Hipertensão Arterial em Idosos de um Município do Estado do

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ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATO-SENSO
PÓS-GRADUAÇÃO EM GERIATRIA
ALAN SANTOS DE FREITAS
HIPERTENSÃO ARTERIAL EM IDOSOS DE UM
MUNICÍPIO DO ESTADO DO CEARÁ
E OS FATORES DE RISCO ASSOCIADOS
NO ANO DE 2007
FORTALEZA/CE
2008
ALAN SANTOS DE FREITAS
HIPERTENSÃO ARTERIAL EM IDOSOS DE UM MUNICÍPIO DO
ESTADO DO CEARÁ E OS FATORES DE RISCO ASSOCIADOS
DE JUNHO À DEZEMBRO NO ANO DE 2007
Monografia apresentada ao Curso de
Especialização lato-senso de Geriatria da
Escola de Saúde Pública do Estado do
Ceará como parte do requisito para
obtenção do título de Especialista em
Geriatria.
Aprovado em: ___/ ___/ 2008.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Profª. Drª. Regina Lúcia Portela Diniz (Orientadora)
______________________________________
Profª.Drª. Helena Maria Barbosa Carvalho (Membro Efetivo)
_______________________________________
Profª. MSc. Jane Cris de Lima Cunha (Membro Efetivo)
_______________________________________
Drª.Maria Helena Aires Leal Barreira (Orientadora)
FORTALEZA/CE
2008
AGRADECIMENTOS
A Deus, que é vida e luz do meu caminho. Que sempre me guia tornando meus
sonhos realidade e me fortalece nos momentos difíceis.
Aos meus pais por todo amor, dedicação e confiança a que me dedicaram durante
toda minha caminhada.
A minha amada esposa Luciana pelo amor, paciência, incentivo, compreensão e
apoio em todos os momentos da minha vida.
Aos meus queridos filhos Natan e Karen pelo carinho e por me proporcionar
momentos de felicidade.
Em especial a Profª Drª Regina Lúcia Portela pela paciência, atenção dispensada e
valiosa contribuição na concretização deste trabalho.
A Prefeitura do Município de Deputado Irapuan Pinheiro por proporcionar condições
para realização desta pesquisa.
Aos idosos do Distrito de Baixio do Município de Deputado Irapuan Pinheiro.
RESUMO
A hipertensão arterial é uma doença de elevada prevalência em nosso
país atingindo grande parcela da população idosa. O objetivo deste estudo foi
determinar os fatores associados à hipertensão e o risco de doenças
cardiovasculares entre os idosos assistidos pelo Programa de Saúde da Família
(PSF) do município de Deputado Irapuan Pinheiro-CE. Participaram da pesquisa
110 idosos com idade variando entre 60 a 82 anos, sendo 45,5% do sexo masculino
e 54,5% do sexo feminino, todos diagnosticados hipertensos e pertencentes à
comunidade rural do Baixio. Foram avaliados conforme a situação sócio-econômica
e
demográfica
caracterizando-se
como
uma
amostra
populacional
predominantemente de analfabetos (70%), apresentando uma renda familiar de 1
(um) salário mínimo (54%) e de etnia não branca (57,3%). Dentre os fatores de
riscos que apresentaram associação favorável com o diagnóstico de hipertensão,
temos: 95% da amostra possuíam história familiar de doença hipertensiva; 78%
apresentavam sobrepeso ou obesidade; 100% não praticavam exercícios regulares;
70% eram fumantes ou ex-fumantes e cerca de 67% consomem ou já fizeram uso de
bebidas alcoólicas. Podemos verificar que houve uma prevalência inferior ao
esperado com relação à associação com a diabetes (26%), hipercolesterolemia
(35%) e o abuso de sal (29%). A forma prevalente de hipertensão arterial no estudo
foi a hipertensão leve (24,5%), sendo o diagnóstico referido em (49,1%) entre 5-10
anos. O uso de anti-hipertensivos foi verificado em 97,3% da população de
hipertensos, tendo a monoterapia como a terapêutica de escolha em 57,9% da
amostra e o diurético como o grupo farmacológico utilizado preferencialmente por
31,7% dos idosos. Diversos motivos foram citados para justificar o elevado
percentual de abandono (88,2%) ao tratamento, onde se pode destacar: a
dificuldade do acesso à medicação (34%). Conclui-se que é de suma importância
para o controle da hipertensão o conhecimento por parte do paciente dos fatores de
risco e da necessidade de mudanças do estilo de vida e o uso contínuo de antihipertensivos.
ABSTRACT
The arterial hypertension is an illness of raised prevalence in our country
reaching great parcel of the aged population. The objective of this study was to
determine the factors associates to the hypertension and the risk of cardiovascular
illnesses between the aged ones attended by the Program of Health of Family (PSF)
of the city of Member of the house of Deputado Irapuan Pinheiro-CE. They had
participated of research 110 aged with age varying enters 60 82 years, being 45.5%
of masculine sex and 54.5% of the feminine sex, all diagnosed hypertensive and
pertaining the agricultural community of the Baixio. They had been evaluated in
agreement the partner-economic and demographic situation characterizing itself as a
population sample predominantly of illiterates (70%), presenting an inferior familiar
income the 1 minimum wage (54%) and of not white ethia (57.3%). Amongst the
factors of risks that had presented favorable association with the hypertension
diagnosis, we have: 95% of the sample haved familiar history of hipertensiva illness;
78% presented overweight or fatness; 100% they did not practice regular exercises;
70% were smoking or former-smokers and about 67% consume or already they had
made alcoholic beverage use. We can verify that it had an inferior prevalence to the
waited one with regard to the association with diabetes (26%), hipercholesterolemia
(35%) and the abuse of salt (29%). The prevalent form of arterial hypertension in the
study was the light hypertension (24.5%), being the diagnosis related in (49.1%)
between 5-10 years. The antihypertensive use was verified in 97,3% of the
population of hipertensos, having had the monotherapy as therapeutical of choice in
57,9% of the sample and the diuretic as the used pharmacological group preferential
for 31,7% of the aged ones. Diverse reasons had been cited to justify the high
percentage of abandonment (88.2%) to the treatment, where it can be detached: the
difficulty of the access the medication (34%). One concludes that it is of utmost
importance for the control of the hypertension the knowledge on the part of the
patient of the factors of risks and the necessity of changes of the life style and the
continuous antihypertensive use.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 9
2.1 Hipertensão ........................................................................................................... 9
2.2 Doenças Cardiovasculares.................................................................................. 10
2.3 Fatores de Risco ................................................................................................ 11
2.3.1 Idade ................................................................................................................ 13
2.3.2 Sexo ................................................................................................................. 13
2.3.3 Etnia ................................................................................................................. 14
2.3.4 Obesidade ........................................................................................................ 14
2.3.5 Diabetes ........................................................................................................... 15
2.3.6 História Familiar .............................................................................................. 16
2.3.7 Ingestão Excessiva do Sal .............................................................................. 17
2.3.8 Alcoolismo ....................................................................................................... 17
2.3.9 Tabagismo....................................................................................................... 18
2.3.10 Dislipidemia ................................................................................................... 20
2.3.11 Sedentarismo ................................................................................................ 20
2.3.12 Classe Social ................................................................................................. 21
2.4 Tratamento ......................................................................................................... 22
3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 26
4 OBJETIVOS ........................................................................................................... 26
3.1 Geral.................................................................................................................. 277
3.2 Específicos ........................................................................................................ 277
4 CASUÍSTICA E MÉTODO ................................................................................... 288
4.1 Tipo de estudo ................................................................................................... 288
4.2 Local do estudo ................................................................................................. 288
4.3 População do estudo ......................................................................................... 288
4.4 Desenvolvimento do estudo .............................................................................. 288
4.5 Processamento e análise de dados e instrumentos de coleta............................. 31
4.6 Aspectos éticos ................................................................................................... 31
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 311
5.1 Caracterização sócio-demográfica e econômica do grupo estudado ............... 311
5.2 Prevalência dos fatores de riscos observados no estudo.................................. 322
5.3 Hipertensão arterial e adesão ao tratamento recomendado.............................. 388
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 422
7 RECOMENDAÇÕES ............................................................................................ 454
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 455
9 APÊNDICE .......................................................................................................................... 51
7
1. INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas o perfil demográfico e epidemiológico vem sofrendo
mudanças em todo mundo. Um expressivo aumento na expectativa de vida e do
envelhecimento populacional implica em um incremento futuro na incidência e
prevalência
das
doenças
crônico-degenerativas,
entre
elas,
as
doenças
cardiovasculares que constituem as causas mais freqüentes de óbitos tanto em
países desenvolvidos quanto em desenvolvimento (Firmo et al., 2004a).
Estimativas com respeito ao ritmo do aumento populacional são as mais
variadas, contudo há uma unanimidade em torno de previsão de que a população
idosa crescerá mais rapidamente do que a população em geral (Carvalho et al.,
1998).
Conforme Firmo et al. (2004b) estima-se que em 2025 cerca de dois
terços da população idosa do mundo residirá em países em desenvolvimento. No
Brasil, nos últimos dez anos, a população com idade igual ou superior a sessenta
anos aumentou 2,5 vezes mais (35%) do que a população mais jovem (14%) (Firmo
et al.,2004b).
Em 2025, segundo Carvalho et al.(1998) o Brasil se tornará o sexto país
do mundo com maior população idosa; com quase 34 milhões de indivíduos com
idade igual ou superior a sessenta anos.
Com o aumento da expectativa de vida torna-se necessário conhecer a
situação de saúde desta parcela da população, sendo as estatísticas de mortalidade
fonte valiosa para avaliar o estado de saúde do idoso (Mathias et al., 2004).
As doenças cardiovasculares são as maiores responsáveis pela
mortalidade de idosos no Brasil, vitimando anualmente quase 200.000 indivíduos
com idade igual ou superior a 60 anos, correspondendo a quase 40% entre todas as
causas de mortalidade nessa faixa etária e a mais de 70% de toda a mortalidade por
doença cardiovascular no país (SOCERJ, 2004).
Em 2004, as doenças cardiovasculares foram responsáveis por um total
de 285.543 mortes no Brasil, o que equivale a 27,88% de todos os óbitos ocorridos
no país na referida época (Ortega et al., 2006).
Neste contexto, a hipertensão arterial, devido seu importante papel como
fator de risco cardiovascular modificável revela-se como um dos mais importantes
problemas de saúde pública de nosso país (Gus et al., 2004).
8
Conforme Ortega et al. (2006) a hipertensão arterial é responsável por
aproximadamente 40% dos óbitos provocados por acidente vascular cerebral e 25%
por infarto do miocárdio.
A prevalência da hipertensão arterial na população idosa é de
aproximadamente 65%, contudo cerca de 30% desconhecem serem portadores
desta patologia (Paiva et al., 2006).
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado e contínuo é de suma
importância no combate à hipertensão arterial. Entretanto, a prevenção do aumento
da pressão arterial constitui o meio mais eficiente por evitar as possíveis
complicações (III Consenso, 1998).
9
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Hipertensão
A hipertensão arterial “é uma entidade clínica multifatorial, caracterizada
pela presença de níveis tensionais elevados associados a alterações metabólicas,
hormonais e a fenômenos trópicos (hipertrofias cardíaca e vascular)” (Campane &
Gonçalves, 2002; Stam et al., 2003).
Atualmente, a hipertensão arterial tem sido conceituada como uma
síndrome e não como uma “doença” cuja terapêutica continua a ser um desafio para
a ciência devido ao elevado índice de desconhecimento desta por parte da
população e das elevadas taxas de abandono ao tratamento (Vieira, 2004).
Segundo o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (1998)
“hipertenso é todo indivíduo adulto maior de 18 anos de idade que apresenta
pressão arterial sistólica igual ou maior do que 140 mmHg ou pressão arterial
diastólica igual ou superior a 90 mmHg, em pelo menos duas medidas realizadas em
diferentes ocasiões”.
A classificação da hipertensão arterial é preconizada pela Sociedade
Brasileira de Cardiologia e baseada em parâmetros norte-americanos, onde temos: a
pressão considerada ótima ou ideal PAS <120 mmHg e PAD < 80 mmHg, visto que
há menor risco cardiovascular; normal PAS < 130 mmHg e PAD < 85 mmHg;
limítrofe PAS 130-139 mmHg e PAD 85-89 mmHg; Hipertensão estágio I (leve) PAS
140-159 mmHg e PAD 90-99 mmHg; Hipertensão estágio II (moderada) PAS 160179 mmHg e PAD 100-109 mmHg; Hipertensão estágio III (grave) PAS ≥ 180 mmHg
e PAD ≥ 110 mmHg; e sistólica isolada PAS ≥ 140 mmHg e PAD > 90 mmHg (Silva
& Souza, 2004).
Para a determinação do diagnóstico da hipertensão arterial e avaliação da
eficiência do tratamento recomendado é primordial a verificação periódica da
pressão arterial, cujo método mais utilizado na prática clínica é o indireto com
técnica auscultatória e esfigmomanômetro de coluna de mercúrio ou aneróide. Este
procedimento deve ser realizado com o paciente na posição sentada e confortável
após repouso de pelo menos cinco minutos e com o braço posicionado na altura do
coração (V Diretrizes, 2006).
10
No idoso a hipertensão arterial se apresenta de duas maneiras: 1) forma
combinada com pressão sistólica ≥ 140 mmHg e diastólica > 90 mmHg; e 2) forma
isolada com pressão sistólica ≥ 140 mmHg e diastólica < 90 mmHg. Contudo, a
hipertensão sistólica isolada é forma mais comumente observada em pacientes a
partir dos 60 anos (Oigman & Neves, 2006).
Estudos transversais demonstram que com o envelhecimento ocorre uma
perda da elasticidade dos vasos arteriais de grosso calibre, tornando-os mais rígidos
e, dessa maneira, determinando um aumento progressivo na pressão arterial
sistólica e, assim, ocasionado um alargamento na pressão de pulso (diferença da
leitura da pressão arterial sistólica e diastólica) (Oigman & Neves, 1999).
Portanto, há uma tendência do nível médio da pressão sistólica aumentar
linearmente a partir dos 50 anos, enquanto que a pressão diastólica tende a diminuir
a partir dos 55 anos de idade (Oigman & Neves, 2006; Oliveira & Silvia, 1999).
Diante de elevadas taxas de envelhecimento populacional e consequente
aumento da prevalência da hipertensão arterial torna-se a hipertensão sistólica
isolada, a forma mais comum de hipertensão arterial nesta camada da população,
foco de interesse crescente e motivo para campanhas públicas (Rosa et al., 2006).
No estudo de Framingham, aproximadamente 60% dos hipertensos acima
de 60 anos de idade apresentavam hipertensão sistólica isolada, o que representa a
manifestação clínica de alterações hemodinâmicas secundárias ao envelhecimento
vascular, resultando na elevação da pressão arterial sistólica (Neves et al., 2005).
É na população idosa que se encontra o maior diferencial entre a pressão
arterial sistólica e pressão arterial diastólica (pressão de pulso) e a pressão arterial
sistólica passa a ser preditora maior do risco cardiovascular e responsável pela falta
de controle pressórico (Rosa et al., 2006).
A abordagem clínica do portador de hipertensão sistólica não difere de
qualquer outro paciente, devendo-se buscar uma pressão no diagnóstico, investigar
a presença de outros fatores de risco para doenças cardiovasculares e a possível
constatação de comprometimento de órgão-alvo (Oigman & Neves, 2006).
2.2 Doenças Cardiovasculares
A relação entre a pressão arterial e as doenças cardiovasculares é
indiscutível e independente de outros fatores de risco (Batista et al., 2003).
11
Conforme Kluthcouski & Porto (1999) os eventos cardiovasculares
ocorrem entre duas a seis vezes mais nos indivíduos hipertensos do que nos
normotensos.
Estudos populacionais vêm apontando a hipertensão arterial como uma
patologia de alta prevalência e responsável pelo desenvolvimento de doenças
cardiovasculares em todo o país (Costa et al., 2007).
A hipertensão arterial, segundo Firmo et al., (2004) é considerado o
principal fator de risco para doenças cerebrovasculares e doenças isquêmicas do
coração, sendo a causa modificável mais importante para a morbimortalidade
cardiovascular.
Devido as alterações próprias do envelhecimento, os idosos constituem
importante grupo de risco para as complicações vasculares relacionadas à
hipertensão arterial (Miranda et al., 2002).
De acordo com Guerredo et al. (2005) e Neves et al. (2005) quanto maior
a pressão arterial; maior a possibilidade de ocorrência de infarto do miocárdio,
insuficiência cardíaca e acidente vascular encefálico.
Indivíduos na faixa etária de 40 a 70 anos de idade, a cada aumento de 20
mmHg na pressão sistólica ou 10 mmHg na diastólica dobra-se o risco de
morbimortalidade decorrente da hipertensão arterial (Guerredo et al., 2005).
Recentemente, foi definido que pacientes acima de 50 anos, a pressão
arterial sistólica maior que 140 mmHg é mais importante como fator de risco
cardiovascular do que a pressão arterial diastólica (Neves et al., 2005).
Contudo, deve-se para estratificar os riscos cardiovasculares do indivíduo,
considerar não somente o seu nível de pressão arterial, mas também avaliar a
presença de fatores de risco associados (Ortega et al., 2006).
2.3. Fatores de Risco
Estudos
epidemiológicos
mostram
que
existem
vários
fatores
denominados “fatores de riscos” que influenciam no surgimento ou agravamento da
hipertensão arterial (Simonetti et al., 2002).
A identificação dos diversos fatores de risco para hipertensão arterial
colabora com os avanços na epidemiologia cardiovascular e, consequentemente, no
desenvolvimento de estratégicas para a sua prevenção (Zaitune et al., 2006).
12
De acordo com Santos (2002) os fatores de risco para hipertensão são
classificados em: 1) constitucionais (idade, sexo, obesidade, diabetes, etnia,
histórico familiar); e 2) ambientais ou de estilo de vida (ingestão excessiva de sal,
alcoolismo, dislipidemia, tabagismo, estresse, drogas, sedentarismo, classe social).
O termo “fatores de risco” foi proposto inicialmente através do estudo de
Framingham (1961) após a identificação de múltiplos fatores relacionados com o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares (Castro et al., 2004; Samora &
Ferreira, 2005).
A avaliação do risco de doenças cardiovasculares em um indivíduo
hipertenso requer a análise conjunta dos diversos fatores de risco, assim como a
determinação de lesões de órgão-alvo e/ou condições clínicas associadas à
hipertensão (Rosa et al., 2006).
Utilizando-se dos escores de risco de Framingham é possível predizer o
risco absoluto de um determinado indivíduo desenvolver doenças cardiovasculares
(Castro et al., 2004).
A estratificação do risco cardiovascular do indivíduo é realizado
considerando os estágios pressóricos (normal; limítrofe; estágio 1, 2 e 3) associando
a presença ou não de fatores de risco (sem fator; 1 a 2 fatores; 3 ou mais) e a
identificação de lesões de órgãos-alvo e doenças cardiovasculares (hipertrofia do
ventrículo esquerdo, angina do peito
ou infarto agudo do miocárdio prévio,
revascularização miocárdia prévia, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral,
isquemia cerebral transitória, nefropatia, doença vascular arterial de extremidades e
retinopatia hipertensiva) (V Diretrizes, 2006).
Com relação aos fatores determinantes para o desenvolvimento de
problemas cardiovasculares, segundo Vieira & Castiel (2003) podemos classificar
em 4 grupos: 1) constitucionais (inerentes ao indivíduo e não passíveis de
modificações); 2) comportamentais (relacionados ao estilo de vida e passíveis de
modificações); 3) relacionados a patologias ou distúrbios metabólicos (fatores
genéticos e ambientais); 4) aspectos econômicos e culturais.
Os fatores de risco maiores e independentes para as doenças
cardiovasculares conforme o estudo de Framingham são: o tabagismo, dislipidemia,
diabetes, idade avançada e a história familiar de doença cardiovascular (V Diretrizes,
2006).
13
Outros fatores também associados a um maior risco cardiovascular sendo
considerados predisponentes, são eles a obesidade e o sedentarismo (Castro et al.,
2004).
2.3.1 Idade
Segundo as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006) os
níveis pressóricos aumentam linearmente com a idade. Em indivíduos idosos a
hipertensão decorre mais frequentemente com a elevação da pressão sistólica.
Estudos epidemiológicos demonstram que a elevação da pressão sistólica
marca, de forma mais precisa, o risco de complicações cardiovasculares atribuídas à
hipertensão arterial (Coelho et al., 2005).
De acordo com Campane & Gonçalves (2002) a elevação da pressão
arterial sistólica contribui mais significativamente para o risco de acidentes
vasculares cerebrais (AVC) e acidentes isquêmicos transitórios (ALT).
2.3.2 Sexo
A hipertensão arterial representa um dos principais fatores de risco para
as doenças cardiovasculares, sendo que seu desenvolvimento apresenta no sexo
feminino algumas peculiaridades que a diferem do masculino. A prevalência da
hipertensão arterial aumenta significativamente com o avanço da idade, em ambos
os sexos, contudo na mulher esta é inferior a dos homens em faixas etárias mais
jovens, igualando-se a partir dos 50 anos de idade e chegando a ultrapassar em
idades mais avançadas (Silva & Bortolotto, 2002).
Estimativas gerais sugerem taxas de hipertensão mais elevadas entre os
homens de até 50 anos e para mulheres acima dos 60 anos (V Diretrizes, 2006).
De acordo com Santos (2002), a hipertensão arterial na mulher é mais
frequente após a menopausa, o que predispõe a um aumento substancial do risco
da morbimortalidade por doenças cardiovasculares.
O aumento no risco de doenças cardiovasculares é cinco vezes maior nas
mulheres hipertensas do que nas não hipertensas, sendo que 70% dos casos de
infarto ocorrem nas pacientes portadoras de hipertensão arterial (Murad, 2005).
14
O mecanismo usado para explicar o aumento da frequência de
hipertensão pós-menopausa é a diminuição do estrogêno que parece ter um efeito
protetor via receptores vasculares (Silva & Bortolotto, 2002).
Conforme o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (1998) a
diminuição da atividade estrogênica após a instalação da menopausa eleva em duas
ou quatro vezes o risco de eventos cardiovasculares.
2.3.3 Etnia
A raça negra apresenta maior prevalência de hipertensão arterial e maior
ocorrência de complicações cardiovasculares do que indivíduos da raça branca
(Santos, 2002).
A maior prevalência e gravidade da hipertensão arterial na raça negra
podem estar relacionadas a fatores étnicos e/ou socioeconômicos (III Consenso,
1998).
Estudos indicam que a raça negra apresenta uma maior suscetibilidade
para o desenvolvimento da hipertensão arterial e em particular com uma evolução
grave (Santos, 2002).
2.3.4 Obesidade
De acordo com a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006) o
excesso de peso é um fator predisponente para hipertensão arterial podendo ser
responsável por 20% a 30% dos casos, sendo 75% nos homens e 65% nas
mulheres.
Estudos epidemiológicos comprovam que existe uma relação causal direta
entre a obesidade e o risco aumentado do desenvolvimento da hipertensão arterial e
doenças cardiovasculares, principalmente nos indivíduos portadores de obesidade a
nível abdominal (Dias et al., 2004).
O excesso de peso e a distribuição de gordura corporal a nível central são
fatores
de
risco
cardiovasculares
passíveis
de
intervenção,
sendo
o
acompanhamento clínico-nutricional de suma importância para a melhoria na
qualidade de vida e na redução do risco de morbimortalidade da população
(Rezende et al., 2006).
15
A perda ponderal apresenta um impacto direto sobre a redução dos
fatores de risco e controle da pressão arterial, sendo esta realizada através da
reeducação alimentar e da implantação de um programa de exercícios físicos (Rosa
et al., 2006).
Uma redução de peso, mesmo que discreta, ocasiona uma diminuição nos
níveis pressóricos do paciente e por conseguinte uma redução de mortalidade
cardiovascular (Dias et al., 2004).
De acordo com Plavnik & Júnior (2002) e Rosa et al. (2006), a diminuição
de 5 a 10% no peso corporal do indivíduo com excesso de peso é suficiente para
proporcionar reduções significativas nos níveis pressóricos.
Para a determinação da obesidade são comumente utilizadas as seguintes
medidas antropométricas: índice de massa corporal (IMC) e a razão cintura/quadril
(RCQ) (Gus et al., 1998).
A utilização do IMC associado a medidas da distribuição da gordura devese a melhor predição do risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares
(Castro et al., 2004).
De acordo com a OMS, os riscos de complicações metabólicas são
aumentados quando a circunferência abdominal é superior a 94 cm nos homens e
80 cm nas mulheres, tornando-se mais elevado o risco quando maior de 102 cm
(homens) e 88 cm (mulheres) (Castro et al., 2004).
Portanto, além da meta de redução de peso atingir um índice de massa
corporal (IMC) inferior a 25 Kg/m2 preconiza-se que a circunferência abdominal para
mulheres deva ser inferior a 88 cm e para homens, inferior a 120 cm (Plavnik &
Júnior, 2002).
A razão cintura/quadril (RCQ) quando elevada (>1,0 nos homens e > 0,85
nas mulheres) tem sido utilizada para avaliar o indivíduo com excesso de gordura na
região abdominal e tem uma maior capacidade preditiva que a massa corporal total
para o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral (Castro et al., 2004).
2.3.5 Diabetes
Segundo a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), a
associação entre a hipertensão arterial sistêmica e a diabetes mellitus tipo 2 é uma
16
situação clínica frequentemente observada e tem como consequência o aumento do
risco de desenvolver eventos cardiovasculares.
De acordo com Sousa et al. (2006) pacientes com diabetes mellitus tipo 2
tem três a cinco vezes mais complicações cardiovasculares em comparação àqueles
sem esta patologia.
O Estudo de Framingham mostra que pacientes diabéticos em relação aos
não diabéticos possuem uma maior prevalência de doença arterial coronária, de
insuficiência cardíaca, de acidente vascular cerebral e de insuficiência vascular
periférica, sendo nas mulheres 4 vezes e nos homens 2,5 vezes (Oliveira et al.,
2000).
Devido a associação da hipertensão arterial e a diabetes conferir ao
paciente um maior risco para o desenvolvimento de complicações micro e
macrovasculares é de suma importância o diagnóstico precoce, bem como a
implementação de modificações do estilo de vida e a introdução do tratamento
farmacológico adequado. Assim, proporcionar a proteção de órgãos-alvo (coração,
cérebro, rins, olhos e vasos) além de diminuir as complicações cardiovasculares
(Stam et al., 2003).
2.3.6 História Familiar
A hipertensão arterial está relacionada tanto a componentes etiológicos
ambientais como hereditários (Irigoyen et al., 2005).
Segundo Costa et al. (2007) cerca de 60% dos indivíduos com hipertensão
arterial possuem história familiar de doença hipertensiva.
A anamnese familiar conforme Shimoda et al. (1996) constitui etapa
importante no processo do aconselhamento genético e consiste na investigação de
uma possível existência de outros familiares afetados, assim como o seu grau de
parentesco.
Portanto, para a identificação de indivíduos com alto risco de doenças
cardiovasculares deve-se verificar a história familiar detalhada do paciente
analisando o grau de parentesco, visto que, uma história de doença cardiovascular
em um parente de primeiro grau é mais importante do que em parentescos de
segundo ou terceiro grau (Castro et al., 2004).
17
Dessa forma, conforme Costa et al. (2007) a identificação dos grupos que
apresentam maior risco de serem afetados pela hipertensão arterial sistêmica
contribui efetivamente na prevenção das morbidades e na eficácia do tratamento
recomendado.
2.3.7 Ingestão Excessiva do Sal
O sal é considerado um importante fator no desenvolvimento e na
intensidade da hipertensão arterial. Atualmente, é unânime considerar a forte
correlação entre a ingestão excessiva de sal e a elevação da pressão arterial (III
Consenso, 1998).
Há evidências de que tanto em normotensos como em hipertensos a
pressão arterial varia diretamente com o consumo de sal, e que mesmo reduções
modestas na ingestão diária de sal podem produzir benefícios (V Diretrizes, 2006).
Estudos demonstram que a redução no consumo de sal traz implicações
favoráveis no controle dos níveis pressóricos, particularmente para grupos
selecionados, como idosos, negros e obesos, nos quais os mecanismos de retenção
hidrossalina estão exacerbados (Rosa et al., 2006).
Segundo a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006) a
restrição no consumo de sal causa os seguintes benefícios: redução da pressão
arterial; menor prevalência de complicações cardiovasculares; menor incremento da
pressão arterial com o envelhecimento; possibilidade de prevenir a elevação da
pressão arterial e a regressão de hipertrofia miocárdica.
Portanto, a restrição de sal na dieta é uma medida recomendada não
apenas para pacientes hipertensos como também para a população de modo geral.
Sendo orientado a ingestão em torno de 100 mEq/dia (6g de sal = 1 colher de chá)
(III Consenso, 1998).
Assim, recomenda-se abolir o saleiro à mesa, reduzir o sal adicionado aos
alimentos e evitar alimentos industrializados (Ortega et al., 2006).
2.3.8 Alcoolismo
A relação entre o consumo de álcool e o aumento dos níveis pressóricos
tem sido relatada e estudos clínicos demonstram a redução pressórica tanto em
18
indivíduos normotensos como em hipertensos mediante a restrição do consumo de
bebidas alcoólicas (Plavnik & Junior, 2002; Rosa et al.,2006).
Conforme a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006) verificase uma redução média de 3,3 mmHg (2,5 a 4,1 mmHg) na pressão sistólica e 2,0
mmHg (1,5 a 2,6 mmHg) na pressão diastólica com a redução da ingestão de etanol.
De acordo com Plavnik & Junior (2002) a ingestão de etanol deve ser
limitada a 30 ml/dia para os homens e aproximadamente 15 ml/dia para as mulheres.
Entretanto, nos casos em que o indivíduo tiver dificuldade em manter uma ingestão
moderada, recomenda-se o abandono do consumo do álcool.
Assim, para hipertensos do sexo masculino que fazem uso de bebida
alcoólica, é aconselhável que a ingestão não ultrapasse a 720 ml de cerveja, 240 ml
de vinho e 60 ml de destilados (uísque, vodca, aguardente) (III Consenso, 1998).
É sabido que a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas está diretamente
relacionada ao aumento dos fatores de risco coronarianos, visto que podem
contribuir para a obesidade, aumento dos níveis de triglicerídeos, pressão arterial
sistólica, indução de arritmias e infarto agudo do miocárdio (Castro et al., 2004).
Portanto, segundo Santos (2002) a frequência de hipertensos entre
indivíduos que consomem de seis ou mais doses/dia é significativamente maior do
que entre os que não consomem.
2.3.9 Tabagismo
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
como o maior fator de risco evitável de morbidade e mortalidade (Bini, 2004).
Segundo o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (1998) a
prevalência do tabagismo é elevada e a mais importante causa modificável de morte,
sendo responsável por um a cada seis óbitos em nosso país.
O hábito do tabagismo eleva a pressão arterial e a frequência cardíaca,
porém o uso prolongado de nicotina não se associa a maior prevalência de
hipertensão mais aumenta o risco de doença coronariana, AVC e morte súbita
(Stamm et al., 2005).
Conforme Kluthcouski & Porto (1999) o fumo causa mais de 20% das
mortes de homens abaixo de 65 anos e 45% acima dessa idade, sendo na mulher
de 10% e 40% respectivamente.
19
Entre os componentes do cigarro pelo menos quatro foram identificados e
relacionados como causadores de danos cardiovasculares: o monóxido de carbono,
a nicotina, o benzopireno e os radicais livres (Bini, 2004; Stuchi & Carvalho, 2003).
A nicotina e o monóxido de carbono são, dos agentes liberados pela
fumaça do cigarro, os mais envolvidos na incidência de doenças coronarianas.
Estudos clínicos comprovam que o risco relativo de desenvolver infarto do miocárdio
está diretamente relacionado ao número de cigarros consumidos por dia (Stuchi &
Carvalho, 2003).
De acordo com Murad (2005) o risco de doenças cardiovasculares é duas
a quatro vezes maior quando fumam 20 ou mais cigarros por dia e até duas vezes
maior quando fumam de um a quatro cigarros por dia .
O ato de fumar aumenta as chances de dano vascular por ocasionar as
seguintes alterações: efeito arritmogênico nas fibras cardíacas; efeito prócoagulante; hipoxemia tecidual; descarga de adrenérgica; diminuição do HDLcolesterol; oxidação do LDL - colesterol e lesão e/ou disfunção endoteral (Bini,
2004).
Segundo o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (1998)
indivíduos que fumam mais de uma carteira de cigarros ao dia têm cinco vezes mais
risco de uma morte súbita do que indivíduos que não fumam.
O fumo é um fator de risco totalmente evitável sendo este um grande
desafio em razão da dependência química que a nicotina causa no indivíduo. No
entanto, programas de controle ao tabagismo resultam na redução do consumo
individual e consequentemente na diminuição, em curto prazo, de óbitos por
doenças cardiovasculares (V Diretrizes, 2006).
O tabagismo deve ser intensamente combatido e eliminado pelo apoio
psicoemocional incondicional ao fumante e com prescrição de medicamentos se
necessário (Ortega & Junior, 2006).
O abandono ao tabagismo pode rápida e significativamente influir na
redução do risco de infarto agudo do miocárdio (Castro et al., 2004).
O Estudo de Framingham demonstra que a cessação do vício depois de
um ano torna o risco de incidência de doença coronária semelhante a de um
indivíduo que nunca fumou (Kluthcouski & Porto, 1999).
20
2.3.10 Dislipidemia
Estudos
epidemiológicos
têm
demonstrado
que
o
aumento
no
desenvolvimento de doenças cardiovasculares está diretamente correlacionado aos
níveis de colesterol plasmático e triglicerídeos, bem como depende das
concentrações das lipoproteínas (LDL e HDL) que têm a função de transportar o
colesterol na corrente sanguínea (Castro et al., 2004).
A associação entre níveis elevados de colesterol e a hipertensão arterial
representa um aumento de 50% no risco de desenvolvimento de doenças
coronarianas (V Diretrizes, 2006).
Conforme Castro et al. (2004) a redução de 10% de colesterol plasmático
total reduz em 15% o risco de mortalidade por doenças cardiovasculares.
Dessa
forma,
as intervenções terapêuticas
destinadas a reduzir
conjuntamente os níveis de pressão arterial e o colesterol são capazes de trazer um
grande benefício sobra a morbidade e a mortalidade cardiovasculares (V Diretrizes,
2006).
2.3.11 Sedentarismo
Trata-se de um comportamento induzido por hábitos decorrentes da
evolução da tecnologia que cada vez mais vem substituindo as atividades
ocupacionais que demandam gasto de energia por facilidades automatizadas da
vida moderna (Bini, 2004).
Segundo Ghorayeb & Barros (1996) define-se sedentarismo como a falta
ou a grande diminuição da atividade física.
O sedentário é o indivíduo que gasta poucas calorias por semana com
atividades ocupacionais, ou seja, para deixar de fazer parte deste grupo o indivíduo
necessita gastar no mínimo 2200 calorias por semana em atividade física (Bini,
2004).
De acordo com Barros (1997) o sedentarismo é a principal causa do
aumento da incidência de doenças como: hipertensão arterial, diabetes, obesidade,
ansiedade, aumento do colesterol e o infarto do miocárdio (Bini, 2004).
Indivíduos normotensos sedentários se comparados com pessoas mais
ativas observa-se um risco maior de 20 a 30% para o desenvolvimento da
hipertensão arterial (Neves et al., 2005).
21
Com relação ao risco relativo de doenças cardiovasculares associada à
inatividade física do paciente, segundo Plavnik & Junior (2002) a mesma varia de 1,5
a 2,4.
Portanto, a prática de exercícios regulares é recomendada pois além de
promover a redução da pressão arterial, diminui consideravelmente o risco de
doença coronariana independentemente de outros fatores (Castro et al., 2004).
A prática regular de atividade física reconhecidamente contribui para a
redução e melhor controle da pressão arterial, além de produzir benefícios
adicionais, tais como diminuição do peso corporal e ação coadjuvante no tratamento
das dislipidemias, da resistência à insulina, do abandono ao tabagismo e no controle
do estresse. Além de favorecer a redução do risco de indivíduos normotensos
desenvolverem a hipertensão arterial (III Consenso, 1998).
Conforme a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006) a
prática regular de exercícios físicos é recomendada para todos os hipertensos,
inclusive
aqueles
sob
terapia
medicamentosa,
pois
reduz
a
pressão
sistólica/diastólica em 6,9/4,9 mmHg, além de diminuir o risco de doenças
cardiovasculares.
De acordo com o Ortega et al. (2006) o paciente hipertenso deve
submeter-se a uma avaliação clínica especializada antes de iniciar um programa
regular de atividade física, sendo recomendado exercícios aeróbicos com frequência
de três a cinco vezes por semana com duração mínima de 30 minutos.
2.3.12 Classe Social
O baixo nível sócio-econômico da população está diretamente relacionado
a maior prevalência de hipertensão arterial e dos possíveis fatores de risco
associados (hábitos dietéticos, aumento do índice de massa corporal, estresse
psicossocial, menor acesso aos cuidados de saúde e o nível educacional), além de
um risco aumentado de lesão em órgão-alvo e de desenvolver doenças
cardiovasculares (V Diretrizes, 2006).
A classe social baixa está associada com a maior prevalência de todas as
doenças, sendo a pobreza um fator de risco independente para cardiopatias
isquêmicas (Santos, 2002).
22
O nível de escolaridade e a renda são inversamente proporcionais a
prevalência de hipertensão arterial, ou seja, quanto maior o grau de instrução do
indivíduo e sua condição econômica, menor a incidência da hipertensão arterial, isto
se deve a um menor nível de cuidados com a saúde (Riera, 2000).
De acordo com Santos (2002), indivíduos com terceiro grau completo têm
um índice de prevalência de hipertensão arterial 40% menor do que aqueles com
menos de dez anos de escolaridade.
2.4 Tratamento
O tratamento da hipertensão arterial em idosos em virtude das complexas
alterações fisiológicas associadas com a idade, chega a ser um desafio, pois há uma
diminuição da sobrevida e na qualidade de vida à medida que os eventos
cardiovasculares aumentam (Miranda et al., 2002).
A
meta
morbimortalidade
principal
do
cardiovascular
tratamento
e
renal.
A
anti-hipertensivo
diminuição
das
é
reduzir
a
complicações
cardiovasculares implica em alcançar valores de pressão arterial abaixo de 140 a 90
mmHg para as pressões sistólica e diastólica, respectivamente (Neves et al.,2005).
Nos idosos a diminuição da sobrevida e a piora na qualidade de vida estão
associadas a um aumento considerável nos eventos cardiovasculares (Miranda et
al., 2002).
Segundo Coelho et al. (2005) não se deve buscar somente a redução da
pressão arterial no tratamento, mas também o controle dos demais fatores de risco
associados.
Cada paciente deve ter seu tratamento de forma individualizada, levandose em conta os determinados pontos: idade, etnia, presença de fatores de risco
associados, gravidade da hipertensão, lesão do órgão-alvo e as comorbidades
(Plavnik & Júnior, 2002).
Este tipo de tratamento busca prevenir complicações, as comorbidades e
a mortalidade precoce para possibilitar autonomia. Mas para esse resultado são
necessárias repetidas e constantes idas ao consultório médico (Vieira, 2004).
23
A V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2006) diz que é de fundamental
importância adotar hábitos saudáveis de vida no tratamento da hipertensão,
principalmente se existe síndrome metabólica.
Os principais hábitos alimentares inadequados são os fatores ambientais
modificáveis da hipertensão arterial, isto é, excesso de sal nos alimentos, pouco
consumo de vegetais, sedentarismo, obesidade e álcool frequente (V Diretrizes,
2006).
Outra forma é a decisão pelo tratamento farmacológico, começando com
doses baixas e cautelosas da droga a ser ministrada e titular a dose com cuidado
para não atingir a dose máxima recomendada, ou no caso buscar outra classe de
droga ou até mesmo sua associação com outras drogas (Oigman & Neves, 2006).
Mesmo sendo eficaz em cerca de 40% a 50% dos casos, a monoterapia
independente da droga utilizada é a mais indicada no tratamento de hipertensão
arterial (Plavnik & Júnior, 2002).
Em ensaios de grande proporção em idosos, cerca de 60% dos pacientes
necessitam de terapia combinada (Miranda et al., 2002).
O conhecimento das metas de pressão arterial sistólica e diastólica estão
diretamente ligadas a adesão ao tratamento, contribuindo para o controle da pressão
arterial. A complexidade do tratamento, o custo dos medicamentos e a escolaridade
do paciente também estão relacionados à adesão do tratamento (Neves et al.,
2005).
Geralmente a escolha das drogas se dá entre as de primeira linha:
diuréticos, betabloqueadores, antagonistas dos canais de cálcio, inibidores da
enzima de conversão e bloqueadores da angiotensina II que podem ser usadas em
monoterapia ou outra terapia combinada conforme a necessidade do paciente (Rosa
et al., 2006).
Estudos recentes dizem que em cerca de dois terços dos casos, as
reduções de pressão previstas para a monoterapia não foram alcançadas e frente à
necessidade de um maior controle da pressão arterial, existe uma necessidade para
introdução de forma antecipada da terapia combinada de anti-hipertensivos como
primeira tentativa de tratamento, principalmente quando os pacientes se encontram
nos estágios II ou III (Ortega et al., 2006).
Muitos médicos até a década de 80 ainda não acreditavam e relutavam o
tratamento da hipertensão arterial nos idosos em estágio I, principalmente a
24
hipertensão arterial sistólica isolada, pois tinham em mente que a terapia era
prescindível e mais danosa que a própria hipertensão arterial. Em grande parte dos
estudos clínicos controlados usando-se idosos, vemos que a redução da pressão
arterial com o uso de diuréticos e betabloqueadores, geram uma diminuição nos
eventos cardiovasculares como acidente vascular encefálico e a insuficiência
cardíaca em particular (Oliveira & Silva, 1999).
De acordo com o Neves et al. (2005) algumas considerações devem ser
feitas com relação à indicação e contra-indicação. Por exemplo, a monoterapia
sequencial tem atingido de forma racional o controle da pressão arterial, mas a
utilização combinada de forma fixa vem sendo uma alternativa complementar na
monoterapia sequencial.
A terapia medicamentosa mesmo sendo eficaz na redução dos valores da
pressão, da morbimortalidade, possui um alto custo e pode ter muitos efeitos
colaterais incentivando o abandono do tratamento (Zaitune et al., 2006).
Constitui-se como um dos maiores problemas no controle da hipertensão
arterial a falta de adesão, chegando a 40% dos pacientes, entre os motivos
podemos destacar: característica assintomática da doença, tratamento prolongado,
custo alto de medicamentos e seus efeitos colaterais, relação médico-paciente
insatisfatória (Oliveira, 2005).
Segundo Júnior et al. (2006), a adesão terapêutica é uma relação de
parceria entre o paciente e os profissionais da área de saúde, sendo descrita pelo
grau de coincidência entre a prescrição do médico e o comportamento do paciente.
Embora complexo, a adesão do tratamento medicamentoso muitas vezes
pode ser melhorada com menos tomadas diárias de medicação anti-hipertensiva no
intuito de elevar a motivação do paciente ao tratamento (Ortega et al., 2006).
De acordo com Dias et al. (2004), a adesão representa um ponto chave
em se alcançar baixos índices para o controle da pressão arterial necessitando de
alguns fatores como estratégias de chegar a esse objetivo. Entre esses fatores no
auxílio do controle pressórico, temos: a relação médico-paciente como uma relação
de amizade, maiores informações aos médicos e pacientes a respeito da doença a
suas consequências, o diagnóstico por meio de programas governamentais,
monitoramento e fornecimento de medicação, uso de drogas com menor número de
efeitos colaterais, posologia cômoda ao paciente, que sejam eficazes e outros mais.
25
A má adesão de pacientes à terapia hipertensiva, pode fazer com que o
médico avalie de forma equivocada o tratamento indicado por ele ao paciente,
chegando a achar que ele não seja eficaz. Esse julgamento pode sugerir uma
tomada de decisão terapêutica errônea ou a adição de um novo medicamento a
prescrição já estabelecida anteriormente (Coelho et al., 2005).
Segundo Pozzan et al. (2006) os fatores importantes na melhoria e adesão
ao tratamento são: ações educacionais sobre a doença e a forma de tratá-la, equipe
multidisciplinar, drogas uma vez ao dia, observação dos efeitos colaterais dos
medicamentos no indivíduo, adequar o custo do tratamento às condições do
paciente, traçar metas a serem alcançadas no tratamento, escrever as prescrições e
explicá-las aos pacientes, trabalho em grupo de pacientes, incentivar mudanças no
estilo de vida, sempre estar em contato com o paciente, confirmar consultas,
observar os sinais de não adesão ao tratamento, estimular atitude positiva em
relação à doença, conciliar a rotina diária do paciente à terapêutica.
No intuito de manter a adesão ao tratamento, o paciente deve estar
consciente de sua condição de saúde, da importância do controle da pressão
arterial, ter acesso aos serviços de saúde e esses têm que ser capazes de sustentar
o tratamento durante a vida toda do paciente (Oliveira, 2005).
26
2. JUSTIFICATIVA
Este
estudo
pretende
identificar
os
possíveis
fatores
de
risco
determinantes para a prevenção e controle da hipertensão arterial com o intuito de
diminuir a morbimortalidade cardiovascular por meio de modificações do estilo de
vida que possam favorecer a redução da pressão arterial do indivíduo.
27
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
 Identificar os fatores de risco associados à hipertensão arterial visando à
prevenção das doenças cardiovasculares em uma amostra populacional de
idosos atendidos no distrito de Baixio pela equipe do PSF do município
Deputado Irapuan Pinheiro-CE no período de junho à dezembro de 2006.
3.2 Específicos
 Descrever o perfil sócio-econômico e demográfico da população de
hipertensos.
 Determinar os fatores de risco para doenças cardiovasculares observados
entre os idosos da amostra analisada.
 Conhecer as características comportamentais (estilo de vida) da população
estudada, com vistas a propostas de estratégias de prevenção de doenças
cardiovasculares.
 Verificar a adesão ao tratamento farmacológico identificando os possíveis
fatores que interferem nesse processo.
28
4. CASUÍSTICA E MÉTODO
4.1 Tipo de estudo
Trata-se de um estudo descritivo e transversal.
4.2 Local do estudo
O estudo foi desenvolvido em uma comunidade rural de baixa renda
denominada Distrito de Baixio, pertencente ao Município Deputado Irapuan Pinheiro,
localizado a 363 km de Fortaleza na região do Sertão Central do Estado do Ceará e
que apresenta uma população estimada em 2182 habitantes com cerca de 303
indivíduos com 60 anos ou mais, sendo que destes, 156 são do sexo masculino e
147 do sexo feminino (SIAB,2007).
4.3 População do estudo
A pesquisa foi realizada no período de junho à dezembro de 2006 e
constituída por 110 pessoas já hipertensas e residentes na referida região e sob
responsabilidade de uma Equipe de Saúde da Família (PSF).
Participaram do estudo indivíduos de ambos os sexos com pressão
arterial sistólica ≥ 140mmHg e/ou pressão diastólica ≥ 90mmHg, ou que relataram
fazer uso de medicamentos anti-hipertensivos.
Em sua totalidade a amostra foi composta por indivíduos com idade igual
ou superior a 60 anos de idade, sendo 45,5% do sexo masculino e 54,5% do sexo
feminino. A média de idade da amostra foi de 66,7 anos, variando de 60 a 82 anos e
com predominância da faixa etária de 60 a 64 anos, 42,8%. Do total, 70%
analfabetos e 53,6% possuem renda familiar de 1 salário mínimo.
4.4 Desenvolvimento do estudo e instrumentos da coleta de dados
A partir da identificação dos indivíduos com níveis de pressão arterial igual
ou maior que 140mmHg/90mmHg ou que faziam uso de anti-hipertensivo foi
empregado um formulário estruturado contendo informações sobre os possíveis
fatores de risco correlacionados a hipertensão arterial (atividade física, tabagismo,
diabetes, estado nutricional, alcoolismo, hipercolesterolemia, história familiar);
características sócio-econômicas e demográficas da população analisada (sexo,
29
idade, etnia, escolaridade, renda familiar, número de residentes no domicílio,
situação conjugal); bem como a avaliação da adesão à terapêutica recomendada.
O referido instrumento foi aplicado pelo pesquisador durante visita médica
domiciliar, onde os participantes do estudo foram entrevistados, bem como por
observação direta,
e procedidas às medições de peso, estatura, circunferência
abdominal e do quadril, e a pressão arterial atual para avaliar a adesão ao
tratamento recomendado. No momento subsequente foi aferida a glicemia capilar em
jejum com o auxílio de um glicosímetro.
As medidas antropométricas foram realizadas com o indivíduo usando
roupas leves e descalço. O peso corporal foi determinado utilizando-se uma balança
portátil mecânica com capacidade máxima de 120 Kg e com auxílio de uma trena
aderida à parede para aferição da altura. Mediante estes dados foi calculado o
Índice de Massa Corporal (IMC) ou Quetelet, índice este obtido pela divisão entre o
peso (quilograma) pela altura (metros ao quadrado) e posteriormente determinado o
estado nutricional da população pesquisada utilizando os pontos de corte
recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS): magreza ou baixo peso
(<18,5Kg/m2); normal (18,5 a 24,9Kg/m2); pré-obeso ou sobrepeso (25 a 29,9Kg/m2);
obeso grau I (30 a 34,9Kg/m2); obeso grau II (35 a 39,9Kg/m2); obeso grau III (≥40
kg/m2) (WHO, 1998).
A circunferência abdominal foi obtida na menor curvatura localizada entre
as costelas e a crista ilíaca com fita métrica flexível e inelástica sem comprimir os
tecidos. Os pontos de corte adotados para a circunferência da cintura (CC) foram
preconizados de acordo com o grau de risco para as doenças cardiovasculares:
risco aumentado para as mulheres (CC > 80 cm) e para homens (CC > 94 cm) e
risco muito aumentado para mulheres (CC > 88 cm) e para homens (CC > 102),
segundo a OMS/1998. A circunferência do quadril foi medida 3 cm abaixo das cristas
ilíacas acompanhando o maior contorno das nádegas. Mediante estes dados foi
calculado a razão entre a circunferência da cintura e do quadril (RCQ) para
identificar o tipo de distribuição de gordura, sendo uma relação superior a 1,0 para
os homens e 0,85 para as mulheres, considerada indicativo de risco para
desenvolvimento de doenças cardiovasculares (Castro et al., 2004).
Diante dos dados obtidos através do Índice de massa corporal,
circunferência abdominal e razão cintura quadril foi avaliado o estado nutricional dos
pacientes da amostra para verificar a possível relação existente entre o excesso de
30
peso e a distribuição de gordura corporal no desenvolvimento da hipertensão
arterial.
A pressão arterial foi medida pelo pesquisador, durante visita médica
domiciliar sendo a mesma realizada em todos os participantes do estudo, após vinte
minutos de descanso com indivíduo sentado e com o braço (dominante) em repouso
na altura do coração. O método utilizado foi a técnica auscultatória com o uso de
estetoscópio e esfigmomanômetro, devidamente testado e calibrado, a cada seis
meses conforme as normas de aferição de pressão arterial segundo o III Consenso
Brasileiro de Hipertensão Arterial (1998).
Em relação à conduta terapêutica recomendada foi verificado através de
relato do próprio paciente acerca dos possíveis motivos que afetam a adesão ao
tratamento e avaliado a efetividade da terapia farmacológica para o controle da
hipertensão colaborando dessa forma para redução de eventos cardiovasculares.
4.5 Processamento e análise dos dados
Para o processamento dos dados, com base na revisão da literatura, foi
elaborado um instrumento de coleta com todas as variáveis de interesse para o
presente estudo, sendo, em seguida, contabilizados em apuração manual e
analisados, um a um, utilizando-se de freqüência relativa e percentual.
Os resultados foram apresentados por meio de tabelas e gráficos, sendo
que os achados posteriormente comparados com as evidências descritas na
literatura.
4.6 Aspectos éticos
Durante
a
realização
do
estudo
preconizados quanto aos aspectos éticos.
foram
obedecidos
os
critérios
31
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização sócio-econômica e demográfica do grupo estudado
O perfil sócio-econômico e demográfico da amostra estudada é
caracterizado por predominância na faixa etária de 60 a 64 anos (42,8%), sexo
feminino (54,5%), de etnia não branca (57,3%), analfabetos (70%), renda familiar
inferior a 1 salário mínimo (53,6%), coabitam em domicílios com 1 a 3 pessoas
(65,4%) e casados (89,1%) (Tabela 01).
No que tange ao gênero, as mulheres apresentaram maior prevalência de
hipertensão arterial que os homens, assim como verificado em outros estudos para
essa faixa etária. As mulheres geralmente têm maior percepção das doenças,
apresentam maior tendência para o autocuidado e buscam mais assistência médica
do que os homens, o que tenderia a aumentar a probabilidade de ter a hipertensão
diagnosticada (Zaitune et al., 2006). Além do que, o crescente aumento da
expectativa de vida não é um fenômeno uniforme entre os sexos, sendo mais
significativo no sexo feminino do que no masculino (Silvestre, 1996).
De acordo com Silva & Bortolotto (2002) estimativas sugerem uma
elevação das taxas de hipertensão arterial entre as mulheres pós-menopausa devido
à diminuição da atividade estrogênica.
A variável cor da pele é reconhecidamente um fator associado à
hipertensão, e o presente estudo confirmou tal associação, mostrando maior
prevalência para os indivíduos não brancos (Costa et al., 2007).
A baixa renda familiar assim como o elevado percentual de analfabetismo
dentre a população estudada, revela conforme demonstrado em inúmeros estudos a
associação da hipertensão com as más condições de vida do indivíduo (Costa et al.,
2007).
Segundo Riera (2000) quanto maior o grau de instrução do indivíduo e sua
condição econômica menor a incidência de hipertensão arterial.
32
TABELA 01 - Distribuição dos hipertensos da população do Distrito de Baixio do
Município de Deputado Irapuan Pinheiro segundo sexo e variáveis
sócio-econômicas e demográficas - jun. a dez/2007.
Sexo
Variáveis sócioeconômicas e
demográficas
Faixa etária
(anos)
60 a 64
65 a 69
70 a 74
75 a 79
 80
Total
Masculino
Nº
%
Feminino
Nº
%
19
13
8
7
3
50
17,3
11,8
7,3
6,4
2,7
45,5
28
14
12
5
1
60
Branca
Parda
Preta
Total
24
15
11
50
21,8
13,7
10,0
45,5
Situação conjugal
Casado (a)
Solteiro (a)
Viúvo (a)
Total
44
1
5
50
N° de residentes
no domicílio
1a3
4a6
7 ou mais
Total
Total
Nº
%
25,5
12,7
10,9
4,5
0,9
54,5
47
27
20
12
4
110
42,8
24,5
18,2
10,9
3,6
100,0
23
25
12
60
20,9
22,7
10,9
54,5
47
40
23
110
42,7
36,4
20,9
100,0
40,0
0,9
4,6
45,5
54
1
5
60
49,1
0,9
4,5
54,5
98
2
10
110
89,1
1,8
9,1
100,0
32
15
3
50
29,1
13,7
2,7
45,5
40
19
1
60
36,3
17,2
1,0
54,5
72
34
4
110
65,4
30,9
3,7
100,0
Renda familiar
1 salário mínimo
2 salários mínimos
Total
27
23
50
24,6
20,9
45,5
32
28
60
29,1
25,4
54,5
59
51
110
53,6
46,4
100,0
Escolaridade
Analfabeto
Alfabetizado
Total
38
12
50
34,6
10,9
45,5
39
21
60
35,4
19,1
54,5
77
33
110
70,0
30,0
100,0
Etnia
5.2 Prevalência dos fatores de riscos observados no estudo
Quanto
à
distribuição
hipertensão arterial, a Tabela 02
de fatores
comportamentais associados à
mostra que: 72,7% da amostra estiveram
relacionadas ao tabagismo, 40% eram ex-fumantes e 32,7% ainda possuíam o vício
33
do fumo; 67,3% referiram relação ao alcoolismo, 41% revelaram-se ex-consumidores
de álcool e 25% continuavam a consumir bebidas alcoólicas, mesmo após
diagnóstico de hipertensão arterial; e 100% da população de idosos não praticavam
atividades físicas regulares.
TABELA 02 - Distribuição dos hipertensos da população do Distrito de Baixio do
Município de Deputado Irapuan Pinheiro segundo sexo e variáveis
comportamentais - jun. a dez/2007.
Variáveis
comportamentais
Sexo
Total
Masculino
Nº
%
Feminino
Nº
%
Nº
%
20
8
22
50
18,2
7,3
20,0
45,5
16
22
22
60
14,5
20,0
20,0
54,5
36
30
44
110
32,7
27,3
40,0
100,0
Consumo de álcool
Bebe
Nunca bebeu
Abandonou
Total
18
7
25
50
16,4
6,4
22,7
45,5
10
29
21
60
9,1
26,3
19,1
54,5
28
36
46
110
25,5
32,7
41,8
100,0
Exercício físico
Pratica
Não pratica
Total
0
50
50
0,0
45,5
45,5
0
60
60
0,0
54,5
54,5
0
110
110
0,0
100,0
100,0
Hipercolesterolemia
Sim
Não
Não sabe
Total
17
31
2
50
15,5
28,2
1,8
45,5
21
36
3
60
19,1
32,7
2,7
54,5
38
67
5
110
34,6
60,9
4,5
100,0
Abuso do sal
Sim
Não
Total
20
30
50
18,2
27,3
45,5
12
48
60
10,9
43,6
54,5
38
78
110
29,1
70,9
100,0
Tabagismo
Fuma
Nunca fumou
Ex-fumante
Total
Segundo a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006) o hábito
do tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas e o sedentarismo estão
relacionados ao aumento dos níveis pressóricos.
O fumo tem uma relação direta com a pressão arterial, contudo o seu
efeito é mais evidente em relação ao aumento dos riscos de eventos
cardiovasculares (Santos, 2002).
34
O aumento das taxas de álcool no sangue eleva a pressão arterial lenta e
progressivamente na proporção de 2 mmHg para cada 30 ml de álcool etílico
ingerido diariamente (Pessuto & Carvalho, 1996).
De acordo com Neves et al. (2005) o risco de desenvolvimento da
hipertensão arterial entre indivíduos sedentários é maior em 20 a 30% em relação
aos que praticam atividades regulares.
Outros reconhecidos fatores de risco para hipertensão, tais como
hipercolesterolemia e abuso do sal apresentaram no presente estudo percentuais
abaixo do esperado, 34,6% e 29,1%, respectivamente. Este fato pode ser justificado
por não ter havido uma maior precisão na coleta destes referidos dados já que não
foi possível a realização de exames laboratoriais para determinação da dosagem de
colesterol sérico entre os paciente hipertensos, e com relação ao uso excessivo de
sal possivelmente houve uma subnotificação pois a análise foi baseada em
informações colhidas pelo próprio paciente que não mede a real quantidade de
consumo diário de sal.
No presente estudo, conforme demonstrado na figura 01, cerca de 95 %
dos indivíduos possuíam história familiar de doença hipertensiva.
Distribuição dos hipertensos da população do Distrito de Baixio do
Município de Deputado Irapuan Pinheiro segundo variáveis de história
familiar - jun. a dez/2007.
História Familiar de Hipertensão
5%
Sim
Não
95%
Figura 01
35
A anamnese familiar é de suma importância para investigar a possível
existência de outros indivíduos acometidos com a patologia, assim como o grau de
parentesco com o afetado Shimoda et al (1996).
Conforme Costa et al. (2007) cerca de 60% dos indivíduos com
hipertensão possuem história familiar de doença hipertensiva, o que comprova
relação de hereditariedade com a hipertensão arterial.
Em relação à associação da hipertensão arterial com a diabetes mellitus
tipo 2, 26% da amostra referiram ser portadores de diabetes como podemos
observar na figura 02.
Distribuição percentual de diabetes mellitus tipo 2 em uma amostra de
hipertensos do Distrito de Baixio do Município de Deputado Irapuan
Pinheiro - jun. a dez/2007.
Distribuição percentual de diabetes
26%
Sim
Não
74%
Figura 02
De acordo com Joaquim et al. (2003) há uma inter-relação entre a
hipertensão arterial e o diabetes mellitus, com relação à epidemiologia, como da
predisposição para doenças cardiovasculares. A resistência à insulina seria
possivelmente o vínculo patogênico entre a hipertensão arterial e a intolerância aos
carboidratos, etapa que precederia o diabetes mellitus tipo 2.
Em relação ao tempo do diagnóstico do diabetes, 69% dos paciente
referiram que são portadores dessa doença há mais de 10 anos. Conforme Gus &
36
Fuchs (2006) esta associação entre a hipertensão arterial e o diabetes é uma
situação frequentemente encontrada, o que confirma o observado na figura 03.
Tempo de diagnóstico referido de diabetes entre a população de
hipertensos do Distrito de Baixio do Município de Deputado Irapuan
Pinheiro. - jun. a dez/2007.
Período do diagnóstico de diabetes
7%
24%
1 – 4 anos
5 – 10 anos
+ 10 anos
69%
Figura 03
Segundo Stamm et al. (2005) a hipertensão arterial é 2 vezes mais
frequente entre os pacientes com diabetes do que na população em geral,
aumentando com a idade e a duração da doença.
Em relação à dosagem de glicemia capilar da população de hipertenso, na
figura 04, 55,2% dos pacientes apresentaram níveis glicêmicos abaixo de 126
mg/dl, o que revela o controle adequado da diabetes na amostra estudada.
O controle dos níveis glicêmicos de acordo com Stamm et al. (2005)
proporciona proteção dos órgãos-alvo além de diminuir as complicações
cardiovasculares.
37
Dosagem laboratorial da glicemia em jejum da população de
hipertensos do Distrito de Baixio do Município de Deputado Irapuan
Pinheiro - jun. a dez/2007.
Dosagem de glicemia capilar
45%
< 126 mg/dl
>= 126 mg/dl
55%
Figura 04
A relação entre o excesso de peso e a hipertensão arterial tem sido
relatada em diversos estudos. Avaliando-se o IMC observou-se conforme Tabela
03, uma prevalência de sobrepeso e obesidade de 23,7% e 22,6%, respectivamente,
no sexo feminino, e de 20,9% e 11,0%, respectivamente, no sexo masculino. Com
relação à distribuição central de gordura corporal, 14,5% das mulheres
apresentaram circunferência abdominal (CA) < 88 cm e 40% CA ≥ 88 cm. No sexo
masculino, 34,6% CA < 102 cm e 10,9% CA ≥ 102 cm. Constatando-se que as
mulheres idosas do referido estudo apresentaram maiores valores de IMC e de
porcentagem de gordura abdominal, o que indica uma maior exposição a riscos
cardiovasculares.
Considerando essa tendência crescente do sobrepeso e obesidade na
população brasileira e sua associação com fatores de risco cardiovasculares, esse
estudo reforça a necessidade de intervenções visando reduzir o peso corporal, em
especial a gordura central, ação de extrema importância para prevenção e controle
das doenças cardiovasculares na população (Rezende et al. 2006).
38
TABELA 03 - Distribuição dos hipertensos da população do Distrito de Baixio do
Município de Deputado Irapuan Pinheiro segundo sexo e a avaliação
nutricional - jun a dez/2007.
Avaliação
nutricional
Sexo
Total
Masculino
Nº
%
Feminino
Nº
%
Nº
%
Estado
nutricional
Magreza
Normal
Pré-obeso
Obesidade G I
Obesidade G II
Obesidade G III
Total
1
14
23
8
4
00
50
0,9
12,7
20,9
7,3
3,7
00
45,5
00
9
26
18
5
2
60
00
8,2
23,7
16,3
4,5
1,8
54,5
1
23
49
26
9
2
110
0,9
20,9
44,6
23,6
8,2
1,8
100,0
Circunferência
abdominal
H < 102 M < 88
H ≥ 102 M ≥ 88
Total
38
12
50
34,6
10,9
45,5
16
44
60
14,5
40,0
54,5
76
34
110
49,1
50,9
100,0
Relação cintura
quadril
H > 1,0 M > 0,85
H ≤ 1,0 M ≤ 0,85
Total
19
31
50
17,3
28,2
45,5
57
3
60
51,8
2,7
54,5
76
34
110
69,1
30,9
100,0
5.3 Hipertensão arterial e adesão ao tratamento recomendado
Quanto à classificação diagnóstica da hipertensão arterial entre a
população pesquisada, a Tabela 04 mostra: 21,8% normal; 8,2% limítrofe; 24,5%
hipertensão leve; 15,5% hipertensão moderada; 11,8% hipertensão grave e 18,2%
hipertensão sistólica isolada. Diferentemente da tendência observada em estudos
transversais com idosos a hipertensão leve mostrou-se o tipo de maior relevância na
amostra em detrimento a hipertensão sistólica isolada que a literatura aponta como a
forma mais comumente verificada nessa parcela da população, já que com o
envelhecimento há uma perda da elasticidade dos grandes vasos, o que ocasiona o
aumento progressivo da pressão sistólica (Batlouni & Freitas, 2002).
39
TABELA 04 - Distribuição dos hipertensos da população do Distrito de Baixio do
Município de Deputado Irapuan Pinheiro segundo sexo e a
classificação diagnóstica, tempo de diagnóstico, terapêutica utilizada jun a dez/2007.
Sexo
Masculino
Feminino
Nº
%
Nº
%
Nº
%
Classificação de
hipertensão
Normal
Normal limítrofe
Hip. Leve (Est. 1)
Hip. Moder. (Est. 2)
Hip. grave (Est. 3)
Hip. sistólica
Total
12
6
10
8
5
9
50
10,9
5,5
9,1
7,3
4,5
8,2
45,5
12
3
17
9
8
11
60
10,9
2,7
15,4
8,2
7,3
10
54,5
24
9
27
17
13
20
110
21,8
8,2
24,5
15,5
11,8
18,2
100,0
Diagnóstico de HA
1 – 4 anos
5 – 10 anos
+ 10 anos
Total
9
22
19
50
8,2
20,0
17,3
45,5
9
32
19
60
8,2
29,1
17,2
54,5
18
54
38
110
16,4
49,1
34,5
100,0
Uso de medicação
Sim
Não
Total
48
2
50
43,7
1,8
45,5
59
1
60
53,6
0,9
54,5
107
3
110
97,3
2,7
100,0
Grupo farmacológico
Diuréticos
Beta bloqueador
IECA
Antag. do cálcio
IECA + Diurético
IECA + Beta bloq.
Beta bloq. + Diurético
Antag. CA+ Diurético
IECA + Beta bloq. + Diur.
Total
15
2
14
1
9
3
1
3
0
48
14,0
1,9
13,0
1,0
8,4
2,8
1,0
2,8
0,0
44,9
19
6
5
0
17
3
6
2
1
59
17,7
5,6
4,7
0,0
15,9
2,8
5,6
1,8
1,0
55,1
34
8
19
1
26
6
7
1
5
107
31,7
7,5
17,7
1,0
24,3
5,6
6,6
4,6
1,0
100,0
Controle da hipertensão
arterial
Total
O tempo referido pelos pacientes hipertensos do diagnóstico desta
patologia preferencialmente foi de 5-10 anos (49,1%).
Segundo o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (1998) o
diagnóstico realizado o mais precocemente possível e o tratamento adequado e
contínuo são armas importantes para o controle da hipertensão arterial.
40
Em relação à terapêutica recomendada 97,3% dos hipertensos do
estudo fazem uso de anti-hipertensivos, sendo 57,9% monoterapia e 42,1% terapia
combinada. Dentre os grupos farmacológicos utilizados para o controle da
hipertensão há prevalência de 31,7% no uso de diurético como principal medicação
na monoterapia e 24,3% da associação do inibidor da enzima conversora de
angiotensina (IECA) + diurético referido na terapia combinada.
O uso de diferentes classes de anti-hipertensivos tem-se mostrado
igualmente eficaz na redução de risco cardiovascular em idosos. Entretanto, em
vista dos mecanismos de retenção hidrossalina há tendência a iniciar o tratamento
com o uso de diurético (Rosa et al., 2006).
Estudos mostram que em cerca de dois terços dos casos, a monoterapia
não é suficiente para atingir as reduções de pressão previstas e, diante da
necessidade de controle mais rigoroso da pressão arterial, há clara tendência para
introdução precoce da terapêutica combinada de anti-hipertensivos (Ortega et al.,
2006).
Com relação à adesão do paciente ao tratamento recomendado, a
Tabela 5 mostra que a grande maioria (91,8%) dos idosos tem assiduidade às
consultas médicas, contudo a frequência entre os hipertensos do sexo feminino é de
1x/mês enquanto o sexo masculino é de apenas 1x/ 6meses, o que mostra o fato de
as mulheres buscarem mais assistência médica do que os homens.
O abandono ao tratamento farmacológico verifica-se em 88,2% da
amostra, citando-se diversos motivos, dentre os quais
destacam-se: a falta de
medicamentos no posto de saúde (34%); não gosta de tomar medicamentos (28,9%)
e esquece de tomar o remédio (17,5%).
A adesão ao tratamento anti-hipertensivo constitui um problema
frequente nessa faixa etária e provavelmente é o maior desafio para o controle
adequado da hipertensão. A hipertensão é uma doença crônica, com longo curso
assintomático, sem consequência imediata da suspensão do tratamento, o que exige
mudanças no estilo de vida e uso diário de medicamento (Miranda et al., 2002).
A dificuldade está em conscientizar o indivíduo de que o tratamento é
para vida inteira, uma vez que, na maioria dos casos, a hipertensão arterial não tem
cura (Kohlmann Jr. et al. , 2002).
Segundo Giorgi (2001) para haver adesão ao tratamento o paciente deve
conhecer a sua condição de saúde, a importância do controle da pressão arterial, ter
41
acesso aos serviços de saúde e esses serviços devem ser capazes de manter o
tratamento por toda a vida do paciente. Os idosos frequentemente abandonam o
tratamento devido ao uso de grande nº de medicações e dificuldade em adquirir os
medicamentos prescritos.
TABELA 05 - Distribuição dos hipertensos da população do Distrito de Baixio do
Município de Deputado Irapuan Pinheiro segundo sexo e a adesão ao
tratamento - jun a dez/2007.
Sexo
Adesão ao tratamento
Total
Masculino
Nº
%
Feminino
Nº
%
Nº
%
45
5
50
40,9
4,6
45,5
56
4
60
50,9
3,6
54,5
101
9
110
91,8
8,2
100,0
Freqüência nas consultas
1x/ mês
1x / 6 meses
Total
0
45
45
0,0
44,6
44,6
56
0
56
55,4
0,0
55,4
56
45
101
55,4
44,6
100,0
Adesão ao tratamento
medicamentoso
Abandonou
Não Abandonou
Total
45
5
50
41,0
4,5
45,5
52
8
60
47,2
7,3
54,5
97
13
110
88,2
11,8
100,0
Motivo de não adesão
Falta medicamento no posto
Não gosta de tomar remédio
Esquece de tomar o remédio
Dificuldade de locomoção
Falta orientação ao uso
Não teve resposta a medicação
Toma muita medicação
Apresenta dor epigástrica
Total
12
18
9
1
2
0
2
1
45
12,4
18,6
9,2
1,0
2,1
0,0
2,1
1,0
46,4
21
10
8
0
6
1
2
4
52
21,6
10,3
8,3
0,0
6,2
1,0
2,1
4,1
53,6
33
28
17
1
8
1
4
5
97
34,0
28,9
17,5
1,0
8,3
1,0
4,2
5,1
100,0
Assiduidade
Sim
Não
Total
42
6.CONCLUSÃO
De acordo com a análise dos resultados obtidos, conclui-se que:

Quanto às características sócio-econômicas e demográficas da população
estudada observa-se que a maioria encontrava-se na faixa etária de 60 a 64
anos, eram do sexo feminino, de etnia não branca, casados, coabitando com 1 a
3 pessoas, com baixa renda familiar e analfabetos.

Em relação às variáveis relacionadas ao estilo de vida predominaram os
indivíduos sedentários, ex-fumantes e ex-etilistas.

Um significativo percentual de hipertensão arterial dentre os participantes com
história familiar da doença.

Um elevado percentual da população com diagnóstico de diabetes referido a
mais de 10 anos mostrando-se como fator de risco para hipertensão.

A análise das variáveis antropométricas apontou um percentual significativo de
pacientes com excesso de peso (sobrepeso/ obesidade), apresentando um
padrão ginecóide de distribuição de gordura corporal dentre as mulheres da
população
estudada,
conferindo-lhes
um
maior
risco
de
doenças
cardiovasculares.

A hipertensão leve (estágio I) foi o diagnóstico mais prevalente na amostra,
contrariamente ao esperado, visto que a hipertensão arterial sistólica isolada é
considerada, pela literatura, a forma mais comumente encontrada dentre a
população de idosos.

Com relação à adesão do paciente ao tratamento recomendado, constatou-se
uma satisfatória assiduidade por parte de ambos os sexos. Contudo uma
frequência maior, por parte das mulheres, às consultas regulares.
43

A grande maioria dos participantes da pesquisa fazia tratamento farmacológico
com monoterapia utilizando-se de diuréticos.

Um elevado percentual de abandono ao tratamento medicamentoso tem como
fator principal a dificuldade de acesso do paciente à medicação anti-hipertensiva,
devido ao inadequado fornecimento por parte dos postos de saúde.
44
7. Recomendações
As recomendações para que exista melhor controle da hipertensão arterial, bem
como dos fatores de risco associados são:

Incentivo à prática de atividade física.

Melhor conhecimento da população acerca dos principais fatores de risco
associados à hipertensão arterial sistêmica e risco de doenças cardiovasculares.

Mudança de estilo de vida.

Uso contínuo de anti-hipertensivos.

Não faltar medicação anti-hipertensiva nas unidades de saúde.

Melhor controle acerca do aumento de peso.
45
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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46
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51
APÊNDICE
52
FORMULÁRIO
1) Nome do paciente: _______________________________________
2) DN: ___/ ___/ ____.
3) Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )
4) Raça: Branca ( ) Negra ( ) Parda ( )
5)
Estado Civil: Casado(a) ( ) Solteiro(a) ( ) Viúvo(a) ( )
6)
N° de residentes no domicílio: 0 ( ) 1 ( ) 2-4 ( ) + de 4 ( )
7)
Renda familiar: 1 Salário mínimo ( ) 2 Salário mínimo ( )
8)
Escolaridade: Analfabeto ( ) Alfabetizado ( )
9)
Tem diabetes? Sim ( ) Não ( )
Se sim, há quanto tempo?
< 1-4 anos ( ) 5-10 anos ( ) mais de 10 anos ( )
10) Há quanto tempo tem hipertensão?
< 1 ano ( ) 1-4 anos ( ) 5-10 anos ( ) mais de 10 anos ( )
11) Toma medicamento para tratamento de hipertensão?
Sim ( ) Não ( ) Quais: _________________________________
12) Tem consulta regularmente com o médico?
Sim ( ) Não ( )
13) Qual a periodicidade da consulta?
1 vez ao mês ( ) 1 vez a cada 6 meses ( )
14)
Já abandonou o tratamento?
Sim ( ) Não ( )
Se sim, por qual motivo? _________________________________
15)
Abuso de sal:
Sim ( ) Não ( )
16)
Tabagismo:
( ) Nunca fumou ( ) Ex-fumante ( ) Fumante atual
17)
Consumo de bebida alcoólica:
( ) Nunca consumiu ( ) Consome atualmente ( ) Abandonou o consumo
18) Pratica exercícios físicos?
53
Sim ( ) Não ( )
19) Tem colesterol elevado?
Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( )
20) Tem outras pessoas hipertensas na família?
Sim ( ) Não ( )
21) Exame físico:
I) Peso: ________________________________
II) Estatura: _____________________________
III) IMC: ________________________________
IV) Circunferência abdominal: _______________________
V) Circunferência do quadril: ________________________
VI) Pressão arterial: _______________________________
VII) Glicemia capilar: _______________________________
VIII) Outros exames: _________________________________________
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