Café, com milho

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Café, com milho
Não, não se trata de uma receita, se bem que um
cafezinho e uma broa de fubá combinam muito bem.
Tampouco se trata de uma mistura que, dizem por aí,
pode vir, como fraude, no pó de café.
O que vamos comentar aqui é o plantio de milho e
outros cultivos no meio do cafezal, que se conhece
como cultivo intercalar.
As pequenas propriedades cafeeiras, especialmente nas
áreas montanhosas, são as que mais utilizam o plantio
intercalar, sendo mais comuns o milho e o feijão. E os
produtos colhidos são usados, principalmente, para o
próprio consumo das famílias ou para alimentar
pequenas criações de animais, igualmente para
consumo nas propriedades. Produtores maiores
também costumam liberar áreas de cafezais, para que
seus empregados possam plantar feijão e milho, em
troca da capina da área ou recebem parte do produto
colhido em pagamento.
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CY
CMY
K
O cultivo intercalar pode, ainda, ser estendido às
lavouras de carga muito baixa, ou em recuperação de
geadas, granizo, estiagem, ou stress por carga,
devendo-se evitar os cultivos em lavouras com boa
produtividade pendente, pois, ali, a competição que se
estabelece entre as plantas pode ser mais prejudicial aos
cafeeiros.
Como fazer os cultivos
CM
MY
Os cultivos intercalares são prioritários nas áreas
montanhosas, sem mecanização, nas propriedades
familiares ou conduzidas através do sistema de meiação.
Ali, as lavouras de café jovens, em formação, nos 2
primeiros anos, e as áreas podadas, principalmente por
recepa e esqueletamento, apresentam maiores espaços
livres nas ruas do cafezal e, por isso, devem ser àquelas
escolhidas para a combinação de cultivos.
Também, o cultivo intercalar, especialmente do milho,
deve ser evitado em áreas onde ocorrem déficits
hídricos, pela sua maior concorrência pela água do solo.
C
M
Onde fazer os cultivos
intercalares
Muitas áreas
de café estão
plantadas com
milho neste ano,
como esta em
Reduto, Zona da
Mata de Minas
Nestes dois últimos ciclos agrícolas parece que cresceu
bastante
o plantio intercalar em certas regiões
cafeeiras, tendo como exemplo a Zona da Mata de
Minas. Andando na região, observa-se grande número
de lavouras de café quase que encobertas por milharais.
O aumento no cultivo intercalar pode estar ligado a 3
razões principais. Primeira, a dificuldade que os
produtores ainda vêm enfrentando, com a pouca renda
em lavouras de café de baixa produtividade, reduzida na
região devido aos menores preços dos cafés de bebida
riada-rio. Segunda, pelo maior uso de podas, as quais
liberam maiores áreas para plantios intercalares.
Terceira, por que os preços do milho e do feijão subiram
e, assim, está compensando mais o seu plantio.
Muitos técnicos condenam o plantio intercalar. No
entanto, essa prática deve ser encarada como outra
qualquer, pois apresenta vantagens e desvantagens, que
podem ser maximizadas ou diminuídas com a adoção de
cuidados no seu uso. As questões a considerar são onde
e como fazer os cultivos.
Para melhor adequar o uso de cultivos intercalares nas
lavouras de café deve-se observar alguns cuidados,
conforme em seguida.
A primeira coisa a observar diz respeito às características
desejáveis das plantas de cultivo intercalar, as quais são
desejáveis ter porte baixo, ser de ciclo curto e de
preferência da família das leguminosas, com isso
reduzindo a competição em luz e nutrientes. Como se
pode ver, o feijoeiro é a planta que melhor se enquadra.
No entanto, em plantios jovens ou em rebrotas de
recepa, no primeiro ano, principalmente em áreas mais
frias, ou muito quentes, muito sujeitas a ventos, a
doenças e insolação, o plantio de cultura de porte alto,
Área de cafezal recepado cheia com milharal,
em Manhuaçu-MG
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Como exemplo do cafezal temporário em outra cultura
definitiva, cita-se os exemplos de cafeeiros plantados
intercalares em lavouras de seringueiras e de coqueiros, onde se aproveita a colheita de café nos 4-7 anos
iniciais da cultura.
Uma fileira de milho plantada no meio de cafezal adulto,
neste ano com pouca carga. Como não houve adubação
do milho ele vem mal e ainda concorre com os cafeeiros.
Área de pequeno cafeicultor, em Jaguarai-MG
Como exemplos de combinações definitivas, onde o
número de plantas (fruteiras ou florestais) é menor,
chamando-se de sistema de arborização, que resulta
numa sombra rala, citam-se a combinação de cafeeiros com Macadâmia, caquizeiros e cedro australiano,
além de Grevileas, atualmente em menor uso.
J.B. Matiello, Eng. Agr. MAPA/Procafé
como o milho, é o mais desejável, para proteger as
plantas de café dos ventos, de doenças e da insolação
excessiva. Nas regiões quentes, como as de cultivo de
conillon, o milho é muito útil para fazer um
sombreamento inicial, visando um melhor pegamento
das mudas de café recém-plantadas e para promover
melhor desenvolvimento inicial das plantas.
As condições adequadas ao cultivo intercalar ou
combinado são:
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CM
MY
CY
CMY
K
a) O uso de um número apropriado de linhas da cultura
intercalar por rua do cafezal, variando de 1-4, de acordo
com a cultura e o espaço disponível, sempre deixando
um espaço livre junto às linhas de café, dos dois lados,
para reduzir a concorrência e facilitar os tratos das
plantas de café.
b) Fazer o cultivo no período chuvoso, quando existe
maior disponibilidade de água, para as duas lavouras e
que coincide com o período quente, portanto sem risco
de geada, já que a cobertura verde do solo diminui a
temperatura da área.
c) Adubar adequadamente também a cultura intercalar,
com isso reduzindo a concorrência em nutrientes, entre
as duas culturas.
d) Deixar no campo ou retornar para o meio do cafezal
a maioria da palhada resultado do cultivo, como os pés e
palhas do milho e toda a palhada do feijoeiro.
Arquivo CCCRJ
M
Curioso o plantio de uma linha de milho ao lado do
feijão na mesma área em S.D. das Dores.
Ali vai dar angu com feijoada.
Cafezal com plantas
esqueletadas, com
a rua aproveitada,
com uma linha de
feijoeiros, onde a
cultura se desenvolveu
bem utilizando os
resíduos vegetais
da poda.
São Domingos
das Dores-MG
Outros cultivos combinados
A cultura do café pode, ainda, ser combinada com outros
cultivos perenes ou semi-perenes, onde os cafeeiros
podem ser cultivados por todo o tempo, ou, mesmo,
temporariamente.
Como exemplos de combinações temporárias, de
fruteiras em cafezais, cita-se o mamoeiro, muito usado
na fase de formação de lavouras de conillon no Norte do
Espírito Santo, de maracujazeiros e de bananeiras, estas
servindo, também, de renques quebra-ventos.
Uma linha de
feijoeiros no meio
de rua de cafezal
no primeiro ano,
deixando bom
espaço junto às
linhas de cafeeiros.
S.D. das Dores-MG
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