Psicomotricidade Rítmica e Auditiva (PRA) teste de execução • HERALDO BARROS BAlDENSE 1. Introdução; 2. Material e métodos; 3. Conceituação. ... 1. Introdução Este trabalho é, antes de tudo, uma apresentação preliminar de um vasto campo de estudo: o ritmo. A nossa convivência de seis· anos no hospital Adauto Botelho, em Engenho de Dentro (Serviço Nacional de Doenças Mentais); na nossa clínica, Instituto Médico Psicológico S. Felicidade, sito à rua Adolfo Bergamini, 271 - Rio de Janeiro; no Manicômio Judiciário de Vitória, levou-nos à pesquisa de um teste que, aliado aos demais sintomas apresentados pelo paciente, nos permitisse uma melhor análise sobre a sua personalidade, os seus reflexos psicomotores e a necessidade de umeletroencefalograma. Num curso de eletroencefalografia por nós assistido no Centro de Estudos Paulo Elejalde (órgão científico-cultural do Centro Psiquiátrico Pedro 11 - SNDM - DNSMS), ministrado pelo Dr. Solon de Mello, ouvimos desse especialista a observação que "o ideal seria se todas as pessoas pudessem tirar um eletroencefalograma (EEG), porém, tal procedimento torna-se impraticável, por motivo fmanceiro". Arq. bras. Psic. apl., Rio de Janeiro, 30 (1-2): 118-129, jan./jun. 1978 ... - - Essa observação foi para nós um estímulo na pesquisa do nosso teste, pois quanto mais elementos pré-diagnósticos o profissional possuir numa análise, ou num pedido de um EEG, mais rapidamente alcançará a solução do caso. Supomos que o teste em foco possa contribuir como um elemento a mais na configuração da personalidade e pré-eletroencefalográfica. Na busca deste teste, inicialmente inspiramo-nos nas pesquisas que fazemos sobre os estímulos rítmicos audiovisuais na hipnoterapia. À proporção que as nossas observações se desenvolviam, surgiam manifestações comportamentais que nos pareciam correlacionadas com o ritmo visual ou auditivo. Voltamos a nossa atenção para esse aspecto, independentemente do estudo da hipnoterapia. Passamos então ao seguinte raciocínio: em todos os movimentos observam-se ritmos. Quer seja nas vidas humana, animal, vegetal; na física e na química; nos movimentos dos astros, os ritmos estão presentes como parte integrante do equih'brio que rege o universo. Na atividade humana, dois ritmos principais se manifestam: o involuntário e o voluntário. Na ação rítmica involuntária, temos o coração, o sistema respiratório, o piscar dos olhos, a corrente sangüínea, os movimentos coordenados de braços e pernas no andar, a evolução fJlo-ontogenética, os movimentos peristálticos a flutuação elétrica do cérebro etc. Na ação rítmica voluntária, podemos alterar alguns desses ritmos, como veremos mais adiante. O ritmo humano é inerente à sua função e existência, e alguns deles individualizam como a personalidade, fisionomia, a impressão digital etc. Citado por Léon Walther, em Psicologia do trabalho industrial, diz Amar na sua obra Monteur human à pág. 174: "cada órgão, cada músculo possui um ritmo". À pág. 173, apresenta-nos os seguintes valores relativos a alguns músculos que trabalham sem outra carga senão a de seu movimento: Antebraço sobre o braço 30 a 35 por minuto Músculos mastigadores 90 a 100 por minuto Dedos 150 por minuto Amar considera ritmo ótimo o desenvolvimento máximo de produção atingido por um movimento. Ainda por citação de Léon Walther, na mesma obra, diz Dobri Awramoffna sua obra Albert und rytmus: "o homem tem seu ritmo particular de trabalho, que pode variar dentro de certos limites"; Kar Bucger considerou que o indivíduo tem o seu ritmo próprio; Munsterberg procurou determinar o ritmo próprio de cada músculo; disse Ciese: "na realidade, nunca lhe aconteceu que um indivíduo classificado no início de uma prova psicotécnica como fraco tenha, na prática, ultrapassado os que se colocaram bem na prova"; e Annelies Argelander, afirma: "os hicomotricidade R {tmica Auditiva 119 dois indivíduos, o de melhor rendimento e o de rendimento mais fraco, não perderam os seus lugares do início ao fim da prova". Diz o próprio Léon Walther sobre o ritmo: "Até hoje, porém, não foi objeto de profundo estudo. A solução deste problema cabe ao futuro." Sobre o treino no ritmo, assim se refere: "os indivíduos de baixo rendimento nos testes permanecerão, ao que parece, sempre na parte inferior da escala, quer antes, quer depois do treino". Concluímos pois, que, a despeito do treino que se dê ao ritmo cada indivíduo dispõe de um ritmo próprio. O ritmo melhora o treino. O treino, porém, melhorando o trabalho e as atividades de um modo geral, não modifica o ritmo de cada indivíduo. A volição, estados neurológicos e emocionais, repouso ou excitação, sono natural ou induzido, tóxicos, calmantes ou excitantes farmacológicos influem no ritmo, todavia não o determinam. Em síntese, há no ser humano um ritmo que se generaliza e outro que se especifica. Generaliza-se o ritmo inerente a todo ser humano. Especifica-se quando se individualiza. Por exemplo: qualquer pessoa pode, pela sua vontade, andar rápido ou devagar. Em ambos os casos ela estará fora do seu ritmo individual. Se não houver necessidade da rapidez ou lentidão impostas voluntariamente, a pessoa entrará naturalmente no seu ritmo próprio. De tal forma o ritmo se individualiza, que, de olhos fechados, ou apenas ouvindo os passos de alguém, cujo ritmo do andar já conhecemos, podemos identificá-lo facilmente. Não apenas a percepção auditiva rítmica nos permite identificar os passos de alguém, mas também a percepção visual, quando identificamos à distância alguém das nossas relações simplesmente pelo andar. Isso ocorre igualmente quanto aos ritmos intelectivos: escritores, poetas, músicos, oradores, assim como os ritmos de habilidades manuais. Quem não é capaz de, conhecendo o estilo do seu escritor preferido, identificar a sua obra pela leitura? Esse estilo é aquilo que se nos apresenta como uma configuração rítmica. Lendo ou ouvindo poesias, ouvindo música ou admirando uma pintura, como é interessante sentirmos a presença do autor. Como se distinguem em configurações próprias, as obras de Chopin, Beethoven, Dante, Leonardo da Vinci, Portinari, Musset, Augusto dos Anjos, Camões, Rui Barbosa e outros. Uma configuração que se repete numa mesma freqüência identifica-se, poís, como um ritmo. Nessa individualização rítmica, interessam-nos as percepções e expressões a estímulos rítmicos auditivos. Conforme dissemos no início do nosso trabalho, pesquisamos um teste coadjuvante na análise do comportamento e da necessidade ou não de se solicitar um EEG. Infere-se, pois, o nosso interesse na correlação deste teste com o EEG e com a personalidade, cujos resultados primários apresentamos à parte. O eletroencefalograma, como sabemos, grava a flutuação elétrica do cérebro, de um modo direto, analisando as suas atividades rítmicas. 120 A.B.P.A. 1-2/78 • .. • Na análise do comportamento rítmico do indivíduo e sua correlação eletroencefalográflca, tivemos a nossa atenção despertada para a possível gravação, através de um teste, da expressão psicomotora sincronizada à estimulação rítmica . Como comportamento rítmico neste estudo, compreendemos todas as formas de exp{essões bio-flSio-psicológicas. Como então estimular, expressar, gravar e interpretar'um determinado comportamento rítmico a fun de confrontá-lo com determinados traços da personalidade e com o EEG? Diz Grey Walter: "a freqüência de um ritmo é mais significativa do que sua amplitude".! Surgiu-nos então a seguinte pergunta: alterações de freqüências nas respostas rítmicas psicomotoras, sincronizadas a estímulos rítmicos auditivos ou visuais, apresentariam alguma correlação eletroencefalográflca ou de personalidade? Imaginamos estll;dar a freqüência de diversos ritmos. Isso nos levou a construir um pequeno aparelho eletrônico que emitisse ritmos sonoros e luminosos em diversas freqüências e a criar uma forma de expressar, registrar e analisar esses ritmos. 2. - Material e métodos • Material utilizado: um pequeno aparelho eletrônico, cronômetro, pincel fmo tipo atômico e folha de papel. • Tempo de aplicação: 30seg para cada velocidade num total de quatro velocidades que serão registradas numa única folha de respostas. • Tempo de aquecimento mental: 2min. • Tempo de levantamento do resultado: embora ainda não bem definido, varia entre 15 a 30min. • Aplicação: individual e coletiva. Após algumas experiências com os ritmos auditivos e visuais, preferimos o primeiro. Num próximo trabalho falaremos sobre os resultados de outras pesquisas com os ritmos luminosos. Quanto à forma dos ritmos que seriam os estímulos, detivemo-nos nos ritmos sonoros tipo' ponto (bip, bip, bip ...). Quanto à forma de expressão, seria manual, e quanto ao registro, seria a pontilhagem. Precisaríamos ainda de uma escala de respostas. Começamos por considerar a necessidade de um nível-teto de velocidade rítmica que pudesse ser padronizada como relativamente normal, ou seja, uma velocidade máxima de estímulos que a maioria dos examinandos, considerados relativamente normais na personalidade e nos ritmos EEG, também o fossem nessa expressão manual sincronizada à percepção auditiva. Submetemo-nos à experiência, pontilhando uma folha de papel em branco com um tipo de pincel atômico fmo, tentando o máximo de velocidade. Repe- I Walter, Grey. A mecânica do cérebro. p. 85. hIcomotricidade Rftmica Auditiva 121 timos essa operação inúmeras vezes e o resultado foi sempre o mesmo: oscilação entre 210/216 pontos em cada 30seg. Submetemos várias pessoas consideradas normais no EEG e relativamente normais na personalidade, verificando que a oscilação era quase a mesma; consideramos então esse ritmo (teto) como sendo ótimo, isto é, nível alcançado pela maioria dos examinandos com menor desvio dos estímulos emitidos. Essa velocidade-teto levou-nos a encontrar os tipos lentos em diversas gradações rítmicas numa escala de pontilhagem descendente. Encontramos realmente esses tipos, em virtude de os mesmos não conseguirem alcançar essa velocidade-teto nos 30seg, tempo considerado limite máximo. Precisaríamos criar estímulos que caracterizassem os tipos rápidos nos vários níveis. Teríamos de partir desse nível máximo pela ordem decrescente e estabelecer outras velocidades mais baixas. Com o auxl1io do aparelho de estímulos auditivos, que denominamos impulsor auditivo, registramos arbitrariamente mais quatro velocidades num ritmo decrescente, ou seja, um total de cinco velocidades. Racionalizamos que, emitindo as quatro velocidades mais baixas, isto é, velocidades ao alcance de uma grande maioria submetida à experiência, encontraríamos os tipos incapazes de alternância rítmica controlada, isso porque, sendo o ritmo individual o objeto do nosso estudo, supúnhamos ser difícil ao indivíduo do tipo incontrolável o acompanhamento de ritmos alternados. Qualquer pessoa é naturalmente capaz de, à sua vontade, fazer pontilhagens lentas ou rápidas. A sua individualidade rítmica emerge, porém, quando a obrigarmos a acompanhar um ritmo dado. Isso ficou experimentalmente demonstrado. Supomos ter encontrado uma correlação dessa individualidade rítmica com distúrbios do ritmo cerebral e da personalidade. Comumente, o tipo lento está sempre aquém dos estímulos e o tipo rápido mantém-se além, às vezes, até da velocidade-teto, enquanto os autocontrolados conseguem um paralelismo rítmico entre a sua pontilhagem e os estímulos auditivos do aparelho. Se à sua vontade o indivíduo pode começar a pontilhagem lentamente e atingir velocidades maiores até alcançar o seu próprio teto, emitindo-se essas mesmas velocidades pelo impulsor, cria-se naturalmente, no cérebro, uma reação associativa, o que caracteriza a essência do nosso trabalho. Identificamos essa reação associativa como um estado de latência própria, individual, inerente a cada um de nós, ou seja, c0It:l0 sendo o ritmo individual. O impulsor auditivo é um aparelho que emite impulsos sonoros intermitentes do tipo ponto em determinadas freqüências, o que constitui a nossa escala. Para essa emissão pode ser utilizado um fone individual ou ainda um alto-falante para aplicação coletiva. A resposta é dada por pontilhagem manual sobre urna folha de papel tamanho ofício, entre linhas paralelas distantes 3cm entre si num movimento vertical .para baixo e para cima. Utiliza-se um tipo rmo de pincel atômico e num ritmo sincronizado com o estímulo intermitente do impulsor vai-se pontilhando. Procede-se da seguinte maneira: liga-se o impulsor e regula-se a intensidade audível para o examinando. A seguir, regula-se a velocidade mínima e 122 A.B.P.A. 1-2/78 • ... . deixa-se o indivíduo conscientizar o ritmo por cerca de um minuto. Pede-se-Ibe que tente ~companhar o ritmo dado apenas batendo levemente com a ponta do dedo indicador sobre a mesa. Isso é apenas um treino para que seja melhor entendido o que se pretende. Passa-se então à ação da seguinte forma: ordena-se ao paciente que inicie a pontilhagem num ritmo associativo ao impulsor, isto é, a cada ponto sonoro corresponde um ponto no papel. Tão logo seja dado o primeiro ponto no papel, aciona-se o cronômetro, procurando ser preciso na associação do ponto inicial com o disparo do cronômetro. Não se deve conversar ou permitir qualquer distração. Obviamente o local de 'aplicação do teste deve ser o mais tranqüilo possível. Ap6s 30seg, detém-se a mão do examinando. O examinador não se deve· preocupar em parar o cronômetro após os 30seg, mas sim, em deter a mão do examinando, o que é o objetivo principal, pois uma vez atingido os 30seg , não importa se o cronômetro continua ou não funcionando. Após essa operação, regula-se o impulsor para a próxima velocidade e prossegue-se na mesma operação nas demais velocidades. Dividimos os impulsos, isto é, os estímulos em cinco velocidades, a saber: A B C D - - E 158 impulsos/30seg 162 impulsos/30seg 174 impulsos/30seg 196 impulsos/30seg 216 impulsos/30seg A individualidade rítmica se configura nessa sincronização pontilhagemimpulsor. Preferimos o tempo máximo de 30seg para aplicação de cada velocidade, em virtude de nos ter parecido ser esse o tempo ótimo. Além de 30seg por velocidade, a expressão psicomotora provocava um cansaço que prejudicava o resultado. Após cada aplicação, pergunta-se ao examinando se ele tem consciência (conhecimento), de ter acompanhado o ritmo. Anota-se a resposta a ftm de analisar o seu grau de conscientização. Obtivemos os seguintes tipos de respostas: Resultados Pontilhagem: SC ACAC+ AC+A/+ A/- Sincrônica consciente Assincrônica consciente "menos" Assincrônica consciente "mais" Assincrônica consciente "mais e menos" Assincrônica inconsciente "mais" Assincrônica inconsciente "menos" hicomotricidllde Rftmictz Auditiva 123 Al+- Assincrônica inconsciente "mais e menos" Assincrônica desordenada - consciente ou inconsciente AD Pontilhagem por recusa parcial RP RT Recusa total DE Pontilhagem por descontinuidade DFE Desviação e força de expressão - consciente ou inconsciente 3. Conceituação 3.1 Consciência Compreendemos como sendo a correlação existente entre o conhecimento e a capacidade percepto-expressiva. Pelo resultado comprova:-se a afirmação do indivíduo de ter consciência (conhecimento), se realmente acompanhou o ritmoestímulo. Em caso afirmativo, a latência rítmica, supõe-se, não sofreu bloqueio total ou parcial, caracterizando-se como consciente. 3.2 Inconsciência Compreendemos como sendo as distorções do conhecimento no processo associativo percepção-expressão. Nesse processo, a percepção desconhece totalmente ou identifica (conhece) apenas a característica sonora do estímulo, isto é, a intermitência tipo ponto. Toma-se-lhe impossível a conscientização (conhecimento) da sua dificuldade associativa. Supõe-se uma alteração que atinge diretamente a associação rítmica. O indivíduo afirma ter ou não acompanhado o ritmo numa inversão perceptiva do que na realidade ocorreu. 3.3 .. Pontilhagens SC Sincrônica consciente - O examinando oscila a sua pontilhagem manual com o impulsor numa média de cinco pontos para mais ou para menos em qualquer velocidade, oscilação considerada normal para a maioria dos examinandos; b) AC- Assincrônica consciente "menos" - O examinando é incapaz de acompanhar o ritmo-estímulo e tem coÍlSciência de que se mantém aquém do ritmoimpulsor; c) AC+ Assincrônica consciente "mais" - O examinando conscientemente reconhece a sua incapacidade de acompanhar o ritmo-impulsor. Sabe que o faz além do estímulo; ti) AC+- Assincrônica consciente "mais e menos" - O examinando afirma que tem consciência de que sua oscilação é conscientemente para mais e para menos a) 124 A.B.P.A. 1-2/78 .. • e, apesar disso, não consegue sincronizar a sua expressão aos impulsos percebidos; e) A/+ Assincrônica inconsciente "mais" - O examinando não tem a consciência de que não consegue manter a sincronia rítmica e se mantém sempre à frente dos estímulos; . Ar Assincrônica inconsciente "menos" - O examinando efetua a pontilhagem sempre aquém dos estímulos, sem absolutamente conscientizar esse estado; g) A/+- Assincrônica inconsciente "mais e menos" - O examinando não revela ter consciência de sua assincronia para mais e para menos. Diz ter a impressão de estar acompanhando o ritmo-estímulo. Essa assincronia (mais e menos) assim se caracteriza em virtude de sua freqüente configuração, ou seja, aplicado o teste várias vezes, as respostas são sempre relativamente as mesmas; . h) AD Pontilhagem assincrônica desordenada - consciente ou inconsciente O examinando efetua uma pontilhagem desordenada. Apesar de perceber o som como um ponto e expressar esse ponto, é incapaz de uma aproximação rítmica ou de direção. A percepção auditiva se configura pelo ponto expresso, sem condições de associação rítmica ou orientação direcional. Observa-se uma grande oscilação para mais, para menos, ou para mais e menos. Configura-se como consciente quando o indivíduo afirma ter conhecimento da desordem compulsiva, e como inconsciente quando não tem conhecimento dessa compulsão; i) RP Pontilhagem por recusa parcial - O paciente rejeita o teste parcialmente, sem explicações, ou diz apenas não ser capaz de entendê-lo; j) RT Recusa total - O paciente recusa totalmente o teste; l) DE Descontinuidade - Trata-se de um movimento manual descontínuo que se manifesta como num salto, um impulso psicomotor brusco. A pontilhagem que se vinha processando com espaços regulares entre si subitamente, por impulsos involuntários do braço, vai abrindo espaços maiores. Esse fenômeno ocorre uma ou mais vezes durante a prova. Chega mesmo a se manifestar em ciclos; m) DFE Desviação e força de expressão. n - Essas manifestações psicomotoras, já estudadas pelo Prof. Myra e López no seu teste PMK, supomos estão presentes no PRA, nos seguintes aspectos: Desviação ! egocípeta egocífuga axial Força de expressão 1 leveza tremor rigidez Psicomotricidade R(tmica Auditiva 125 Na manifestação egocípeta, o examinando aumenta a velocidade na vertical em declive. Na egocífuga, esse aumento se verifica na vertical em aclive. Na axial, observa-se uma inclinação para a esquerda ou para a direita, tendo como eixo a metade da distância percorrida pela pontilhagem vertical, tanto em aclive como· em declive. Na leveza, o ponto se nos apresenta menos perceptível, como apenas um leve toque do pincel apontador. Na rigidez, o ponto é grosso, cheio. No tremor, o ponto é ligeiramente movimentado para os lados, é de fato facilmente observado como tremido. A fim de registrarmos a pontilhagem, adotamos folha de papel tamanho ofício, com linhas verticais e laterais, distanciadas três centímetros das extremidades da folha de pontilhagem. Essas linhas são unidas entre si por uma curva nos extremos, excetuando o início e o fim da primeira e da última linha. São ao todo 10 linhas verticais separadas entre si por dois centímetros. Estamos registrando as seguintes possíveis correlações: 1. Pontilhagem impulsor e EEG. 2. Pontilhagem - impulsor e personalidade. 1. Pontilhagem - impulsor e EEG • Sincrônica consciente: EEG considerado dentro dos limites de normalidade. • Assincrônica consciente "menos": EEG dentro dos limites normais de variação em alguns casos, predominando, no entanto, EEG anormal; ondas lentas, anormal generalizado, graus I, 11 etc. • Assincrônica consciente "mais": EEG dentro dos limites normais de variação em alguns casos, predominando contudo EEG anormal generalizado, graus I, 11 etc., ondas amplas e pontiagudas. • Assincrônica consciente "mais e menos": EEG anormal generalizado, graus 1,11, ondas agudas e formas lentas etc. • Assincrônica inconsciente "mais": EEG normal em alguns casos, predominando a anormalidade; alfa mal modulado etc. • Assincrônica inconsciente "menos": EEG do tipo anormal, alfa instável etc. • Assincrônica inconsciente "mais e menos": EEG anormal. • Assincrônica desordenada consciente ou inconsciente: EEG anormal. • Recusa parcial ou total do teste: EEG oscila entre normal'e anormal. • Descontinuidade: encontramos um caso após traumatismo craniano em conseqüência de acidente automobilístico, e de mais dois casos em estudo; supõe-se que um seja de epilepsia focal e o outro de alcoolismo. • Desviação: EEG oscila entre normal e anormal. • Força de expressão: EEG oscila entre normal e anormal. À parte apresentamos os EEG anexados aos testes aplicados (pontilhagens) e um resumo das correlações. 126 . A_B.P.A. 1-2/78 .. .. 2. • Pontilhagem - impulsor e personalidade Nessa correlaçio fJZemos também uma observaçio primária. Todavia, esperamos em breve coletar um maior número de casos. A apresentaçio que fazemos dessas correlações visa, antes de tudo, mostrar as possibilidades de pesquisas do teste. • Psicose man(aco-depressiva - Embora o EEG apresente-se normal, a ponti- lliagem acusa: Fase man(aca Assincronia consciente "mais" Assincronia inconsciente "mais" Assincronia desordenada Desviaçio: em aclive Força de expressão: rigidez, tremor Fase depressiva - Assincronia consciente "menos" Assincronia inconsciente "menos" Desviação: em declive Força de expressão: leveza Recusa: parcial ou total Alcoolismo Pontilliagem assincrônica consciente "menos" Pontilliagem assincrônica inconsciente "menos" Desviação: declive Força de expressio: tremor, leveza e rigidez Velhice Pontilliagem assincrônica consciente "menos" Pontilliagem assincrônica inconsciente "menos" Força de expressio: tremor e leveza Desviação: declive Pontilliagem desordenada Agressividade - Pontilliagem assincrônica consciente "mais" Pontilliagem assincrônica inconsciente "mais" Desviação: aclive Força de expressio: tremor e rigidez hicomotricidade Rftmicll Auditilla 127 Angústia . Pontilhagem assincrônica consciente "menos" Pontilhagem assincrônica inconsciente "menos" Desviação: declive Força de expressão: leveza Recusa: parcial ou total • Oligofrenia 1. Imaturação - assincronia consciente: "menos", "mais", ou "mais e menos". 2. Irnaturação mais profunda - assincronia inconsciente: "menos", "mais e menos". 3. Imbecilidade: recusa, assincronia desordenada. • Esquizofrenia EEG: dominante beta 1. Catatônica: lentas temporais Pontilhagem: indiscriminada 2. Demência afetiva: recusa e aceite do teste (ambivalência); assincronia consciente: "menos", "mais" ou "mais e menos"; assincronia inconsciente: "menos", "mais" e "mais e menos" . Desviação: egocípeta Força de expressão: leveza . 3. Alienação do próprio eu: recusa totàl ou parcial; assincronia consciente; "menos", "mais" ou "mais e menos". 4. Delirio Paranóide: recusa parcial ou-total; assincronia: consciente ou inconsciente; pontilhagem desordenada; "mais", "menos" ou "mais e menos". Desviação: egocífuga, axial Paranóico: pontilhagem consciente "mais"; inconsciente "mais" Desviação: egocífuga Alucinações: recusa parcial ou total; pontilhagem assincrônica "mais", "menos" ou "mais e menos". 5. Autismo. Recusa parcial ou total: pontilhagem egocípeta; assincronia consciente "menos". 6. Catatonia Hipercinética: pontilhagem assincrônica consciente ou inconsciente: "mais"; desordenada; descontinuidade. Hipocinética: pontilhagem assincrônica consciente. 128 A.B.P.A. 1-2/78 .. • Neuróticos EEG: O:ormal Pontilhagem: oscilação dentro dos padrões de normalidade . .. • Grandes histéricos EEG: lentas e blogueadas Pontilhagem: assincronia consciente "menos"; relativamente desordenada Desviação: declive. Reflexos no exame para motorista: estamos aplicando PRA associado ao PRV (Psicomotricidade Rítmica Visual) nesses exames e estamos entusiasmados com os primeiros resultados. Temos observado os reflexos em três aspectos: equilíbrio, lentidão e excesso. - Coacluímos nesta apresentação as nossas pesquisas primárias. Elas continuarão por nós e por aqueles que se utilizarem do nosso método. Agradecemos os incentivos pessoais que recebemos daqueles que, embora ausentes para sempre do nosso convívio material, continuam entre nós por suas obras e com suas vozes ecoando pelas bibliotecas, pelos laboratórios de pesquisas, pelas faculdades e nos corações dos que necessitam de uma palavra experiente. Ressaltamos, entre outros, os Profs. Lourenço Filho, Myra y López, Dr. Rothier Duarte, Prof. Pierre Weil, Prof. Athayde Ribeiro da Silva, Dr. GeICl1iO Barros, Prof. J. Campos e outros. Estamos à disposição de todos aqueles que desejarem informações sobre o PRA, nos seguintes endereços: Edifício Darcy Monteiro, apto 1.506 - Centro - Vitória (ES). Manicômio Judiciário - Vitória (ES). Penitenciária do Estado - Vitória (ES). Senac - Av. Marechal Mascarenhas de Moraes, 2.077 - Vitória (ES). Pricomotrlcidade Rftmica Auditiva 129