. É
como se ela mudasse para permanecer a mesma.
O linguista Marcos Bagno, em seu livro "Nada na língua é por
acaso", em que discute o que chama de uma pedagogia da
variação linguística, cita uma declaração do romancista português
José Saramago, provavelmente o maior escritor em Língua
Portuguesa atual, vivo, que diz o seguinte:“quase me apetece dizer
que não há uma língua portuguesa, há línguas em português”
(2007, p. 39). E é isto que apresentamos aqui. Não há nenhuma
possibilidade de qualquer língua, em qualquer parte do universo,
permanecer igual, no tempo e no espaço.
Assim, mudar é, necessariamente, viver. E, parodiando o
grandefilósofo francês René Descartes: "falo, logo existo". A
afirmação, neste caso, traz como sinônimo, nas intencionalidades
que o falar carrega, a mesma carga do pensar, o que demonstra a
importância da discussão que ora estamos apresentando. Vejamos
mais algumas passagens da obra de Bagno, citada acima, em que
mostra alguns textos históricos escritos em língua portuguesa.
Textos antigos, dos primeiros escritos em nossa língua-mãe que,
em alguns momentos, parecem uma língua estrangeira.
Poderíamos, inclusive, pensar: É, escreviam daquele jeito. E, quem
sabe, ficassem assustados se soubessem como escrevemos hoje.
Percebam como Fernão Lopes, historiador português que viveu no
século XIV, durante a fase arcaica, em tempos antigos, de nossa
língua, produzia sua escrita: “Deu os bens d'alguns aaquelles que
lh'os pediam, os quaes se houveram por mui agravados, dizendo
que culpava êlles porque se davam tão azinha, não se podendo
mais defender, aos inimigos”(BAGNO, 2008, p. 92). Afinal, o que
significa esta tal deazinha? Ele com dois “eles” e um acento
circunflexo? Que nota teria, em um texto dissertativo, um aluno que
produzisse tal escrita em uma redação de vestibular? Não seria
necessário traduzir o que Fernão Lopes escreveu?
E tem mais. Uma das escrituras que mais nos orgulham, que
declara oficialmente as terras brasileiras para o mundo, é a carta de
Pero Vaz de Caminha, em 1º de maio de 1500, falando sobre o tal
do Brasil. Temos certeza de que Caminha escrevia em português?
Vamos ver:
"Easy segujmos nosso caminho per estemar delomgo ataa terça
feira doitauas depáscoa que foram xxj dias dabril quetopamos
alguus synaaes de tera seemdoda dita jlha segundo os pilotos
deziam obrade bjc lx ou lxx legoas. os quaaes heramuita camtidade
deruas compridas a queos mareantes chama botelho e asyOutras
aque tambem chama Rabodasno.Eaaquarta feira segujmte
pólamanhãã topamos aves aque chamafura buchos . e neeste dia
aoras de bespera ouuemos vista de terá primeiramente
dhuugramde monte muy alto . e Redomdo e doutrasserras mais
baixas ao sul dele e de terra chããcom grandes aruoredos ao qual
monte alto ocapitam pos nome o monte pascoal" (BAGNO,2008, p.
165).
Perceberam o que estamos sugerindo com estes textos? Todos são
Língua Portuguesa. A mais pura e legítima. Para a época em que
foram escritas estas palavras, é claro. E é assim mesmo. Uma
língua muda porque seus falantes e escritores mudam. E, nós,
falantes de uma língua que está entre as mais faladas do planeta,
precisamos fazer ouvir cada vez mais nossa voz e nossa escrita.
Pois, politicamente, precisamos mostrar nossa força, nossa garra e
nossa capacidade de sermos sempre mais fortes, mais
desenvolvidos. Não há por que ter medo. De repente, alguém pode
pensar: Estava tão bom assim! Vamos ter que aprender tudo de
novo? Não. Estamos crescendo, ficando melhores. Mais unidos.
Vamos entender melhor nossos irmãos de Portugal, de Angola, de
Moçambique, de Guiné-Bissau,de Cabo Verde, de São Tomé e
Príncipe.
E, evidentemente, do Brasil.
Mudanças no Alfabeto
As regras apresentadas a seguir não constituem todo o Acordo
Ortográfico. Selecionamos as mais relevantes. De qualquer forma,
faz-se necessário que tenhamos sempre as regras por perto como
fonte de consulta. Não aconteceram, como já dissemos antes,
muitas mudanças, mas, até conseguirmos fixá-las adequadamente,
precisamos estudá-las.
1) MUDANÇAS NO ALFABETO
O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as
letras k, w e y. O alfabeto completo passa a ser:
As letras k, w e y, que, na verdade, não tinham desaparecido da
maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias
situações.
a) Na abreviatura de símbolos, siglas e palavras adotadas
como unidades de medida internacionais:
b) Na forma escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus
derivados).
Uso e Eliminação do Trema
Não se utiliza mais o trema (¨), sinal gráfico que era colocado sobre
a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada, nos
grupos gue, gui, que, qui, em palavras portuguesas ou
aportuguesadas.
Atenção: O trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e
em suas formas derivadas. Exemplos: Führer, Hübner, hübneriano,
Müller, mülleriano, Bündchen.
O trema, em seu uso na Língua Portuguesa, servia apenas como
indicação da pronúncia da vogal “u”. Em palavras estrangeiras,
entretanto, possui uma notação diferente. O “ü” apresenta uma
fonetização peculiar, colocando-se como um meio-termo entre o “u”
e o “i”.
Mudanças nas Regras de Acentuação
a) NÃO SE USA mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima
sílaba).
Atenção: Essa regra é válida somente para palavras paroxítonas.
Assim,
continuam
a
ser
acentuadas
as
palavrasoxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exemplos:
papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
Observação: Deve-se observar, entretanto, que, se há a
necessidade da acentuação da palavra, por outra regra que a
justifique, deve-se fazê-lo. Exemplos: destróier, Méier e contêiner
(paroxítonas terminadas em “r”), aracnóideo (paroxítona terminada
em ditongo crescente).
b) NAS PALAVRAS PAROXÍTONAS, não se usa mais o acento
no i e no u tônicos, quando vierem depois de um ditongo.
Atenção: Se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos:
tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
c) NÃO SE USA MAIS o acento das palavras terminadas
em êem e ôo (s).
d) NÃO SE USA MAIS o acento que diferenciava os
pares pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s)
pêra/pera.
Atenção:
-> Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma
do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na
3ªpessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na
3ª pessoa do singular. Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais
cedo, mas hoje ele pode.
-> Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é
preposição. Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi
feita por mim.
-> Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos
verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter,
reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Exemplos:
Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as
aulas.
-> É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a
frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do
bolo?
Observação: Neste caso, sugere-se, para efeitos de clareza, o
acento circunflexo no “o” fechado (ô) especialmente quando há
possibilidades de ambiguidade.
-> É facultativo, para efeitos de clareza, o acento circunflexo
em dêmos (1ª pessoa do presente do subjuntivo), para distinguir
de demos (1ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo). Como no
Brasil a forma é sempre fechada, o acento não deve ser usado.
-> É facultativo, para efeitos de clareza, o acento agudo no pretérito
perfeito do indicativo (amámos , louvámos, etc.), para distinguir das
formas correspondentes do presente do indicativo ( amamos,
louvamos, etc.). Como no Brasil a forma é normalmente fechada, o
acento não deve ser usado.
e) NÃO SE USA MAIS o acento agudo no u tônico das formas (tu)
arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos
verbos arguir e redarguir.
f) Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar,
quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar,
enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas
pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do
presente do subjuntivo e também do imperativo.
-> Se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem
ser acentuadas. Exemplos:
- Verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam;
enxágue, enxágues, enxáguem.
- Verbo delinquir: delínquo, delínques,
delínqua, delínquas, delínquam.
delínque,
delínquem;
-> Se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de
ser acentuadas. Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é,
deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
- Verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam;
enxague, enxagues, enxaguem.
- Verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem;delinqua,
delinquas, delinquam.
Atenção: No Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela
com a e i tônicos.
Uso do Hífen
Algumas regras que se referem ao uso do hífen foram alteradas
pelo novo Acordo. Apresentamos um resumo das regras que
orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim como
as novas orientações estabelecidas pelo novo Acordo.
As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras
formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como
prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto,
circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra,
inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré,
pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice,
etc.
a. USA-SE HÍFEN nas formações em que o segundo elemento
inicia por h. Exemplos:
Atenção:
-> No que se refere ao uso do hífen após o prefixo sub, quando o
segundo elemento inicia com h, a ABL adota o seguinte
critério: suprimem-se o hífen e o h. Exemplos: subumano,
subepático.
-> Os prefixos co e re, em razão do uso tradicional, sempre se
aglutinam ao segundo elemento, mesmo quando estes iniciam
por o ou e (cooperar, coincidir, reeleger, reintegrar). Quando o
radical inicia por h, há a supressão do hífen e, da mesma forma,
do h. Exemplos: coerdeiro, coabitar, reabitar, reaver.
-> Com os prefixos des e in, em radicais iniciados com h, não se
usa hífen e suprime-se o h. Exemplos: desumano, desumidificar,
inábil, inumano.
b. NÃO SE USA O HÍFEN quando o prefixo termina em vogal
diferente da vogal com que se inicia o segundo
elemento. Exemplos:
c. NÃO SE USA O HÍFEN quando o prefixo termina em vogal e o
segundo
elemento
começa
por consoante
diferente
de r ou s. Exemplos:
Atenção: Com os prefixos ex, sota, soto, vice, vizo, usa-se
sempre o hífen. Exemplos: ex-presidente, sota-mestre, sotoalmirante, vice-rei, vizo-rei, etc.
d. NÃO SE USA O HÍFEN quando o prefixo termina em vogal e
o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicamse essas consoantes. Exemplos:
e. QUANDO O PREFIXO TERMINA por vogal, usa-se o hífen se o
segundo elemento começar pela mesma vogal. Exemplos:
Atenção:
Prefixos co e re não seguem a regra. Ex: coobrigar, reeditar.
f. QUANDO O PREFIXO TERMINA por consoante, usa-se o hífen
se o segundo elemento começar pela mesma consoante. Exemplos:
Atenção:
-> Nos demais casos não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado,
intermunicipal, superinteressante, superproteção.
-> Com os prefixos ab, ob, sob, sub, usa-se o hífen também diante
de palavra iniciada por r ou b. Exemplos: ab-rupto, ob-rogar, sobroda, sub-região, sub-raça, sub-bibliotecário, etc.
-> Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra
iniciada por m, n, h, b, p e vogal. Exemplos: circum-hospitalar,
circum-murado, circum-navegação, pan-americano, pan-harmônico,
pan-mágico, etc.
g. QUANDO O PREFIXO TERMINA por consoante não se usa o
hífen se o segundo elemento começar por vogal. Exemplos:
h. EMPREGA-SE O HÍFEN nos compostos com os elementos ex,
sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró. Exemplos:
Atenção: As formas átonas dos prefixos pré, pós e pró aglutinamse ao segundo elemento. Exemplos: prever, pospor, promover.
i. DEVE-SE USAR o hífen com os sufixos de origem tupiguarani, quando o primeiro elemento termina por vogal acentuada
graficamente, ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica entre
os dois elementos: açu, guaçu emirim. Exemplos: amoré-guaçu,
anajá-mirim, capim-açu, Ceará-Mirim, etc.
j. DEVE-SE USAR O HÍFEN para ligar duas ou mais palavras que,
ocasionalmente, se combinam, formando não propriamente
vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte
Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo, estrada Belém-Brasília, acordo
Angola-Brasil, etc.
k. NÃO SE DEVE USAR o hífen em certas palavras
que perderam, em certa medida, a noção de composição e
passaram a ser escritas de forma aglutinada. Exemplos:
Atenção:
• Outros compostos com as formas verbais manda e para são
separados por hífen, conforme determina a regra. Exemplos:
manda-tudo, para-lama.
• Emprega-se, em geral, hífen em palavras que designam espécies
botânicas e zoológicas. Exemplos: couve-flor, bem-te-vi.
• Quando
o
primeiro
elemento
da
palavra
composta
for bem ou mal e o segundo elemento começar por vogal, h ou l,
usa-se hífen. Exemplos: bem-apanhado, bem-humorado, malhabituado, mal-estar.
Obs.: Os advérbios bem e mal podem aglutinar-se ao segundo
elemento. Exemplos: benfeitor, benquisto, benfazer, malcriado,
malnascido, malvisto.
l. USA-SE HÍFEN nos compostos sem elemento de ligação e que
estão representados por forma substantiva, adjetiva, numeral ou
verbal. Exemplos:
Atenção:
• Diferentemente da composição acima, formas adjetivadas do tipo
afro, anglo, euro, franco, luso, e outros, são grafadas sem hífen.
Exemplos: afrodescendente, anglomania, eurocêntrico, francolatria,
lusofonia.
m. PARA CLAREZA GRÁFICA, se, no final da linha, a partição de
uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele
deve ser repetido na linha seguinte. Exemplos:
EMPREGO DO HÍFEN: RESUMO
Uso do "h"
Mantém-se o "h" inicial:
-> em razão da origem da palavra:
homine – homem;
habitus – hábito
-> por convenção:
hã?, hem?, hum!
-> quando está no segundo elemento que se liga ao primeiro por
hífen:
super-homem, sobre-humano, anti-higiênico, anti-horário
-> no final de interjeições: ah!, eh!, ih!, uh.
Elimina-se o h inicial:
-> nos vocábulos compostos, em que o segundo elemento se
aglutina ao primeiro:
re + habilitar = reabilitar
re + humanizar = reumanizar
Utilização de Letras Maiúsculas e Minúsculas
Escrevem-se obrigatoriamente com iniciais maiúsculas:
Nomes Próprios -> Brasil, Pedro, Academia de Letras
Instituições -> Instituto Nacional de Previdência Social
Festas, Festividades -> Natal, Páscoa, Festa da Uva
Pontos Cardeais -> o Norte (por o Norte do Brasil),“empregados
absolutamente”: o Nordeste, o Ocidente.
Periódicos -> Correio do Povo, Veja, Jornal do Brasil
Escrevem-se opcionalmente com iniciais maiúsculas:
Logradouros Públicos
rua da Consolação ou Rua da Consolação
avenida Brasil ou Avenida Brasil
Templos, Edifícios
igreja da Penha ou Igreja da Penha
palácio da Polícia ou Palácio da Polícia
Reverência, Cargos, Funções Religiosas
senhor doutor Quincas ou Senhor Doutor Quincas
bacharel Mauro ou Bacharel Mauro
santo Onofre ou Santo Onofre
Disciplinas, Cursos, Domínio do Saber
língua portuguesa ou Língua Portuguesa
curso de letras ou Curso de Letras
física quântica ou Física Quântica
Utilização de letras Minúsculas:
Nomes Comuns em Geral -> casa, livro, edifício, guarda-chuva ...
Nomes das Estações do Ano -> primavera, verão,
dos Meses e Dias da Semana -> junho, domingo ...
Pontos Cardeais -> norte, sul, leste, oeste
ABL e as Mudanças Finais na Nova Reforma
Ortográfica
A Academia Brasileira de Letras/ABL, após a apresentação do 5º
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa/VOLP, através de
comunicado público, apresentou esclarecimento sobre a publicação
do dicionário e sugeriu mudanças em alguns pontos das Novas
Regras que constituíam motivos de divergências nos meios
acadêmicos e escolares.
a. Supressão do hífen em locuções de quaisquer naturezas,
possibilitando maior alcance de percepção quanto ao uso.
Exemplos: Dia a dia/locução substantiva (O dia a dia do trabalhador
é muito cansativo), à toa/locução adjetiva (Este é um problema à
toa).
b.
Restabelecer o acento gráfico nos paroxítonos com os
ditongos ei e oi quando incluídos na regra geral dos terminados
em r: Méier, destróier, blêizer.
c. Restabelecer o acento circunflexo nos paroxítonos com o
encontro ôo quando incluídos na regra geral dos terminados em n:
herôon.
d. Incluir na regra geral de acentuação os paroxítonos terminados
em om: iândom, rádom (variante de rádon).
e. Incluir o emprego do acento gráfico na sequência ui de hiato,
quando a vogal tônica for i , como na 1ª pessoal do singular do
pretérito do indicativo: arguí.
f.
Limitar as exceções de emprego do hífen às
palavras explicitamente relacionadas no Acordo, admitindo
apenas
as
formas
derivadas e aquelas consagradas pela tradição ortográfica
dos vocabulários oficiais, como passatempo.
g. Incluir o emprego do hífen nos compostos formados com
elementos repetidos, com ou sem alternância vocálica ou
consonântica de formas onomatopeicas: blá-blá-blá,
recoreco, trouxe-trouxe, zigue--zague.
h.
Utilizar
hífen,
em
composições
relativas
às denominações botânicas e zoológicas, as formas designativas
de espécies ou produtos afins e derivados, conforme prática da
tradição ortográfica: azeite-de-dendê, bálsamo-do-canadá.
i. Excluir do emprego do hífen as formas homógrafas de
denominações botânicas e zoológicas que têm significações
diferentes àquelas: bico de papagaio, “nariz adunco”, “saliência
óssea”.
j. Excluir o hífen de palavras iniciadas pelo prefixo co (coabit
ar, coabilidade, etc.). Assim, por coerência, co-herdeiro passará
a coerdeiro.
k. Incluir, por coerência e em atenção à tradição ortográfica, os
prefixos re-, pre- e pro- à excepcionalidade do prefixo co: reaver,
reeleição, preencher, proótico.
l. Registrar a duplicidade de formas quando não houver perda de
fonema vocálico do 1º elemento e o elemento seguinte começar
por h, exceto os casos já consagrados , com eliminação
desta letra: bihebdomadário e biebdomadário, carbo-hidrato e
carboidrato, mas só cloridrato.
m. Incluir entre as locuções, portanto não hifenadas, as unidades
fraseológicas constitutivas de lexias nominalizadas do tipo: deus
nos acuda, salve-se quem puder, faz de conta , etc.
n. Excluir o emprego do hífen nas expressões latinas quando
não aportuguesadas: ab ovo, ad immortalitatem,carpe diem, in
octavo, mas, in-oitavo.
o. Excluir o emprego do hífen com o prefixo an quando o 2º
elemento começar por h, letra que cai, à semelhança dos
prefixos des e in: anistórico, anepático. Na forma a usa-se o hífen e
não se elimina o h: a-histórico.
p. Excluir o emprego do hífen nos casos em que as
palavras não e quase funcionam como prefixos: não agressão, não
fumante, quase delito, quase irmão.
Confusões entre gramáticos e dicionários
Existe a possibilidade do estudante encontrar em dois dicionários
diferentes, ambos atualizados com a nova ortografia, a mesma
palavra sendo grafada de forma diferente, o que pode gerar
confusão. Como foi visto neste curso, algumas grafias "antigas", já
consagradas pelo uso, se mantêm corretas, e portanto, possibilitam
ser utilizadas nas duas formas que se apresentam.
Veja na tabela abaixo algumas grafias de palavras que são
apresentadas de modo diferente de acordo com o dicionário em que
se pesquisa:
Especialmente nos casos em que pode haver alguma ambiguidade,
como mencionado nas lições, se deve optar por uma grafia ou por
outra, conforme o contexto. Mas é importante frisar que a grafia
adotada para uma determinada palavra em um determinado texto
deverá ser adotada no texto inteiro, visando a coerência e o bom
entendimento do leitor. Por exemplo, se você está escrevendo um
texto sobre "para-brisa" e optou por esta grafia, deverá utilizá-la no
texto todo, e não alternar para "parabrisa" e depois voltar para
"para-brisa".
De qualquer modo, a recomendação é que se siga as regras como
demonstradas neste curso.
SUGESTÕES DE TEXTOS E EXERCÍCIOS
SUGESTÃO 01
O professor Francisco Marçal dos Santos, em texto fictício,
apresenta interessante exemplo de possíveis mudanças que a
Língua Portuguesa escrita sofreu ao longo dos tempos,
especialmente nos séculos XX e XXI.
É um exercício bastante útil descobrirmos as mudanças que
aconteceram em tão pouco tempo em nossa escrita. É uma forma
de percebermos as mudanças que as línguas apresentam ao longo
dos tempos. É nossa proposta, inclusive, que se construam
exercícios deste tipo, envolvendo situações do cotidiano, para que
estas mudanças possam ser percebidas, além de se garantir uma
fixação mais competente das novas regras. O que você acha?
a. Até os anos 1930
João acorda na manhan de sabbado, começa a tomar seu
cafèzinho, mas percebe signais de uma jibóia, prompta para dar o
bote. Ele pára, olha e tenta sahir tranqüilamente da sala, sem
assutal-a. Alguns vizinhos o vêem correndo pela auto-estrada e
oferecem abrigo na egreja.
b. Até os anos 1970
João acorda na manhã de sábado, começa a tomar seu cafèzinho,
mas percebe sinais de uma jibóia, pronta para dar o bote. Ele pára,
olha e tenta sair tranqüilamente da sala, sem assustá-la. Alguns
vizinhos o vêem correndo pela auto-estrada e oferecem abrigo na
igreja.
c. Até 2008
João acorda na manhã de sábado, começa a tomar seu cafezinho,
mas percebe sinais de uma jibóia, pronta para dar o bote. Ele pára,
olha e tenta sair tranqüilamente da sala, sem assustá-la. Alguns
vizinhos o vêem correndo pela auto-estrada e oferecem abrigo na
igreja.
d. A partir de 2009
João acorda na manhã de sábado, começa a tomar seu cafezinho,
mas percebe sinais de uma jiboia, pronta para dar o bote. Ele para,
olha e tenta sair tranquilamente da sala, sem assustá-la. Alguns
vizinhos o veem correndo pela autoestrada e oferecem abrigo na
igreja.
SUGESTÃO 02
Este texto, produzido pela professora Elida Kroning, apresenta
interessante exercício textual sobre as novas regras ortográficas
que pode ser utilizado em sala de aula. Foi o que fez o professor
Isaac Ferreira, professor e doutor em Língua Portuguesa, com
alunos da Escola Básica Municipal Donícia Maria da Costa,
localizada no bairro Saco Grande, em Florianópolis, Santa Catarina.
Eis, na íntegra, o exercício como foi proposto pelo professor Isaac:
“Leia o texto a seguir tantas vezes quantas achar necessárias para
a compreensão das mudanças ortográficas na Língua Portuguesa
escrita a partir de 1º de janeiro de 2009.
A crônica: Como será daqui pra frente?
Elida Kronig
Estive vendo as novas regras da ortografia. Na verdade, já tinha
esbarrado com elas trilhares de vezes, mas apenas hoje que as
danadas receberam uma educada atenção de minha parte.
Devo confessar que não foi uma ação espontânea. Que eu me
lembre, desde o ano retrasado que uma amiga me enche o saco
para escrever a respeito. O faço com a esperança de que diminua o
volume de e-mails e torpedos que ela me envia. Em suma, que as
novas regras ortográficas a mantenham sossegada por um bom
tempo.
Cai o trema!
Aliás, não cai... Dá uma tombadinha. Linguiça e pinguim ficam
feios sem ele, mas quantas pessoas conhecemos que utilizavam o
trema a que eles tinham direito? Essa espécie de "enfeiação" já
vinha sendo adotada por 98% da população brasileira. Resumindo,
continua tudo como está.
Alfabeto com 26 letras? O K e o W são moleza para qualquer
internauta que convive diariamente com Kb e Web-qualquer coisa.
A terceira nova letra de nosso alfabeto tornou-se comum com os
animes japoneses, que tem a maioria de seus personagens e
termos começando com y. Esta regra tiramos de letra.
O hífen é outro que tomba, mas não cai. Aquele tracinho no meio
das vogais, provocando um divórcio entre elas, vai embora. As
vogais
agora
convivem
harmoniosamente
na
mesma
palavra. Auto-escola cansou da briga e passou a
ser autoescola, auto-ajuda adotou autoajuda.
Agora, pasmem! O que era impossível tornou-se realidade.
Contra-indicação, semi-árido e infra-estrutura viraram amantes,
mais
inseparáveis
que
nunca.
Só
assinam
contraindicação, semiárido
e infraestrutura. Quem será o
estraga-prazer a querer afastá-los?
Epa! E estraga-prazer, como fica? Deixa eu fazer umas
pesquisas básicas pela Internet. Huuummm... Achei! Essas duas
palavrinhas vivem ocupadíssimas, cada uma com suas próprias
obrigações. Explicam que a sociedade entre elas não passa de uma
simples parceria. Nem quiseram se prolongar no assunto. Para
deixar isso bem claro, vão manter o traço.
Na contramão, chega um paraquedista trazendo um para-lama,
um para-choque e um para-brisa. Com ou sem hífen? Joguei tudo
no porta-malas pra vender no ferro-velho. O paraquedista com
cara de pão de mel ficou nervoso. Só acalmou quando o banhei
comágua-de-colônia numa banheira de hidromassagem. Então os
nomes compostos não usam mais hífen? Não é bem assim. Os
passarinhos continuam com seus nomes: bem-te-vi, beija-flor. As
flores também permanecem como estão: mal-me-quer. Por se
achar a tal, a couve-flor recusou-se a retirar o tracinho e a
delicada erva-doce nem está sabendo do que acontece no mundo
do idioma português e vai continuar adotando o tracinho. As cores
apelaram com um papo estranho sobre estarem sofrendo
discriminações sexuais e conseguiram na justiça, o direito de
gozarem com o tracinho. Ficou tudo rosa-choque, vermelhoacobreado, lilás-médio... As donas de casa, quando souberam da
vitória da comunidade GLS, criaram redes de novenas funcionando
por 24h, para que a feira não se unisse sem cerimônia aos dias da
semana. Foram atendidas pelo próprio arcanjo Gabriel que fez uma
aparição numa das reuniões, dando ordens ao estilo Tropa de Elite:
- Deixe o traço! Deu certo. As irmãs segunda-feira, terça-feira e as
demais mantiveram o hífen. Os médicos e militares fizeram um
lobby, gastaram uma nota preta pra manter o tracinho. Alegaram
que sairia mais caro mudar os receituários e refazer as
fardas: médico-cirurgião, tenente-coronel, capitão-do-mar.
Uma pequena pausa para a cultura, ocasionada pelo trauma de ler
muitas pérolas do Enem e Vestibular. Só por precaução... Almirante
Barroso não tem tracinho. Assim era chamado Francisco Manuel
Barroso da Silva. Sim, o cara era militar da Marinha Imperial. Foi ele
quem conduziu a Armada Brasileira à vitória na Batalha do
Riachuelo, durante a Guerra da Tríplice Aliança. No centro do Rio
de Janeiro há uma avenida com seu nome (Av. Almirante Barroso).
Na praia do Flamengo, há um monumento, obra do escultor Correia
Lima, em cuja base se encontram os seus restos mortais. Fim da
pausa!
Acho que algumas regras pra este tracinho, até que simpático,
foram criadas por algum carioca apaixonado. Será que Thiago
Velloso e André Delacerda tiveram alguma participação nas novas
regras? O R no início das palavras vira RR na boca do carioca. Não
pronunciamos R (como
em
papiro,
aresta
e
arara),
pronunciamos RR (como
em
ferro,
arraso
e
arremate).
Falamos rroldana e
não roldana,
rrodopio e
não rodopio, rrebola e não rebola.
Pois bem, numa das tombada do hífen, o R dobra e deixa algumas
palavras
com
jeito
carioca
de
ser: autorretrato, antirreligioso, suprarrenal. Será fácil lembrar
desta regra. Se a palavra antes do tracinho (nem vou falar em
prefixo) terminar com vogal e a palavra seguinte começar com R é
só lembrar dos simpáticos e adoráveis cariocas. Mais uma coisinha:
a regra também vale para o S. Fico até sem graça de comentar
isso, pois todos sabemos que o S é um invejoso que gosta de imitar
o R em
tudo. Ante-sala vira antessala, extraseco viraextrasseco e por aí vai...
Quem segurou mesmo o hífen, sem deixá-lo cair, foram os sufixos
terminados em R, que acompanham outra palavra iniciada com R,
como
em
inter-regional
e hiperrealista. Estes tracinhos continuarão a infernizar os cariocas.
O pré-natal esteve tão feliz, rindo o tempo todo com o pósparto de uma camela pré-histórica que ninguém teve coragem de
tocar no tracinho deles. Já o pró-, um chato por natureza, foi
completamente ignorado. Só assim manteve o tracinho: prólabore, pró-desmatamento.
A vogal e o h não chegaram a nenhum acordo, mesmo com anos
de terapia. Permanecem de cara virada um pro outro: antihigiênico, anti-herói, anti-horário.
Estou
começando
a
achar que as vogais são semi-hostis com as consoantes.
Uma inovação interessante: - Podem esquecer o mixto, ele foi
sumariamente despedido. Puseram o misto no lugar dele. Fiquei
bolada com essa exceção: o prefixo co não usa mais hífen. Seguiu
os exemplos de cooperação ecoordenado, que sempre estiveram
juntas. Não estou me lembrando, no momento, de nenhuma palavra
que useco com tracinho. Será que sempre escrevi errado?
Quem diria que o créu suplantaria a ideia!? Teremos que nos
acostumar com as ideias heroicas sem o acento agudo. Rasparam
também o acento da pobre coitada da jiboia.
O acento do créu continua porque tem o U logo depois. Pelo menos
a assembleia perdeu alguma coisa...
Resta o consolo em saber que continuamos vivendo tendo um
belíssimo céu como chapéu.
Após a leitura, cole o texto no caderno de Língua Portuguesa”.
Em relação ao aproveitamento deste texto, ele oferece uma
excelente oportunidade para o desenvolvimento da criatividade de
nossos alunos em relação à sua capacidade de produção textual.
Cabe aos professores aproveitarem estes momentos para
exercícios significativos e, certamente, bastante prazerosos.
Bibliografia
- Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa: como fica nossa
língua escrita. Secretaria de Estado da Educação. Florianópolis,
2009.
- http://www.academia.org.br/abl
- Reforma Ortográfica: guia de bolso. Biblioteca digital da Câmara
dos Deputados. -> http://bd.camara.gov.br/bd/
- http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/reformaortografica-hifen---prefixacao-o-caso-dos-prefixos-e-falsosprefixos.htm
- http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramaticaortografia/17/artigo134868-1.asp
- http://dicasdeportugues.tumblr.com/
- http://www.brasil.gov.br/educacao/2014/12/acordo-ortografico-soentrara-em-vigor-em-2016
- http://educador.brasilescola.com/trabalho-docente/principaisalteracoes-reforma-ortografica.htm
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulário Ortográfico
da Língua Portuguesa. 5. ed. São Paulo: Global, 2009.
AZEREDO, José Carlos de (coord.). Escrevendo pela nova
ortografia: como usar as regras do Novo Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa. Instituto Antônio Houaiss. 2. ed. São Paulo:
Publifolha, 2008.
BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia
da variação linguística. São Paulo: Parábola, 2007.
BECHARA, Evanildo. O que muda com o novo Acordo Ortográfico.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
REVISTA LÍNGUA. Guia da nova ortografia. Edição especial. São
Paulo: Segmento, 2009.
SANTOS, Francisco Marçal dos. O Estado de São Paulo: como fica
a Nova Ortografia. São Paulo: Jornal O Estado de São Paulo, 2008.
SILVA, Maurício. O novo acordo ortográfico da língua portuguesa: o
que muda, o que não muda. São Paulo: Contexto, 2009.
TUFANO, Douglas. Guia prático da Nova Ortografia: saiba o que
mudou na ortografia brasileira. Michaelis. Melhoramentos, São
Paulo, 2008.
Download