UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE SO SUL FACULDADE DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS: PSIQUIATRIA. Dissertação de Mestrado ASSOCIAÇÃO ENTRE ALTERAÇÕES DO SONO E QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM TRANSTORNO DE HUMOR BIPOLAR EM EUTIMIA Larriany Maria Falsin Giglio Orientador: Prof. Dr. Flávio Pereira Kapczinski Porto Alegre, julho de 2008 2 Dedico este trabalho ao meu pai, que mesmo distante, tenho certeza, continua acreditando e torcendo por mim. 3 Agradecimentos Flávio Kapczinski, obrigada pela oportunidade de conviver com você, exemplo de profissional. Obrigada principalmente por acreditar no meu trabalho. Carlos Galia, o primeiro e grande incentivador a iniciar esse mestrado. Importante ter alguém que acredite que somos capazes. Ana Cristina, obrigada por acreditar que o sono dos nossos pacientes é importante, sem isso esse sonho ainda não estaria realizado. Júlio Walz, incansável, presente em todos os momentos desse trabalho. A todos os colegas do Laboratório de Pesquisa Experimental, lugar que escolhi como extensão da minha casa. Aos pacientes do programa de Atendimento de Transtorno de Humor Bipolar do Hospital de Clínicas, sem eles nada disso seria possível. Agradecimento especial a Tainá, ao Luiz e ao Carlos, meu porto seguro. 4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................7 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................8 2.1 Transtorno de humor bipolar..............................................................................8 2.1.1 - Características clínicas .............................................................................8 2.1.2 Fisiopatologia do THB ..............................................................................10 2.1.3 THB e qualidade de vida ..........................................................................13 2.2 Fisiologia do sono ...........................................................................................14 2.2.1 Sono normal.............................................................................................18 2.2.2 Insônia.......................................................................................................18 2.2.2.1 Fisiopatologia da insônia ...................................................................19 2.2.2.2 Diagnóstico .........................................................................................20 2.3 Distúrbios do Sono em Psiquiatria ..................................................................22 2.3.1 Transtornos do humor ...............................................................................23 2.3.2 Transtornos de ansiedade.........................................................................25 2.3.3 Transtorno do pânico ...............................................................................26 2.3.4 Transtorno de estresse pós-traumático.....................................................27 2.3.5 Esquizofrenia ............................................................................................28 2.3.6 Alcoolismo.................................................................................................29 2.3.7 Demências ................................................................................................30 2.4 Sono e THB .....................................................................................................32 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA.....................................................................................34 4 JUSTIFICATIVA .....................................................................................................55 5 OBJETIVOS ...........................................................................................................55 6 METODOLOGIA.....................................................................................................57 7 ASPECTOS ÉTICOS .............................................................................................57 8 ARTIGO..................................................................................................................59 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................69 5 LISTA DE ABREVIATURAS BDNF = fator neurotrófico derivado do cérebro (do inglês brain-derived neurotrophic factor) BPD = do inglês, bipolar disorder CREB = elemento responsivo ao cAMP (do inglês cAMP response element binding) COMT = catecol-metiltransferase DA = dopamina EEG = eletroencefalograma EMO = eletromiograma EOG = eletroculograma GAF = do inglês, Global Assessment of Functioning, Avaliação Global da funcionalidade GSK-3b = glicogênio sintase cinase 3-beta (do inglês glycogen synthase kinase 3beta) HAM-D = escala para avaliação de depressão de Hamilton WHOQOL = instrumento de avaliação da qualidade de vida da organização mundial da saúde 5-HTTR= receptor do transportador de serotonina Li+ = lítio MAO = mono-aminotrasferase NREM = do inglês Non Rapid Eye Movement, não movimento rápido dos olhos PB = paciente bipolar QV = qualidade de vida PET = tomografia por emissão de pósitrons PGO = ponto-genículo-occipital REM = do inglês, Rapid Eye Moviment, movimento rápido dos olhos SCID = entrevista clínica estruturada para transtornos mentais SP = sono paradoxal TAG = transtorno de ansiedade generalizada THB = transtorno de humor bipolar VPT = valproato 6 Resumo Introdução: Distúrbios do sono têm sido descrito no transtorno de humor bipolar (THB). Dentre as queixas específicas podemos incluir: os despertares freqüentes durante a noite; pobre qualidade de sono; redução do tempo total de sono e pesadelos. A maioria dos pacientes com THB apresentam problemas relacionados à insônia, mas uma porcentagem significativa de pacientes apresenta sintomas de hipersonia com aumento de horas de sono a noite e sonolência excessiva diurna. Métodos: cento e noventa pacientes bipolares tipo I diagnosticados através de uma entrevista clínica estruturada para transtornos mentais DSM-IV (SCID), foram distribuídos em dois grupos baseados na presença ou ausência de distúrbios do sono verificadas pelas questões 4, 5 e 6 da escala de avaliação para depressão de Hamilton (HAM-D), qualidade de vida (QV), incapacidade e disfunção global foram avaliadas usando o instrumento de avaliação da qualidade de vida da organização mundial da saúde (WHOQOL-Brief), a escala de incapacidade (Sheehan) e a avaliação de funcionalidade global (GAF), respectivamente. Resultados: as queixas de sono tiveram um impacto negativo na qualidade de vida geral, observada na diminuição dos escores da WHOQOL e da GAF e aumento nos escores da Sheehan. Conclusão: os nossos resultados mostraram que pacientes eutímicos possuem alterações significativas do sono e, especialmente, que estas alterações estão fortemente associadas a uma pior qualidade de vida avaliada através da WHOQOL, GAF e SHEEHAN, indicando a importância de manter um sono normal nos pacientes bipolares (PB). Futuros estudos são justificáveis para pesquisar o dano do distúrbio do sono usando escalas mais específicas. Palavras chaves: Doença Bipolar, Sono, Qualidade de Vida, Insônia, Incapacidade, Funcionalidade Geral 7 1 INTRODUÇÃO Pacientes com THB freqüentemente apresentam dificuldades sociais, relações interpessoais e ocupacionais. A avaliação da qualidade de vida (QV) tem como objetivo determinar a preferência do paciente, além de permitir comparações entre condições diferentes e detecta diferenças sutis na resposta ao tratamento que podem ser perdidas pelas medidas de desfecho tradicionais (Michalak et al., 2005). Pacientes com THB mostraram pior QV principalmente nos domínios físico e psicológico. O estudo de Gazalle et al (2007) detectou que os sintomas maníacos estiveram associados a piores escores de QV na maioria dos domínios e que os itens “irritabilidade” e “sono” foram os mais associados à pior QV (Gazalle et al., 2007). Muitos estudos mostraram que aproximadamente metade dos pacientes com insônia crônica tem um problema de sono que surgiu devido a um transtorno psiquiátrico. As causas psiquiátricas de insônia são encontradas: nas psicoses, nos transtornos do humor, ansiedade, transtorno do pânico e demência. Além disso, problemas do sono são especialmente prevalentes na esquizofrenia, na depressão, na mania e em outras doenças mentais. Todos os anos, transtornos do sono, privação do sono e sonolência somam milhões para as contas de seguros de saúde em países industrializados (Costa e Silva, 2006). 8 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Transtorno de humor bipolar 2.1.1 Características clínicas O Transtorno de Humor Bipolar (THB) acomete de 1-3% da população em todo o mundo, e está associado a um alto índice de suicídio e desemprego (Weissman et al., 1996; Grant et al., 2005; Müller-Oerlinghausen et al., 2002). Segundo a Organização Mundial da Saúde, o THB é considerado uma das dez principais causas de incapacitação (Lopez e Murray, 1998). O curso clínico do THB é crônico, usualmente caracterizado por períodos de exacerbação dos sintomas (episódios agudos) intercalados por períodos subsindrômicos e períodos de remissão (eutimia). Em um estudo de seguimento, que acompanhou pacientes bipolares tipo I por um período médio de 13 anos, se observou que os pacientes permaneceram metade deste período sintomático (Judd et al., 2002). Além disto, observa-se que a persistência de sintomas subsindrômicos está associada a um maior risco de reagudização da doença (Perlis et al., 2006) e maior índice de incapacitação (Judd et al., 2005). Do ponto de vista do diagnóstico, os autores pressupõem que a ocorrência de pelo menos um episódio maníaco ou hipomaníaco durante a vida é suficiente para a identificação do THB, na qual a presença de episódio maníaco confere o diagnóstico de THB tipo I, enquanto a presença de episódio hipomaníaco, definido como confere o diagnóstico de THB tipo II (Belmaker, 2004). A presença de um episódio maníaco é definida por uma elevação persistente do humor (humor eufórico ou irritável), acompanhado por pelo menos 3 dos seguintes sintomas (4 se humor irritável): a) aumento da autoconfiança ou grandiosidade; b) taquilalia ou pressão por falar; c) diminuição da necessidade do sono; d) pensamento acelerado ou fuga de idéias; e) distratibilidade; 9 f) alteração do comportamento dirigido para atividades prazerosas, freqüentemente imprudentes ou perigosas; g) ou agitação psicomotora. O episódio hipomaníaco é definido como um período distinto, durante o qual existe um humor anormal e persistentemente elevado, expansível ou irritável, com duração mínima de 4 dias O período de humor anormal deve ser acompanhado pelo menos 3 sintomas (4 se humor irritável) adicionais iguais aos relacionados na lista de sintomas citados para diagnóstico de mania. Além disso, o episódio deve ser suficientemente grave para causar prejuízo significativo no âmbito familiar, social ou ocupacional, ou necessidade de hospitalização ou ter presença de sintomas psicóticos. Devido ao seu curso crônico e à freqüente reincidência e gravidade dos sintomas de humor, o tratamento do THB atualmente baseia-se no manejo dos episódios agudos e no tratamento de manutenção como prevenção para ocorrência de novos episódios (Yatham et al., 2005). Além dos episódios serem incapacitantes, estudos mostram que a demora no diagnóstico e o número maior de crises refletem ou prognosticam uma piora cognitiva e clínica geral do paciente bipolar. Além disto, estudos ainda indicam que alterações neuroquímicas induzidas pela mania estão associadas ao surgimento de efeitos lesionais em células neurais (Post et al., 1982; Friedman et al., 1993; Johnston-Wilson et al., 2000). Ou seja, a conduta para que os pacientes se mantenham eutímicos o maior tempo possível, tem um efeito de proteção neuronal, na medida em que durante as fases maníacas e depressivas os mesmos estão mais suscetíveis aos efeitos de danos ao ácido desoxiribonucléico (DNA) (Andreazza et al., 2007). Entretanto, os índices de recorrência e de resistência aos medicamentos de primeira linha são bastante elevados. Dois estudos que avaliaram indivíduos bipolares tratados em instituições acadêmicas demonstraram que uma alta porcentagem dos pacientes permanece sintomática, mesmo quando “adequadamente tratados” (Post et al., 2003; Dennehy et al., 2005). Embora os medicamentos de última geração possuam um melhor perfil de tolerabilidade e segurança em relação aos tradicionais, muito pouco se adicionou, do ponto de vista da eficácia, em relação aos primeiros medicamentos (Castrén, 2005). Possivelmente este pequeno avanço no tratamento do THB se deve ao pouco conhecimento que ainda se tem acerca dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos neste transtorno 10 (Zarate et al., 2006). O tratamento do THB tipicamente envolve farmacoterapia. Entretanto, mesmo em pacientes aderentes a esse tratamento, o risco de recaída num período de 5 anos tem sido estimada em 73% (Gitlin et al., 1995). 2.1.2 Fisiopatologia do THB Apesar dos crescentes esforços para o entendimento da neurobiologia do THB, sua exata fisiopatologia permanece indeterminada. As bases biológicas do THB incluem estudos relacionados à genética, às vias neuro-hormonais, à neurotransmissão, às vias de transdução de sinal, à regulação da expressão gênica, ao estresse oxidativo, entre outros (Yatham et al, 2005). As bases biológicas do THB mostram ser um quadro complexo de interação entre os múltiplos genes que causam suscetibilidade, bem como a relação destes com os fatores ambientais e suas conseqüências para o organismo. Dados provenientes de estudos genéticos demonstram que o risco de um indivíduo com familiar em primeiro grau portador de THB de desenvolver a doença é cerca de 10 vezes maior do que a população em geral (Goodwin and Jamison, 1990). Além disso, estudos com gêmeos homozigóticos mostram que o risco de desenvolver THB para um indivíduo cujo gêmeo idêntico possui a doença é de 67% (Goodwin and Jamison, 1990). Embora o THB apresente um elevado padrão de herdabilidade, a busca por genes de suscetibilidade tem demonstrado que a maioria das pesquisas, envolvendo estudos de genes únicos, apresenta resultados negativos. Resultados de meta-análise sugerem, entretanto, que alguns genes funcionais apresentam modesta, mas significativa associação com aumento de suscetibilidade para THB (Craddock and Forty, 2006). São eles: o gene do transportador de serotonina (5-HTTR), o gene da enzima que degrada as catecolaminas, catecol-O-metiltransferase (COMT) o gene da enzima que degrada as monoaminas, monoamine oxidase A (MAO) e o gene do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) (Cradock e Forty, 2006). De fato, esses achados sugerem que a suscetibilidade para THB pode estar associada a genes diretamente envolvidos com os sistemas de neurotransmissão (5-HTTR, COMT e MAO) e maturação, sobrevivência e plasticidade neuronal (BDNF) (Coyle e Duman, 2002). Estudos neuroanatômicos, baseados nas imagens obtidas por ressonância magnética, demonstram alterações do volume de determinadas regiões cerebrais envolvidas na regulação do humor. Achados que têm sido replicados no THB incluem: 11 a) diminuição do volume do córtex pré-frontal subgenual (Drevets et al, 2001). O córtex pré-frontal de pacientes bipolares contém menos neurônios não-piramidais, particularmente aqueles com fenótipo GABAérgico (Knable 1999; Beasley et al, 2002). b) aumento do volume da amígdala e do estriado (Hajek et al, 2005; Strakowski, et al, 2005). Já os estudos neurofuncionais, baseados em ressonância magnética funcional e tomografia por emissão de pósitrons (PET), apontam para uma diminuição significativa do metabolismo do córtex pré-frontal durante a depressão e subseqüente aumento em algumas regiões do córtex pré-frontal durante a fase maníaca (Malhi et al., 2004; Strakowski et al, 2005). Além disso, diversos estudos de neuroimagem têm sugerido níveis aumentados de dopamina durante episódios de mania e que os efeitos anti-maníacos estão associados à diminuição de dopamina (para revisão ver Yatham et al, 2005 e Berk et al, 2007). Um estudo de PET demonstrou que o tratamento com valproato de sódio reduziu a captação de 18F-DOPA no estriado de pacientes bipolares em episódio maníaco, sugerindo uma diminuição da função dopaminérgica pré-sináptica após o uso de valproato de sódio (Yatham et al., 2002). Alterações de receptores dopaminérgicos no THB têm sido demonstradas em dois estudos que observaram um aumento de 25% da expressão do RNA mensageiro (RNAm) do receptor dopaminérgico D1 na região CA2 do hipocampo (Pantazopoulos et al., 2004) e uma menor expressão do receptor D3 em linfócitos de indivíduos bipolares (Vogel et al., 2004). Mais recentemente, foi sugerido que variações do gene do transportador de DA podem estar envolvidas na suscetibilidade para o desenvolvimento do THB (Greenwood et al., 2006). Em conjunto, esses estudos indicam que alterações do sistema dopaminérgico podem estar envolvidas nos mecanismos fisiopatológicos do THB. Interessantemente, o aumento dos níveis de dopamina é importante fonte de estresse oxidativo no cérebro, devido ao metabolismo de oxidação da dopamina (Rees et al, 2007; Chen et al, 2008). Em paralelo, tem sido demonstrado que antidepressivos e estabilizadores de humor atuam modulando diversas cascatas de sinalização celular envolvidas em neuroplasticidade e sobrevivência neuronal (Manji, Drevets e Charney, 2001; Schaltiel, Chen e Manji, 2007). A primeira evidência surgiu dos trabalhos do laboratório do Prof. Ronald Duman, demonstrando que o uso crônico de antidepressivos e de choques eletroconvulsivos aumentam a expressão do RNAm do 12 fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), do seu receptor TrkB (receptor tirosina-cinase B) e do fator de transcrição nuclear CREB (elemento responsivo ao cAMP) em hipocampo de ratos (Nibuya et al, 1995; Nibuya et al, 1996). Mais recentemente, estudos pré-clínicos têm demonstrado que o tratamento crônico com lítio (Li) ou valproato (VPT) (medicamentos de primeira linha para o tratamento do THB) também são capazes de aumentar a expressão do BDNF no córtex frontal e hipocampo (Einat et al., 2003; Fukumoto et al., 2001). Além disso, os estabilizadores do humor possuem outros mecanismos de ação em comum, como inibição da GSK-3b. A proteína GSK-3b está envolvida em uma série de processos que regulam a arquitetura e a função celular. Por exemplo, a GSK-3b regula a atividade de diversas proteínas que se ligam aos microtúbulos, que são complexos protéicos que dão estabilidade estrutural para a célula (Coyle e Manji, 2002; Williams et al., 2002). Dessa forma, ao modular a atividade de proteínas ligadas aos microtúbulos, a GSK-3b é capaz de alterar a plasticidade neuronal, crescimento dendrítico e, por conseqüência, produzir uma marcada alteração na plasticidade sináptica (Coyle e Manji, 2002; Williams et al., 2002). Além disso, também regula fatores de transcrição celular, como o CREB, que estão envolvidos com a regulação da neurogênese e morte/sobrevivência celular (Castrén, 2005; Coyle e Duman, 2003; Nestler et al., 2002; Manji et al., 2001). O envolvimento da GSK-3b no THB é uma importante contribuição do grupo de Housseini Manji. Este autor e seus colaboradores iniciaram com trabalhos mostrando que o lítio é um potente inibidor da GSK-3b tanto in vitro como in vivo (Manji et al., 2001). Mais tarde, estudos subseqüentes demonstraram que o valproato também é um potente inibidor da GSK3b, o que propõe um mecanismo de ação em comum entre esses estabilizadores de humor, que possuem estruturas farmacológicas marcadamente distintas (De Sarno et al., 2000). Mais recentemente, estudos em modelos animais demonstraram que camundongos geneticamente alterados que possuem um déficit marcado na transmissão serotoninérgica apresentam um aumento da atividade da GSK-3b e este aumento é associado a alterações comportamentais compatíveis com quadros depressivos (Beaulieu et al., 2008). Além disso, Gould e Manji (2002) demonstraram que o lítio, quando em concentrações próximas ao limiar de concentração terapêutica (1-2mM), estimula a neurogênese em células progenitoras hipocampais adultas. Tal efeito aparentemente envolve a inibição da GSK-3b e ativação da via intracelular Wnt e B-catenina, mas independe da inibição da via do fosfatidilinositol. Além disso, mais 13 rececentemente Gould et al (2007) mostraram que camundongos com superexpressão de B-catenina apresentam comportamento semelhante ao observado com administração de lítio. Em conjunto, estes trabalhos sugerem fortemente que a ativação da via Wnt e a inibição da proteína GSK-3b podem estar envolvidas nos efeitos terapêuticos dos estabilizadores de humor. Atualmente acredita-se que os transtornos de humor estão associados a alterações no sistema de comunicação entre os circuitos cerebrais reguladores do humor, e que antidepressivos e estabilizadores do humor ativam cascatas de sinalização que regulam a plasticidade e sobrevivência celular, com subseqüente melhora gradativa da transmissão da informação nesses circuitos cerebrais (Castrén, 2005; Coyle e Duman, 2003; Nestler et al., 2002; Manji et al., 2001). 2.1.3 THB e qualidade de vida Três revisões abordam qualidade de vida (QV) relacionada ao THB (Namjoshi and Buesching, 2001; Dean et al., 2004; Michalak et al., 2005). Os estudos de Namjoshi e Buesching (2001) se mostraram muito heterogêneos e os instrumentos utilizados eram genéricos e específicos para a depressão para avaliar diferentes aspectos da QV relacionada à saúde. Estes estudos eram relativamente pequenos (a maioria com menos de 100 pacientes) e os pacientes participantes eram deprimidos ou eutímicos mais do que com pacientes hipomaníacos e maníacos. O estudo de Dean et al (2004) avaliaram QV, prejuízos no trabalho ou custos dos cuidados e utilização dos serviços de saúde de pacientes com THB. A definição aplicada neste estudo era muito ampla para avaliação de QV, incluindo nesta categoria estudos que avaliaram funcionamento social ou físico isoladamente. A revisão identificou 65 estudos de QV em pacientes com THB. Os autores concluíram que déficits na QV em pacientes com THB eram similares àqueles observados em pacientes com depressão unipolar e igual ou pior que os níveis de QV observados em pacientes com outras condições médicas crônicas. Michalak et al (2005) fizeram uma revisão até novembro de 2004 e a maioria dos artigos indicou que a QV estava muito prejudicada em pacientes com THB, mesmo quando eles eram considerados clinicamente eutímicos. Analisando esses principais estudos conclui-se que a avaliação da QV é considerada uma medida útil para recuperação/incapacidade tanto funcional (Yatham et al., 2004) como sintomática (Thunedborg et al.,1995) em centros de atendimento de saúde mental. 14 Russo et al (1997), conduziu um estudo com pacientes hospitalizados onde avaliou pacientes psiquiátricos com uma grande variedade de diagnósticos incluindo mania aguda, depressão bipolar aguda, depressão unipolar aguda, esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo entre outros. Pacientes maníacos apresentavam altos escores de QV (subjetiva) em comparação com os outros grupos, apesar dos seus baixos escores em medidas funcionais objetivas. Os autores sugerem que esta discrepância em pacientes maníacos pode estar relacionada ao estado eufórico e diminuição do insight relacionado à doença. Gazalle et al (2005) observaram que a pior QV está relacionada à depressão e aos sintomas depressivos dos pacientes com THB, além de que o número de anos sem diagnóstico de THB pode ser um preditor de pior QV em pacientes bipolares; Kauer-Sant’ Anna et al (2007) relataram que a comorbidade ansiosa está relacionada à pior QV entre esses pacientes (Kauer-Sant’ Anna et al., 2007). Além disso, Gazalle et al (2007) detectou que os sintomas maníacos estiveram associados a piores escores de QV na maioria dos domínios e que os itens “irritabilidade” e “sono” foram os mais associados à pior QV. 2.2 Fisiologia do sono Embora o envolvimento do sistema nervoso central na regulação do ciclo sonovigilia seja estudado desde o século V A.C., a base neurobiológica do sono foi mistério até o século XX. Nas últimas décadas, as pesquisas têm demonstrado que o sono não é simplesmente o resultado da diminuição do funcionamento dos sistemas de vigília. Ao contrário, é o resultado de um processo ativo que requer a interação de vários sistemas do tronco encefálico e do cérebro (Rechtschaffen and Bergamann, 2002). O sono normal é considerado um estado ativo e complexo. A evolução dos potenciais eletroencefalográficos durante o sono reflete a existência de várias fases, que se agrupam em dois estados distintos. O primeiro caracteriza-se pela presença de ondas sincronizadas (sono sincronizado – NREM). O segundo, no qual predominam potenciais de baixa voltagem e alta freqüência (sono dessincronizado – movimento rápido dos olhos - REM ). Os termos “sincronizado” e “dessincronizado” referem-se à presença ou à ausência de descargas conjuntas entre neurônios do córtex cerebral (Rechtschaffen and Bergmann, 2002). 15 O sono sincronizado ou NREM ou sono de ondas é caracterizado pela presença de ondas sincronizadas no eletroencefalograma (EEG) e pode ser subdividido em quatro fases: estagio 1, 2, 3 e 4 (3 e 4 equivalem ao sono de ondas lentas, sono profundo ou sono delta). A medida que passamos do estado de vigília para os estágios de sono cada vez mais profundos, a alteração que ocorre no EEG é a passagem de uma atividade de alta freqüência e baixa amplitude, típica da vigília, para a de baixa freqüência e elevada amplitude do sono profundo (Hobson, 1990). O sono dessincronizado também é conhecido por outras denominações, tais como: sono REM, sono paradoxal (SP), sono dos sonhos e sono ativo. O sono REM apresenta um conjunto de características que o distingue bem de outras fases de sono: EEG dessincronizado, ou seja, ondas de baixa amplitude e alta freqüência; ritmo teta hipocampal; atonia muscular observada pelo registro da eletromiografia (EMG); movimentos oculares rápidos observados pelo eletroculograma (EOG). Diferente do sono sincronizado, o sono REM não é dividido em fases; no entanto, apresenta algumas características que são divididas em eventos fásicos e tônicos. Os eventos fásicos são intermitentes, representados pelos movimentos oculares, abalos musculares e ondas ponto-genículo-occipitais (PGO). Os eventos tônicos são persistentes, tais como: atonia muscular, dessincronização cortical e ritmo teta-hipocampal (Aserinsky and Kleitman,1953). A intensa atividade elétrica e metabólica observada no sono REM é o maior argumento em favor de que o sono é um fenômeno ativo resultante de várias estruturas nervosas específicas. A sincronização-dessincrononização das ondas do EEG do sono NREM-REM e vigília são conseqüência da atividade neural nos circuitos tálamo-corticias (núcleos reticulares do tálamo e córtex cerebral), decorrentes da interação entre os núcleos monoaminérgicos e colinérgicos do tronco encefálico (Aserinsky and Kleitman, 2003). Há um predomínio de sono NREM na primeira metade da noite, enquanto que o sono REM predomina na segunda metade da noite. A distribuição dos estágios de sono durante a noite pode ser alterada por vários fatores, como: idade, ritmos circadianos, temperatura ambiente, ingestão de drogas e patologias diversas. 16 Estágio 2 Figura 1 – Polissonografia mostrando Estágio 2 do sono (NREM) Sono delta: ondas lentas e sincronizadas Figura 2 – Polissonografia mostrando Estágio 4 do sono NREM (sono de ondas lentas, sono reparador) 17 Movimentos oculares Atonia muscular SONO REM Figura 3 – Polissonografia mostrando Sono REM NREM REM Transição para atonia muscular Figura 4 – Polissonografia mostrando a transição do sono NREM para sono REM 18 2.2.1 Sono normal O sono normal apresenta variações conforme a faixa etária. Do recémnascido até o idoso, o sono sofre modificações quanto à distribuição dos diversos estágios e, quanto ao próprio ritmo circadiano, passando de polifásico para monofásico na idade adulta, podendo ainda ser mais fragmentado no envelhecimento. Além disso, o idoso tem maior tendência aos cochilos diurnos. O adulto dorme em média sete a oito horas por dia. Entretanto, alguns indivíduos necessitam normalmente de um número menor de horas de sono, denominados de dormidores curtos, e outros, que necessitam de mais horas, são considerados dormidores longos (Curzi-Dascalova and Challamel, 2000). Sono Normal (adulto jovem) V REM 1 2 DESPERTARES NORMAIS 3 4 Figura 5 – Hipnograma de um paciente com sono normal 2.2.2 Insônia A insônia atualmente é considerada um problema de saúde pública, afetando 10 a 40% da população, com conseqüências médicas, psicológicas e sociais (Leger et al., 2000), é um sintoma que pode ser definido como dificuldade em iniciar e/ou manter o sono, presença de sono não reparador, ou seja, insuficiente para manter uma boa qualidade de alerta e bem-estar físico e mental durante o dia, com o 19 comprometimento conseqüente do desempenho nas atividades diurnas (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 1995). Por tratar-se de um sintoma, o conceito de insônia é muito mais abrangente que o proposto pelo DSMIV, podendo ser interpretado como sendo a percepção pelo paciente que seu sono é inadequado ou anormal. Na maioria das vezes, a insônia está relacionada à redução da quantidade de horas necessária para um sono satisfatório, podendo ser devido ao aumento do tempo para iniciar o sono (insônia inicial), ocorrendo em 68% dos casos, ao aumento de despertares durante toda a noite (insônia de manutenção), em 64% dos pacientes ou sendo causada por despertar precoce (insônia terminal), em 32% dos casos (Moul et al., 2002). A quantidade de sono ideal é uma característica individual. A média da população necessita de sete a oito horas de sono. Os pacientes com insônia apresentam-se cansados, mal-humorados, sonolentos, irritados (Morin, 1993). A escala de avaliação para depressão de Ham-D tem sido usada em pesquisa como critério de inclusão, medidas de evolução (resposta, remissão, recaída) ou de recuperação de um episódio depressivo. As questões 4, 5 e 6 avaliam a presença de insônia inicial, insônia intermediária e insônia tardia (Hamilton, 1960). 2.2.2.1 Fisiopatologia da insônia Um modelo simples tem sido utilizado para entender a evolução temporal da insônia. Podemos identificar fatores precipitantes, predisponentes e perpetuantes. Como fatores precipitantes podemos citar o estresse social (divórcio, desemprego, etc), estresse por problema médico (doença, efeito de drogas, gravidez, etc), estresse por inadaptação circadiana (jet lag, trabalho em turnos, etc) e estresse ambiental (viagem, barulho, parceiro, casa nova, etc.); como fatores predisponentes o cognitivo (atividade ruminativa), os fatores fisiológicos (estar mais alerta de dia, maior taxa metabólica, aumento da temperatura corporal e aumento de ondas rápidas no estágio 1) e os fatores afetivos (maior ansiedade, depressão e somatização); e como fatores perpetuantes a má higiene do sono, a persistência dos fatores precipitantes, o uso de álcool ou medicações, a ansiedade e a depressão, a ruminação sobre o sono e o condicionamento, as alterações secundárias do ritmo circadiano e o surgimento de qualquer condição médica após a insônia original (Spielman, 1996). 20 Se transitória e de curta duração, comumente identificamos um fator precipitante, que usualmente está relacionado à causa da insônia. Na insônia crônica, no entanto, esta relação é menos óbvia, uma vez que o fator precipitante ocorreu há meses ou anos antes da avaliação e pode não ser mais relevante para o paciente. Nesta situação, fatores perpetuantes e predisponentes podem explicar a sua persistência a partir de um episódio inicial (Spielman, 1996). Os fatores predisponentes são basicamente os fatores de risco para a insônia, anteriormente mencionados, acrescidos de predileção por estar acordado até tarde, da presença de um ciclo vigília- sono irregular e da condição do hiperalerta. A condição de hiperalerta refere- se à inabilidade desenvolvida em obter sono adequado, com aumento do alerta total nas 24 horas do dia. Os pacientes com insônia crônica tais como os deprimidos, têm uma alta incidência de queixas médicas e procuram mais serviços médicos do que a população em geral, tendo uma qualidade de vida reduzida (Bonnet et al., 1995). Durante o sono existe um balanço da atividade dos componentes do sistema nervoso autônomo. Uma ativação simpática pode prejudicar o sono. Além disso, é rapidamente desencadeada, tardando muito a se dissipar. Uma descarga autonômica também pode ser condicionada. São exemplos de fatores exógenos e endógenos associados com o aumento da atividade simpática: cafeína, nicotina, exercício intenso, calor, ruídos, preocupações, fome, dor, medo e esforço intenso para dormir, que devem, portanto ser evitados. (Benca, 2000). O despertar do sono por qualquer razão está automaticamente associado à ativação simpática com uma resposta reflexa de aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca. Muitas vezes, esses sintomas fazem parte do despertar psicofisiológico, onde os pacientes contam que se sentem tão alertas que mal podem continuar na cama, com sensação de taquicardia (Bonsignores et al., 1994). 2.2.2.2 Diagnóstico Na clínica e nos estudos sobre o sono devem-se observar sempre dados sobre hábitos de sono, noturnos ou diurnos, possível associação com fatores ambientais, desempenho no trabalho e atividades diárias, presença de fadiga e sonolência diurna. Dever ser investigada a presença de condições clínicas, especialmente quadros dolorosos, história positiva para depressão, ou transtornos de ansiedade e presença de pânico noturno. Investigar história de medicações já 21 utilizadas e em uso, como estimulantes, tranqüilizantes, hipnóticos ou antidepressivos. Questionar uso de álcool, tabagismo, ingestão de café e prática de atividade física, freqüência e horário das mesmas. Deve também ser identificada a presença de fatores desencadeantes e perpetuantes da insônia. Por fim, pode-se investigar condições familiares e profissionais que podem funcionar como desencadeantes ou perpetuantes da insônia, tais como conflitos conjugais, separações, lutos, drogas, abuso sexual, dificuldades de relacionamento no trabalho, aposentadoria, perdas econômicas etc. Um roteiro mínimo de perguntas pode ser realizado no primeiro atendimento: 1. início da insônia 2. fator desencadeante 3. fatores de piora e melhora 4. tratamentos já realizados 5. horário que vai para cama 6. atividades na cama antes de adormecer 7. tempo que demora para adormecer 8. despertares durante a noite 9. presença de ronco ou sono agitado 10. horário em que acorda 11. horário em que se levanta 12. como se sente ao despertar 13. ambiente em que dorme 14. como passa durante o dia: cansaço, sonolência, irritabilidade 15. dores no corpo 16. atividade física: freqüência e horário 17. trabalho: tipo e horário 18. refeições, café, refrigerantes 19. medicamentos: tipo e horário 20. ansiedade 21. depressão 22. relacionamento social e familiar 23. uso de álcool 24. demais doenças 22 2.3 Distúrbios do Sono em Psiquiatria Nós gastamos um terço da nossa vida dormindo. Se vivermos 70 anos, aproximadamente 27 deles dormimos. O dormir é um estado ativo crítico para o nosso bem estar físico, mental e emocional. De fato, é uma necessidade básica da vida, tão fundamental para a manutenção da saúde como o ar, os alimentos e a água. Mais de 90 patologias do sono têm sido identificadas, e, quando o sono é interrompido, as pessoas param de funcionar efetivamente. Insônia é a alteração do sono mais comum em psiquiatria (Coleman et al., 1982). Muitos estudos mostraram que aproximadamente metade dos pacientes com insônia crônica tem um problema de sono que surgiu devido a um transtorno psiquiátrico. As mais proeminentes causas psiquiátricas de insônia são as psicoses, transtorno do humor, ansiedade, transtorno do pânico e demência. Problemas do sono são especialmente prevalentes na esquizofrenia, na depressão, na mania e em outras doenças mentais, e todos os anos, transtornos do sono, privação do sono e sonolência somam milhões para as contas de seguros de saúde em países industrializados (Costa e Silva, 2006). Alterações do sono são notáveis na maioria dos transtornos psiquiátricos (Benca et al., 1992). Em um levantamento realizado em diversas cidades americanas, 40% dos entrevistados que relataram insônia e 46,5% dos que relataram hipersonia preenchiam os critérios para doença mental segundo o DSM-IV (Ford et al., 1989). Nota-se uma divergência em relação à classificação de transtornos mentais, na qual os transtornos do pânico fazem parte dos distúrbios ansiosos. A justificativa para esta separação na classificação internacional dos distúrbios do sono é que alguns transtornos do pânico podem ter somente manifestações episódicas durante o sono. Os quadros psiquiátricos por sua vez, têm mudanças nos padrões do sono como critérios diagnósticos, tais como: depressão maior, estresse pós-traumático, transtorno de ansiedade generalizada (American Psychiatry Association, 1994). Serão abordados os transtornos psiquiátricos que mais freqüentemente apresentam alterações de sono na prática clínica e os principais achados polissonográficos descritos. Alguns estudos realizados sobre a fisiopatologia destas 23 alterações em determinados transtornos e modificações no sono causadas por tratamentos medicamentosos mais utilizados serão também referidos. 2.3.1 Transtornos do humor Os transtornos do humor geralmente acarretam despertar precoce pela manhã como observado na figura 6. INSÔNIA FINAL V REM REM 1 2 3 4 DESPERTAR DESPERTAR PRECOCE PRECOCE LATÊNCIA LATÊNCIAde deSONO SONOPROLONGADA PROLONGADA Figura 6 – Hipnograma típico de pacientes com depressão a) Depressão Cerca de 80% dos pacientes com depressão se queixam de mudanças nos padrões do sono. Destes, a maioria apresenta insônia terminal, despertando horas antes do necessário (despertar precoce). Nos casos de sintomas ansiosos associados o paciente apresenta dificuldade para iniciar o sono, a insônia inicial também é freqüente (Guerra et al., 2004). Em estudos epidemiológicos longitudinais, a insônia é um importante preditor do aumento do risco de depressão no seguimento de 1 a 3 anos (Rieman et al., 2003). Além disso, a persistência de insônia é associada com o aparecimento de um novo episódio depressivo (Ohayon et al., 2003). 24 Queixas específicas podem incluir despertares noturnos freqüentes, sono não restaurador, redução do sono total e sonhos perturbadores (Benca et al., 2000). Embora queixas de hipersonolência diurna sejam raras no transtorno depressivo maior, alguns pacientes com insônia relatam aumento da fadiga e tentam compensar com cochilos diurnos (Wooten et al., 1999). Uma pequena porcentagem de pacientes com depressão maior tem queixas de sonolência excessiva, sendo a maioria destes adultos jovens (Wooten et al., 1999). A maioria dos pacientes com transtorno bipolar também relata insônia quando em depressão, mas uma significativa porcentagem de pacientes relatam sintomas de hipersonia, com alargamento do período noturno, dificuldade de despertar e sonolência excessiva diurna Os pacientes com transtorno afetivo sazonal e com depressão atípica também relatam hipersonia (American Psychiatric Associantion, 1994; Benca et al., 2000). Achados polissonográficos: As alterações polissonográficas na depressão podem ser divididas em três categorias principais referentes à continuidade do sono, ao sono de ondas lentas e ao sono REM. Na primeira pode-se observar aumento da latência do sono, aumento de despertares durante sono e despertar precoce, que resulta em fragmentação do sono e redução da eficiência deste (Gann et al., 2004). Estudos comparando grupos de depressivos e controles pareados por idade confirmaram estes resultados (Benca et al., 1992; Benca et al., 2000). O déficit no sono de ondas lentas é fato encontrado em numerosos relatos, mas nem todos os estudos mostraram esta redução (Benca et al., 1992; Benca et al., 2000). A redução do sono de ondas lentas parece ser mais significativa no primeiro período NREM, o que altera sua distribuição no decorrer da noite. Também se observa redução na potência de delta em estudos de eletrencefalografia quantitativa durante o sono (Kupfer et al., 1986). O primeiro achado relativo ao sono REM foi à redução de sua latência (período de tempo entre o início do sono e o início do REM) (Benca et al., 1992; Benca et al., 2000; Wooten et al., 1999). Com o passar dos anos, este provou ser o fator mais freqüentemente descrito em pacientes com depressão maior, embora ainda não se saiba se a latência do REM é um indicador específico para depressão corrente ou passada, podendo estar ligado à hiperatividade colinérgica (Benca et al., 2000). Outros achados dizem respeito ao aumento do primeiro período de sono 25 REM, aumento da densidade REM (aumento na taxa de movimentos rápidos de olhos) e aumento da porcentagem de REM (Benca et al., 1992; Benca et al., 2000; Wooten et al., 1999; Gann et al., 2004). Em estudo que procurou correlacionar queixas subjetivas de sono e dados polissonográficos em pacientes com depressão, estes não foram capazes de estimar acuradamente o número de despertares durante a noite. A avaliação subjetiva da qualidade do sono pareceu estar associada à continuidade do mesmo e da quantidade do sono de ondas lentas (Argyropoulos et al., 1986). b) Mania Durante episódios maníacos, os pacientes relatam quantidades reduzidas de tempo total de sono, com uma sensação subjetiva de redução da necessidade de sono. Em vários casos, a mudança para a fase de mania é precedida por períodos de falta de sono. Também foi sugerido que a passagem da eutimia ou depressão para a fase maníaca ocorre durante sono (Wooten et al., 1999). Achados polissonográficos: A principal característica parece ser a redução do tempo total de sono; o paciente maníaco parece ter uma inabilidade para adormecer. Quando adormece, ele desperta duas ou três horas depois, totalmente revigorado. Como para a depressão, a duração dos estágios 3 e 4 pode estar encurtada, mas os achados relativos ao sono REM foram menos consistentes (Benca et al., 1992; Benca et al., 2000; Wooten et al., 1999). 2.3.2 Transtornos de ansiedade Os transtornos de ansiedade geralmente acarretam aumento da latência do sono e múltiplos despertares durante a noite como mostrado na figura 7. 26 INSÔNIA INICIAL V REM REM 1 2 3 Aumento Aumento da da Latência Latência 4 Figura 7 – Hipnograma típico de paciente com transtorno de ansiedade generalizada a) Transtorno de ansiedade generalizado (TAG) Os pacientes com TAG têm freqüentemente queixas de que não conseguem relaxar ou parar de se preocupar com seus problemas quando estão no leito (Uhde, 1994). O distúrbio de sono mais freqüentemente associado a quadros de ansiedade generalizada é a insônia de manutenção do sono (Monti et al., 2000) e também a dificuldade de iniciar o sono (insônia inicial). Além disso, queixas de sono não reparador e interrompido são relatadas (Uhde, 2000; Wooten et al., 1999; Monti el al., 2000). Achados polissonográficos: Pacientes com ansiedade generalizada tem aumento da latência do sono (sendo que esta latência freqüentemente ultrapassa uma hora) aumento dos estágios mais superficiais do sono, menor porcentagem de sono REM e, com exceção de casos isolados, latência para o sono REM aumentada ou normal (Benca et al., 1992; Uhde, 2000; Wooten et al., 1999). 2.3.3 Transtorno do pânico As queixas mais comuns de pacientes com transtorno do pânico, em relação ao sono, incluem insônia inicial ou de manutenção (aproximadamente 70% dos 27 pacientes), e sono não restaurador, fragmentado (Uhde, 2000; Wooten et al., 1999; Sheik et al., 2003). Os ataques de pânico podem ocorrer durante o sono. Nos pacientes que tem ataques noturnos de pânico, os níveis de ansiedade e a duração dos ataques parecem ser maiores; há maior presença de sintomas somáticos e maior ocorrência de co-morbidades com outras doenças psiquiátricas, principalmente depressão (O”Mahony et al., 2003). Sintomas similares associados com ataques de pânico durante o sono podem ser encontrados em pacientes com arritmias, refluxo gastro-esofágico, apnéia do sono, terror noturno, distúrbios comportamentais do sono REM (Wooten et al., 1999). É necessário levar isto em conta na avaliação diagnóstica diferencial. Talvez a mais importante complicação de ataques de pânico noturno seja a privação crônica do sono. De fato, estes pacientes desenvolvem ansiedade antecipatória e comportamentos de esquiva, como vistos para ataques diurnos. No caso especifico de ataques de pânico no sono muitos pacientes desenvolvem medo de dormir e relutam em adormece (Uhde, 2000; Sheik et al., 2003). Achados polissonográficos: quando comparados com indivíduos controles, pacientes com distúrbio do pânico têm latência do sono discretamente elevada e redução da eficiência do sono (Uhde, 2000; Sheik et al., 2003). Há um aumento no tempo de movimentação durante o sono, mas não há uma relação temporal entre esta movimentação e os ataques noturnos de pânico (Brown and Uhde, 2003). Os ataques de pânico durante o sono geralmente acontecem no final do estágio 2 ou início do estágio 3 do sono NREM (Uhde, 2000; Wooten et al., 1999; Sheik et al., 2003). 2.3.4 Transtorno de estresse pós-traumático As principais queixas de sono em pacientes com estresse pós-traumático são insônia, despertares ansiosos ou pesadelos, sendo comum encontrar um estado de hiperatividade autonômica, com hipervigilância e insônia (Uhde, 2000; Wooten et al., 1999; Sheik et al., 2003). Pesadelos freqüentes ocorrem em 59 a 68% dos pacientes e são um marcador desta doença, envolvendo tanto experiências revividas como cenários imaginários de conteúdo assustador ou de ameaça à vida. Os despertares ansiosos, por sua vez, parecem estar mais relacionados ao sono REM (Uhde, 2000; Wooten et al., 1999; Sheik et al., 2003). 28 Achados polissonográficos: estresse pós-traumático tem sido associado com aumento da latência do sono, redução de sua eficiência, aumento do tempo em vigília após o início do sono, redução do tempo total de sono, redução do estágio 2 e aumento do estágio 1 do sono NREM (sono mais superficial) (Uhde, 2000; Wooten et al., 1999; Sheik et al., 2003). Há controvérsias entre os autores sobre os efeitos no sono REM. Alguns autores relatam parâmetros de REM normais, enquanto outros relatam latência reduzida para o sono REM e aumento na densidade REM (Benca et al., 1992; Wooten et al., 1999; Sheik et al., 2003). 2.3.5 Esquizofrenia Embora os distúrbios do sono em esquizofrenia sejam suficientemente severos para garantir atenção clínica, eles raramente são a queixa predominante (Monti and Monti, 2004). Em estado de agitação psicótica há períodos prolongados de total falta de sono; quando a agitação melhora, uma insônia expressiva tem lugar. Há relatos de quase total reversão do ciclo vigília-sono, com o paciente dormindo durante o dia e ficando acordado durante a noite. A insônia severa também é descrita em exacerbações do quadro esquizofrênico e pode preceder o aparecimento de outros sintomas por ocasião de recaídas (Benson et al., 2000). Os pacientes esquizofrênicos podem vivenciar alucinações hipnagógicas aterrorizantes e pesadelos. Podem ter vários distúrbios primários de sono associados, como higiene de sono inadequada e aumento de movimentos periódicos de membros inferiores (Benson et al., 2000). A co-morbidade da apnéia do sono, quando existe, pode agravar os sintomas esquizofrênicos (Wooten et al., 1999). Existem vários estudos relacionando esquizofrenia e os achados polissonográficos, como veremos a seguir. Com referência ao sono de ondas lentas parece haver uma relação inversa entre a quantidade deste e a manutenção do sono e o tamanho dos ventrículos cerebrais; sugere-se que a redução deste tipo de sono e aumento dos sintomas negativos da esquizofrenia podem estar relacionados a um metabolismo cerebral reduzido e envelhecimento acelerado ou atrofia cerebral (Keshavan et al., 1995). A primeira tentativa de estabelecer uma conexão entre anormalidades do sono REM e esquizofrenia foi relatada por Dement em 1955. Neste estudo, feito 29 antes do advento dos neurolépticos, o autor encontrou redução da latência para o sono REM, mas não observou diferença na densidade deste em esquizofrênicos (Dement, 1955). Seguiram-se a estes diversos estudos com achados distintos nos parâmetros do REM (Benca et al., 1992; Wooten et al., 1999; Benson et al., 2000). Esta variação pode ser explicada por diferentes fases da doença, pelo grau do desequilíbrio de neurotransmissores e pelo uso de medicação de curto e longo prazo (Wooten et al., 1999). Apesar destes conflitos, a semelhança entre a atividade alucinatória que ocorre normalmente no sono REM e as alucinações encontradas na esquizofrenia continua a intrigar pesquisadores e várias teorias foram aventadas para tentar explicá-la (Wooten et al., 1999; Benson et al., 2000). Achados polissonográficos: foram observados distúrbios da continuidade do sono, redução no sono de ondas lentas, redução na latência do REM, aumento da porcentagem REM e redução da quantidade do sono NREM em minutos (Benca et al.,1992; Wooten et al., 1999; Monti and Monti, 2004; Benson et al., 2000). Os antipsicóticos atípicos olanzapina, risperidona e clozapina aumentam significativamente o tempo total do sono e o estágio 2. Além do mais, olanzapina e risperidona aumentam o sono de ondas lentas. Os antipsicóticos típicos haloperidol, tioxitene e flupentixol reduzem significativamente o estágio 2 e aumentam a eficiência do sono (Monti and Monti, 2004). 2.3.6 Alcoolismo O álcool é provavelmente a substância indutora do sono mais usada pela população geral. Quando administrado a voluntários normais antes da hora de dormir, de forma aguda, tem a tendência de encurtar a latência para o sono, aumentar o sono NREM e reduzir o sono REM nas primeiras horas após administração. No entanto, o álcool é rapidamente metabolizado. Quatro a cinco horas após a ingestão, as concentrações no sangue baixam substancialmente e o indivíduo pode apresentar sono interrompido por irritação gástrica, cefaléia, pesadelos, taquicardia e suores abundantes. Pode haver também rebote do sono REM (Castaneda et al., 1998). Pacientes alcoolistas geralmente relatam insônia, hipersonia, distúrbios do ritmo circadiano e parassonias. Os sintomas da abstinência do álcool podem ser 30 confundidos com os de ataque de pânico e o diagnostico diferencial deve ser realizado (Lotufo-Neto and Gentil, 1994). O álcool aumenta a probabilidade de roncar, a resistência respiratória e da ocorrência de eventos apneicos mesmo em indivíduos sem história de apnéia do sono ou ronco (Castaneda et al., 1998). Achados polissonográficos: latência do sono aumentada, eficiência do sono reduzida, diminuição do tempo total de sono, do sono de ondas lentas e do sono REM (Castaneda et al., 1998). O álcool inibe o sono REM de uma maneira dosedependente, ainda que na presença de um débito de sono REM fisiológico, como a privação de sono (Lobo and Tufik, 1997). 2.3.7 Demências As demências não são homogêneas no que se refere ao sono. No entanto, na demência com corpos de Lewy e na demência frontotemporal também existe déficit na transmissão colinérgica, com conseqüente redução percentual do sono REM, tal como na doença de Alzheimer. A demência com corpos de Lewy tem a particularidade de apresentar maior freqüência de distúrbio comportamental do sono REM. Isto ocorre porque a perda de neurônios colinérgicos no núcleo reticular magnocelular da ponte é mais precoce nesta demência causando prejuízo da conexão excitatória desse núcleo com o locus coeruleus, responsável pela atonia do REM (Ferman et al., 1999). Na demência vascular as alterações do sono são bastante heterogêneas, dependendo da distribuição das lesões corticais e subcorticais, mas se observa uma redução importante da porcentagem de sono de ondas lentas (Autret et al., 2001). Faltam, no entanto, estudos mais completos sobre o sono em demências que não a de Alzheimer. a) Doença de Alzheimer A doença de Alzheimer é a mais estudada de todas as demências. Muitas das alterações do sono presentes no envelhecimento normal também ocorrem no paciente com esta doença, porém de forma mais intensa. Assim, ocorre redução do tempo total e da eficiência do sono (Montplaisir et al., 1995), adiantamento de fase com tendência a deitar-se mais cedo e a despertar precocemente (Richardson et al., 31 1982), diminuição da amplitude de diversos ciclos circadianos, tais como o de secreção hormonal, de atividade e de temperatura, (Sakai et al., 1990; Witting et al., 1990) redução do sono de ondas lentas (estágios 3, 4) e do sono REM, com aumento do estágio 1 (Montplaisir et al., 1995; Vitiello et al., 1990). Além disso, os pacientes com doença de Alzheimer apresentam episódios de agitação noturna, alucinações hipnagógicas e deambulação sem finalidade (Johnson, 1987). Algumas das disfunções presentes na doença de Alzheimer podem ser atribuídas à crescente desorganização nos ciclos circadianos, possivelmente associada à atrofia do núcleo supraquiasmático (Swaab et al., 1985). Essa desorganização aumenta de acordo com a gravidade da doença (Aharon-Petetz et al., 1991). Também foi observado que a falta de um padrão rítmico na secreção de melatonina altera o sono desses pacientes e que a administração de melatonina exógena, ou o estímulo de sua produção por meio da fototerapia matinal, ajudam a corrigi-lo parcialmente (Jean-Louis et al., 1998). Na doença de Alzheimer, as disfunções que afetam o sono REM são de especial importância devido à sua fisiopatologia, uma vez que uma das estruturas mais afetadas no início da doença de Alzheimer é justamente um núcleo colinérgico envolvido na atividade cortical durante este estágio, o núcleo basal de Meynert. Especula-se, por esse motivo, que a relação entre sono REM e doença de Alzheimer é funcional, uma vez que o sono REM está relacionado a processos de aprendizagem, intensamente prejudicados nesta doença (Christos, 1993). De fato, quando os pacientes recebem drogas que potenciam a condução colinérgica ocorre um aumento da percentagem de sono REM paralelamente à melhora cognitiva (Moraes et al., 2001). Achados polissonográficos: Como já foi discutido, observa-se redução acentuada da percentagem de sono REM, menor freqüência de movimentos oculares rápidos durante o sono REM (menor densidade de REM), e menor eficiência do sono devido ao aumento do número de despertares após o seu início. Na análise espectral do EEG durante o sono REM observa-se diminuição do ritmo de base (Petit et al., 1992). Segundo alguns autores, a diminuição do ritmo de base do sono REM na análise espectral é um marcador sensível para diferenciar a doença de Alzheimer do envelhecimento normal (Hassainia et al., 1997). Nota-se também a presença de ritmos delta e teta difusos, tanto no sono como na vigília, com alentecimento geral do eletroencefalograma nas derivações temporal e frontal (Montplaisir et al., 1995; Moraes et al., 2001). 32 A depressão do idoso pode simular a demência de Alzheimer, porém na depressão o quadro polissonográfico indica hiperatividade colinérgica, com aumento da percentagem e redução da latência do sono REM (Bahro et al., 1993). 2.4 Sono e THB Os ritmos diários são importantes para a regulação do ciclo sono/vigília, temperatura corporal, níveis de hormônios, e mesmo cognição, atenção e humor (Bunney and Bunney, 2000; Reppert and Weaver, 2001). Os rompimentos nos ritmos biológicos estão fortemente associados com transtornos do humor. De fato alguns das características de algumas doenças como depressão maior e transtorno de humor bipolar são anormalidades no ciclo sono/vigília, apetite, e nos ritmos sociais (Boivin, 2000; Bunney & Bunney, 2000; Lenox et al., 2002; Grandin et al., 2006). Sintomas depressivos são também diurnos com a maioria dos sintomas ocorrendo tipicamente pela manhã (Rusting & Larsen, 1998), e depressão é mais prevalente em áreas do mundo que recebem pouca luz na maior parte do tempo (Booker et al.,1991). Estudos têm evidenciado que os transtornos do humor como depressão maior e transtorno do humor bipolar podem ser mais prevalentes em indivíduos que nasceram com pulso de disparo anormalmente deslocado ou arrítmico. O ritmo circadiano anormal está relacionado a uma variedade de funções fisiológicas incluindo temperatura corporal, cortisol plasmático, pressão arterial, pulso, e melatonina que se demonstram alterados em pacientes com depressão e transtorno de humor bipolar (Atkinson et al., 1975; Kripke et al., 1978; Souetre et al., 1989). Queixas especificas de sono podem incluir despertares durante a noite, despertar precoce, dificuldade de manter o sono, pobre qualidade de sono, redução do tempo de sono, sensação de que dormiu e não descansou e pesadelos. As maiorias dos pacientes com transtorno de humor bipolar também relatam insônia quando em depressão, mas uma percentagem significante desses relata sintomas de hipersonia, com dificuldade para levantar, tempo prolongado de sono durante a noite e/ou excessiva sonolência diurna. Três linhas de pontos de evidências apontam para a importância do sono em transtorno bipolar. Primeira indução experimental de privação de sono está associada com o inicio de hipomania ou mania em uma proporção considerada de pacientes (Wu & Bunney, 1990). Segunda, em uma revisão sistêmica de 11 estudos 33 envolvendo 631 pacientes com transtorno bipolar, alterações de sono foram o pródromo mais comum de mania (relatado por 77% dos pacientes) e o sexto pródromo mais comum em depressão bipolar (relatado por 24% dos pacientes) (Jackson & Scott, 2003). Terceira, o ciclo sono/vigília tem sido o componente central da conceitualização teórica do transtorno bipolar. Hipóteses têm sido levantadas que pacientes com transtorno bipolar tem uma condição genética que pode levar a uma instabilidade do ritmo circadiano. Estresses psicossociais são possíveis causas de rompimento da rotina e do sono, que, em conseqüência, alteram o ritmo circadiano tornando-se um gatilho para um episódio (Goodwin et al. 1990.; Wehr et al. 1990). A relação entre mania e diminuição do tempo de sono é particularmente aparente no início de um episódio maníaco, quando uma escalação típica de três estágios foi descrita (Carlson and Goodwin, 1973). No começo de um episódio maníaco clínicos freqüentemente observam uma privação espontânea de sono devido a uma hiperatividade do paciente, resultando em um aumento dos sintomas maníacos e depois uma subseqüente perda do sono. Então, a perda de sono parece agir não apenas como um fator provocando a mania, mas também como um fator que aumenta durante um episódio maníaco resultando na piora dos sintomas seguidos por uma consistente perda de sono. (Barbini et al.,1996). Muitas hipóteses considerando a função do sono têm sido propostas. Uma dessas sugere que os períodos de sono são favoráveis para a plasticidade cerebral (Benington & Frank,2003). Esta capacidade do cérebro mostrar plasticidade possibilita-o realizar novas funções por mudanças dos elementos do núcleo central dos nichos (lugares) e/ou conecções em resposta as restrições ambientais (Vayman & Gómez-pinilla, 2005). Sugeriu-se que o papel do sono em favorecer a plasticidade cerebral pode ser multidimensional e abranger os processos que variam da reativação dos ensembles neuronais durante o sono no pós-treinamento as mudanças celulares (Maquet,2001). Harvey e col. mostraram em um estudo de sono em pacientes bipolares que os distúrbios de sono eram um problema significativo em 70% desses pacientes, definitivamente, mesmo quando estavam eutímicos, e 55% fechavam critério para o diagnóstico de insônia. Esses achados somados as evidências prévias indicam que os pacientes bipolares apresentam sintomas relacionados aos distúrbios de sono mesmo quando não estão na fase aguda da doença (Hlastala at col. 2003). 34 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS I Consenso Brasileiro de Insônia. 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Além disso, avaliar o impacto do distúrbio do sono na qualidade de vida, na incapacidade e em seu funcionamento global. 5.2 Objetivo específico • Avaliar a prevalência do distúrbio do sono através das questões 4,5 e 6 da escala Hamilton Depressão em pacientes bipolares do tipo I em eutimia diagnosticados pelo DSM IV; • Avaliar se os pacientes com distúrbio do sono apresentam prejuízo na qualidade de vida, avaliada através de escores da WHOOQOL.; • Avaliar se os pacientes bipolares com distúrbio do sono apresentam incapacidade, avaliada através da escala Sheehan. • Avaliar se os pacientes bipolares com distúrbio do sono apresentam prejuízo na funcionalidade global, avaliada através da Global Functional Assessment Scale (GAF). 57 6 METODOLOGIA 6.1 Delineamento Estudo transversal com amostragem por conveniência. 6.2 População Pacientes com diagnóstico de pacientes com diagnóstico de transtorno bipolar atendidos no Ambulatório de Transtorno Bipolar do HCPA (PROTAHBI) e na Unidade de Internação Psiquiátrica do HCPA. 6.3 Critérios de inclusão para pacientes 1) Diagnóstico de Transtorno de Humor Bipolar – eutímico, de acordo com os critérios do DSM-IV. 2) Idade entre 18-60 anos. 3) Capacidade de entender e fornecer consentimento informado. 6.4 Critérios de inclusão para controles 1) Sem diagnóstico psiquiátrico ou história de tratamento psiquiátrico. 2) Sem história familiar de transtorno bipolar, esquizofrenia, depressão ou outro transtono psicótico. 3) Capacidade de entender e fornecer consentimento informado. 6.5 Critérios de exclusão: 1) Doença clínica importante (HIV, diabetes melitus, hepatite, doença renal). 7 ASPECTOS ÉTICOS 58 Todos os pacientes assinaram o termo de consentimento informado previamente ao estudo. Foi assegurada a ausência de vinculação da concordância em participar do estudo com a continuidade do atendimento no programa de atendimento de transtorno de humor bipolar (PROTAHBI). Este estudo abrangeu os princípios bioéticos de autonomia, beneficência, não-maleficência, veracidade e confidencialidade, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. 59 8 ARTIGO Submetido para a revista Sleep and Breathing Sleep in bipolar patients Larriany M.F. Giglioa, Ana C. Andreazzaa,b, Mônica Andersen, Keila M. Cereséra Julio C. Walza , Laura Sterza, Flávio Kapczinskia a Bipolar Disorders Program, Centro de Pesquisas, Hospital de Clínicas de Porto Alegre b Department of Biochemistry, ICBS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brazil Corresponding author: Larriany Giglio Bipolar Disorders Program-Centro de Pesquisas Hospital de Clínicas de Porto Alegre Rua Ramiro Barcelos, 2350 90035-003 Porto Alegre, RS Brazil Tel.: +55 51 32227309 Fax: +55 51 21018846 E-mail address: [email protected] 60 ABSTRACT Background: Sleep disturbance has been described in bipolar disorder (BPD). Specific complaints may include frequent nighttime awakenings, poor quality of sleep, reduction in total sleep time and nightmares. Most patients with BPD also report insomnia when in depression, but a significant percentage of patients report hipersomnia symptoms with prolonged night time sleep, difficult in wakening and excessive day time sleepiness. Objectives: The present study aims to investigate whether bipolar patients with sleep disorders presented impairment in quality of life, disability and global function. Methods: One hundred ninety bipolar patients type I diagnosed by application of Structured Clinician Interview for DSM-IV Disorders (SCID), were distributed in two groups based on absence or presence of sleep disorders. Quality of life, disability and global dysfunction were evaluated using the Health Organization’s Quality of Life instrument (WHOQOL-Brief), the Sheehan Disability Scale and the Global Assessment of Functioning (GAF), respectively. Results: Sleep complaints have negative influence on general quality of life, observed by decreased scores in WHOQOL and GAF domains and increased Sheehan scores, indicating the importance of maintenance of normal sleep in bipolar patients. Conclusion: Our results suggest that sleep complains impair quality of life and global function. Collectively, further studies are warranted to investigate the impairment of sleep disturbance on others neurotrophic factors and neurochemical pathways. Key words: Bipolar Disorder, Sleep, Quality of life, Insomnia, Disability, GAF 61 INTRODUCTION Sleep is an active state, critical for our physical, mental and emotional wellbeing and is favorable for brain plasticity [1-3]. Several studies showed that sleep periods encompass processes ranging from reactivation of neuronal ensembles during post-training sleep to molecular changes [1, 4]. Further, sleep is important for optimal cognitive and overall functioning [5]. However, sleep disorders are very common in the general population, affecting 10-20% of adults [6, 7] with an impact in daytime functioning [8]. Sleep disorder coexists with a number of physical and psychiatry conditions, including psychoses, anxiety disorders and mood disorders [5-7]. The sleep-wake cycle has been a core component of theoretical conceptualizations of bipolar disorder (BPD) and circadian rhythm instability is a frequent complaint in these patients [9]. Insomnia as well as hypersomnia with prolonged night time sleep, difficulty in awakening and excessive daytime sleepiness are often experienced by depressive bipolar patients [10]. Longitudinal studies have shown that the insomnia is often perceived as a symptom of depression, but it is also associated with a substantial increase in the relative risk of major depression [5, 6]. Moreover, a systematic review showed that seep disturbance was the most common prodrome of mania [9, 11]. BPD is frequently associated with difficulties with social, interpersonal relationships and occupational functioning [12]. Bipolar patients showed poor quality of life, particularly in physical and psychological domains when assessed by the WHOQOL [13, 14]. Individuals with both depressive symptoms and sleep complaints showed lower QOL and more difficulties in work activities than patients without mood symptoms [8]. Moreover, sleep disturbance and depressive symptoms are especially related to exhaustion, fatigue and reports of extra bed time [11]. Thus, we questioned if sleep plays an additional role that contributes to the difficulties persons with BPD experience in physical, psychological, social and environmental domains. This study was therefore conducted to evaluate the influence of sleep disturbance in quality of life assessed by WHOQOL in euthymic bipolar patients. Materials and methods One hundred ninety bipolar patients’ type I diagnosed by application of SCID [15] from General Hospital of Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil were assessed 62 in a cross-sectional design. The entire evaluation included, besides SCID I, a questionnaire for demographic, social and clinical information; Hamilton Depression Rating Scale [16]; Young Mania Rating Scale [17]; Global Assessment of Functioning [18]; Sheehan Disability Scale [19] and WHOQOL-Brief [20]. Trained researches made all interviews and the General Hospital of Porto Alegre ethical committee approved this project (07553). After being provided with a complete description of the study, written informed consent to participate was obtained from all participants. The inclusion criteria was patients have bipolar disorder type I, diagnosed by SCID and was in euthymia (HAM-D <7 and YMRS<7). The patients were separated in two groups, presence and absence of sleep complaints. Patients were present score equal or higher than 17 in the questions 4, 5 and 6 of the Hamilton Depression Rating Scale were considered to have sleep problems. Data analysis Histograms and the Kolmogorov–Smirnov test were used to check variables for normality. This sample presented normal distribution. In order to test the hypothesis that there would be a discrepancy between self-reported QOL and functional (objective) measures in bipolar patients we used Chi-square tests for verify the differences in proportions between the groups, while t-tests were employed to compare means between groups. Statistical significance was set at p<0.05. RESULTS Table 1 describes the patients in terms of demographic and socioeconomic variables. There were more women than men in our sample and half of the patients were aged 40-59 years. 58.42% (111) of bipolar patients presented sleep problems. Table 2 show alteration in QOL, disability (Sheehan disability) and global assessment function (GAF) in bipolar patients. Patients with sleep problems showed worse quality of life scores in all domains (physical;t=5,041; df=178 p<0.001, psychological; t=4,67; df178; p<0.001, social; t=2,407; df=178; p=0.017 and environmental;t=2,843; df=178 p=0.005). We also observed that the score of physical and psychological domains presented worse impairment than social and environmental domains (14.72%, 14.15%, 8.35% and 6,.68%, respectively). Sheehan disability scales verify impairment in tree domains: work social comportment and 63 familial, since that bipolar patients with sleep alteration presented high scores in every domain indicating functional impairment in these patients (2.46%, 2.05%, 1.63%, respectively). Confirming the results obtained in the Sheehan scale, the GAF presented a diminished score in BP with sleep dysfunction representing 6.66% of worse, representing functional impairment in these patients. Discussion Our aim was to investigate the sleep-related quality of life in euthymic bipolar patients. Although patients experienced symptomatic recovery with low scores of HAM-D and YMRS, the sleep disturbance remained 58.42% of our sample. One reason for high rates of sleep disturbance reported in the current study is the lack of proper routine experienced by bipolar patients. Furthermore, patients with both BPD and sleep disturbance showed lower quality of life than bipolar patients that did not experienced insomnia. Bipolar patients with impaired sleep might feel especially exhausted with need for more time in bed which could explain the physical disability. Furthermore, the poor quality of sleep promotes difficulties in concentration, learning and memory. Although a body of evidence reported that quality of life was inversely correlated with the level of depression, a comparison study between bipolar and unipolar patients suggested that the level of depression did not fully explain the lower quality of life within patients with BPD [21, 22]. We demonstrated here that the sleep alteration was another factor that contributes to low quality of life experienced by bipolar patients. In accordance with our results, Harvey et al. [9] have reported that 70% of bipolar patients experienced sleep alteration and it was associated with low daytime activity levels. In addition to being associated with quality of life, three lines of evidence point to the importance of sleep in bipolar disorder. First, experimentally induced sleep deprivation is associated with the onset of hypomania and mania in a considerable proportion of patients. Second, in a systematic review of studies of patients with bipolar disorder, sleep disturbance was the most common prodrome of mania and the sixth most common prodrome of bipolar depression. Third, the sleepwake cycle has been a component of theoretical conceptualizations of bipolar disorder. It has been hypothesized that bipolar disorder patients have a genetic diatheses that may take the form of circadian rhythm instability [9]. 64 In fact, sleep disturbance has been considered as a cardinal symptom of endogenous depression, and it is known that sleep deprivation exerts an antidepressant effect [23]. It is rare that some form of sleep “change” is not associated with the presence of clinical depression. The essential linkage of sleep disturbance and clinical depression has long been recognized [24]. The relationship between mania and sleep loss is particularly apparent at the beginning of a manic episode, when a typical three-stage escalation has been described [25]. At the beginning of a manic episode, clinicians often observe spontaneous sleep deprivation, due to the hyperactivity of the patient, resulting in an increase in manic symptomatology and then in subsequent sleep loss [26]. Thus, sleep loss appears to act not only as a triggering factor of mania, but also as an augmenting factor during the manic episode, with worse symptomatological outcomes following consistent sleep loss [26]. Finally, it has been suggested that sleep periods are favorable for brain plasticity [27]. Recent studies have provided evidence that the expression of genes involved in synaptic plasticity is affected by sleep-wake state. For example, the phosphorylated form of cAMP response element binding protein (CREB), important transcription factor, is present at higher levels after periods of waking than periods of sleep [28]. Down-regulation of phosphorilated CREB was observed in post-mortem brain tissue of affective patients [29]. Furthermore, selective REM sleep deprivation (6h) suppresses brain derived neurotrophic factor (BDNF) protein levels in the cerebellum and brainstem without producing changes in the hippocampus [30]. Our group has demonstrated that BDNF levels were decreased in manic and depressed BPD patients [31] and this was negatively correlated with manic symptoms [32]. Of note, BDNF has been involved in memory and learning [33], and trophic actions, such as altered neuronal plasticity and cellular morphology while CREB is a transcription factor and one of the genes regulated by the cAMP-CREB cascade is BDNF [34]. Consideration that (1) sleep dysfunction leads to alteration in neurotrophic and transcription factors; (2) these factors are very important for maintaining the normal neuronal plasticity; (3) sleep dysfunction has been described in BPD, our results suggest that sleep complains impair quality of life and global function. Collectively, further studies are warranted to investigate the impairment of sleep disturbance on others neurotrophic factors and neurochemical pathways. 65 References 1- Maquet P, 2001. The role of sleep in learning and memory. 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WHOQOL Phisical Domain Psychological Domain Social Domain Environmetal Domain SHEEHAN DISABILITY Work Domain Social Domain Familial Domain GAF Sleep Disfunction Absence (n=69) Presence (n=111) Mean SD Mean SD Levene's Test F Sig t-test for Equality of Means t df Sig (2-tailed) 61,56 60,24 57,97 58,85 19,62 21,23 24,01 17,2 46,84 46,09 49,62 52,17 18,57 18,79 21,7 14,04 0,31 2,605 0,448 3,712 0,578 0,108 0,504 0,056 5,041 4,67 2,407 2,843 178 178 178 178 0,001 0,001 0,017 0,005 3,52 3,02 3,64 3,75 3,49 5,98 6,05 4,83 3,46 3,45 3,34 1,717 2,704 0,56 0,192 0,102 0,455 -4,595 -3,801 -3,523 178 178 178 0,001 0,001 0,001 66,54 16,22 59,88 12,87 7,262 0,008 3,101 178 0,002 69 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nosso objetivo foi investigar a qualidade de vida relacionada ao sono em pacientes bipolares - tipo I em estado de eutímia. Apesar dos pacientes terem apresentado uma recuperação sintomática mostrada pelo baixo índice na HAM-D e YMRS, as questões que se referem a alterações de sono mostraram-se alteradas em 58,42% da nossa amostra. Um das razões para as altas taxas de distúrbio do sono apresentada nesse estudo é a falta de uma rotina adequada dos pacientes bipolares, o que é facilmente observado na clinica. Além disso, pacientes com THB e distúrbio do sono apresentaram pior qualidade de vida que os pacientes com THB sem queixa de insônia. Os pacientes com distúrbio do sono sentem-se especialmente exausto com maior necessidade de tempo no leito o qual pode explicar a incapacidade física. Ainda a pobre qualidade do sono promove dificuldades na concentração, no aprendizado e na memória. Embora existam evidências mostrando que a qualidade de vida é inversamente correlacionada com o grau de depressão, um estudo comparativo entre pacientes bipolares e unipolares sugere que o grau de depressão não explicava completamente à baixa QV dentre pacientes com THB (Berlim et al., 2004; Yathan et al., 2004). Neste estudo nós demonstramos que a alteração do sono pode ser um importante fator para a baixa QV dos pacientes bipolares. Em consonância com os nossos resultados, Harvey et al. (2005) reportaram que 70% dos pacientes bipolares apresentaram alteração de sono e estava associada com baixos níveis de atividades diária. Além do distúrbio de sono estar associado com a qualidade de vida, três linhas de evidência apontam para a importância do sono no THB. A primeira mostra que a indução de privação de sono está associada com o início da hipomania e mania em uma proporção considerável de pacientes bipolares. Em segundo, o distúrbio do sono foi associado como um dos pródomos mais comuns para o inicio de um episódio de mania e o sexto pródromo mais comum de depressão bipolar. Em terceiro, o ciclo sono/vigília tem sido um componente de conceptualizações teóricas do THB. Tem sido hipotetizado que pacientes bipolares têm uma diástese genética que pode levar a instabilidade do ritmo circadiano (Harvey et al., 2002). 70 O distúrbio de sono tem sido considerado como um sintoma cardinal de depressão endógena (Adrien, 2002), além disso, é raro que alguma forma de “mudança” no sono não esteja associada com a presença de depressão clinica (Kupfer, 2006). Os distúrbios de sono não estão associados somente a depressão, mas também a quadros de mania (Carlson and Goodwin, 1973). Tem sido demonstrado que no início de um episodio maníaco os clínicos freqüentemente observam uma privação espontânea do sono, devido à hiperatividade do paciente, resultando em um aumento dos sintomas maníacos e então na subseqüente perda do sono. Conseqüentemente, a perda de sono parece agir não só como um gatilho para a mania, mas também como um fator agravante no episodio maníaco levando a um pior resultado sintomatológico seguido de consistente perda de sono. Finalmente, foi sugerido que períodos de sono são favoráveis a plasticidade do cérebro (Guzman-Marin et al., 2006). Estudos recentes têm disponibilizado evidências que a expressão dos genes envolvidos na plasticidade sináptica está alterada no ciclo sono-vigilia. Por exemplo, a forma fosforilada do CREB, importante fator de transcrição, está presente em altos níveis após períodos de vigília quando comparados aos períodos de sono. Baixa regulação do CREB fosforilado em tecido cerebral pós-morte de pacientes bipolares (Young et al., 2004). Além disso, privação do sono REM (6h) suprime os níveis protéicos do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) no cerebelo e tronco cerebral sem mudança na produção no hipocampo (Sei et al., 2000). Nosso grupo demonstrou que níveis de BDNF estavam diminuídos em pacientes maníacos e deprimidos e isso tem correlação negativa com os sintomas maníacos (Machado-Vieira et al., 2006). O BDNF está envolvido em memorização, aprendizado (Tramontina et al., 2007), assim como as ações tróficas, como a plasticidade neuronal alterada e morfologia celular, enquanto CREB é um fator de transcrição e um dos genes regulados pela cascata AMPc-CREB. Considerando que (1) distúrbio do sono leva a alterações nos fatores neurotróficos e de transcrição; (2) esses fatores são muito importantes para manter a plasticidade neuronal normal; (3) distúrbios do sono foram descritos em pacientes bipolares, nossos resultados sugerem que queixas de sono interferem na QV e na função global. Assim, futuros estudos devem ser realizados para investigar o efeito do distúrbio de sono em outros fatores neurotróficos e caminhos neuroquímicos. Futuros estudos são justificáveis para pesquisar especificamente alterações no ritmo circadiano, dentre elas os distúrbios do sono em pacientes bipolares, pelo 71 impacto observado na vida desses pacientes. Uma escala específica seria relevante para avaliação e tratamento desse distúrbio concomitantemente com o tratamento medicamentoso. 72