1 .......................................................................................................................................................................................................................................................................... 1 – Pesquisa resultante de parceria entre a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Fazenda Lagoa do Coco, Universidade de Valência (Espanha), Embrapa Mandioca e Fruticultura e Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB). Este artigo foi revisado por Luciano da Silva Souza e Walter dos Santos Soares Filho, membros da equipe técnica. O SISTEMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA SOLO-CITROS-CLIMA Joelito de Oliveira Rezende2 O solo ..................................................... 2 – Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Professor Titular do Centro de Ciências Agrárias Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia-UFRB, dedicado a estudos nas áreas de Física e Manejo dos solos agrícolas; e-mail: [email protected] Os principais solos (Latossolos Amarelos Coesos e Argissolos Amarelos Coesos) da Grande Unidade de Paisagem Tabuleiros Costeiros – principal berço da citricultura baiana – caracterizam-se como profundos, ácidos, álicos, com baixa capacidade de 72 troca catiônica e presença frequente de camadas densas/coesas/duras. Espécies vegetais, temporárias e perenes, cultivadas nesses solos, algumas vezes com irrigação suplementar, geralmente apresentam baixo vigor vegetativo, reduzida longevidade e baixas produções, comparativamente aos mesmos Foto: Sílvio Ávila/Editora Gazeta “Plantio direto” dos citros: mito ou realidade? cultivos em outras unidades de paisagem, devido a uma relação solo-planta fortemente influenciada pela baixa disponibilidade de nutrientes, acidez elevada e pela estrutura peculiar dos horizontes coesos (REZENDE et al., 2000). Historicamente, esses problemas foram subestimados em virtude da paisagem aparentemente favorável ao uso agrícola, representada pelo relevo plano a suave ondulado, solos profundos e clima (CINTRA, 1997). O preparo do solo visa à melhoria das condições físicas do leito de sementes e/ou raízes, proporcionando-lhe benefícios na aeração, infiltração de água e disponibilidade de nutrientes, além da redução da resistência do solo à penetração. De uma maneira geral, o preparo dos solos coesos dos Tabuleiros Costeiros é feito com arados de disco e/ou grade pesada. Esses implementos trabalham o solo a pouca profundidade, incorporando os resíduos orgânicos e plantas infestantes superficialmente. Uma prática recomendada para solos com horizontes densos situados a uma profundidade igual ou maior do que 0,35 m é a subsolagem. Tem como princípio o rompimento do solo por propagação de trincas, mantendo a ordem natural de seus horizontes, isto é, sem inverter a leiva. Para isso, os subsoladores dispõem de hastes que são cravadas no solo e provocam o seu rompimento para frente, para cima e para os lados, ou seja, o solo não é cortado como na aração e/ou gradagem e sim rompido nas suas linhas de fratura ou através das interfácies de seus agregados (LANÇAS, 2002). Isso melhora a porosidade das camadas densas, facilitando a aeração, o armazenamento de água, a disponibilidade de nutrientes e a penetração radicular ao longo do perfil do solo, proporcionando, por consequência, maiores produtividades do sistema de produção agrícola. Oliveira (1967) e Haynes (1970) já recomendavam essa prática para romper camadas coesas de solos dos Tabuleiros Costeiros. Os citros A muda cítrica é uma unidade de produção formada por duas partes: enxerto (ou cavaleiro) e porta-enxerto (ou cavalo). Resulta de uma operação que consiste em fixar (enxertar) a gema de uma variedade de planta na base de outra (caule e raiz). A gema desenvolver-se-á para formar a copa, onde são produzidos os frutos. A nova planta, assim fabricada, apresentará características distintas daquelas de seus doadores, tais como: volume da copa, transpiração e composição química das folhas, época de maturação, capacidade de absorção de nutrientes, tolerância à salinidade, à seca e ao frio, resistência/tolerância às moléstias e pragas, fertilidade do pólen, precocidade de produção, produção, peso dos frutos, coloração da casca e do suco, teor de açúcares e de ácidos dos frutos, tempo de permanência dos fru73 tos na planta e conservação do fruto após a colheita (POMPEU JUNIOR, 1991). As duas partes unidas (copa e porta-enxerto), geneticamente diferentes, devem apresentar relacionamento harmonioso – mutuamente benéfico – para que as plantas resultantes sejam mais longevas e os pomares mais produtivos. Em algumas combinações copa/porta-enxerto, entretanto, pode ocorrer certos distúrbios devido à falta de afinidade entre os dois simbiontes, desde anomalias que não comprometem a produtividade e rentabilidade dos pomares até graves distúrbios que provocam a morte das plantas já no início da vida (NOGUEIRA, 1983). Estudos sobre o crescimento do sistema radicular de plantas cítricas em condição de sequeiro, a exemplo dos que foram divulgados por Cintra (1997) e Carvalho et al. (1999), mostram que as raízes dos citros tendem a se concentrar nos primeiros 0,4 m de profundidade do solo. Tais estudos, entretanto, foram e geralmente têm sido realizados em pomares com plantas originárias de mudas, cujo sistema radicular foi podado/prejudicado. O clima Como condicionante dos cultivos, o clima interfere em todas as fases de desenvolvimento das plantas, ou seja, na adaptação da variedade, no comportamento fenológico, na abertura floral, na curva de maturação, na taxa que ocorre no município de Itapicuru, com pluviosidade média anual em torno de 750 mm. Não obstante as limitações agrícolas citadas, os Tabuleiros Costeiros têm revelado capacidade atual e potencial para a produção de alimentos, principalmente fruticultura (laranja, limão, mamão, graviola, banana, abacaxi, maracujá, acerola, goiaba, coco etc.), de matéria-prima para a indústria e de biocombustíveis (SOUZA et al., 2000). São notáveis os exemplos de êxitos de empreendimentos agrícolas localizados nessa Grande Unidade de Paisagem devido, entre outras causas, ao consciente e adequado manejo que os produtores dispensam às suas terras (REZENDE et al., 2002). Por isso, procura-se disponibilizar um sistema de manejo que possibilite, com menor relação custo/benefício, maior longevidade, sustentabilidade e produtividade de pomares cítricos em condições ambientais dos Tabuleiros Costeiros. Face às limitações impostas pelo solo e pelo clima, considera-se (hipótese) que isso será mais viável fazendo-se o plantio do porta-enxerto e enxertia no local definitivo do pomar, independentemente do preparo do solo e da combinação genética copa x porta-enxerto. Para testar tal hipótese, o primeiro passo – objetivo do presente trabalho – foi avaliar as influências do preparo do solo, porta-enxerto e sistema de plantio no crescimento, produtividade e peso médio do fruto de pomares de laranjeira ‘Pera’, limeira ácida ‘Tahiti’ e tangor ‘Murcott’, em um solo representativo dos Tabuleiros Costeiros. Os dados ora apresentados referem-se exclusivamente à laranjeira ‘Pera’. Tais dados são muito parecidos com os que foram obtidos para os outros dois cultivares. Foto: Sílvio Ávila/Editora Gazeta de crescimento, nas características físicas e químicas do fruto e no potencial de produção (SILVA et al., 2004). Para os citros, a faixa de temperatura adequada é a seguinte: mínima, 10ºC; ótima, 20 a 30ºC; máxima, 30ºC. A pluviosidade adequada situa-se entre 1900 mm e 2400 mm, com um mínimo tolerável em torno de 1300 mm de chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Ocorre que o balanço hídrico climatológico de várias localidades dos Tabuleiros Costeiros, calculado para 100 mm de capacidade de armazenamento de água no solo, apresenta déficit hídrico durante os meses de setembro a março (SOUZA et al., 2000). Atualmente, face à limitação de área disponível e ao elevado preço das terras na faixa dos Tabuleiros Costeiros da Bahia, o cultivo dos citros tem-se expandido para a Região do Agreste, mais seca, a exemplo do 74 O EXPERIMENTO Em 22 de maio de 2008, o experimento foi instalado em um Argissolo Amarelo Coeso da Fazenda Lagoa do Coco, localizada no Município de Rio Real, Litoral Norte do Estado da Bahia, 182 m acima do nível do mar, pluviosidade média anual de 960 mm. Tal solo apresenta, ao longo do perfil, por horizonte e respectiva profundidade, os seguintes teores de areia, silte e argila (g kg-1) : A1, 0-0,7m, 780-70150 (franco-arenoso); A2, 0,7-0,12 cm, 740-20-240 (franco argiloarenoso); AB, 0,12-0,21 m, 720-90-190 (franco-arenoso); BA, 0,21-0,82 m, 660-30-310 (franco-argiloarenoso); Bt1, 0,82-1,24 m, 610-30-360 (argila arenosa); Bt2, 1,24-1,70+ m, 60030-370 (argila arenosa). O delineamento experimental é inteiramente aleatorizado no esquema de parcelas sub-subdivididas no espaço, com seis repetições. Nas parcelas constam dois sistemas de preparo do solo: aração a 0,25 m de profundidade e aração seguida de subsolagem nas linhas de plantio a 0-0,50 m de profundidade. Nas subparcelas constam dois sistemas de plantio: mudas e plantio e enxertia no local definitivo do pomar (nos dois casos, a semeadura foi feita no mesmo dia; ao completar um ano de idade, as mudas foram transplantadas do viveiro para o local definitivo). Nas sub-subparcelas constam cinco porta-enxertos: limoeiros ‘Cravo’ e ‘Volkameriano’, tangerineiras ‘Sunki Tropical’ e ‘Cleópatra’ e citrandarin ‘Índio’(ex TSK x TRENG 256) enxertados com laranjeira ‘Pera’. A enxertia foi feita por enxertador experiente, habitual na Fazenda. A adubação e os tratos culturais foram realizados de acordo com as recomendações técnicas pertinentes. Em 23/08/2012, três anos e nove meses após a semeadura dos porta-enxertos no campo e nas bolsas plásticas, fez-se a avaliação do crescimento das plantas de acordo com Mota (2010): a altura foi medida do solo até o plano mediano entre o topo da planta e o meio da copa; o diâmetro da copa foi medido em duas posições: perpendicular às linhas de plantio e no sentido da linha de plantio, para o cálculo do diâmetro médio; a afinidade copa/porta-enxerto foi avaliada considerando-se a relação diâmetro do tronco do enxerto/ diâmetro do tronco do porta-enxerto (Dte/Dtpe), medidos com um paquímetro, a 10 centímetros acima e abaixo do ponto de enxertia (quanto mais próximo de um, maior a afinidade); o volume da copa foi calculado pela fórmula: V=2/3πr² h, onde r= raio médio da copa e h=altura da planta. O número e o peso dos frutos por hectare correspondem, respectivamente, ao número e peso total de frutos obtidos em cinco colheitas sucessivas a partir do surgimento dos primeiros frutos (25/08/2011, 30/11/2011, 01/03/2012, 14/06/2012 e 08/08/2012). No solo, foram feitas as seguintes avaliações físicas: umidade gravimétrica atual (EMBRAPA,1997) e resistência mecânica à penetração (STOLF et. al., 1983). Para os resultados de crescimento das plantas e de produtividade realizou-se a análise de variância. As médias referentes ao 75 preparo do solo e sistemas de plantio foram comparadas pelo teste de Tukey (P≤5%); para as médias dos porta-enxertos utilizou-se o teste de Scott-Knott (P≤5%). Nas análises estatísticas, utilizou-se o programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2009). RESULTADOS A – AVALIAÇÃO FÍSICA DO SOLO Resistência mecânica do solo à penetração e umidade gravimétrica atual – Assumindo-se que para a maioria das culturas econômicas 2,0 MPa é o limite crítico de resistência mecânica do solo à penetração acima do qual o crescimento radicular é prejudicado (ARSHAD et al., 1996), percebe-se, na Figura 1A, que nas parcelas não subsoladas isso ocorreu a partir dos 0,18 metros de profundidade e nas parcelas subsoladas a partir de 0,38 metros, nas condições de umidade do solo mostradas na Figura 1 B. Significa dizer que a subsolagem melhorou a estrutura do solo no volume atingido pelas hastes subsoladoras, com prováveis benefícios nos fluxos de ar, água e nutrientes ao longo do perfil e, consequentemente, no crescimento das plantas e na produtividade do pomar. B – CRESCIMENTO DAS PLANTAS Influência do porta-enxerto – Na Tabela 1 encontram-se os resultados do desdobramento porta-en- A) RESISTÊNCIA MECÂNICA DO SOLO À PENETRAÇÃO (RP = MPa) AO LONGO DO PERFIL; B) UMIDADE GRAVIMÉTRICA ATUAL (Ug = kg kg -1) AO LONGO DO PERFIL DO SOLO (choveu no dia da amostragem do solo). FIGURA 1 0 2 RP (MPa) 4 -1 6 8 0 0 0 0,08 0,08 0,16 0,16 0,24 0,24 0,32 0,32 0,40 0,40 0,48 0,48 0,56 0,56 0,64 xerto dentro de sistema de plantio e preparo do solo, relacionado com o crescimento das plantas. O teste de Scott-Knott (P≤5%) revelou que alguns indicadores de crescimento pertencem a grupos distintos: superior (a), intermediário (b) e inferior (c), a depender do sistema de plantio e do preparo do solo. Centrar-se-á a discussão no volume da copa (calculado a partir da altura da planta e diâmetro da copa) e na afinidade copa x porta-enxerto (quociente da divisão: diâmetro do tronco do enxerto/diâmetro do tronco do porta-enxerto). Analisando-se a influência do porta-enxerto no volume médio das copas, nota-se que não houve diferenças significavas entre os valores obtidos para as plantas originárias de mudas (M), nas áreas com e sem subsolagem. Entretanto, nas plantas originárias da semeadura do porta-enxerto A 0,05 Ug (Kg Kg ) 0,10 0,15 0,20 0,25 LEGENDA sem subsolagem com subsolagem 0,64 B no local definitivo (SLD) o volume médio da copa da laranjeira ‘Pera’ enxertada no citrandarin ‘Indio’ foi significativamente inferior ao das demais combinações genéticas, na área subsolada; na área não subsolada, o volume médio da copa da laranjeira ‘Pera’ enxertada nas tangerineiras ‘Sunki Tropical’ e ‘Cleópatra’ foi significativamente superior ao volume médio das copas das demais combinações genéticas. No caso da afinidade copa x porta-enxerto (última coluna da Tabela 1), houve influência do porta-enxerto apenas na combinação genética laranjeira ‘Pera’ x tangerineira ‘Sunki Tropical’, cujo valor é significativamente inferior ao das demais combinações genéticas, no sistema de “plantio direto” (SLD), com subsolagem. A menor afinidade copa x porta-enxerto foi a da laranjeira ‘Pera’ 76 Altura vertical Profundidade do solo em metros enxertada em tangerineira ‘Sunki Tropical’, no sistema de “plantio direto” (SLD), com subsolagem; a maior afinidade foi a da laranjeira ‘Pera’ enxertada em tangerineira ‘Cleópatra’, no sistema de “plantio direto” (SLD), sem subsolagem. Influência do preparo do solo – A Tabela 2 mostra os resultados do desdobramento preparo do solo dentro de porta-enxerto e de sistema de plantio, relacionado com o crescimento das plantas. O teste de Tukey (P≤5%) revelou que o preparo do solo influenciou alguns indicadores de crescimento da laranjeira ‘Pera’, a depender da combinação copa x porta-enxerto, preparo do solo e sistema de plantio. No plantio de mudas (M), por exemplo, a subsolagem contribuiu para aumentar significativamente o volume da copa da laranjeira ‘Pera’ enxertada nos limoeiros ‘Cravo’ e ‘Volkameriano‘, na RESULTADOS DO DESDOBRAMENTO DE PORTA-ENXERTO DENTRO DE SISTEMA DE PLANTIO E DE PREPARO DO SOLO, RELACIONADO COM O CRESCIMENTO DAS PLANTAS1. TABELA 1 Preparo do solo Sistema de Plantio M COM SUB SLD M Porta-enxerto Altura da Diâmetro da Volume da planta (m) copa (m) copa (m3) Diâmetro do tronco do enxerto (m) Diâmetro do tronco p-enxerto (m) Afinidade copa/p-enxerto (Dte/Dtpe) L. Cravo 1,21 b 2,37 a 3,55 a 0,064 a 0,078 b 0,82 a L. Volkameriano 1,18 b 2,39 a 3,56 a 0,074 a 0,093 a 0,79 a T. Sunki Tropical 1,32 a 2,48 a 4,29 a 0,071 a 0,088 a 0,80 a T. Cleópatra 1,12 c 2,36 a 3,32 a 0,060 a 0,080 b 0,74 a C. ‘Índio’ 1,07 c 2,50 a 3,56 a 0,062 a 0,089 a 0,70 a L. Cravo 1,28 b 2,82 b 5,34 a 0,088 a 0,085 a 0,90 a L. Volkameriano 1,43 a 2,81 b 5,95 a 0,087 a 0,102 a 0,84 a T. Sunki Tropical 1,23 b 2,92 a 5,57 a 0,077 a 0,097 a 0,64 b T. Cleópatra 1,32 b 3,01 a 6,28 a 0,086 a 0,095 a 0,91 a C. ‘Índio’ 1,22 b 2,64 b 4,52 b 0,081 a 0,092 a 0,87 a L. Cravo 1,01 b 2,21 a 2,64 a 0,060 a 0,073 a 0,83 a L. Volkameriano 1,00 b 2,22 a 2,58 a 0,061 a 0,077 a 0,78 a T. Sunki Tropical 1,23 a 2,23 a 3,29 a 0,064 a 0,078 a 0,82 a T. Cleópatra 1,15 a 2,32 a 3,29 a 0,059 a 0,074 a 0,79 a C. ‘Índio’ 1,00 b 2,20 a 2,55 a 0,060 a 0,083 a 0,72 a SEM SUB SLD L. Cravo 1,15 c 2,43 a 3,67 b 0,072 a 0,082 a 0,88 a L. Volkameriano 1,10 c 2,49 a 3,74 b 0,079 a 0,087 a 0,90 a T. Sunki Tropical 1,21 b 2,60 a 4,35 a 0,077 a 0,093 a 0,82 a T. Cleópatra 1,35 a 2,61 a 4,83 a 0,084 a 0,090 a 0,92 a C. ‘Índio’ 1,21 b 2,45 a 3,90 b 0,075 a 0,092 a 0,80 a Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott (P≤5%). Fonte: Autor Foto: Divulgação 1 77 TABELA 2 Sistema de Plantio RESULTADOS DO DESDOBRAMENTO DE PREPARO DO SOLO DENTRO DE PORTA-ENXERTO E DE SISTEMA DE PLANTIO, RELACIONADO COM O CRESCIMENTO DAS PLANTAS1 Porta-enxerto L. Cravo L. Volkameriano M T. Sunki Tropical T. Cleópatra C. ‘Índio’ L. Cravo L. Volkameriano SLD T. Sunki Tropical T. Cleópatra C. ‘Índio’ Preparo do solo Volume da copa (m3) Diâmetro do tronco do enxerto (m) Diâmetro do tronco p-enxerto (m) Afinidade copa/ p-enxerto (Dte/Dtpe) 2,37 a 3,55 a 0,064 a 0,078 a 0,82 a 2,21 a 2,64 b 0,060 a 0,072 a 0,83 a 2,39 a 3,56 a 0,073 a 0,092 a 0,79 a 2,22 a 2,58 b 0,060 a 0,077 b 0,78 a 0,80 a Altura da planta (m) Diâmetro da copa (m) Com sub 1,21 a Sem sub 1,01 b Com sub 1,18 a Sem sub 1,00 b Com sub 1,31 a 2,48 a 4,29 a 0,070 a 0,088 a Sem sub 1,23 b 2,23 b 3,29 b 0,064 a 0,078 a 0,82 a Com sub 1,11 a 2,36 a 3,32 a 0,060 a 0,080 a 0,74 a Sem sub 1,15 a 2,32 a 3,29 a 0,059 a 0,074 a 0,79 a Com sub 1,06 a 2,50 a 3,56 a 0,062 a 0,089 a 0,70 a Sem sub 1,00 a 2,20 b 2,55 b 0,060 a 0,083 a 0,72 a Com sub 1,28 a 2,82 a 5,34 a 0,088 a 0,085 a 0,90 a Sem sub 1,15 b 2,43 b 3,67 b 0,072 a 0,082 a 0,88 a Com sub 1,43 a 2,81 a 5,95 a 0,086 a 0,102 a 0,84 a Sem sub 1,10 b 2,49 b 3,74 b 0,078 a 0,086 b 0,90 a Com sub 1,23 a 2,92 a 5,57 a 0,077 a 0,096 a 0,64 a Sem sub 1,21 a 2,60 b 4,35 b 0,076 a 0,093 a 0,82 a Com sub 1,31 a 3,01 a 6,28 a 0,086 a 0,095 a 0,91 a Sem sub 1,35 a 2,61 b 4,83 b 0,083 a 0,090 a 0,92 a Com sub 1,21 a 2,65 a 4,52 a 0,081 a 0,092 a 0,87 a Sem sub 1,21 a 2,45 b 3,90 a 0,074 a 0,092 a 0,80 a Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P≤5%). Fonte: Autor 1 tangerineira ‘Sunki Tropical’ e no híbrido citrandarin ‘Índio’ – o que parece indicar maior sensibilidade dessas combinações genéticas ao adensamento do solo. Não houve influência do preparo do solo na afinidade copa x porta-enxerto, pois não há diferenças significativas entre os valores encontrados. Influência do sistema de plantio – A Tabela 3 mostra os resultados do desdobramento sistema de plantio dentro de porta-enxerto e preparo do solo, relacionado com o crescimento das plantas. Nota-se que, independentemente da combinação genética copa x porta-enxerto e do preparo do solo, o volume da copa (onde se abrigam os frutos) das plantas originárias do “plantio direto” (SLD) é significativamente superior ao das plantas originárias de mudas (M). Quanto à afinidade copa x porta-enxerto, não houve diferenças significativas entre os resultados encontrados; entretanto, em valores absolutos, tal afinidade é maior nas plantas originárias do “plantio direto” (SLD). A Figura 2 ilustra o crescimento da laranjeira ‘Pera’ relacionado com porta-enxerto, preparo do solo e sistema de plantio. Percebe-se que as plantas (da mesma idade) originárias do “plantio direto” (PD, nas fotos) cresceram mais do que aquelas originárias de mudas (M), 78 independentemente do porta-enxerto e do preparo do solo. Na parte inferior direita da figura há um detalhe da subsolagem e da enxertia no local definitivo. C – PRODUTIVIDADE Influência do porta-enxerto – Na Tabela 4 encontram-se os resultados do desdobramento porta-enxerto dentro de sistema de plantio e de preparo do solo, relacionado com a produtividade e com o peso médio dos frutos. O teste de Scott-Knott (P≤5%) revelou que algumas das combinações genéticas copa x porta-enxerto pertencem a grupos distintos: superior FIGURA 2 PDSS MSS PDCS PDSS MCS MSS L. ‘Pera’ em L. ‘Cravo’ PDSS MSS MSS MCS L. ‘Pera’ em L. ‘Volkameriano’ PDCS PDSS MCS MSS L. ‘Pera’ em T. ‘Sunki Tropical’ PDSS PDCS PDCS MCS L. ‘Pera’ em T. ‘Cleópatra’ PDCS MCS L. ‘Pera’ em citrandarin ‘Índio’ Subsolagem e enxertia in loco Crescimento da laranjeira ‘Pera’ relacionado com: porta-enxerto, sistema de plantio e preparo do solo. Para cada combinação copa x porta-enxerto tem-se: plantas da parte superior, “plantio direto”; plantas da parte inferior, plantio de mudas; as da esquerda, sem subsolagem; as da direita, com subsolagem. Idade das plantas: três anos e nove meses. No canto inferior direito, detalhe da subsolagem e enxertia no local definitivo. 79 TABELA 3 Preparo do solo RESULTADOS DO DESDOBRAMENTO DE SISTEMA DE PLANTIO DENTRO DE PORTA-ENXERTO E DE PREPARO DO SOLO, RELACIONADO COM O CRESCIMENTO DAS PLANTAS1 Porta-enxerto L. Cravo L. Volkameriano COM SUB T. Sunki Tropical T. Cleópatra C. ‘Índio’ L. Cravo L. Volkameriano SEM SUB T. Sunki Tropical T. Cleópatra C. ‘Índio’ Sistema de Plantio Altura da planta (m) Diâmetro da copa (m) Volume da copa (m3) Diâmetro do tronco do enxerto (m) Diâmetro do tronco p-enxerto (m) Afinidade copa/ p-enxerto (Dte/Dtpe) M 1,21 a 2,37 b 3,55 b 0,064 b 0,078 a 0,82 a SLD 1,28 a 2,82 a 5,34 a 0,088 a 0,085 a 0,90 a M 1,18 b 2,39 b 3,56 b 0,073 a 0,092 a 0,79 a SLD 1,43 a 2,81 a 5,95 a 0,086 a 0,102 a 0,84 a M 1,31 a 2,48 b 4,29 b 0,070 a 0,088 a 0,64 a SLD 1,23 b 2,92 a 5,57 a 0,077 a 0,096 a 0,80 a M 1,11 b 2,36 b 3,32 b 0,060 b 0,080 b 0,74 a SLD 1,31 a 3,01 a 6,28 a 0,086 a 0,095 a 0,91 a M 1,06 b 2,50 a 3,56 b 0,062 b 0,089 a 0,70 a SLD 1,21 a 2,64 a 4,52 a 0,081 a 0,092 a 0,87 a M 1,01 b 2,21 b 2,64 b 0,060 a 0,072 a 0,83 a SLD 1,15 a 2,43 a 3,67 a 0,072 a 0,082 a 0,88 a M 1,00 b 2,22 b 1,72 b 0,060 b 0,077 a 0,78 a SLD 1,10 a 2,49 a 3,36 a 0,078 a 0,086 a 0,90 a M 1,23 a 1,55 b 3,29 b 0,064 a 0,078 b 0,82 a SLD 1,21 a 2,16 a 4,35 a 0,076 a 0,093 a 0,82 a M 1,15 b 2,23 b 3,29 b 0,059 b 0,074 b 0,79 a SLD 1,35 a 2,60 a 4,83 a 0,083 a 0,090 a 0,92 a M 1,00 b 2,20 b 2,55 b 0,060 a 0,083 a 0,72 a SLD 1,21 a 2,45 a 3,90 a 0,074 a 0,092 a 0,80 a Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P≤5%). Fonte: Autor 1 (a), intermediário (b) e inferior (c), a depender do sistema de plantio e do preparo do solo. Nos pomares originários do plantio de mudas (M), independentemente do preparo do solo, o número e o peso dos frutos por hectare foram significativamente superiores na laranjeira ‘Pera’ enxertada nos limoeiros ‘Cravo’ e ‘Volkameriano’ e no híbrido citrandarin ‘Indio’, comparado com as demais combinações genéticas. Independentemente do preparo do solo, nos pomares originários do “plantio direto” (SLD), o número e o peso dos frutos por hectare foram significativamente superiores na combinação genética laranjeira ‘Pera’ enxertada no limoeiro ‘Volkameriano’ e significativamente inferiores na combinação genética laranjeira ‘Pera’ enxertada na tangerineira ‘Cleópatra – respectivamente, as combinações mais precoce e mais tardia. Não houve influência do porta-enxerto no peso médio dos frutos, pois não há diferenças significativas entre os valores obtidos. Influência do preparo do solo – Na Tabela 5 encontram-se os resultados do desdobramento preparo do solo dentro de porta-enxerto e de sistema de plantio relacionado com a produtividade e com o peso médio dos frutos. O teste de Tukey (P≤5%) revelou 80 que a influência do preparo do solo na produtividade depende da combinação copa x porta-enxerto e do sistema de plantio. Nas plantas originárias de mudas (M), independentemente da combinação genética copa x porta-enxerto, não houve influência do preparo do solo no número e no peso de frutos por hectare, nem no peso médio dos frutos, pois não há diferenças significativas entre os valores obtidos. Entretanto, nas plantas originárias do “plantio direto” (SLD), a subsolagem contribuiu para aumentar significativamente o número e o peso de frutos por hectare da laranjeira ‘Pera’ enxertada nos limo- RESULTADOS DO DESDOBRAMENTO DE PORTA-ENXERTO DENTRO DE SISTEMA DE PLANTIO E DE PREPARO DO SOLO, RELACIONADO COM A PRODUTIVIDADE E COM O PESO MÉDIO DOS FRUTOS1 TABELA 4 Preparo do solo Sistema de Plantio M Porta-enxerto Nº de frutos por hectare Peso de frutos (kg ha-1) Peso médio dos frutos (kg) L. Cravo 60.833 a 11.747 a 0,19 a L. Volkameriano 55.486 a 10.926 a 0,20 a T. Sunki Tropical 15.486 b 2.852 b 0,18 a T. Cleópatra 9.097 b 1.751 b 0,19 a C. ‘Índio’ 62.847 a 11.290 a 0,18 a COM SUB SLD M L. Cravo 104.722 b 22.288 b 0,21 a L. Volkameriano 140.069 a 27.616 a 0,20 a T. Sunki Tropical 85.972 b 17.298 c 0,21 a T. Cleópatra 63.125 c 11.570 c 0,18 a C. ‘Índio’ 83.750 b 16.092 c 0,19 a L. Cravo 57.847 a 11.851 a 0,20 a L. Volkameriano 54.166 a 11.328 a 0,21 a T. Sunki Tropical 22.986 b 4.649 b 0,20 a T. Cleópatra 2.500 b 410 b 0,16 a C. ‘Índio’ 43.263 a 7.932 a 0,18 a L. Cravo 78.541 b 15.981 a 0,20 a SEM SUB SLD L. Volkameriano 105.277 a 20.019 a 0,19 a T. Sunki Tropical 67.500 b 13.714 b 0,20 a T. Cleópatra 42.361 c 7.446 c 0,18 a C. ‘Índio’ 64.930 b 11.722 b 0,18 a 1 Médias seguidas da mesma letra nas colunas pertencem ao mesmo grupo, pelo teste de Scott-Knott (P≤5%); Fonte: Autor eiros ‘Cravo’ e ‘Volkameriano’, indicando que essas combinações genéticas são mais sensíveis ao adensamento do solo. Independentemente do sistema de plantio e da combinação genética copa x porta-enxerto, a subsolagem não contribuiu para aumentar significativamente o peso médio dos frutos Influência do sistema de plantio – A Tabela 6 mostra os resultados do desdobramento sistema de plantio dentro de porta-enxerto e de preparo do solo, relacionado com a produtividade e com o peso médio dos frutos. Independentemente da combinação copa x porta- -enxerto e do preparo do solo, em valores absolutos a produtividade dos pomares resultantes do “plantio direto” é inquestionavelmente maior do que a dos pomares resultantes do plantio de mudas – isso indica que tais pomares são mais vigorosos, precoces, produtivos e, possivelmente, mais longevos e sustentáveis do que os pomares resultantes do plantio de mudas. Independentemente do preparo do solo, o número e o peso de frutos por hectare foi significativamente maior nos pomares de laranjeira ’Pera’ enxertada no limoeiro ‘Volkameriano’ e nas tangerineiras ‘Sunki Tropi81 cal’ e ‘Cleópatra’. Independentemente da combinação genética copa x porta-enxerto e do preparo do solo, o sistema de plantio não influenciou o peso médio dos frutos, pois não há diferenças significativas entre os valores obtidos. Tais resultados mostram que o “plantio direto” dos citros (semeadura ou plantio do porta-enxerto no local definitivo) é uma realidade! Estima-se que cerca de mil hectares de citros já foram implantados na Bahia utilizando-se esse sistema de plantio. Comparado com o plantio de mudas, o “plantio direto” do citros resultou TABELA 5 RESULTADOS DO DESDOBRAMENTO DE PREPARO DO SOLO DENTRO DE PORTA-ENXERTO E DE SISTEMA DE PLANTIO, RELACIONADO COM A PRODUTIVIDADE E COM O PESO MÉDIO DOS FRUTOS1 Sistema de Plantio Porta-enxerto L. Cravo L. Volkameriano M T. Sunki Tropical T. Cleópatra C. ‘Índio’ L. Cravo L. Volkameriano SLD T. Sunki Tropical T. Cleópatra C. ‘Índio’ Preparo do solo Nºde frutos/ha Peso de frutos (kg ha-1) Peso médio do fruto (kg) Com sub 60.833 a 57.847 a 55.486 a 54.166 a 15.486 a 22.986 a 9.097 a 2.500 a 62.847 a 43.263 a 11.747 a 11.851 a 10.926 a 11.328 a 2.852 a 4.649 a 1.751 a 410 a 11.290 a 7.932 a 0,20 a 0,19 a 0,20 a 0,21 a 0,18 a 0,20 a 0,19 a 0,16 a 0,18 a 0,26 a 104.722 a 7 8.541 b 140.069 a 105.277 b 85.972 a 67.500 a 63.125 a 42.361 a 83.750 a 64.930 a 22.288 a 15.981 b 27.616 a 20.019 b 17.298 a 13.714 a 11.570 a 7.446 a 16.092 a 11.722 a 0,21 a 0,20 a 0,20 a 0,19 a 0,20 a 0,20 a 0,18 a 0,18 a 0,19 a 0,18 a Sem sub Com sub Sem sub Com sub Sem sub Com sub Sem sub Com sub Sem sub Com sub Sem sub Com sub Sem sub Com sub Sem sub Com sub Sem sub Com sub Sem sub 1 Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P≤5%). Fonte: Autor vantajosamente nos seguintes benefícios fitotécnicos, econômicos e ambientais: a) maior vigor, precocidade, produtividade e, possivelmente, maior longevidade e sustentabilidade do pomar, devido à melhor e mais rápida adaptação das plantas às condições ambientais. Em ordem decrescente de produtividade (peso de frutos por hectare) relacionada com o sistema de plantio, preparo do solo e porta-enxerto, tem-se: Plantio de mudas, sem subsolagem: L. ‘Pera’ x L. ‘Cravo’ (11.851 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x L. ‘Volkameriano’ (11.328 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x C. ‘Índio’ (7.932 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x T.’Sunki Tropical (4.649 kg ha-1) ‘Pera’ x T. ‘Cleópatra’ (410 kg ha-1); “Plantio direto”, sem subsolagem: L. ‘Pera’ x L. ‘Volkameriano’ (20.019 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x L. ‘Cravo’ (15.981 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x T. ‘Sunki Tropical’ (13.714 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x C. ‘Índio’ (11.722 kg ha-1) > L.‘Pera’ x T. ‘Cleópatra’ (7.446 kg ha-1); Plantio de mudas, com subsolagem: L. ‘Pera’ x L. ‘Cravo’ (11.747 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x C. ‘Índio’ (11.290 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x L. ‘Volkameriano’ (10.926 kg ha-1) > 82 L. ‘Pera’ x T.’Sunki Tropical (2.852 kg ha-1) > L. Pera’ x L. ‘Cleópatra’ (1.751 kg ha-1); “Plantio direto”, com subsolagem: L. ‘Pera’ x L. ‘Volkameriano’ (27.616 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x L. ‘Cravo’ (22.288 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x T. ‘Sunki Tropical’ (17.298 kg ha1 ) > L. ‘Pera’ x C. ‘Índio’ (16.092 kg ha-1) > L.‘Pera’ x T. ‘Cleópatra’ (11.570 kg ha-1). b) algumas combinações genéticas copa x porta-enxerto mostraram-se intolerantes e outras tolerantes ao adensamento do solo – para as tolerantes é dispensável a prática da subsolagem para di- minuir a resistência do solo à penetração radicular, o que implica menor custo de produção e, consequentemente, em maior benefício para o citricultor. c) é um sistema de produção agrícola mais econômico do que o plantio convencional, principalmente porque dispensa a compra de mudas. Os itens diferenciais dos custos de im- plantação de um hectare de citros (espaçamento das plantas, 6,0 m x 4,0 m) para os dois sistemas de plantio são os seguintes (valores em novembro de 2012): R$ R$ Total Mudas (+ 10%) Un. Plantio de mudas 459 2,50 1.147,50 Abertura de covas H/D 3 35,00 105,00 Plantio H/D 2 35,00 70,00 Transporte mudas H/tr 1 45,00 Total 45,00 1.367,50 “Plantio direto” R$ R$ Total Sementes kg 0,6 100,00 60,00 Marcação de covas H/D 1,5 35,00 52,50 Semeadura H/D 0,4 35,00 14,00 Enxertia H/D 2,0 40,00 80,00 Repasse enxertia H/D 0,4 40,00 16,00 Total 222,50 TABELA 6 Preparo do solo RESULTADOS DO DESDOBRAMENTO DE SISTEMA DE PLANTIO DENTRO DE PORTA-ENXERTO E DE PREPARO DO SOLO, RELACIONADO COM O CRESCIMENTO DAS PLANTAS1 Porta-enxerto L. Cravo L. Volkameriano COM SUB T. Sunki Tropical T. Cleópatra C. ‘Índio’ L. Cravo L. Volkameriano SEM SUB T. Sunki Tropical T. Cleópatra C. ‘Índio’ Sistema de Plantio Nº de frutos/ha Peso de frutos (kg ha-1) Peso médio dos frutos (kg) M 60.833 b 11.747 b SLD 104.722 a 22.288 a 0,21 a M 55.486 b 10.926 b 0,20 a SLD 140.069 a 27.616 a 0,20 a M 15.486 b 2.852 b 0,18 a SLD 85.972 a 17.298 a 0,20 a 0,19 a M 9.097 b 1.751 b 0,19 a SLD 63.125 a 11.570 a 0,18 a M 62.847 a 11.290 a 0,18 a SLD 83.750 a 16.092 a 0,19 a M 57.847 a 11.851 a 0,20 a SLD 78.541 a 15.981 a 0,20 a M 54.166 b 11.328 b 0,21 a SLD 105.277 a 20.019 a 0,19 a M 22.986 b 4.649 b 0,20 a SLD 67.500 a 13.714 a 0,20 a 0,16 a M 2.500 b 410 b SLD 42.361 a 7.446 a 0,18 a M 43.263 a 7.932 a 0,18 a SLD 64.930 a 11.722 a 0,18 a Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P≤5%). Fonte: Autor 1 83 CONSIDERAÇÕES FINAIS A comprovada superioridade do “plantio direto” dos citros, comparado com o plantio de mudas, deve-se ao seguinte fato: a formação e o manejo das mudas em viveiros, particularmente em viveiros telados, é uma simplificação grosseira do sistema natural de produção agrícola solo-planta-clima. Nesses viveiros, substitui-se o solo natural por uma bolsa plástica impermeável e intransponível contendo um volume de substrato artificial, fofo, na qual as raízes ficam confinadas, enoveladas e impedidas de expandirem-se. Além disso, o clima natural é substituído pelo clima artificial do viveiro no qual as plantas são submetidas a fertirrigações diárias e, por isso, não sofrem estresses hídricos nem de nutrição como sói acontecer no ambiente natural. Ao deixarem essa hospedaria, limpas, porém não imunes às pragas, as plantas passarão a enfrentar os rigores do meio natural – inclusive ataque de pragas, pois agora estão fora do viveiro – geralmente sem a devida aclimatação, resultando em pomares menos vigorosos, com desenvolvimento prejudicado – fato que tem sido relatado por citricultores baianos e sergipanos. Para evitar estresses das plantas decorrentes do confinamento, enovelamento e corte das raízes a solução economicamente viável é o plantio do porta-enxerto no local definitivo e posterior enxertia in loco. A semeadura do porta-enxerto poderá ser feita de duas maneiras: diretamente na cova de plantio ou em bolsas plásticas, nos viveiros. Neste caso, o tempo de permanência do porta-enxerto na bolsa não deverá ultrapassar o momento em que sua raiz pivotante atingir o fundo do recipiente, sem enovelar. Em ambos os casos, torna-se obrigatório a utilização de sementes e borbulhas certificadas, assim como o controle de pragas do plantio. a partir O Ministério da Agricultura estabeleceu, por meio de regulamentação, que as mudas produzidas para fins comerciais têm que ser formadas obrigatoriamente em ambientes protegidos (viveiros telados) a fim de se garantir ao usuário plantas livres de pragas; entretanto, segundo essa mesma regulamentação, o produtor rural que desejar poderá instalar em sua propriedade pomares originários de plantas formadas no próprio local (plantio direto). Trata-se aqui de plantas para uso próprio e não para venda. Com essa enfática defesa do “plantio direto” dos citros não se pretende negar a importância econômica e social da produção de mudas como parte do agronegócio citros. O “plantio direto” dos citros surge como mais uma opção técnica disponível, viável e compensatória para o citricultor. EQUIPE TÉCNICA, INSTITUIÇÕES E ÁREAS DE CONHECIMENTO zz UFRB – Pesquisadores: Carlos Humberto Calfa (solos, colaborador), João Albany Costa (Estatística), Joelito de Oliveira Rezende (Solos), Luciano da Silva Souza (Solos), Manoel Teixeira de Castro Neto (Fisiologia Vegetal), Oldair Vinhas Costa (Solos) zz UFRB – Alunos estagiários: Ana Paula Soares Rodrigues, Carine Andrade Teixeira, Erivaldo de Jesus da Silva, Fábio Farias Amorim, Geocássia de Oliveira Santana, Gleidson Oliveira dos Santos, Itamar de Souza Oliveira, Jefferson de Souza Santos, Lívia Fernanda Lavrador Toniasso, Maiara Dresselin Coelho, Patrícia Lima de Souza Santos, Pedro Henrique Falcão de Oliveira, Phylipe Veiga de Macedo, Plácido Ulisses Souza, Reizandra Pereira Barbosa, Rivani Oliveira Ferreira, Rodrigo C. de Carvalho, Sandielle Araujo Vilas Boas, Sara de Jesus Duarte, Zuleide Silva de Carvalho. zz Fazenda Lagoa do Coco: Roberto Toyohiro Shibata (Fitotecnia, fruticultura) zz Universidade de Valência, Espanha: Juan Sánchez Díaz (Edafologia) zz Embrapa Mandioca e Fruticultura: Carlos Alberto da Silva Ledo (Estatística), Hermes Peixoto Santos Filho (Fitopatologia), Walter dos Santos Soares Filho (Melhoramento Genético) zz EBDA – Transferência de tecnologia: Antônio Carlos Oliveira, Antônio César Barreto Borges, Antônio José de Almeida, Geraldo Almeida Souza, José Leoni Santos, Manoel Soares dos Reis Filho, Nereu Pereira Dumonte, Nilton Antônio Caldas Pereira. 84 AGRADECIMENTO À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), pelo inestimável apoio financeiro; ao Engenheiro Agrônomo Roberto Toyohiro Shibata e familiares – proprietários da Fazenda Lagoa do Coco, parceiros na pesquisa e pioneiro exitoso no uso do “plantio direto” dos citros – pelo carinho com que tratam estudantes e pesquisadores e por fazerem dessa Fazenda uma extensão das demais instituições parceiras. 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