EEG em psicofísica: percepção visual Edgard Morya1, Koichi Sameshima1,2, Daniel Yasumasa Takahashi1,2, Sidarta Ribeiro3, Renato Anghinah4 1 Laboratório de Neurociência. Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa. Instituto de Ensino e Pesquisa Hospital Sírio Libanês. São Paulo – SP. Brasil. 2 Dep. Radiologia. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo – SP. Brasil. 3 Instituto Internacional de Neurocências de Natal Edmond e Lily Safra. Natal – RN. Brasil. 4 Dep. Neurologia. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo – SP. Brasil. Métodos psicofísicos são amplamente usados na investigação do relacionamento entre a apresentação de um estímulo, com características físicas conhecidas, e a sensação e/ou percepção por ele evocada. Por sua vez, o registro da atividade elétrica, decorrente da atividade neural, na superfície do escalpo (eletroencefalograma – EEG) fornece padrões de atividade elétrica do cérebro correspondentes aos estados funcionais. Diversos estudos com EEG em percepção visual têm mostrado uma atividade neural em uma determinada região cortical de processamento visual em função da estimulação (potencial evocado - EP). Sabendo que a atividade elétrica cerebral se altera de forma consistente e reconhecível frente a diferentes estímulos, o EEG tem sido uma importante ferramenta de pesquisa aliado a psicofísica, fornecendo meios de compreender o processamento sensorial ou cognitivo e permitindo interpretar possíveis alterações comportamentais enquanto uma pessoa está realizando uma tarefa experimental. Os dados eletrofisiológicos são registrados a partir depontos definidos no escalpo e o uso de canais múltiplos permite investigar a distribuição topográfica da atividade elétrica cortical correspondente, permitindo tanto a comparação entre momentos diferentes quanto a observação de variações de aspectos mais sutis da atividade neural subjacente, como ocorre na observação da freqüência das ondas de atividade elétrica observadas. Em geral, experimentos de pesquisa em psicofísica visual e EEG utilizam análise topográfica para determinar relações entre condições experimentais manipuladas pelo pesquisador (tais como, forma do estímulo, padrão, cor, movimento, etc) e características dos potenciais de campo registrados no escalpo. Um exemplo disso são as tarefas de tempo de reação visual que podem ser utilizadas na tentativa de avaliar os processos de tomada de decisão. Nestes experimentos, um dos aspectos avaliados se refere ao tempo de tomada de decisão, ou seja, o processo de tomada de decisão se estenderá quanto maior for a complexidade da resposta ou o número de possibilidades de respostas. Da mesma forma, quando um estímulo visual é apresentado é possível observar uma alteração da atividade elétrica cortical de cerca de 150 a 200ms, dependendo da região monitorada, trazendo importantes evidências sobre a participação de diferentes substratos neurais na origem das alterações comportamentais observadas. Nestes estudos há um esforço para identificar atividades elétricas corticais em função de algum evento externo (variando em função das características do estímulo visual) ou interno (dependendo das exigências das respostas comportamentais ou condições experimentais). As variações sistemáticas da atividade elétrica cerebral provocadas por estímulos visuais podem ser investigadas de forma não invasiva e em tempo real, fazendo desta uma metodologia que enriquece os estudos de aspectos do processamento cognitivo, seja com enfoque na percepção visual, como na tomada de decisão em função do estímulo visual. Apoio Financeiro: AASDAP, IEPHSL, CNPq, Fapesp, CAPES