Matrizes e Polinômios Duas matrizes A, B ∈ Mat n ( R ) são semelhantes quando existe uma matriz invertível P ∈ Mat n (R ) tal que B = P −1 AP . Matrizes semelhantes possuem o mesmo polinômio característico, já que: det( A − λI n ) = det( P −1 ( A − λI n ) P) = det( P −1 AP − P −1λI n P) = det( B − λI n ) 1 2 7 e Exemplo: As matrizes 3 4 3 7 3 − 4 são semelhantes, pois: − 2 − 4 1 2 1 2 1 − 2 = ⋅ ⋅ . − 2 0 1 3 4 0 1 Além disso, PA (λ ) = PB (λ ) = λ2 − 5λ − 2 . Uma matriz A pode ser diagonalizada quando existir uma matriz invertível P∈ Mat n (R ) tal que P −1 AP seja uma matriz diagonal. Esta matriz P é uma matriz de autovetores do operador relativo à matriz A. 3 0 , os autoespaços V3 = {( x,2 x ), x ∈ R} e V −1 = {(0, y ), y ∈ R} , e uma Exemplo: Considere [T ] = 8 − 1 base de autovetores {(1,2), (0,1)}. 1 0 1 0 3 0 1 0 3 0 1 0 , P −1 = ⋅ ⋅ = e P −1 [T ]P = . Assim, P = 2 1 − 2 1 8 − 1 2 1 0 − 1 − 2 1 1 1 −1 k Considerando B = P −1 AP , temos que B k = ( P −1 AP) k = 1 P −4 AP K4 P −4 AP 42 3 = P A P , com k ∈ Z + . Se a k fatores matriz A é diagonalizável então D k = P −1 A k P ∴ A k = PD k P −1 . Exemplo: 10 10 0 1 0 59049 0 1 0 3 0 1 0 1 0 310 3 0 ⋅ = = ⋅ = ⋅ ⋅ 10 8 − 1 2 1 0 − 1 − 2 1 2 1 0 (−1) − 2 1 118100 − 1 Considere p( x) = a n x n + ... + a1 x + a 0 ∈ R[ x] um polinômio e uma matriz quadrada A ∈ Mat n (R ) . Então p ( A) é a matriz quadrada a n A n + ... + a1 A + a 0 I n . Diz-se que o polinômio p(x) anula a matriz A quando p( A) = 0 n . −1 4 . Exemplo: Sejam p( x) = x 2 − 9 , q ( x) = 2 x + 3 e a matriz A = 2 1 21 2 −1 4 1 0 0 0 − 9 ⋅ = p ( A) = 2 1 0 1 0 0 −1 4 1 0 1 8 + 3 ⋅ = q( A) = 2 ⋅ 2 1 0 1 4 5 Assim, o polinômio p(x) anula a matriz A, mas q (x) não. Diz-se que um polinômio p( x) ∈ R[ x] anula o operador linear T quando p([T ]α ) = 0 n , para toda base α de V. Seja V um R-espaço vetorial n dimensional, T :V → V um operador linear e p( x ) = a m x m + ... + a1 x + a 0 ∈ R[ X ] um polinômio. Define-se o operador linear p (T ) : V → V tal que p(T )( v ) = ( a m T m + ... + a1T + a 0 I V )( v ) . Se λ0 é um autovalor do operador T então p(λ0 ) é um autovalor do operador linear p(T ) . Exemplo: Seja T : R 2 → R 2 tal que T ( x, y ) = (3 x,8 x − y ) , cujos autovalores são 3 e − 1 . Considere o polinômio p( x) = 2 x 3 − 4 x 2 − x + 3 e o operador p(T ) : R 2 → R 2 tal que p (T )( x, y ) = (2T 3 − 4T 2 − T + 3I )( x, y ) . Assim, p(T )( x, y ) = ( 2T 3 )( x, y ) − ( 4T 2 )( x, y ) − T ( x, y ) + (3I )( x, y ) = 2(T 3 ( x, y )) − 4(T 2 ( x, y )) − T ( x, y ) + 3( I ( x, y )) = 2(27 x,56 x − y ) − 4(9 x,16 x + y ) − (3x,8 x − y ) + (3x,3 y ) = (547 x,112 x − 2 y ) − (36 x,64 x + 4 y ) − (3 x,8 x − y ) + (3x,3 y ) = (18 x,40 x − 2 y ) Então, os autovalores de p (T ) são 18 e − 2 . Teorema de Cayley-Hamilton (TCH) Sejam V um R-espaço vetorial n-dimensional e T : V → V um operador linear. Então PT ([T ]α ) = 0n para toda base α de V. dem: Seja PT (λ ) = λn + an −1λn −1 + ... + a1λ + a0 Denotaremos por A(λ ) a matriz adjunta clássica da matriz [T − λI n ]α Os elementos de A(λ ) são os cofatores desta matriz, sendo então polinômios em λ de grau menor ou igual a n − 1 . A(λ ) = An −1λn −1 + ... + A1λ + A0 sendo An −1 ,..., A0 ∈ Mat n (R ) . Pela propriedade fundamental da adjunta clássica: [T − λI n ]α ⋅ A(λ ) = det[T − λI ]α ⋅ I n [T − λI n ]α ⋅ A(λ ) = PT (λ ) ⋅ I n [T − λI n ]α ⋅ ( An −1λn −1 + ... + A1λ + A0 ) = (λn + a n −1λn −1 + ... + a1λ + a 0 ) ⋅ I n − An −1 λ n + ([T ]α An −1 − An − 2 )λ n −1 + ... + ([T ]α A1 − A0 )λ + [T ]α A0 = (λ n + a n −1 λ n −1 + ... + a1 λ + a 0 ) ⋅ I n (n) − An −1 = I n 22 (n-1) (n-2) ... (1) (0) [T ]α [T ]α ... [T ]α [T ]α An −1 − An − 2 = a n −1 I n An − 2 − An −3 = a n − 2 I n A1 − A0 = a1 I n A0 = a 0 I n Multiplicando-se a equação (n) por [T ]αn , (n-1) por [T ]αn −1 , ... e (1) por [T ]α , tem-se: (n) − [T ]αn An −1 = [T ]αn (n1) (n2) ... (1) [T ]αn An −1 − [T ]αn −1 An − 2 = a n −1 [T ]αn −1 (0) [T ]αn −1 An − 2 − [T ]αn − 2 An −3 = a n − 2 [T ]αn − 2 ... [T ]α2 A1 − [T ]α A0 = a1 [T ]α [T ]α A0 = a 0 I n Somando-se as equações matriciais, 0 n = [T ]αn + a n −1 [T ]αn −1 + ... + a1 [T ]α + a 0 I n = PT ([T ]α ) . Polinômio Minimal Seja V um R-espaço vetorial n-dimensional e T : V → V um operador linear. Define-se o polinômio minimal ou mínimo do operador linear T, mT (λ ) ∈ R[λ ] , como sendo o polinômio mônico de menor grau possível tal que mT ([T ]α ) = 0n . Exemplos: 1) T : R 3 → R 3 tal que T ( x, y, z ) = (2 x + 2 y − 5 z ,3x + 7 y − 15 z , x + 2 y − 4 z ) . PT (λ ) = (λ − 1) 2 (λ − 3) mT (λ ) = (λ − 1)(λ − 3) 2) T : R 3 → R 3 tal que T ( x, y, z ) = (4 z , x, y − 3z ) . PT (λ ) = (λ + 2) 2 (λ − 1) mT (λ ) = (λ + 2) 2 (λ − 1) 3) T : R 4 → R 4 tal que T ( x, y, z , t ) = (3x − 4 z,3 y + 5 z ,− z,−t ) . PT (λ ) = (λ − 1) 2 (λ − 3) 2 mT (λ ) = (λ − 1)(λ − 3) CorolárioTCH: O polinômio minimal de T divide o polinômio característico de T, isto é, mT (λ ) | PT (λ ) . Teo87. PT (λ ) | (mT (λ )) n Teo88. Os polinômios característico e minimal possuem os mesmos fatores irredutíveis e as mesmas raízes. Teo89. Sejam λ1 , λ 2 ,..., λ r autovalores distintos de T. Então T é diagonalizável se e somente se mT (λ ) = (λ − λ1 )(λ − λ 2 )...(λ − λ r ) . 23 Exercícios 1) Verificar, utilizando a definição, se os vetores dados são autovetores: 1 − 1 0 2 2 a) ( −2,1) para [T ] = b) ( −2,1,3) para [T ] = 2 3 2 1 3 1 2 1 2) Os vetores (1,1) e (2,−1) são autovetores de um operador linear T : R 2 → R 2 associados aos autovalores λ1 = 5 e λ2 = −1 , respectivamente. Determinar T ( 4,1) . 3) Determinar o operador linear T : R 2 → R 2 cujos autovalores são λ1 = 1 e λ2 = 3 associados aos autoespaços V1 = {( − y , y ), y ∈ R} e V3 = {(0, y ), y ∈ R} . 4) Determinar os autovalores e os autovetores dos seguintes operadores lineares no R2. a) T ( x, y ) = ( x + 2 y,− x + 4 y ) b) T ( x, y ) = ( y ,− x ) 5) Dado o operador linear T no R2 tal que T ( x, y ) = ( −3x − 5 y ,2 y ) , encontrar uma base de autovetores. 6) Verificar se existe uma base de autovetores para: a) T : R 3 → R 3 tal que T ( x, y, z ) = ( x + y + z,2 y + z,2 y + 3z ) b) T : R 3 → R 3 tal que T ( x, y, z ) = ( x,−2 x − y,2 x + y + 2 z ) c) T : R 3 → R 3 tal que T ( x, y, z ) = ( x,−2 x + 3 y − z,−4 y + 3z ) 7) Seja T : R 2 → R 2 tal que T ( x, y ) = ( 4 x + 5 y ,2 x + y ) . Encontrar uma base que diagonalize o operador. 8) O operador linear T : R 4 → R 4 tal que T ( x, y , z, t ) = ( x + y + z + t , x + y + z, y + z + t , x + y ) é diagonalizável? 5 − 6 − 6 9) Determine o polinômio minimal do operador − 1 4 2 . 3 − 6 − 4 2 0 10) Dada a matriz 0 0 1 2 0 0 0 0 2 0 0 0 , verifique se é diagonalizável. 0 3 24 a b c 11) Seja a matriz triangular superior 0 d e , com todos os seus elementos acima da diagonal 0 0 f distintos e não nulos. Indique os autovalores e os autoespaços. 1 1 1 b e são diagonalizáveis? 12) Para que valores de a e b as matrizes 0 a 0 1 13) Se uma matriz A quadrada é diagonalizável então o determinante de A é o produto de seus autovalores? 14) Utilize a forma diagonal para encontrar An nos seguintes casos (n natural): 0 7 − 6 − 3 4 b) − 1 4 a) 0 −1 2 0 2 − 2 15) Diz-se que um operador T: V → V é idempotente se T 2 = T . a) Seja T idempotente. Ache seus autovalores. b) Dê exemplo de um operador não nulo T : R 2 → R 2 idempotente. c) Mostre que todo operador linear idempotente é diagonalizável. 16) Seja V um espaço n-dimensional. Qual é o polinômio minimal do operador identidade? Qual é o polinômio minimal do operador nulo? 1 0 1 −1 −1 0 17) Verifique se a matriz −2 −2 2 1 1 −1 0 0 é diagonalizável. 1 0 18) Determinar uma matriz de ordem 3 cujo polinômio minimal seja λ2 . 19) Indique o polinômio minimal dos operadores considerando a, b, c, d e e constantes não nulas. a) T : R 5 → R 5 tal que T ( x, y, z , t , w) = (ax + by, ay + bz , az + bt , at + bw, aw) b) T : R 5 → R 5 tal que T ( x, y, z , t , w) = (− aw, x − bw, y − cw, z − dw, t − ew) 25