CAT5009 - Tristeza ou Síndrome Depressiva - 2p

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5009
TRISTEZA, SÍNDROME DEPRESSIVA OU TRANSTORNO DEPRESSIVO?
AUTORA: Letícia Maria Furlanetto*
*Professora Assistente de Psiquiatria do Departamento de Clínica Médica da
Universidade Federal de Santa Catarina.
INTRODUÇÃO
Os transtornos depressivos são um problema de saúde pública, devido a sua alta prevalência e ao
declínio na qualidade de vida e no funcionamento laborativo que acarretam (HAYS e cols.,
1995). Apesar disso, o que se nota é que há muita confusão na compreensão destes transtornos, a
começar pela palavra “depressão”. Mesmo no meio médico, este termo é freqüentemente
utilizado de maneira incorreta, demonstrando o desconhecimento das características clínicas da
doença depressão. Isto gera problemas, pois, por um lado, pacientes com transtornos depressivos
acabam não sendo detectados, e, por outro lado, pacientes com “tristeza” muitas vezes são
expostos, desnecessariamente, a efeitos colaterais de medicações antidepressivas. O objetivo
desse artigo é contribuir para aumentar o conhecimento desta doença, começando pelo que
parece ser o mais simples, mas que representa onde a confusão se inicia: serão discutidos os usos
mais freqüentes da palavra “depressão”.
TRISTEZA X SÍNDROME DEPRESSIVA X TRANSTORNO DEPRESSIVO
A palavra “depressão” é usada de três diferentes maneiras. Na linguagem comum é usada para
descrever um estado de tristeza que todas as pessoas experimentam quando perdem algo de
importância. Assim, ficamos tristes porque gostaríamos de viajar e não podemos, porque não
temos dinheiro para comprar algo que gostamos, porque não houve aumento de salário, etc.
Em psiquiatria, a palavra depressão é usada para significar humor anormal, semelhante, embora
diferente da tristeza, à infelicidade e ao sentimento de miséria na experiência do dia-a-dia. Como
tal, o humor depressivo pode aparecer tanto como um sintoma em qualquer transtorno mental,
quanto como um sintoma de muitas doenças físicas e condições tóxicas. Este tipo de humor pode
vir acompanhado de outros sintomas depressivos, passando a ser denominado “síndrome
depressiva”. O humor depressivo, que acompanha estas síndromes apresenta uma qualidade que
o diferencia da tristeza “normal”, que parece estar relacionada a uma inabilidade para
experimentar prazer (anedonia) de qualquer forma e com qualquer experiência. Assim, pacientes
com o humor depressivo freqüentemente se queixam de que não conseguem mais sentir prazer
com as “coisas” que gostavam anteriormente, de que tudo parece “pesado”, “difícil”, “arrastado”
e que o “tempo não passa”, além de referirem um terrível sentimento de insuficiência.
Resumindo, trata-se de um estado de ânimo duradouro, ou seja, na maior parte do dia, durante
vários dias, não reativo a estímulos prazeirosos, que colore a percepção de mundo da pessoa,
fazendo com que tudo “pareça cinza”.
Este tipo de humor, ao fazer parte de uma síndrome depressiva, por definição, pode ter causas
diversas. Destas, podemos citar o uso de medicamentos depressogênicos, determinadas doenças
físicas, e, principalmente, depressão enquanto doença, como veremos a seguir.
Finalmente, a palavra “depressão” é usada como o nome para estados ou transtornos clínicos
(substituindo a antiga ”melancolia”); ou seja, uma entidade nosológica, uma doença, que consiste
em um grupo de sintomas formando padrões reconhecíveis e, às vezes, mostrando um curso
clínico, com recuperação maior ou menor entre os ataques agudos. Trata-se dos transtornos
depressivos cujo diagnóstico é essencialmente clínico e se baseia na presença de sintomas
psíquicos e somáticos os quais, de acordo com sua intensidade e evolução, definirão a gravidade
do quadro clínico e os subtipos diagnósticos. De acordo com a CID-10 (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DE SAÚDE, 1993), “o indivíduo usualmente sofre de humor deprimido, perda de
interesse e prazer e energia reduzida levando a uma fatigabilidade aumentada e atividade
diminuída”, sendo estes os sintomas típicos.
Outros sintomas comuns são: concentração e atenção reduzidas, diminuição da auto-estima e
autoconfiança, idéias de culpa e inutilidade, visões desoladas e pessimistas do futuro, idéias ou
tentativas de suicídio e atos autolesivos, sono perturbado e apetite diminuído. Inúmeros outros
sintomas podem estar presentes e compor o quadro clínico. A duração mínima dos sintomas para
um diagnóstico confiável é de cerca de duas semanas.
Caso o indivíduo apresente mais de um episódio depressivo, de acordo com a CID-10,
chamamos de Transtorno Depressivo Recorrente. Cabe esclarecer, entretanto, que a Associação
Psiquiátrica Americana elaborou uma classificação própria, a qual é apresentada no seu manual,
o DSM-IV (APA, 1994). Nesta Classificação, os quadros de doença depressiva mais graves que
preencherem determinados critérios e que tiverem mais de duas semanas de evolução são
enquadrados na categoria diagnostica “Depressão Maior” e aqueles, com intensidade mais leve e
com tempo de evolução igual ou maior a dois anos, na categoria “Distimia”.
Cumpre explicar, também, que tanto na CID-10, quanto no DSM-IV, consta uma outra entidade
nosológica, denominada “Transtorno Bipolar” (trata-se da antiga Psicose Maníaco Depressiva).
Somente é dado este diagnóstico para aqueles indivíduos que tiverem apresentado, também,
episódios de mania (caracterizados principalmente por humor eufórico).
CONCLUSÃO
Como vimos, a palavra depressão pode ser usada com diversos significados, que variam desde a
tristeza “normal” até entidades nosológicas muito graves, tais como os Transtornos Depressivos
Maiores e os Transtornos Bipolares.
Existem diferenças qualitativas entre esses termos e esperamos que este artigo tenha ajudado a
ressaltá-las.
BIBLIOGRAFIA
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA): Diagnostic and statistical
manual of mental disorders (DSM-IV), 4. ed.,
Washington, D.C.:APA, 1994.
HAYS, R. D.; WELLS, K. B.; SHERBOURNE, D. et al. Functioning and
well-being outcomes of patients with depression
compared with chronic general medical illnesses. Arch Gen Psychiatry,
52:11-19, 1995.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - Classificação de Transtornos Mentais e
de Comportamento da CID-10:
Descrições Clínicas e diretrizes Diagnosticas , Porto Alegre:Artes
Médicas, 1993.
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