Área: CV ( ) CHSA ( ) ECET ( X ) ASSOCIAÇÃO DO FÁRMACO NEOMICINA COM DERIVADOS DE QUITOSANA E SEU POTENCIAL ANTIMICROBIANO Mateus Soares da Silva (bolsista do PIBIC/CNPq), Prof. Dr. Edson Cavalcanti da Silva Filho (Orientador, Depto de Engenharia dos materiais – UFPI) INTRODUÇÃO A quitosana é um material de baixo custo, livre de toxicidade, biodegradável, renovável e de enorme relevância ambiental e econômica. A estrutura cristalina do biopolímero é organizada e torna este insolúvel em meio aquoso e em grande parte dos solventes orgânicos, além de apresentar baixa reatividade química (LARANJEIRA; FÁVERE, 2009). Vários parâmetros influenciam na eficácia bactericida da quitosana como densidade de carga positiva, concentração, massa molecular, hidrofilicidade, capacidade quelante e fatores ambientais que envolvem força iônica do meio, temperatura, pH e tempo de reação (KONG et al., 2010). Com isso, o objetivo do trabalho será realizar estudos in vitro da atividade antimicrobiana da quitosana pura, modificada com acetilacetona e etilenodiamina e associada à neomicina. METODOLOGIA Na etapa de modificação da quitosana pura (Q), fez-se reagir 6,0 g deste material com 25 mL de acetilacetona. O sistema se manteve em refluxo e agitação magnética durante 4 horas a 140 ºC. O sólido resultante foi filtrado, lavado com água deionizada e acetona, e seco a 100 ºC. O material foi denominado Qac. Em seguida, utilizou-se 5,1 g do material Qac e fez-se reagir com 45,0 mL de etilenodiamina. O material final foi denominado Qacen. Após as modificações químicas caracterizaramse todos os materiais por análise elementar, espectroscopia na região do infravermelho, ressonância magnética nuclear do carbono 13 no estado sólido e por difração de raios x. No processo de adsorção do fármaco na superfície dos materiais utilizou-se uma massa de 20 mg do adsorvente, o qual foi suspenso adicionando 20 mL da solução do fármaco nas concentrações -3 -1 -3 -1 -2 -1 de 1.10 mol L , 5.10 mol L e 1.10 mol L . Os sistemas ficaram sob agitação numa velocidade de, aproximadamente, 130 rpm (rotações por minuto) durante um período de 24 horas a 37 º C. Após esse tempo, centrifugou-se a suspensão e descartou-se o sobrenadante.. Todos os ensaios de adsorção de cada material com o fármaco foram realizados em triplicata. Para realização dos testes de contato direto, preparou-se uma suspensão contendo 4 aproximadamente 10 células/mL em solução salina fisiológica. Posteriormente pesou-se 2000 µg dos materiais incorporados com o fármaco neomicina em diferentes concentrações e adicionou-se 2000 μL do inóculo. Foram adicionado 100 μL da mistura nas placas de Petri contendo o meio Agar Nutriente. As placas foram semeadas com um auxílio de uma alça de Drigalsky pelo método spread o plate e incubadas a 37 C por um período de tempo de 24h. RESULTADOS E DISCUSSÃO A técnica de análise elementar permite a determinação quantitativa de elementos químicos em um composto. Os percentuais e as quantidades em mmol/g de carbono e nitrogênio da quitosana e de seus derivados estão apresentados na Tabela 1. A quitosana pura apresentou 5,49 mmol/g de nitrogênio e, após a reação com acetilacetona, o valor foi reduzido para 3,75 mmol/g. Essa diminuição da quantidade de nitrogênio provocou um aumento na razão C/N (Carbono e nitrogênio) de 6,13 para 10,44, comprovando a eficácia da reação. O material Qacen apresentou um aumento na razão C/N em relação à quitosana pura e uma diminuição em relação à Q ac devido à incorporação de moléculas de etilenodiamina. A molécula de etilenodiamina, contendo dois átomos de nitrogênio, reagiu com a carbonila disponível da molécula da acetilacetona formando uma nova ligação imina e a outra parte ficando na forma de –NH2, como mostrado no esquema na Figura 1. Tabela 1 – Percentuais de carbono (C) e nitrogênio (N), quantidades molares desses elementos e as respectivas razões C/N (carbono e nitrogênio) entre essas quantidades para a quitosana pura e seus derivados. Material %C %N C(mmol/g) N(mmol/g) C/N Q 40,43 7,69 33,69 5,49 6,13 Qac 46,98 5,25 39,15 3,75 10,44 Qacen 42,01 7,93 35,00 5,66 6,18 . Fonte: Elaborada pelo autor Figura 1 – Proposta de reações que descrevem o processo de modificação química da superfície da quitosana. OH OH O HO O HO O Etilenodiamina O HO O N NH2 Quitosana OH O Acetilacetona H3C N C Qac CH2 O H3C Qacen C CH2 N C C CH3 CH3 NH2 Fonte: Elaborada pelo autor A partir da figura 2 observa-se que a quitosana pura não apresentou atividade para ambas as bactérias. O material obtido após a incorporação de neomicina à quitosana pura (Q), na concentração -3 -1 de 1.10 mol L , apresentou atividade de 74,39% frente à bactéria SA. Isto mostra que o fármaco foi -3 -1 adsorvido na superfície da quitosana. Para concentrações maiores que 5.10 mol L da neomicina observou-se que o material apresentou atividade de 100% para a bactéria SA. Os materiais -3 -1 -3 provenientes da associação da quitosana com o fármaco nas concentrações de 1.10 mol L e 5.10 mol L -1 não apresentaram atividade para a bactéria da Escherichia coliI (EC), o que mostra que a quantidade de fármaco adsorvido não tem capacidade de inibir o crescimento da bactéria EC. -2 -1 Quando se utilizou uma concentração de 1.10 mol L da droga a atividade foi de 100%. Isto mostra que com esse aumento de concentração uma maior quantidade de fármaco foi adsorvida na superfície da quitosana. Figura 2- Atividade antibacteriana da quitosana pura associada com neomicina nas concentrações de -3 -1 -3 -1 -2 -1 1.10 mol L , 5.10 mol L e 1.10 mol L . EC SA 100 100 80 80 Atividade (%) Atividade (%) 60 60 40 20 40 20 0 0 -20 0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 Concentraçمo da Neomicina (mol/L) 0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 Concentraçمo da Neomicina (mol/L) Fonte: Elaborada pelo autor CONCLUSÃO Diante das informações extraídas das caracterizações dos materiais Q, Q ac e Qacen, afirma-se que as sínteses de modificações da superfície da quitosana pura foram realizadas com sucesso. De acordo com os testes de atividade antibacteriana dos materiais, notou-se que a Qacen apresentou maior efeito inibitório que a Qac e Q. REFERÊNCIAS KONG, M.; CHEN, X. G.; XING, K.; PARK, H. J. Antimicrobial properties of chitosan and mode of action: A state of the art review. International Journal of Food Microbiology, v. 144, n. 1, p. 51–63, 2010. Elsevier B.V. LARANJEIRA, M. C. M.; FÁVERE, V. T. Biopolímero Funcional com Potencial Industrial Biomédico. Quim. Nova, v. 32, n. 3, p. 672–678, 2009. APOIO: UFPI. LIMAV. CNPq. PALAVRAS-CHAVE: Quitosana. Modificação. Adsorção.