Curso de Atualização Aula: Insuficiência Cardíaca Aguda Prof. Dr. Evandro Tinoco Mesquita Diretor Clínico – Hospital Pró Pró--Cardíaco Coordenador da Disciplina de Cardiologia da UFF Coordenador de PósPós-Graduação de Ciências Cardiovasculares Diretor Científico do Grupo de Estudos da Insuficiência Cardíaca da SBC Definição “Insuficiência cardíaca aguda é definida como início rápido ou a mudança clínica dos sinais e sintomas de insuficiência cardíaca, resultando na necessidade urgente de terapia . A IC aguda pode ainda ser nova ou ser devido à piora de uma IC pré-existente (IC crônica descompensada)”. “As taxas de mortalidade no ano seguinte a internação por IC são mais elevadas do que aqueles que não foram internados”. “A internação por IC aguda por si, gera mais hospitalização, com taxas de rehospitalização de 50% dentro dos doze meses após alta hospitalar. ” Sequência de anormalidades fisiopatológicas da disfunção cardíaca aguda Causas precipitantes de IC Aguda • • • • Ingestão excessiva de sal e água Falta de aderência ao tratamento e/ou falta de acesso ao medicamento Fatores relacionados ao médico o Prescrição inadequada ou em doses insuficientes (diferentes das preconizadas nas diretrizes) o Falta de treinamento em manuseio de pacientes com IC o Falta de orientação adequada ao paciente em relação à dieta e atividade física o Sobrecarga de volume não detectada (falta de controle do peso diário) o Sobrecarga de líquidos I.V. durante internação Fatores relacionados a fármacos o Intoxicação digitálica o Drogas que retêm água ou inibem as prostaglandinas: AINE, esteróides, estrógenos, andrógenos, clorpropamida, minoxidil, glitazonas o Drogas inotrópicas negativas: antiarrítmicos do grupo I, antagonistas de cálcio (exceto anlodipino), antidepressivos tricíclicos o Drogas cardiotóxicas: citostáticos como a adriamicina > 400 Mg/M2 Trastuzumab (Herceptin) o Automedicação, terapias alternativas. Modelos clínicos da ICA • ICA Nova 25% • IC Crônica Agudizada 70% • IC Hipertensiva ( Vascular) 50% • EAP 3-13% • Choque Cardiogênico (BD+PAS<90mmHg+Diurese<0,5ml/Kg/h) <1 <1--4% • IVD ESC/IC-2008 ? Apresentações clinicas de ICA • Dispnéia + PAS >150mmHg –50% • Dispnéia + PAS :85 - 140mmHg – 40% • Dispnéia + PAS <85mmHg – 8% • Sinais de baixo débito : 20% • Choque Cardiogênico - <1% • EAP – 10 a 15% • EAP Flash - ? • SCA + Dispnéia – ? - ( 25% das DAC) • Disfunção ventricular direita - ? • Pós cirurgia cardíaca - ? Mihai Gheorghiade, Gheorghiade, Circulation 2005;112;39582005;112;3958-3968 Modelos de Congestão da ICA IC Crônica Agudizada Hipervolemia Pulmonar e periférica Congestão ICA Nova Hipertensiva Hipervolemia Pulmonar Hipovolemia periférica Perfil hemodinâmico da ICCA -Aumento absoluto da volemia -Disf.Sistólica predominante. -Piora progressiva : PCAP +++ Crônico -Congestão Pulmonar + no Rx -Ganho de peso e edema +++ Cotter G; Metra M. European Journal of Heart Failure 10 (2008) 165– 165–169 Mihai Gheorghiade Gheorghiade,, Circulation 2005;112;39582005;112;3958-3968 O Diagnóstico Clínico • Os sintomas de IC nem sempre se correlacionam com a gravidade da disfunção cardíaca. • Sintomas persistentes mesmo após otimização terapêutica indicam mau prognóstico. • A utilização isolada de sintomas não deve ser usada para guiar a terapêutica. II Diretriz de IC Aguda “Embora sinais e sintomas e escores diagnósticos possam ser altamente sugestivos de síndromes de IC aguda, eles carecem de acurácia suficiente para serem empregados como uma estratégia diagnóstica definitiva. Além disso, estes escores não foram extensivamente validados no cenário de IC aguda, tornando sua implementação na sala de emergência algo limitada...” “...O diagnóstico e a terapêutica devem ser individualizados conforme urgência apresentada, fisiopatologia subjacente e características hemodinâmicas agudas.” Anamnese / Exame Físico/ RX tórax Critérios de Framingham / Boston IC confirmada IC Sistólica x Diastólica Tempo de inicio dos sintomas Fator Causal Causas de descompensação Perfil Clinico – Hemodinâmico Estratificação de risco Alvos Terapêuticos Dúvida diagnostico + - Considerar outras causas BNP Bioimpedancia Eco Exame físico / Ecodopplercardiograma ICA Nova IC Crônica Agudizada Miocárdio/Valvular/Hipertensivo/Coronariano •Dieta •Medicação inadequada •Crise HAS •Isquemia - ECG, enzimas, ECO, CATE •TEP – dímero D, ECO, CT, V/Q •Arritmia/ Marcapasso - ECG •Infecção – HMG, Urina I, RX, PCR PAS na admissão Congestão/Fadiga Baixo Débito PAS na admissão Perfil hemodinâmico Avaliação da função renal Tempo de inicio dos sintomas Quente - Congesto Quente – Seco Frio – Congesto Frio - Seco Recomendações para solicitação de exames laboratoriais na IC aguda. Classe de Recomendação Classe I Indicações Nível de Evidência 1- Exames laboratoriais (hemograma, uréia, creatinina, sódio, potássio, glicose). 2- Gasometria arterial, lactato e cloro para pacientes com suspeita de baixo débito. 3- Troponina na suspeita de Síndrome Coronariana Aguda como causa de descompensação. 4- BNP ou NT-proBNP como auxílio diagnóstico em casos duvidosos. C C A A Recomendação para solicitação de ecocardiografia em pacientes com IC aguda. Classe de Recomendação Classe I Indicação Uso do ecocardiograma avaliação da IC aguda na Nível de Evidência C Diagnóstico ClínicoClínico- Hemodinâmico ICA Congestão em repouso? Sim Não Não Baixa perfusão em repouso? Sim Quente Seco Quente Congesto 27% 49% Frio Seco 4% Stevenson LW.AHJ 1998 Frio Congesto 20% Perfil hemodinâmico e prognóstico Perfil N (%) Quente –Seco 27% Mortalidade em 6 meses 11% Quente – Congesto 49% 22% Frio--Congesto Frio 20% 40% Frio-- Seco Frio 3,5% 17% Nohria A.JACC 2003;41:1797-1804 Monitorização não invasiva: Impedância Cardiografica (ICG) É uma forma de plestimografia que utiliza mudanças na impedância elétrica do tórax para estimar mudanças no volume de sangue na aorta e no volume de líquido torácico. Objetivos terapêuticos na IC Aguda Clínicos Diminuir sinais e sintomas Diminuição de peso corporal Adequação da oxigenação (Sat O2>90%) Manutenção da diurese adequada Melhorar a perfusão orgânica Laboratoriais Normalização eletrolítica Diminuição de uréia e creatinina Diminuir BNP Hemodinâmicos Reduzir pressões de enchimento Otimização de débito cardíaco Desfechos Redução de tempo de internação Prevenção de re-hospitalização Diminuição de mortalidade IC Aguda Nova Vascular-Hipertensivo (Crise HAS/IAM/Miocardite/IM Aguda) Congestão Pulmonar Hipovolemia periférica (redistribuição) >140 mmHg 85-140 mmHg <85 mmHg Quente-Congesto Vascular-Hipertens. s/Baixo Debito Quente-Congesto c/Baixo Debito Frio-Congesto s/Baixo Debito Quente-Congesto c/Baixo Debito Frio-Congesto VNI Morf. NPS NTG Furos.+ BB adicionar/Manter VNI NTG NPS Neseritide Furos.+ BB adicionar/Manter Avaliar volemia VNI NTG NPS Levosimendam Furos.+ BB suspenso VNI Dobutamina Furos.+ BB reduzir 50% VNI/TOT Avaliar volemia Dobutamina NE(PAS<75mmhg) BIA Device BB suspenso IC Crônica Agudizada (CMPD/IM Crônica/Eao) Congestão Pulmonar e periférica >140 mmHg 85-140 mmHg <85 mmHg Quente-Congesto Vascular-Hipertens. s/Baixo Debito Quente-Congesto c/Baixo Debito Frio-Congesto s/Baixo Debito Quente-Congesto c/Baixo Debito Frio-Congesto VNI Morf. NPS NTG Furos.+++ BB adicionar/Manter VNI NTG NPS Neseritide Furos.+++ BB adicionar/Manter VNI NTG NPS Levosimendam Furos.+++ BB suspenso VNI Dobutamina Furos.+++ BB reduzir 50% VNI/TOT Furos.+++ Dobutamina NE(PAS<75mmhg) BIA Device BB suspenso Fadiga s/ Congestão IC Aguda Nova IC Cronica Agudizada >140 mmHg 85-140 mmHg <85 mmHg Quente-Seco Vascular-Hipertens. s/Baixo Debito Quente-Seco c/Baixo Debito Frio-Seco s/Baixo Debito Quente-Seco c/Baixo Debito Frio-Congesto NPS NTG(DAC) BB adicionar/Manter Repor volume IECA/BRA BB adicionar/Manter Repor volume IECA/BRA susp. BB suspenso Repor volume IECA/BRA susp. BB reduzir 50% Repor volume IECA/BRA susp. BB suspenso