Visualização do documento ITO LÍGIA M - Depressão.doc (63 KB) Baixar 7 Depressão LÍGIA MONTENEGRO ITO FRANCISCO LOTUFO NETo MIRÉIA C. Roso REGINA WIELENSKA l INTRODUÇÃO Tristeza é uma reação nomial que pode ocorrer em diversos momentos da vida de uma pessoa, principalmente diante de situações que envolvem frustração ou perda. Esse estado de humor, no entanto, não deve ser confundido com a depressão clínica, uma condição médica que tem conseqüências importantes para a saúde pública. Os principais sintomas da depressão são; tristeza permanente, ansiedade ou sensação de vazio; sentimentos de desesperança, pessimismo, perda de interesse ou prazer nas atividades em geral, incluindo a sexual; problemas de sono; perda ou excesso de apetite; diminuição de energia e fadiga; idéias de morte; irritabilidade, dificuldade para se concentrar; dores crõnicas, como de cabeça ou de estômago que não melhoram com tratamento. Esses sintomas, que isolados são comuns ao sentimento de tristeza, na depressão adquirem um caráter patológico, pois interferem na capacidade do indivíduo de trabalhar, relacionar-se, dormir e desfrutar de atividades consideradas anteriormente agradáveis. Segundo os manuais que definem os critérios diagnósticos dos transtornos psiquiátricos, a depressão é classificada na categoria dos Transtornos do Humor. Estes incluem: a) o tipo unipolar. em que ocorrem apenas episódios depressivos maiores; b) o tipo bipolar, em que, além dos epiódios depressivos, ocorrem episódios de mania ou hiponania. A Classificação liv rnacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde que está em sua déc ma edição (CTDlO. 1)92) e o Manual Diagnóstico e 91 Estatístico da Associaçào Psiquiátrica Americana, da sua terceira edição (DSM111, 7980) à atual (DSM-IV, 1994), propõem a introdução do diagn6stco de distimia e definem critérios operacionais para identificá-lo, A principal característica da distimia é o estado de humor depressivo, com sintomas de intensidade leve e duração contínua por pejo menos dois anos, adquirindo caniter crônico. A depressão maior caracteriza-se por um ou mais episódios depressivosmalores, podendo ser acompanhados de sintomas psicóticos ou traços melancólicos. Os Quadros 1 e 2 apresentam os critérios diagnósticos para episódios depressivos maiores segundo a CID-l O e o DSM-IV. co Quadro 3, os critérios para depressão maior com traços melancólicos do DSM-IV. Quadro 1. Critérios diagnósticos do Episódio Depressivo Maior segundo a CID- lO A 1. O episódio depressivo deve durar pelo menos duas semanas. 2. Nãodeve haversintomas manIcos ou hipomaníacos suticientespam atingircritério de transtorno bipolar. 3. O episódio no é decorrente do uso de subslneias psicoalivas ou de qualquer muro distúrbio orgânico. li flumor dcprtssivo em uni grau que seja claramente anormal para o individuo. presente a m&or partedo dia e quascdiwianienle, altamente influenciável pelas circunstâncias e mantido por pelo me nos duas semanas. 2. Perda de interesse ou prazer em atividades que eram normalmente prazefosas. 3. Dirninuiço da energia ou tadiga excessiva. C 1. Perda da auloeonfiança ou estima 2. Sentimentos inadequados de auto-acusação ou culpa. . Pensamentos recoaTentes sobre fone ou suic(dio, ou qualquer comportamento suicida. 4. andecisan ou dúvida. 3. Alteraço da atividade psicomolora, com agitação ou lentificação. 6. DisIú,bios de sono de qualquer tipo. 7. Variaço do apetite (diminuiçao ou aumento) com correspondente mudança de peso. Subtipos: síndrome somtica, episódio depressivo moderado, episódio depressivo grave com ou sem sintomas nicóticos. É possível que um episódio depressivo ocorra uma ou várias vezes durante a vida de uma pessoa, e sua gravidade pode variar de leve a extrema, O maior risco de uma depressão nào-tratada é o suicídio. Outras condições não-psiquiátricas podem contribuir para o surgimento ou complicaçïo de um quadro depressivo. Entre elas, encontram-se abuso de substâncias como o iílcool, uso de medicamentos como anabolizantes esteróides, quadros neurológicos, metabólicos, infecciosos, oncológicos e endócrinos, entre outros. 92 Quadro 2. Critérios diagnósticos para Spisddio Depressivo Maior segundo a DSM-lV A. Cinco ou mais dos seguintes sintomas presentes durante um período de duas semanas, que representem uma mudança no funcionamento nonual pr6vio. e pelo menos um dos sintomas seja ou humor depressivo ou perda cio interesse e prazer. 1. Honor depressivo na maior pane cita dia, aproximadamente iodos os dias, retèrido pelo paciente ou por observação de outros. Em cfianças ou adolescentes pode ser humor irritável. 2. Interesse ou prazer marcadamente diminuído em todas ou quase todas as atividades, na maior pane do dia, referido pela paciente ou por okervaço de outros. 3. Perda de peso signiticativa quando não em dieta vo(untlria ou ganho de peso (mudanças de mais de 5% do peso em um rnés). ou diminuição ou aumento do apetite quase lodos os dias. 4. Insônia ou hipeisomnia aproximadamente todos-os dias, 5. Agitação ou retardo psicomotor aproximadamente todos os dias (observado por outros e r,o apenas reierénch.s subjetivas de cansaço). 6. Fadiga ou perda deenerga aproximadamente iodos os dias. 1. Sentimentos de preocupação ou cu’pa excessivos ou inadequados (que podem ser delirantes) apwxirnadan,ente Iodos osdias (nãoapenas avio-acusações ou culpa por esta, docole). 8. Diniinuiçáodacapacidadedeconcentn,çãoWou racioci&o, ou ibdecisão, apmxh»adamente todos os dias (tanto refeiidos pelo paciente como 1xr outros). 9. Pensamentos ,ecorrenles de morte (no apenas medo de morTelX idenflo suicida reconente, tentativa de suicídio ou plano específico para isso, 8. Os sintomas não atingem cdtério diagnóstico para episódio misto. C Os sintomas prejudicam de maneira significativa o funcionamento social, profissional ou de outras áreas imponantes da vida do indivíduo. 1). Os sintomas ido so causados por uso de substáricias psicoativas ou por outra vondiØo clínica geral. E. Os sintomas não so justificados por decorrerem de eventos vitais específicos como a perda de uma pessoa querida. Os sintomas persistem por mais de dois meses ou são caracterizados por grave prejuízo (lo funcionamento do sujeito, preocupaflo excessiva. ideaçao suicida, sintomas psicá{icos ou retardo psicomotor. Subtipos: crónico, com traços cacatiSnicos, com tnços melancdlicos. com inicio no pós-paito, Infelizmente, a depressao ainda é considerada por omitas como um problemade falta de caráter, de forçade vontade ou fraqueza. É comum, pacientes deprimidos permanecerem anos sem procurarajuda profissional por ignorar seu diagnóstico e a existência de tratamentos para seu tnrnstorno, Tal atitude acarreta inúmeros prejuízos no desempenho profissional e nas relações interpessoais. Com a evokuçao do conhecimento, hoje sabemos que a depressão pode ser tratada com bons ztsulttdos. Quando o tratamento é feilo pcocemente, muitos dos prejuízos, seno Iodos, podem ser evitados. Estudos americanos estimam que a depressüo é diagnosticada e tratada adequadamente em apenas 50% dos casos atendidos em serviços primários de saúde. Sabc-se que cerca de 8% das pessoas adultas podem sofrer do depressão em &gum momento da vdu, sendo as mulheres as mais afetadQs (Boyd & Weissman, 1982). 93 Quadro 3. Critérios diagnósticos para Episódio Depressivo com Traços Melancólicos (DSM-1V) Pode ser aplicado ao episódio depressivo maior no Transtorno Depressivo Maior e ao episódio depressivo maior no Transtorno Bipolar de Tipo 1 ou li. apenas se este t& o mais recente tipo de episódio de humor). A. Qualquer um dos seguintes sintomas durante o período mais grave do episódio atual: 1. Perda do prazer em todas ou quase todas as atividades. 2. Perda da reatividade a estímulos usualmente prazerosos (a pessoa não se sente melhor, mesmo que temporadamente, quando algo bom acontece). 8. Três ou mais dos seguintes sintomas: Qualidadediferente de humordepressivo (o humor depressivo é diferentedo sentido em razão da peida de alguém querido). 2. Depressão geralmente pior pela manhã. 3. Despertar precoce (pelo menos duas horas anies do horgrio que normalmente se desperta). 4. Retardo ou agitação psicomoton. 5. Anorexia significativa ou perda de peso. 6. Culpa excessiva ou inapropriada. 2 TRATAMENTO O tratamento da depressão pode ser, num primeiro momento, farmacológico, por meio de diferentes antidepressivos. A escolha do tipo de antidepressivo e da dose obedece a critérios clínicos e dei’e ser feita por médico psiquiatra. Entretanto, além dos diversos psicofármacos considerados eficazes no tratamento da depressão, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem demonstrado considerável sucesso na redução de muitos sintomas depressivos. Essas duas abordagens podem ser utilizadas isoladamente ou em associação. A TCC visa não apenas o alívio imediato da sintomatologia depressiva, mas, principalmente, a manutenção da melhora clínica, reduzindo o risco de recaídas a longo prazo. No Quadro 4 encontram-se as indicações da TCC para depressão. Quadro 4. Indicações e contra-indicações da terapia cognitivo-comporiamental para a depressão a indicações Contra-indicações Transtorno bipolar Sintomas psicóiicos (delírios e alucinações) lxniificação extr,ma ou estupor Elelroconvulsoterapia em andamento Pouca capacidade de aprendizagem Transtorno unipolar Pacientes não internados Com ou sem sintomas endógenos Com ou sem medicação Com boa capacidade de aprendizagem (mesmo que o nível educacional não seja alio) 94 Diversos eswdos controlados foram feitos nos últimos anos para avaflar a eficácia da terapia cogoitivocomportamental no tratamento da depress4o e compará-la aos resultados de outros tratamentos, entre eles, o farmacológico. Alguns indicam que aTCC apresenta, no final do tratamento, eficácia equivalente à medicação antidepressiva e superior à psicoterapia psicodinârnica ou de apoio e a controles em listadeespera, (Rush e cols., 1977;Zeiss ecols., l979;McLean & Hakstian, 1979). No seguimento a longo prazo, seus resultados terapêuticos superam os obtidos com algumas medicações antdepressivas it prevenção de recaídas (Blackbum e cols., 1986; Evans e cois., 1992; Shea e cois., 1992). Entretanto, há na literatura indicações de que a combinação da terapia cognitivo-cornportamental com a farznacoterapia produz resultados superiores a essas terauticas isoladas (RusbecoIs.,199J) Este capítulo descreve as particularidades da terapia cognitivo-comportamental da depressão em adultos, O termo depressão, aqui utilizado, refere-se ao transtorno de humor não-bipolar e não-psicótico, o qual tem sido amplamente investigado com essa abordagem terapêutica. 3 TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMBNTAL 3.1 Modelo teórico O modelo cognitivo-comportamental considera que os pensamentos negativos têm papel fundamental na manutenção da depressão. Esse modelo concebido por Beck (1976; 1979), propõe a existëncia das chamadas crenças bósicas ou pressupostos que formamos através de nossa experiência pessoal. Tais pressuposlos compõem nosso sistema de valores e são necessários ao funcionamento normal, pois auxiliam na previsãodeatitudes eno sentidoqoe damos a nossas experiências. Entretanto, aiguns pressupostos podem tomar-se contraproducentes se operarem como regras rígidas, extremistas e resistentes à mudança. Exemplos desse tipo de pressupostos: ‘se eu decepcionar aqueles a quem amo, serei eternamente infeliz”, ou “devo sempre concordar com os outros para que não me rejeitem’. Um pressuposto disfuncional em si, não é suficiente para alterar o humor de uma pessoa, mas pode tomar-se um problema, o que pode ocorrer se e quando um evento crítico confirmar sua validade. Dessa forma, para alguém que acredita que seu valor pessoal depende inteiramente de seu sucesso, ou que ser amado é essendai para a f&icidade, uma experiência que resulte em fracasso ou rejeiçüo pode facilitar o aparecimento de emoções negativas, como o humor depressivo. Os pressupostos disfunciomiis manifestam-se por meio de pensamentos negativos que invadem a mente da pessoa sem esforço deliberado. Tais pensamentos, por seu caráter invasivo e imediato, são conhecklos como pensamentos negativos automáticos (PNAs). Os PNAs influendam as inerpretações de experiências atuais, as previsões sobre eventos futuros ou as lembianças de fatos passados e afetam nosso comportamento, odendo levar à diminuição do interesse pelas atividades 95 em geral, ansiedade e culpa, indecisão e dificuldade para concentrar-se, perda de apetite e do sono. À medida que a depressão se desenvolve, os PNAs ficam mais intensos e mais freqüentes, dominando os pensamentos racionais. Esse processo é acelerado pelo aumento do humordeprimido. formando, assim, um círculo vicioso: quanto mais deprimida a pessoa, maior a ocorrência de pensamentos negativos e maior a crença sobre a veracidade desses pensamentos; quanto mais pensamentos ne&ativos e maior a crença sobre sua veracidade, mais deprimida a pessoa se toma. 3.2 Características A terapia cognitivo-comportamental é de natureza focal, ou seja, estabelece um objetivo na direção do qual todo o trabalho é centralizado. No caso da depressão, o objetivo principal é o alívio imediato dos sintomas depressivos e a resolução de problemas decorrentes ou associados à depressão. Pode ser feita individualmente ou em grupo e ter duração breve ou prolongada, dependendo do desdobramento feito em relação ao objetivo principal. Por exemplo, se é dada ênfase à identificação e modificação dos pensamentos negativos automáticos, a terapia pode durar em tomo de vinte sessões. Se o objetivo se estende para a modificação das crenças básicas, adquiridas precocemente e que modulam o modo da pessoa perceber, sentir e lidar com o mundo, é necessária uma abordagem de maior duração. Nesse caso, é preciso investigar profundamente a história da vida da pessoa para identificar como se formaram e se solidificaram suas crenças ao longo do tempo. Em cada sessão, são discutidas as dificuldades do paciente de maneira objetiva, sendo o paciente instruído para identificar quais as crenças e pensamentos disfuncionais associados a tais dificuldades. Terapeuta e paciente trabalham juntos, planejando estratégias para lidar com as crenças e os pensamentos identificados como hipóteses a serem testadas e não como verdades absolutas. Paralelamente a isso, a fim de direcionar o andamento da sessão e da terapia, o terapeuta deve formular hipóteses sobre quais experiências contribuíram para o surgimento do problema, quais as crenças que a pessoa tem sobre si mesma e os outros, as expectativas e regras que dirigem suas reações e que fatores de estresse contribuíram para seus problemas psicológicos ou interferiram na sua capacidade de solucionar esses problemas. Para isso, o modelo cognilivo para depressão pode servir de guia e auxiliar na decisão a respeito de que técnicas empregar e como melhorar o relacionamento terapêutico. Essa forma de abordagem facilita o desenvolvimento da empatia e de uma melhor compreensão de como o paciente se sente. A Figura 1 mostrn um modelo cognitivo formulado para um paciente com depressão. No início do tratamento, o paciente deve ser informado deque a terapia tem um caráterpedagógico e o ensinará a detectaré reduzir muitos sintomas depressivos. Essa informação deve ser oferecida ao paciente em um folheto contendo explica- 96 ções sobre a doença e os princípios da terapia, de forma a garantir uma maior compreensão do que foi abordado durante a consulta. A fim de facilkar o tmbalho cornos pensamentos automáticos, recomenda-se utilizar um diário (vide Apêndice) elaborado pelo paciente. que inclua data, ambiente físico no qual ocorreram pensamentos negativos e os comportamentos disfuncionais associados. Esse diário serve como um guia para o planejamento do tratamento. É importante que as tarefas escolhidas no início da terapia correspondam a um alvo que necessite de intervenção imediata e devem respeitar o grau decapa- cidade do paciente par4 executá-las, a tm de não gerar fnistrações desnecessárias. Assim, para clientes com quadro depressivo mais grave, lentificação ou diiiculdades de compreensáo cognitiva relacionados à depressão, é útil iniciar o tratamento facilitando atividades em geral. A inatividade é uma freqüente fonte de culpa, acentuando a depressão. A prática de exercícios físicos diários, tais como natação, caminhada ou bicicleta ergométricu, é altamente recomendada. A utilidade física tem sido associada à redução de depressão em adultos normais e naqueles com depressão maior (Gullette & Blumenthal, 1996), Fxperiêndz prccc Mãe extremamente exigente em relação à produtividade esco’ar Pai bem-sucedido proflssionalmdate e com pouca pailicipação na educação familiar Pressupostos disfuncionais Meu valor pessoal depende do meu bom desempenho intelectual Para eu ser amado, devo ter sucesso em meus estudos Incidente crítico Termb,a a faculdade e não consegue achar um e,npwo Falha nas primeiras entrevistas dc trabalho Pensamentos negativos autOmtico5 Sou um completo fracasso, não tenho capacidade para amimar um emprego Nunca vou alcançar o êxito prntissâonal e pessoal de meus país As pessoas me consideram interior por no conseguir um emprego Sintomas Compoflamentais: solomenio soda!. baxa produtividade Motivacionais: perda de interesse e prazer nas atividades em geral Atètivos: culpa. vergonha, ansiedade Cogniüvos: pensavncnlos negativos repetidos, baix.&coneen3mço. elevada autocílica &,máticos: perda de apetite. fadiga, insônia Figural. Exemplo de fon’u,lação do problema, segundo o modelo cogoitivo da depressão 97 É possível ensinaro paciente a associarás atividades desenvolvidas o respectivo grau de prazer experimentado, numa escala baseada em experiências passadas que sirvam de rcferência paraograu máxin,oe mínimo de prazer. Essa informação, que deve ser anotada no diário, é útil para ilustrar que é possível sentjr-se melhor quando se está realizando algo. O paciente também deve ser estimulado a criar uma rotina que inclua passelos e outros divertimentos, com a finalidade de aumentar a probabilidade de reforços positivos. Com isso, ele pode aprender a influenciar seu humor e notar que é possível lidar com a desesperança. 4 DESCRIÇÃO DE CASO LO., 45 anos, bancária, casada, mãe de dois filhos, havia perdido o interesse em desenvoh’er qualquer atividade. Há alguns meses, havia procurado um médico psiquiatra por sentir-se extremamente triste e sem energia. Demorava horas para adormecer sempre com pensamentos de que algo mim iria lhe acontecer. Havia perdido o apetite e permanecia longos períodos em seu quarto, deitada na cama, onde se sentia protegida das exigências de todos. Foi medicada com antidepressivo e após três meses sentia-se melhor, menos triste, com sono e apetite normalizados. No entanto, ainda permanecia a maior parte do tempo desinteressada de tudo. Havia retomado gradualmente seu trabalho, mas chegava sempre atrasada e faltava regularmente. Sentia-se distante de todos. Foi encaminhada pelo médico psiquiatra para terapia cognitivo-componamenlal para ser administrada em associação como tratamento farmacológico. 5 ETAPAS 5.1 Avaliação Como em outros transtornos, a primeira etapa da TCC para depressâo consiste na caracterização do problema e no levantamento da história do paciente e de sua doença ou comportamento disfuncional. Além disso, são importantes pala o planejamento terapêutico, informações detalhadas a respeito dos evenÉos que antecederam depressão, as conseqüências e quaisquer outras condições que possam afetála ou influenciá-la. Nessa fase, o terapeuta deve estabelecer um vínculo de confiança com o paciente, demonstrando atitude acolhedora e compreensiva em relação ‘s dificuldades apresentadas. Desde a fase de avaliação. ó importante que os problemas dopaciente sejam formutados segundo aconceituaIizaço da TCC para depressão . buscando-se soluções e ajudando a organizar os diversos aspectos da vida do paciente. A avaliação deve incluir: a) descrição, duração e gravidade do problema; 5) grau de incapacitaçilo e repertórios deque o paciente dispõe; c) presença de cognições depressivas e intenção suicida; d) necessidade de medicação; e) problemas 98 clínicos associados; O avaliação dos fatores emocionais e implicações familiares, ou seja, o impacto que o problema causa nas relações sociais, os ganhos secundários da doença, proteção exagerada ou rejeição, nível de isolamento social e interferência da família na manutenção dos sintomas. Muitas vezes, dependendo do grau da sintomatologia depressiva, é difícil obter do paciente informações detalhadas sobre o problema, sendo nesse caso necessária uma entrevista comum membro da família ou um amigo próximo. Após a entrevista inicial, orienta-se para a utilizaçilo do diário citado anteriormente, no qual o paciente é instruído a anotar a ocorrência de sintomas depressivos ou mudanças em seu humor e os pensamentos que lhe vieram à cabeça no momento, além da data e local onde se encoiltrava. Esse diário é útil para o terapeuta, pois ilustra a ocorrência de pensamentos negatvos automáticos e crenças que servirão como guia para o planejamento do tratamenlo. No caso antes referido, os problemas da paciente começaram logo após um remanejamento de cargo em seu emprego. TG. achou que seu chefe estava descontente com seu trabalho, sentindo-se inferiorizada no novo cargo, embora não houvesse motivos reais para tal. Com a mudança, achou que se afastaria de suas colegas dc seção e que aos poucos perderia a amizade de todas. Após o término da avaliação, segue-se a explicação do tratamento em todos seus detalhes, principalmente a informação de que, coma terapia, é possível aprender a detectar e reduzir muitos sintomas depressivos. Estabelecese um contrato claro sobre a frequência e a duração da terapia e informa-se que a colaboração do paciente é imprescindível para o sucesso do tratamento. Oferecer-lhe um folheto contendo informações sobre a doença e os princípios da terapia é útil para garantir uma maior compreensão do que foi abordado durante a consulta. ... 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