Prof. Victor Creti Bruzadelli Queda do Império Romano do Ocidente: 476 Século V Alta Idade Média Baixa Idade Média Século X Queda do Império Bizantino: 1453 Século XV Idade das trevas , Longa noite de mil anos ou Espessa noite gótica a) Pensamento Renascentista: A arte teria dois picos desenvolvimento: Antiguidade e Renascimento; Arte medieval: gótica (Godos – bárbaros); b) Filósofos Iluministas: Divisão tripartite da História; Oposição aos conceitos baseados na fé; c) Romantismo: Século XIX: visão positiva e idealizada; Bárbaros vistos como um sopro de vida num império romano decadente. A Idade Média foi dominada durante muito tempo, no espírito do grande público, por imagens de façanhas cavaleirescas e ritual cortesão, pelo fervor espiritual e pela sanguinária violência dos cruzados. Esses conceitos pitorescos têm sido propensos a obscurecer o verdadeiro valor do período como uma idade de real progresso em todas as áreas, de evolução política e social, de criatividade artística e intelectual, de avanço comercial e científico. (LOYN, Henry. Dicionário ilustrado da Idade Média.) Cena do filme Cruzada, de Ridley Scott (2005). Fim do Império Romano do Ocidente (476 d.C.): •Invasões germânicas; Ruralização da Europa •Destruição das cidades; •Desemprego nas cidades; •Encarecimento dos produtos; •Fragmentação do Império Carolíngio; •Descentralização política; Lento processo de feudalização Feudalismo: Integração de estruturas Romanas e Germânicas Romanas: Colonato: Relação de trabalho na qual o camponês livre está vinculado à terra e deve pagar ao senhor com parte da produção; Vila: Estrutura fundiária fortificada e, geralmente, auto-suficiente; Cristianismo: Religião oficial do Império permanecerá durante esse período. Germânica: Comitatus: Relação de lealdade à um chefe de um grupo de soldados, capaz de distribuir bens entre seus homens; Beneficium: Doação de terras aos principais guerreiros em troca de fidelidade; Direito Consuetudinário: Leis fundamentadas na tradição, nos costumes e oralidade. O feudalismo medieval nasceu no seio de uma época infinitamente perturbada. Em certa medida, ele nasceu dessas mesmas perturbações. Ora, entre as causas que contribuíram para criar ou manter um ambiente tão tumultuado, algumas existiram completamente estranhas à evolução interior das sociedades europeias. (Marc Bloch, A Sociedade Feudal) Monge copista medieval Estrutura econômica: Feudo: Unidade básica de produção Feudo: Estrutura de Produção; Terra: Principal meio de produção; Economia de subsistência; Comércio localizado e restrito; Estrutura econômica: Feudo: Unidade básica de produção Produção agrícola sem grande avanço técnico; Descentralização do poder e da economia; Economia predominantemente amonetária (uso restrito de moeda). Iluminura do Riquíssimo livro das Horas do Duque de Berry – mês de março – representando trabalhadores no campo com o Châteu de Lusignan ao fundo. Irmãos Limbourg (1410). Estrutura Social: de ordens Clero (Oratores): Principal grupo social, representado pelos grandes cargos eclesiástico; Senhores Feudais (Bellatores): Donos das terras e responsáveis pela proteção do feudo; Servos (Laboratores): Camponeses, responsáveis pela produção. Iluminura de um manuscrito francês da segunda metade do século XIII. Estrutura Social: Baseada na Igreja Católica: Pai → Clero Filho → Senhores Feudais Espírito Santo → Servos Os nobres são os guerreiros, protetores das igrejas; defensores do povo, dos grandes como dos pequenos. A outra classe é a dos servos: esta raça infeliz nada possui sem sofrimento. Alimentos e roupas, os servos fornecem tudo a toda gente. A casa de Deus, que se crê uma, está pois dividida em três: alguns rezam, outros combatem e outros trabalham. Estas três partes que coexistem não suportam ser separadas; os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas (ADALBERÓN, Bispo de Laon. Canto ao rei Roberto – século X) pela primeira e talvez única vez, um artista conseguiu dar forma concreta e tangível aos medos que obcecavam o espírito dos homens na Idade Média . (GOMBRICH, Ernest. História da arte.) O Jardim das delícias, Hieronymus Bosch (1504). Relações sociais: Sistema de Vassalagem: Relação Horizontal: entre homens de mesmo status social; Suserano Vassalo Suserano: Oferece terras ao vassalo; Vassalo: Oferece apoio e lealdade. Iluminura representando um a cerimônia de contrato feudo-vassálico. Relações Sociais: Senhores e servos: Relação Vertical: entre homens de diferente status social Senhor Feudal Servo Senhor Feudal: Oferece terra (tenência) e proteção; Iluminura do Riquíssimo livro das Horas do Duque de Berry – mês de junho – representando servos durante a colheita. Irmãos Limbourg (1410). Servo: Oferece trabalho e produção. Tributos medievais e deveres dos servos: Corveia: Trabalho de 3 a 5 dias nas terras do senhor; Talha: Doação de ¾ da produção ao senhor; Banalidade: Pagamento pela utilização de instrumentos (estábulos, moinhos, forno, celeiro) do senhor; Mão-morta: tributo pago para que a família servil permanecesse na terra após a morte do chefe da família; Formariage: Pagamento quando o próprio servo ou algum parente do nobre se casava. No sul da França, especificamente, o Senhor poderia ou não determinar que a noite de núpcias de uma serva seria para o usufruto dele próprio e não do marido oficial. Tal fato era incomum no restante da Europa, pois a igreja o combatia com veemência; Tostão de Pedro: Envio de 10% da produção feudal para a Igreja Católica.; Crescimento Populacional: Fim das invasões; Aperfeiçoamento de técnicas agrícolas: Moinho hidráulico; Arado de ferro e rodas; Rotação trienal de terras. Campo 1 Campo 2 Campo 3 Ano 1 Trigo Repouso Cevada Ano 2 Cevada Trigo Ano 3 Repouso Cevada Repouso Trigo Dois dos campos eram cultivados, enquanto outros estava em repouso, as letras identificam os servos responsáveis pelo cultivo de cada campo (tenências). População Medieval em milhões Crescimento Populacional: 60 Maior produção e 50 consumo agrícola; 40 Busca de mais terras 30 para cultivo; Derrubada das matas. 20 10 0 1000 1100 1200 1300 População Medieval em milhões Expulsão dos excedentes populacionais: Fatores: Direito a primogenitura (expulsão de nobres); Expulsão de servos; Consequências: Aumento do comércio; Aumento da criminalidade; Página do poema épico Piers Plowman de William Langand, primeira referência que se tem notícia à história de Robin Hood (1377). Retomada das cidades – êxodo rural. As cruzadas: Guerra Santa Movimento de caráter militar, religioso, econômico e político; Convocada pelo papa Urbano II no Concílio de Clermont Fernand (1095); Objetivo: conquistar Jesusálem (Terra Santa) dos muçulmanos; Obs.: Aproximação entre o papa e o imperador bizantino visava conter o avanço muçulmano na Europa e no Oriente Próximo. No mês de novembro (de 1095), o Papa reuniu todos os bispos da Gália e da Espanha e realizou um grande concílio em Clermont. Em seguida, fez uma comovente descrição da desolação da Cristandade no Oriente e expôs os sofrimentos e a opressão atrozes que os sarracenos infligiam aos cristãos. Na sua piedosa alocução, o orador, comovido até às lágrimas, falou igualmente, com insistência, sobre a maneira como eram espezinhados Jerusalém e os Lugares Santos. Nasceu, nos ricos e nos pobres, nas mulheres, nos monges e nos clérigos, nos citadinos e nos camponeses, uma prodigiosa vontade de ir a Jerusalém ou de ajudar os que aí fossem. (VITAL, Orderic apud FREITAS, Gustavo de Freitas. 900 textos e documentos de História) Os vários objetivos das Mais ou menos a partir do século XI, os cristãos organizaram expedições em comum contra os muçulmanos, na Palestina, para reconquistar os lugares santos onde Cristo tinha morrido e ressuscitado. São as cruzadas [...]. Os homens e as mulheres da Idade Média tiveram então o sentimento de pertencer a um mesmo grupo de instituições, de crenças e de hábitos: a cristandade. (LE GOFF, Jacques. A Idade Média explicada aos meus filhos) Cruzadas: Igreja: conquistar Jerusalém (Terra Santa) dos muçulmanos, ampliar os domínios cristãos; Nobres: obter poder, terras, pilhagens, busca de aventura e enriquecimento,; Mercadores/Comerciantes: interesse comercial; Fiéis em geral: obter a indulgência plena (absolvição) dos pecados ou cura de enfermidades. Consequências das cruzadas: Ruptura ainda maior entre cristãos do Ocidente e Oriente; Maiores conflitos entre cristãos e muçulmanos; Fortalecimento dos reis e dos Estados nascentes; Impulso ao comércio com o Oriente; Unificação dos Estados árabes; Transculturação entre o Oriente e o Ocidente; Fortalecimento da identidade cultural europeia e cristã. Jamais a Europa esteve tão unida quanto nos séculos XII e XIII, e essa unidade devia-se ao fato de que os europeus daquele tempo tinham o sentimento de constituir um só povo. (DUBY, Georges. Ano 1000, ano 2000: Na pista de nossos medos) As cruzadas vista pelos árabes: A população da Cidade Santa foi passada ao fio da espada, e os francos massacraram os muçulmanos durante uma semana. Na mesquita de al-Aqsa, mataram mais de setenta mil pessoas. E Ibn al-Athir, que evita citar cifras não comprováveis, corrige: Mataram muita gente. Aos judeus recolheram na sua sinagoga e lá os queimaram vivos os franj. Destruíram também os monumentos santos, e a tumba de Abraão – a paz esteja com ele. Franj: soldados francos, cruzados: As cruzadas tratadas como Invasões bárbaras ou Invasão dos Francos ; Violência e crueldade dos invasores, considerados fanáticos religiosos; Cristãos não conheciam o valor das artes e das ciências; Alguns árabes pensarem se tratar do fim do mundo. (MALOOUF, Amin. La Invasión.) Península Itálica: Exceção ao feudalismo predominante na Europa; Características gerais: Cidades voltadas para o Comércio; Circulação Monetária; Casas bancárias. Iluminura representando o funcionamento de um banco medieval. No século XI, os tecelões de Flandres começaram a produzir a preço módico panos de lã que eram muito superiores aos tecidos em casa. Eles tiveram um crescente sucesso, primeiro em escala local, depois no exterior. Os tecelões tiveram que buscar em torno de si novas fontes de abastecimento. Acharamnas na Inglaterra. O comércio de genoveses, pisanos e venezianos no leste transformou as lãs flamengas na mais popular e lucrativa de suas mercadorias, que se tornou um poderoso instrumento da expansão dessas cidades. (MCEVEDY, Colin. Atlas de história medieval) Península Itálica: Veneza: Comércio com o Oriente através do Império Bizantino; Gênova: Destacou-se durante as Cruzadas como base militar e ponto de abastecimento do exército cristão. Renascimento Comercial: Motivações: Expulsão dos excedentes populacionais dos feudos; Migrações para as cidades (Burgos) e ampliação do comércio; Reabertura do mar mediterrâneo para a navegação cristã europeia após as Cruzadas; Diminuição do controle muçulmano do mar mediterrâneo. A luta entre o carnaval e a quaresma, Pieter Brueguel, o Velho (1550). Feiras: Mercados a céu aberto; Surgimento do encontro de rotas comerciais; Surgimento de rotas (terrestres e marítimas) de comércio ligando o continente europeu; A Idade Média é época de enormes banquetes. [...] Por ocasião da coroação de Filipe VI de Valois (1293-1350), que foi rei de França de 1328 a 1350, foram consumidos: 40 000 ovos, 18 000 frangos, 2000 gansos, 4000 lagostins de rio, 2000 carpas, 700 lúcios, 345 garças reais, 289 carneiros, 85 bezerros, 82 vacas et 300 barris de vinho. Não é propriamente o que se chama um jantar íntimo ! (LEWIISE, Vera. Mémoire) Principais feiras: Champanhe, na França; Flandres, na Bélgica. Corporações de ofício: Dedicadas ao artesanato e à manufatura; Nos séculos finais da Baixa Idade Média europeia, a Relações pessoais entre o mestreeconomia de subsistência e de artesão, obreiros profissionais e trocas naturais tendia a ser aprendizes; suplantada pela economia monetária, a influência das Guildas ou Hansas: cidades passou a prevalecer Associações de cidades sobre os campos, e a dinâmica responsáveis pelo comércio de de comércio levou à mudança e certos produtos em determinadas à ruptura das corporações de regiões; ofício medievais. (SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento.) Dedicada ao comércio em longa escala; Liga Hanseática: Responsável pelo comércio no Mar do Norte e Mar Báltico. Consequências do Renascimento Comercial: O conflito entre o tempo da Igreja e o tempo dos mercadores afirma-se pois em plena Idade Média, como um dos acontecimentos maiores da história mental destes séculos, durante os quais se elabora a ideologia do mundo moderno, sob a pressão da alteração das estruturas e das práticas econômicas. (LE GOFF, Jacques. Para um novo conceito de Idade Média: tempo, trabalho e cultura no Ocidente.) 1. Abalou as estruturas de ordens da sociedade e sua hierarquia; 2. Surgimento de uma sociedade não marcada somente pela divisão social de acordo com a origem, mas de acordo com a profissão; 3. Multiplicação das cidades; 4. As cidades como espaço de liberdade e de possível ascensão social; 5. Criação de bancos e o reaparecimento das moedas; 6. Intensificação das feiras e mercados. Urbanização: Motivações: Produção de excedentes agrícolas; Expulsão do excedentes populacionais dos feudos; Renascimento comercial incentivam a formação de burgos. A partir do século X, mas principalmente do XI, é o grande período de urbanização – prefiro utilizar esse termo mais do que o de renascimento urbano, já que penso que, salvo exceção, não há continuidade entre a Idade Média e a Antiguidade. (LE GOFF, Jacques. Por amor às cidades. Conversações com Jean Lebrun) "Quando o rapaz, depois de ter passado os anos da infância sossegadamente em casa, chegou à idade varonil, principiou a aprender com cuidado e persistência o que ensina a experiência do mundo. Para isso decidiu não seguir a vida de lavrador, mas estudar, aprender e exercer os rudimentos de concepções mais sutis. Por esta razão, aspirando à profissão de mercador, começou a seguir o modo de vida do vendedor ambulante, aprendendo primeiro como ganhar em pequenos negócios e coisas de preço insignificante; e, então, sendo ainda um jovem, o seu espírito ousou pouco a pouco comprar, vender e ganhar com coisas de maior preço. (Adaptado de Reginald of Durnham, "Libellus de Vita et Miraculis S. Godrici", em Fernando Espinosa, Antologia de textos históricos medievais. Urbanização: Consequências: Permitiu novas formas de organização do espaço e relações de poder; Movimento comunal (XI – XIII): Conquista da autonomia das cidades, através da conquistas de Cartas de Franquia, conquistas por guerra ou indenizações. Urbanização: Ditado alemão: Stadtluft macht frei ( O ar da cidade liberta ); Estímulo à desagregação medieval e à libertação das diversas obrigações senhoriais. Iluminura representando a construção de uma cidade. Conceito de Imaginário: Como processo criador, o imaginário reconstrói ou transforma o real. Não se trata, contudo, da modificação da realidade, [...] trata-se do real que constitui a representação, ou seja, a tradução mental dessa realidade exterior (LAPLANTINE; TRINDADE, 2003, p. 27). Iluminura representando como os acreditavam ser o Oriente Ora, o Senhor Deus tinha plantado um jardim no Éden, do lado do oriente, e colocou nele o homem que havia criado. O Senhor Deus fez brotar da terra toda sorte de árvores, de aspecto agradável, e de frutos bons para comer; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal […] O primeiro é Fison, e é aquele que contorna toda a região de Evilat, onde se encontra o ouro. (O ouro dessa região é puro; [..] Senhor Deus tomou o homem e colocou-o no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo. Deu-lhe este preceito: Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente. (Gn, 2:8-17) Iluminura representando Adão e Eva A Cocanha era um país imaginário localizado em algum lugar da Europa Medieval. Lá o seu povo vivia feliz e cheio de amor, não faltava emprego para ninguém, até por que não era necessário trabalhar, tudo era fácil e de graça. Nos rios corria vinho tinto da melhor qualidade, dinheiro dava em árvore e não tinha valor, não havia doença nem fome e tinha uma fonte de água que rejuvenescia as pessoas, ou seja, não havia idosos, ouro virava tijolo para as construções das casas, de dia e de noite tudo era festa com muita bebida e comida. Esse país maravilhoso nascido no imaginário do povo da Europa Ocidental por volta do século XIII (TRIGUEIRO, 2006). Entre 1315 e 1317 sucedem-se pesadas chuvas por todo o norte da Europa Ocidental, de forma tão intensa e ininterrupta que os campos são devastados e as colheitas perdidas, gerando uma situação de calamidade para o mundo camponês e que se soma aos vários anos bons que haviam levado o preço dos cereais a níveis bastante baixos. Sem colheitas e sem poupança, o mau tempo inaugura o grande movimento de crise do século XIV. (SILVA, Francisco C. Teixeira da. Sociedade feudal: guerreiros, sacerdotes e trabalhadores) Grande Fome: Crescimento populacional a partir do século X; Defasagem das técnicas agrícolas; Intempéries climáticas no início do século. Peste Negra: Conhecida hoje como Peste Bubônica; Transmitida por pulgas de ratos; Facilitadores da epidemia: Subnutrição; Vida em cidades; Os gatos no imaginário medieval; Consequências: Morte de 1/3 dos europeus (cerca de 25 milhões); Enfraquecimento dos nobres. Iluminura representando os acometidos por Peste Negra. Guerras: Guerra dos 100 anos (1331 – 1453): Fatores: Disputa pela região de Flandres: feira e comércio de tecido. Disputa pelo trono francês: Morte de Carlos IV (1328); Disputa sucessória entre Eduardo III, da Inglaterra, e Felipe de Valois, nobre francês. Joana D’Arc, a virgem de Orleáns Guerras: Guerra dos 100 anos (1331 – 1453): Consequências: Fim da guerra com vitória francesa em 1453; Definição das fronteiras francesas e inglesas; Fortalecimento das monarquias; Crise da identidade coletiva europeia. Conceito de Identidade: identidade remete sempre ao que o grupo considera ser e ao que, portanto, o torna diferente dos outros, nós podemos considerá-la em dois registros distintos: o registro político – pertencer a uma coletividade de condição política e possuindo um território, instituições e governo próprio e o registro cultural – partilhar um conjunto de representações coletivas sobre as relações do grupo com o solo, a história, a província, seus vizinhos... (GUERRA, François Xavier, p. 13) Guerra dos Cem Anos – denominação dada a uma série de conflitos ocorridos entre a França e a Inglaterra no período 1337-1475. O termo, que vem sendo considerado impróprio, é uma criação moderna dos historiadores do século XIX, introduzido nos manuais escolares. (...) Alguns historiadores têm mesmo proposto que seja utilizada a expressão cem anos de guerra e não a tradicional. (AZEVEDO, Antônio Carlos do Amaral Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos) Revoltas camponesas: Jacqueries: Filhos da puta, dizem alguns Porque nos deixamos maltratar? Livremo-nos da sua maldade! Nós somos homens como eles Temos membros como os seus E corpo de igual tamanho E do mesmo modo sofremos Só nos falta a coragem Unamo-nos por um juramento... Nome deriva da expressão Jacques bon homê (João ninguém); Conjunto genérico de revoltas de servos contra a opressão das estruturas feudais que se encontravam em crise; Ápice: França em 1358; Motivos: Revolta contra a sociedade de ordens; Fome generalizada ; (Robert Wace, Roman de Rou, 996) Altas cobranças de impostos. Consequências: Concentração gradativa de poder nas mãos dos reis; Início do processo de formação da monarquias nacionais absolutistas; Obs.: O processo de formação Capa do livro Leviatã, Thomas Hobbes (1651) das Monarquias Nacionais Europeias, durante as crises da Baixa Idade Média, foi um lento, gradual, contraditório e conflituoso, seguindo as peculiaridades de cada região.