A NESPEREIRA A nêspera (Eriobotrya japonica Lindl.), fruta

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A NESPEREIRA
A nêspera (Eriobotrya japonica Lindl.), fruta tipo pomo como a maçã, pêra e marmelo,
pertencente à família Rosaceae, sendo amplamente distribuída nas regiões subtropical do
globo. A sua exploração racional, com real importância econômica, limita-se a alguns países,
como Japão, Espanha, Israel e Brasil. Sua origem é asiática, com referência a Japão, China e
Índia. Sem desbaste, é uma fruta pequena, de cor amarela e casca aveludada, de modo
errôneo chamada popularmente de ameixa-amarela ou ameixa-japonesa. É uma fruta rica em
vitamina C e sais minerais, como o cálcio e o fósforo. A nêspera é consumida ao natural ou em
salada de frutas e também se presta à produção de excelente compota, atividade essa ainda
bem pouco explorada.
No Estado de São Paulo, iniciou-se o cultivo econômico na década de 40, com
interesse crescente entre os fruticultores, chegando à cerca de 200 mil plantas em 1985,
principalmente nas regiões produtoras de Mogi das Cruzes e Atibaia.
Clima e Solo
A nespereira se desenvolve bem em regiões onde a temperatura média anual está
acima de 15ºC, não sujeitas a temperaturas abaixo de 3ºC, condições que ocasiona a morte
dos frutos novos. No Estado de São Paulo, a quantidade total de água que a planta necessita
durante o ano é, geralmente, satisfeita com as chuvas e pela utilização de cobertura morta.
As raízes da nespereira são profundas, podendo, entretanto a planta tombar sob a ação
de ventos fortes, se o porta-enxerto for o marmeleiro, de raízes mais superficiais. Os ramos
são resistentes, não havendo perigo da quebra pelo vento, mas os frutos podem ser
prejudicados pela fricção contra as folhas e ramos vizinhos. Assim, recomenda-se a instalação
do pomar nas faces menos batidas pelos ventos, ou pela conveniência de utilização de quebraventos.
Cultivares
Mizuho, Precoce de Itaquera, Precoce de Campinas (IAC 165-31), Parmogi (IAC 26617), Nectar de Cristal (IAC 866-7), Centenária (IAC 1567-420), Mizumo (IAC 1567-411) e
Mizauto (IAC 167-4).
Produção de mudas
As mudas devem ser produzidas em recipientes, sendo as sementes extraídas de frutos
maduros, secas à sombra e semeadas em cerca de uma semana, garantindo assim elevada
germinação. As mudas são enxertadas sobre pés francos de porta-enxertos oriundos de
sementes da própria nespereira, de qualquer cultivar, uma vez que ainda não existe portaenxerto específico. O ponto de enxertia ocorre após 8 a 12 meses da semeadura, onde o
porta-enxerto encontra-se com 1 cm de diâmetro na região de enxertia (30 a 40cm de altura).
A enxertia se faz em qualquer época do ano, por processo de garfagem, preferivelmente do
tipo “inglês simples” e cobertura com saco plástico enrolado ao garfo (enxerto). É importante
que cerca de três a quatro folhas sadias do porta-enxerto sejam deixadas abaixo da parte
enxertada, o que garante o melhor pegamento e mesmo o desenvolvimento das mudas
enxertadas.
Há perspectiva promissora de cultivo de nespereiras enxertadas sobre marmeleiros, o
que propicia plantas de menor crescimento que possibilita o espaçamento adensado e
originando pomar de porte mais compacto.
Espaçamento
Os espaçamentos requeridos para a nespereira são 8 x 4 m a 8 x 6 m (plantio
convencional; nespereira/nespereira) e 4 x 2 m a 5 x 3 m (plantio adensado:
nespereira/marmeleiro).
As quantidades de mudas necessárias são: 207 a 312 e 666 a 1.250/ha, de acordo com o
espaçamento.
Plantio
De acordo com a análise de solo, aplicar o calcário para elevar a saturação por bases a
70%. Aplicar o corretivo em área total, antes do plantio ou mesmo durante a exploração do
pomar, incorporando-o mediante aração e/ou gradagem.
O plantio das mudas deve ser realizado no período quente e chuvoso de cada região.
Para o Estado de São Paulo, recomenda-se o plantio a partir de outubro. As covas devem ter
dimensões de 60x60x60cm. A primeira camada de solo (até os 30 cm iniciais), é separada do
subsolo (demais 30 cm) e misturada com 2Kg de esterco de galinha ou 10Kg de esterco de
curral curtido, 1Kg de calcário, 160g de P2O5 e 60g de K2O. Essa mistura é colocada no fundo
da cova, completando-se o que faltar com a terra provinda da raspagem superficial do terreno.
A do subsolo é utilizada para a construção da bacia ao redor da muda, após o plantio.
Adubação
Plantio: Em cobertura, a partir da brotação das mudas, aplicar ao redor da planta, a cada dois
meses, 60g de N, em quatro parcelas de 15g.
Formação: Para plantio convencional, no pomar em formação, em função do resultado de
análise de solo e idade da planta, aplicar 60 a 120g planta -1 de cada um dos nutrientes: N,
P2O5 e K2O, sendo a dose de N dividida em quatro parcelas, de dois em dois meses, a partir do
início da brotação.
Produção: No pomar adulto convencional, a partir do 7º ano, em função do resultado da
análise de solo e da meta de produtividade (8 a 12 t ha-1), aplicar, anualmente, 3 t ha-1 de
esterco de galinha ou 15t ha-1 de esterco de curral, bem curtido e 60 a 120 kg ha-1 de N, 20 a
90 kg ha-1 de P2O5 e 20 a 100 kg ha-1 K2O. Após a colheita distribuir esterco, fósforo e
potássio, na dosagem anual, em coroa larga, acompanhando a projeção da copa no solo.
Aplicar o nitrogênio em quatro parcelas, em cobertura, de dois em dois meses, a partir do
início da brotação. Para plantios adensados, aplicar os adubos, no pomar em formação e no
adulto, de modo similar aos plantios convencionais, reduzindo as doses proporcionalmente à
área ocupada por planta.
Tratos culturais
As principais técnicas culturais empregadas na cultura da nespereira são: capinas,
podas de formação e de limpeza, desbaste e ensacamento dos frutos. O desbaste dos frutos e
a proteção dos remanescentes, três a cinco por cacho, com folhas duplas de papel são
operações indispensáveis para a obtenção de produto comercializável. O ensacamento com
papel opaco, além de proteger as frutas contra as pragas, controla a incidência de “manchasarroxeadas”, o que deprecia amplamente os frutos para o comércio, especialmente no cultivar
Mizuho, o mais suscetível a esse distúrbio genético-fisiológico.
Culturas intercalares
A fim de conseguir o retorno rápido do capital investido durante os primeiros anos de
formação do pomar, há vantagem no plantio do cultivo de culturas de pequeno porte, como
alguns grãos e oleirícolas. Caso não haja interesse no cultivo de culturas comerciais, se
possível, fazer o consórcio com adubos verdes, o que vem a promover ganhos na estruturação
do solo, pelo aumento do teor de matéria orgânica e retenção de umidade, devido ao acúmulo
de palhada e diminuição da emergência de plantas invasoras.
Principais pragas e doenças
As principais pragas que atacam as nespereiras são os pulgões, mosca-das-frutas e a
mariposa oriental. Como controle, é indispensável o ensacamento dos frutos. No caso das
doenças, apenas há maiores preocupações com a entomosporiose, em plantas jovens e a
antracnose, eventualmente em plantas adultas. Como medida de controle, deve-se realizar
pulverizações com produtos a base de cobre, sempre rotacionando o princípio ativo do produto
comercial a cada aplicação, para assim evitar-se possíveis resistências dessas enfermidades.
Colheita
A época de maturação dos frutos da nespereira se estende de maio a outubro, quando
há escassez de outras frutas estacionais no mercado. O período longo da safra provém do fato
de a nespereira ter o hábito de florescer por etapas, num ciclo também bastante amplo. Essa é
a razão pela qual a produção das nêsperas é muito menos afetada que a das outras culturas,
nos anos em que ocorrem intempéries, como geadas e secas prolongadas. As safras
comerciais iniciam-se a partir do 2º ano de instalação do pomar. A colheita é manual, mediante
a coleta das pencas ensacadas com os frutos já maduros.
Produtividade
A produtividade média dos cultivares de nespereira é de 10 a 20 t ha -1 de frutos, em
pomares adultos racionalmente conduzidos e de acordo com o espaçamento.
Considerações finais
A cultura da nespereira prescinde da utilização sistemática de defensivos; daí torna-se
atraente como uma fruticultura alternativa para a produção intensiva e mais natural dos frutos.
Dentre os cultivares estudados no IAC, o Precoce de Campinas sobressaiu-se como o mais
produtivo, tanto enxertado sobre a nespereira, quanto sobre o marmeleiro. Neste caso, o
marmeleiro comum – cultivar Portugal e mais ainda o Provence, têm servido como excelente
porta-enxerto.
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