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Indicadores de Produtividade no Setor Canavieiro
A evolução do agronegócio no cenário
internacional, sua crescente participação na economia
brasileira, potencializado pelo crescimento populacional e
conseqüente aumento da demanda mundial por alimentos,
vem destacando o Brasil como um grande “player” no
mercado de energia e produtos agrícolas para o mundo.
Produtos, que, na grande escala comercializada,
são classificados como commodities, ou seja, produtos
homogêneos, de baixo valor agregado inseridos num
mercado de competição perfeita no qual o lucro tende
a zero. Com isso, a diferenciação ou ampliação do lucro,
no caso de uma commodity, se dá com a redução dos
custos de produção relativos às atividades desenvolvidas
e planejadas por uma agroindústria.
Tal redução de custos pode ser obtida, dentre
outra formas, com o uso de tecnologias avançadas e
eficientes, com o aumento de produção e produtividade
das unidades e com a adoção de um modelo de gestão
integrado que considere o sistema de produção agrícola
de forma que possibilite o alcance do potencial produtivo
relativo a tecnologia e capacidade de trabalho de cada
propriedade ou agroindústria, visando, inclusive, melhoria
contínua e otimização dos processos.
Com isso, enfatiza-se o conceito de produtividade
e a busca pela maximização desta nos sistemas
agroindustriais torna-se o grande objetivo a ser alcançado
e definido, com o qual é possível identificar os fatores
críticos de produção envolvidos e atender a estratégia
competitiva de cada segmento agroindustrial. Nesse
contexto, a determinação e utilização de indicadores
de produtividade são fundamentais e atuam como
importantes ferramentas cuja utilidade é abrangida a
elaboração de orçamentos de produção e controle por
meio da análise das variáveis e recursos planejados e
efetivamente utilizados nas atividades consideradas e
mensuradas por esses indicadores.
Mas afinal, o que são esses indicadores de
produtividade? Como são determinados? E como
podem ser aplicados aos sistemas agroindustriais, mais
especificamente ao setor sucroenergético?
Para responder essas perguntas primeiramente
devemos definir generalizadamente um sistema de
produção, o qual considera duas partes: 1. O sistema físico
de produção e 2. O sistema econômico de produção
(Muscat, 1967). Ambos estão interligados, sendo que
o sistema físico (figura 1) releva a tecnologia utilizada
em cada operação a partir de três fatores de produção
principais: mão de obra, materiais (todos os insumos
utilizados na atividade) e equipamentos, gerando o
produto final. O sistema econômico (figura 2) de
produção considera o mercado no qual esses mesmos três
fatores citados anteriormente estão inseridos, mensurados
monetariamente, resultando na receita total obtida com o
produto final.
Figura 1. Sistema Físico de Produção. Adaptado de Muscat (1967)
Figura 2. Sistema Econômico de Produção. Adaptado de Muscat (1967)
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Ao definir-se o sistema de produção, permiti-se a
construção da rede de indicadores de produtividade, a qual
se inicia a partir de um conceito mais abrangente e inicial
denominado indicador de produtividade global composto
por atributos físicos e econômicos do sistema de produção
o qual será posteriormente decomposto em indicadores
mais específicos e detalhados denominados indicadores
parciais de produtividade física e de custos. Definidos e
determinados esses indicadores, tem-se uma importante
ferramenta de gestão que permite comparações com
resultados operacionais de anos anteriores, identificação
de setores passiveis de melhoria, simulação de cenários e
elaboração de estratégias de curto a longo prazo.
Explicada a importância e utilidade dos indicadores,
a aplicação desses conceitos no setor canavieiro, mais
especificamente, às operações mecanizadas envolvidas na
produção de cana de açúcar é pertinente e fundamental
para redução de custos de produção da atividade e
melhoria da qualidade de matéria prima que chega as
usinas, maximizando as receitas e lucro global. Em função
do produto final do setor canavieiro ser classificado
como commodities, a estratégia competitiva adotada
pelas usinas visa à redução de custos, desse modo, a
determinação dos indicadores de produtividade gerará
valores dimensionados em custos por unidade de área
utilizada, ou seja, R$. ha-1.
A estruturação dos indicadores de produtividade
para as operações mecanizadas em cana de açúcar
tem como indicador global o somatório dos custos por
unidade de área dos cinco macroprocessos realizados e
considerados, relativos ao preparo do solo, plantio, tratos
culturais da cana planta, colheita (corte/carregamento/
transporte) e tratos culturais da soqueira. Para cada
um desses macroprocessos, obtêm-se os indicadores
parciais de produtividade para cada atividade e fator de
produção/classe de recursos (materiais, equipamentos e
mão de obra) a partir da determinação dos indicadores
parciais de produtividade física e custos dos tipos de
recursos utilizados e considerados em cada atividade do
macroprocesso.
A estruturação esquemática da rede de
indicadores para o plantio mecanizado em cana de açúcar
e os resultados finais para esse macroprocesso podem ser
visualizados nas figuras 3 e 4, respectivamente.
Figura 3. Estruturação da rede de indicadores de produtividade
parciais para o macroprocesso de Plantio Mecanizado em cana de açúcar.
A macroprocesso do plantio mecanizado foi 4.330,00/ha, no qual as atividades de maior participação
composto por uma rede de indicadores que considerou foram o plantio mecanizado e colheita mecanizada de
5 atividades: Transporte de fertilizantes, defensivos, muda mudas (figura 4).
picada, corte da muda picada e o plantio mecanizado (figura
3), sendo que o indicador parcial de produtividade para essa
operação registrou um dispêndio de aproximadamente R$
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Figura 4. Plantio Mecanizado: Indicadores parciais de produtividade por atividades (R$.ha-1)
A expressiva participação dessas atividades no custo
total do macroprocesso é explicada, dentre outros fatores,
a elevada quantidade de materiais (fertilizantes, mudas,
defensivos, óleo diesel, óleo lubrificante etc.) demandada
na atividade do plantio mecanizado e ao alto valor dos
equipamentos e dimensão dos investimentos efetuados
para colheita mecanizada de áreas relativamente menores
para atender a demanda em mudas de área destinadas ao
plantio. Nesse contexto, a figura 5 destaca o dispêndio (R$.
ha-1) para cada classe de recurso utilizada, reafirmando a
maior participação de materiais e equipamentos no custo
total do macroprocesso de plantio mecanizado em cana
de açúcar.
Figura 5. Plantio Mecanizado: Indicadores parciais de produtividade por classe de recursos (R$.ha-1).
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Considerações Finais
A adoção de modelos de gestão nos setores
agroindustriais é fundamental para melhoria da eficiência
e eficácia dos sistemas de produção tanto para aumento
de produtividade/produção quanto para redução de custos.
Nesse contexto, ferramentas como os indicadores
de produtividade devem fazer parte do cotidiano
operacional e administrativo das agroindústrias compondo
esse modelo de gestão de forma que auxilie na análise
do desempenho econômico/operacional dos fatores de
produção, crie subsídios para o planejamento estratégico
e financeiro e facilite a tomada de decisão em relação a
melhor combinação de recursos e serviços a ser utilizado
visando a utilização maximizada e sustentável do potencial
produtivo das empresas.
Carlos Araujo,
Especialista em Gestão Agroindustrial
Email : [email protected]
Natália de Campos Trombeta,
Graduação em Engenharia Agronômica – ESALQ/USP,
estagiária Mackensie Agribusiness.
Email: [email protected]
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