ALVESCO® Índice APRESENTAÇÃO ............................................................................. 4 OBJETIVOS DE APRENDIZADO ......................................................... 5 CAPÍTULO 1 - ANATOMIA E FISIOLOGIA DO TRATO RESPIRATÓRIO ....... 6 1. O trato respiratório superior ................................................ 7 2. Trato respiratório inferior .................................................... 7 2.1. Sistema respiratório inferior .......................................... 8 2.2. Pulmões e membranas pleurais ..................................... 9 2.3. Superfícies pulmonares de troca gasosa ........................13 3. Funções do sistema respiratório ..........................................16 4. Mecanismos protetores do sistema respiratório .....................17 4.1. 4.2. Barreiras físicas..........................................................17 Defesas internas inespecíficas ......................................19 CAPÍTULO 2 - ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA IMUNE ..............20 1. Leucócitos .......................................................................20 2. Mediadores da resposta imunológica ...................................23 CAPÍTULO 3 - FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS ALÉRGICAS ................24 1. Imunologia básica .............................................................24 2. Resposta imunológica ........................................................24 2.1. 2.2. 2.3. Resposta imunológica inespecífica.................................25 Resposta imunológica específica ...................................26 Reações de hipersensibilidade ......................................27 CAPITULO 4- FUNDAMENTOS, DIAGNÓSTICOS E CONTROLE DA ASMA .30 1. Introdução .......................................................................30 2. Prevalência da asma na infância .........................................30 3. Definição de asma ............................................................31 4. Causas da asma ...............................................................32 5. Inflamação na asma ..........................................................32 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 1 MANUAL DE TREINAMENTO 6. Alterações patológicas na asma ..........................................34 7. Hiper-responsividade brônquica e broncoconstrição ...............37 8. Resposta asmática imediata e tardia....................................38 9. Fatores desencadeadores ...................................................38 10. Classificação da gravidade da asma .....................................39 11. Diagnóstico de asma .........................................................40 11.1. História do paciente e exame físico ...............................40 11.2. Testes de função pulmonar ..........................................41 12. Abordagens não terapêuticas para o controle da asma ...........44 12.1. Educação e envolvimento do paciente ...........................44 12.2. Evitar os alérgenos .....................................................45 13. Tratamento medicamentoso ...............................................45 13.1. 13.2. 13.3. 13.4. Broncodilatadores.......................................................46 Corticoides ................................................................50 Produtos em combinação .............................................55 Antagonistas do receptor de leucotrieno (leukotriene receptor antagonists – ltras) ......................56 13.5. Anticorpo anti-ige monoclonal ......................................56 14. Dispositivos de inalação .....................................................56 14.1. Inaladores dosimetrados .............................................57 14.2. Inaladores de pó seco .................................................61 14.3. Nebulizadores ............................................................61 14.4. Diretrizes para o controle da asma ................................63 15. Adesão ao tratamento .......................................................66 CAPÍTULO 5 - ALVESCO® ................................................................68 1. Farmacologia e farmacocinética de alvesco® .........................68 1.1. Ativação pulmonar ......................................................68 1.2. Conjugação lipídica .....................................................70 1.3. Distribuição pulmonar .................................................70 1.4. Ligação proteica .........................................................71 1.5. Metabolismo e clearance ............................................73 2. Distribuição de alvesco® .....................................................74 2.1. 2.2. 2.3. 2.4. Dispositivo e formulação de alvesco® .............................74 Biodisponibilidade oral ................................................76 Deposição pulmonar ...................................................78 Sumário ....................................................................80 CAPÍTULO 6 - ESTUDOS CLÍNICOS ..................................................86 2 1. Estudos para determinação de dose ....................................86 2. Estudo comparativo com o propionato de fluticasona .............88 3. Estudo comparativo com a budesonida ...............................90 4. Segurança e tolerabilidade de ALVESCO® na criança ...............92 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® CAPÍTULO 7 - O MERCADO .............................................................94 1. Introdução .......................................................................94 2. Corticoides inalatórios (cis) ..................................................95 2.1. Dipropionato de beclometasona ....................................99 2.2. Budesonida ............................................................. 100 2.3. Propionato de fluticasona .......................................... 102 2.4. Furoato de mometasona ............................................ 103 3. Produtos em combinação fixa (combis) .............................. 104 3.1. Dipropionato de beclometasona + salbutamol .............. 106 3.2. Fluticasona + salmeterol ........................................... 107 3.3. Budesonida + formoterol ........................................... 107 4. Antagonistas do receptor para leucotrieno (antileucotrienos = ltra)................................................... 110 4.1. Montelucaste ........................................................... 110 5. Outros concorrentes ........................................................ 111 6. Principais companhias concorrentes................................... 112 APÊNDICES ................................................................................ 119 I - Produtos por molécula, formulações e apresentações ............................................................. 119 Corticoides inalatórios (cis) ................................................ 119 Broncodilatadores de longa ação isolados (labas) .................. 123 Antileucotrienos (ltras) ...................................................... 124 II - esquemas de tratamento da asma ..................................... 125 Tratamento de resgate....................................................... 125 Tratamento de manutenção com cis..................................... 126 Tratamento de manutenção com cis ou combinados ............... 127 III - Tabela resumo comparativo alvesco® x outros cis .................................................................... 128 CAPÍTULO 8 - INFORMAÇÕES PARA PRESCRIÇÃO............................. 129 1. Introdução ..................................................................... 129 2. Informações para prescrição ............................................ 130 2.1. 2.2. 2.3. 2.4. 2.5. 2.6. Indicações ............................................................... 130 Contraindicações ...................................................... 131 Instruções de uso/manuseio ...................................... 131 Posologia e forma de administração ............................ 136 Advertências ............................................................ 139 Uso durante a gravidez uso durante a lactação .............................................. 139 2.7. Uso em idosos, crianças e outros grupos de risco ............................................ 140 2.8. Interações medicamentosas ....................................... 140 2.9. Reações adversas ..................................................... 141 2.10. Superdose ............................................................... 142 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 3 MANUAL DE TREINAMENTO APRESENTAÇÃO Este módulo de treinamento proporciona uma introdução à anatomia, fisiopatologia e epidemiologia associadas à asma. A anatomia clinicamente importante das vias aéreas inferiores inclui estruturas dos brônquios, bronquíolos e pulmões. Além disso, também saberemos como é feito o diagnóstico e o tratamento da asma. As doenças alérgicas em geral são as condições crônicas mais comuns em crianças e a segunda mais comum em adultos. A asma deve ser compreendida no contexto do sistema imunológico humano, com seus componentes celulares e os seus mediadores. Embora a função primária do sistema imunológico seja proteger o corpo contra ameaças, seus componentes podem se tornar inapropriadamente ativados, resultando em uma resposta alérgica exacerbada e em sintomas de doenças alérgicas, como é o caso da asma. A asma é uma doença inflamatória crônica, provocada por uma resposta inflamatória exagerada em resposta a alérgenos, que compromete a mucosa das cavidades nasais. É caracterizada por excesso de produção de imunoglobulinas da classe IgE e por eosinofilia acentuada. O sintoma característico da asma é a falta de ar. O tratamento farmacológico é o tratamento mais comumente utilizado para asma. Os corticoides inalatórios e os broncodilatadores compõem os principais medicamentos para o tratamento. O paciente para o qual a farmacoterapia falha pode ser candidato à imunoterapia, um tratamento que abranda a resposta alérgica. 4 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® OBJETIVOS DE APRENDIZADO Após completar este Módulo, você deverá estar apto a: • Identificar a anatomia básica das vias aéreas inferiores e as doenças que acometem essas vias, principalmente a asma. • Conhecer como acontece a resposta imunológica em um indivíduo sadio, bem como a participação dos componentes celulares e dos mediadores. • Saber as diferenças entre a resposta imunológica em um indivíduo normal e em um paciente com asma. • Explicar os mecanismos fisiopatológicos da asma. • Explicar a importância da história clínica, história de exposição a alérgenos e história familiar de alergia (antecedentes familiares de atopia) no diagnóstico de asma. • Explicar elementos do diagnóstico diferencial de asma. • Conhecer as principais classes de medicamentos utilizados no tratamento da asma. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 5 MANUAL DE TREINAMENTO CAPÍTULO 1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO TRATO RESPIRATÓRIO Na asma, ocorre uma resposta imunológica anormal que compromete estruturas anatômicas do trato respiratório inferior. Podemos dizer que a asma é uma doença proporcionada por uma disfunção do sistema imune. Dessa forma, é importante compreender a anatomia e a fisiologia do sistema respiratório, bem como os mecanismos imunológicos que estão relacionados ao processo que desencadeia a asma. O sistema respiratório tem origem no nariz e na boca e continua através das vias aéreas até os pulmões. O ar penetra no sistema respiratório por meio das narinas e da boca e avança através da garganta (faringe) até a laringe. Nas paredes da faringe podemos observar as amígdalas, que são órgãos linfáticos que contribuem para a defesa de nosso organismo. Na entrada da laringe há um pequeno órgão muscular (epiglote) que se fecha durante a deglutição e, dessa maneira, impede que os alimentos ingeridos penetrem nas vias respiratórias. Em continuidade com a laringe temos a traqueia, que se ramifica em dois brônquios, que por sua vez ramificam-se em bronquíolos. Na extremidade de cada bronquíolo existem múltiplas cavidades semelhantes a bolhas de ar ou cachos de uva, que são os alvéolos. Cada pulmão contém milhões de alvéolos que são circundados por uma densa rede de capilares sanguíneos. É através da parede dos capilares que ocorre a troca de gases (O2 e CO2) entre o sangue e os alvéolos. Figura 1 - Alvéolo e troca de gases Capilar sanguíneo arterial Capilar sanguíneo venoso Alvéolo Oxigênio Gás carbônico Didaticamente, o sistema respiratório pode ser dividido em duas partes: • Vias aéreas superiores: nariz, seios paranasais, faringe e laringe. • Vias aéreas inferiores: traqueia, brônquios, bronquíolos, suas ramificações e os alvéolos. As ramificações dos bronquíolos e os alvéolos compõem os pulmões, que são revestidos por uma fina membrana: a pleura. 6 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Figura 2 - Sistema respiratório Fossas nasais Laringe Seios paranasais Faringe Traqueia Pulmões Brônquios Bronquíolos Alvéolos Diafragma Como na asma há o comprometimento dos brônquios, vamos nos deter no trato respiratório inferior. 1. O TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR O trato respiratório superior, ou vias aéreas superiores, inicia-se com o nariz e a boca – as duas portas de entrada e de saída que unem o sistema respiratório ao ambiente externo. O nariz e a boca têm relação íntima no interior da cabeça. O “assoalho” do nariz é o “teto” da boca. A boca geralmente não é considerada tão importante quanto o nariz na fisiologia da via aérea superior. 2. TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR As vias aéreas superiores e inferiores podem ser delimitadas por uma linha imaginária ao nível da laringe. Acima dessa linha temos as vias aéreas superiores (nariz e cavidades nasais, seios paranasais, amígdalas, laringe e cordas vocais) e abaixo dessa linha temos as vias aéreas inferiores (traqueia, brônquios principais e secundários, bronquíolos e alvéolos) (Figura 3). Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 7 MANUAL DE TREINAMENTO Figura 3 - O trato respiratório inferior Epiglote Faringe Laringe Traqueia Brônquio Pulmão O trato respiratório inferior compreende a traqueia, os brônquios e todas as suas divisões, bem como os pulmões. Um pulmão humano adulto contém cerca de 300 milhões de alvéolos. Estendendoos em uma superfície plana, eles recobririam uma área do tamanho de uma quadra de tênis. 2.1. SISTEMA RESPIRATÓRIO INFERIOR • Brônquios • Bronquíolos • Pulmões Está constituído pelos brônquios, bronquíolos e suas ramificações e, finalmente, pelos ductos alveolares e alvéolos que compõem os pulmões. Esses elementos são quase completamente estéreis em uma pessoa sadia e o ar inalado pode passar livremente através da laringe para a traqueia e os pulmões. 8 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Figura 4 - Componentes do sistema respiratório inferior Brônquios Brônquio primário esquerdo Brônquio primário direito Carina Cavidade pleural Bronquíolos Alvéolos Ducto alveolar Bronquíolo terminal Na carina, a traqueia divide-se em dois ramos: • Brônquio primário principal direito - é o de maior calibre; • Brônquio primário principal esquerdo - é o mais longo. Esses brônquios apresentam então uma série de ramificações que dão ao trato respiratório a aparência de uma árvore, a árvore respiratória. 2.2. PULMÕES E MEMBRANAS PLEURAIS Os pulmões são órgãos esponjosos que estão alojados em bolsas formadas pela membrana pleural. A membrana pleural tem duas camadas entre as quais existe a cavidade pleural. Um fluido é secretado pelas membranas. Sua finalidade é manter aderidas as membranas (por meio da tensão superficial do fluido) e permitir que elas deslizem suavemente uma sobre a outra, durante a ação de respirar. Ambos os pulmões estão localizados no interior da cavidade torácica (que também é compartilhada com o coração e com os principais vasos sanguíneos). O pulmão esquerdo é menor e deve acomodar o coração, que fica dentro de sua própria bolsa, o pericárdio (veja Figura 5). Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 9 MANUAL DE TREINAMENTO Figura 5 - Anatomia da cavidade torácica Brônquio primário direito Brônquio primário esquerdo Artéria pulmonar direita Artéria pulmonar esquerda Veia pulmonar esquerda Veia pulmonar direita Membrana pleural Pericárdio Coração Fissuras profundas dividem o pulmão em diferentes lobos; eles recebem ar por meio dos ramos principais da árvore traqueobrônquica. Cada brônquio primário divide-se para criar um ramo principal para cada lobo pulmonar. O brônquio primário direito divide-se em três brônquios secundários, ou lobares, os quais se dirigem para dentro dos três lobos do pulmão direito. O brônquio primário esquerdo divide-se em dois brônquios secundários que se dirigem para os dois lobos do pulmão esquerdo (veja Figura 6). Figura 6 - Lobos dos pulmões Lobo superior direito Lobo superior esquerdo Lobo inferior direito Lobo médio direito 10 Lobo inferior esquerdo Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Os brônquios sofrem divisões subsequentes até formar os bronquíolos terminais, que então se dividem em bronquíolos respiratórios, os quais por sua vez, dividemse em ductos alveolares. Os ductos alveolares são progressivamente povoados de alvéolos formando um “cacho” de alvéolos, muito semelhante a um cacho de uvas (veja Figura 7). Figura 7 - Estrutura de um lóbulo pulmonar Alvéolo Ductos alveolares Arteríola pulmonar Bronquíolo terminal Vênulas pulmonares O alvéolo é a menor unidade funcional do sistema respiratório e compreende um minúsculo saco com uma parede semipermeável muito delgada, através da qual o oxigênio e o gás carbônico podem passar. Existem cerca de 23 níveis de ramificações na árvore traqueobrônquica, através dos quais ela fornece ar aos 300 milhões de alvéolos, correspondente a 65 m2 (aproximadamente o tamanho de uma quadra de tênis). Essa área superficial de grandes dimensões permite uma rápida e efetiva troca de gás carbônico por oxigênio (troca gasosa). A troca gasosa não tem lugar nas primeiras 16 ou 17 ramificações, ou gerações, da árvore traqueobrônquica. Essa região é conhecida como zona de condução. Ela serve para simplesmente transportar o ar inalado até as restantes 6 ou 7 ramificações, que são conhecidas como zona respiratória (veja Figura 8). Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 11 MANUAL DE TREINAMENTO Figura 8 - Gerações ou ramificações da árvore traqueobrônquica Número da ramificação 0 1 Estrutura Traqueia Brônquio 2 3 4 Vias aéreas de condução Bronquíolos 5 16 Bronquíolos terminais 17 18 19 Bronquíolos respiratórios 20 21 Ductos alveolares 22 23 Vias aéreas respiratórias Sacos alveolares É na zona respiratória que a troca gasosa ocorre efetivamente. O diâmetro do lúmen da via aérea diminui rapidamente. Os bronquíolos atingem um diâmetro de menos de 1 mm e não têm anéis de cartilagem. Sem o suporte desses anéis de cartilagem, não existe nada que impeça a musculatura lisa que circunda e reveste os bronquíolos de causar um bloqueio (oclusão), caso se contraia. Isso é conhecido como broncoconstrição. A broncoconstrição é um fenômeno-chave que ocorre na asma e pode ser ameaçador à vida. A distância de um bronquíolo terminal para os alvéolos mais distais é de apenas cerca de 5 cm mas, devido à extensa ramificação, essa zona respiratória constitui a principal porção do pulmão, com um volume de cerca de 2,5 litros, quando relaxada. A maioria da resistência ao fluxo aéreo ocorre nas vias aéreas centrais, no interior dos brônquios e bronquíolos. Os delicados elementos terminais, os alvéolos, não são submetidos a pressões elevadas ou a ar em movimento muito rápido, pois isso poderia danificá-los. Aprendizado-chave: BRONCOCONSTRIÇÃO A broncoconstrição, um fenômeno-chave da asma, é causada pela contração da musculatura lisa ao redor dos bronquíolos. Isso torna difícil a respiração para o paciente asmático. 12 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® 2.3. SUPERFÍCIES PULMONARES DE TROCA GASOSA Os ductos alveolares estão forrados com alvéolos e sacos alveolares (2 ou mais alvéolos dividindo uma abertura comum). As paredes dos alvéolos são compostas primariamente por células simples, conhecidas como células alveolares do tipo I, nas quais ocorre a troca gasosa. Dentro das paredes alveolares, há células de defesa móveis (macrófagos) que removem dos alvéolos as partículas finas provenientes do ar respirado (poeira), por meio de um processo chamado fagocitose – as partículas são englobadas pelos macrófagos e fragmentadas (digeridas). Essas células são conhecidas como macrófagos alveolares. Figura 9 - Estrutura do alvéolo Alvéolo Célula do tipo I Célula do tipo II (surfactante) Macrófagos Capilar Hemácia Membrana respiratória O oxigênio move-se através dos epitélios alveolar e capilar, por um processo conhecido como difusão (movimento de gás de um meio com concentração elevada, para um meio com concentração baixa). Essa difusão ocorre porque existe uma concentração elevada de oxigênio no interior do alvéolo, em comparação com a concentração de oxigênio do sangue que percorre o capilar. O reverso é aplicável ao gás carbônico, que se move do sangue nos capilares para o interior dos alvéolos, de onde é expelido com o ar expirado. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 13 MANUAL DE TREINAMENTO Aprendizado-chave: TROCA GASOSA A troca gasosa entre o interior dos sacos alveolares (cheios de ar) e o sangue nos capilares que percorrem os septos alveolares permite uma oxigenação apropriada do sangue. Graças à hemoglobina presente nas hemácias (ou glóbulos vermelhos), o oxigênio é levado aos músculos e demais órgãos, e o gás carbônico é trazido aos pulmões, para que seja expirado. Figura 10 - Troca gasosa nos alvéolos Membrana semipermeável Ar alveolar O2 CO2 CO2 Capilar O2 Sangue fluindo para o alvéolo [CO2] elevado [O2] baixo Sangue deixando o alvéolo [CO2] baixo [O2] elevado Resistência das vias aéreas A taxa de fluxo de ar através dos pulmões pode ser determinada pela seguinte equação: Taxa de fluxo de ar = Diferença de pressão* Resistência * Diferença entre o interior dos pulmões e a atmosfera. 14 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Vários fatores afetam a resistência das vias aéreas: • Tamanho das vias aéreas: a resistência é menor durante a inspiração, quando o diâmetro dos brônquios e bronquíolos está maior devido à expansão da caixa torácica. • Contração da musculatura lisa: as paredes do sistema respiratório contêm musculatura lisa. Apesar de podermos controlar voluntariamente nossa frequência respiratória (usando o diafragma e músculos intercostais), não podemos contrair voluntariamente nossos bronquíolos. Nos pulmões, quando ocorrem estímulos dos nervos simpáticos, os bronquíolos sofrem uma dilatação que é devida ao relaxamento da musculatura brônquica lisa; enquanto que a estimulação dos nervos parassimpáticos causa broncoconstrição, por contrair a musculatura brônquica lisa. Todas essas ações são mediadas por compostos químicos chamados neurotransmissores, os quais agem sobre determinados receptores (veja a Tabela 1). Tabela 1 - Inervação da musculatura brônquica lisa Sistema nervoso autônomo Neurotransmissor Receptor Efeito sobre os bronquíolos Divisão simpática Noradrenalina (NA) Beta2adrenérgico Relaxa a musculatura lisa, dilata os bronquíolos Divisão parassimpática Acetilcolina (Ach) Colinérgicomuscarínico Contrai a musculatura lisa e retrai os bronquíolos Medições do fluxo de ar A ventilação, ou inspiração/expiração, é medida em termos de fluxo de ar. A espirometria é o exame que mede volumes e fluxos aéreos. Aprendizado-chave: MEDIÇÕES DO FLUXO DE AR Várias medições do fluxo de ar podem ser usadas para identificar e diferenciar as doenças respiratórias. Volume corrente (VC) Volume de ar inspirado e expirado durante cada movimento respiratório normal (sem esforço para inspirar ou expirar). No adulto esse volume é de 500 mL, embora possa variar consideravelmente entre indivíduos e na mesma pessoa em momentos diferentes. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 15 MANUAL DE TREINAMENTO Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) Máximo ar que pode ser expirado durante o primeiro segundo, a partir de uma inspiração máxima. Esse volume é o mais usado na prática para avaliar as doenças obstrutivas como a asma. O paciente asmático, quando em obstrução, tem o VEF1 diminuído indicando a dificuldade de expirar o ar. Porém, ao usar um broncodilatador, o VEF1 pode voltar próximo ao normal. Pico do fluxo expiratório (PFE) Fluxo máximo de ar medido após uma inspiração máxima. Fluxo de ar = Volume (litros) Tempo (segundos) Existem aparelhos simples e portáteis, chamados peak flow, que medem o PFE, basta para isso inspirar profundamente e soltar o ar rapidamente dentro do aparelho, como se estivesse apagando uma vela. Essa é uma forma bastante útil de avaliar se um paciente asmático está bem e respondendo adequadamente ao tratamento. 3. FUNÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO A principal função do sistema respiratório é conduzir oxigênio (O2) até o sangue e eliminar gás carbônico (CO2) do sangue. O oxigênio é necessário para a obtenção de energia por todas as células do organismo. Por outro lado, o gás carbônico é um metabólito resultante da queima do oxigênio. A condução do oxigênio até os alvéolos pulmonares ocorre durante a inspiração, que é um processo ativo, ou seja, depende de esforço físico. Por outro lado, a eliminação do gás carbônico ocorre durante a expiração, que é um processo passivo (não depende de nosso esforço). Dessa forma, o ar inspirado rico em oxigênio é levado até os alvéolos, enquanto que o ar expirado, rico em CO2, é eliminado. Durante a respiração, ocorre o transporte de uma grande quantidade de ar do ambiente para os pulmões, frequentemente contaminado com micro-organismos (vírus e bactérias), poeira e outros poluentes, que são depositados na parede das vias aéreas. Dessa maneira, além das trocas gasosas, o aparelho respiratório também desempenha um importante papel na defesa do nosso organismo. Essa defesa é constituída por uma barreira física que reveste as paredes do sistema respiratório e cujos principais componentes são a mucosa e o muco. 16 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® 4. MECANISMOS PROTETORES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO O sistema respiratório está aberto ao ambiente externo, portanto, deve ser capaz de se proteger dos gases potencialmente danosos, dos fluidos e das partículas, incluindo patógenos transportados pelo ar, tais como vírus, bactérias e fungos. Os patógenos podem representar uma ameaça, seja diretamente, pela invasão das células do trato respiratório, seja indiretamente, pela liberação de toxinas perigosas que podem espalhar-se pelo próprio sistema circulatório do corpo. Os mecanismos protetores estão presentes ao longo de todo o trato respiratório para prevenir danos à mucosa e às superfícies alveolares causados por partículas externas inaladas e patógenos que entram através do nariz ou boca. Essas defesas podem ser classificadas em: • Barreiras físicas. • Defesas internas inespecíficas. • Defesas internas específicas (imunidade). 4.1. BARREIRAS FÍSICAS Mucosa Todo o sistema respiratório é revestido por uma membrana constituída por uma camada de células epiteliais chamada de mucosa. A maioria dessas células apresenta em sua superfície cílios que são responsáveis pela movimentação e remoção do muco. Figura 11 - Mucosa respiratória Túbulo Célula caliciforme Célula ciliada do epitélio colunar Muco Cílios Epitélio colunar pseudoestratificado Células mucosas Células serosas Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 17 MANUAL DE TREINAMENTO Entre as células epiteliais da mucosa encontram-se as células caliciformes, que são especializadas na produção de muco. O muco é constituído por 95% de água e por 5% de proteínas, principalmente as mucinas e as imunoglobulinas. Muitas vezes, também podemos observar algumas células inflamatórias, por exemplo, mastócitos e eosinófilos, entremeando o muco. A principal função da mucosa respiratória, do muco e dos batimentos ciliares é a proteção contra agentes agressores. Em uma pessoa saudável, o nariz e os seios paranasais produzem quase 1 litro de secreções por dia. A quantidade pode dobrar quando há inflamação por reação alérgica ou infecção. Uma parte dessas secreções será eliminada, porém a maior parte do fluido e do muco é deglutida e reciclada pelo corpo. A mucosa e o muco constituem uma verdadeira barreira física que ajuda a evitar a penetração de qualquer agente invasor para o interior de nosso organismo. Broncoespasmo, tosse e espirro Esses reflexos são disparados pela irritação proveniente de partículas que se assentam nas vias aéreas superiores: • A tosse retira as partículas da laringe, traqueia e dos brônquios principais. • A ação de tossir é ampliada pelo broncoespasmo (estreitamento das vias aéreas causado pela contração da musculatura lisa brônquica). Essa reação à irritação é algumas vezes chamada “reflexo vagal”, devido ao envolvimento do nervo vago na mesma. • O espirro expele partículas das fossas nasais e da faringe superior. Transporte mucociliar Partículas que se assentam no muco que reveste as vias aéreas são removidas pelo sistema de transporte mucociliar. O muco age como uma barreira e também envolve as partículas que ficam aderidas a ele. A ação ciliar empurra os detritos para cima, a partir dos bronquíolos terminais, em direção à faringe, de onde o muco pode ser deglutido ou cuspido para fora. Surfactante O agente surfactante recobre quaisquer partículas que atinjam os alvéolos, tornando-as suscetíveis ao ataque dos macrófagos alveolares. 18 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® 4.2. DEFESAS INTERNAS INESPECÍFICAS Se um patógeno ultrapassa a barreira física constituída pela mucosa epitelial, ele encontra uma gama de defesas de segunda linha e processos defensivos. Aprendizado-chave: GRANULÓCITOS É importante conhecer o papel dos eosinófilos e mastócitos, devido à sua importância no desenvolvimento da inflamação das vias aéreas. Inflamação Quando as células são danificadas, um mecanismo conhecido como inflamação é iniciado com a finalidade de limpar a área lesada, eliminando dela os patógenos invasores, antes de efetuar o reparo necessário. A inflamação resulta em quatro sinais/sintomas característicos que se fazem presentes no local afetado: • Rubor (vermelhidão). • Dor. • Calor (aumento da temperatura). • Inchaço (ou edema). Esses sintomas externos resultam de vários processos que ao todo pertencem ao processo inflamatório. Existem três estágios distintos envolvidos no processo inflamatório. • Vasodilatação. • Migração de fagócitos para o local da lesão. • Reparo do tecido. Aprendizado-chave: INFLAMAÇÃO É importante compreender a inflamação, já que ela é um processo-chave na patogênese da asma. Na asma, o mau funcionamento dos mecanismos de defesa e a inflamação causam um efeito danoso sobre as vias aéreas. A redução da inflamação é o que se espera com o uso de corticoides inalatórios. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 19 MANUAL DE TREINAMENTO CAPÍTULO 2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA IMUNE Respostas imunológicas eficazes exigem a ação conjunta entre os leucócitos e os mediadores da resposta imunológica. Vamos conhecer esses elementos: 1. LEUCÓCITOS Os leucócitos são células sanguíneas brancas que se desenvolvem a partir de um progenitor comum na medula óssea: a célula-tronco hematopoiética (Figura 12). Figura 12 - Árvore genealógica dos leucócitos Na medula óssea Célula-tronco hematopoiética Célula-tronco linfoide Linfócitos Célula-tronco mieloide Granulócitos Monócito No sangue Linfócito B Linfócito T Célula NK Neutrófilo Eosinófilo Basófilo Células efetoras Mastócito Plasmócito Macrófago Linfócito T ativado Todos os leucócitos originam-se de células-tronco hematopoiéticas na medula óssea, que podem diferenciar-se em ampla gama de células, com diferentes papéis na resposta imune. Os leucócitos mais importantes são: • Linfócitos. • Granulócitos. • Monócitos. 20 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Linfócitos Os linfócitos atuam como mediadores de toda resposta imunológica. Os linfócitos mais importantes incluem: • Linfócitos T. • Linfócitos B. • Células natural killer (NK). Linfócitos T Linfócitos T originam-se na medula óssea e migram ao timo, onde amadurecem. Após a maturação, os linfócitos T migram para os tecidos e sangue e são ativados pelas células apresentadoras de antígenos. Por meio da produção de interleucinas, os linfócitos T estimulam a proliferação dos linfócitos B. Linfócitos B Linfócitos B são produzidos na medula óssea onde permanecem durante a maturação. Quando um linfócito T é exposto a um antígeno específico, por meio da produção de interleucinas, ele estimula os linfócitos B a produzirem anticorpos. Esses anticorpos são específicos e também são chamados de imunoglobulinas (Ig). Há cinco classes de imunoglobulina: IgG, IgA, IgM, IgD e IgE. Linfócitos B produzirão apenas anticorpos específicos (como chave e fechadura) para destruir o antígeno para o qual foram “treinados”. Células Natural Killer As células natural killer atuam, principalmente, na resposta imunológica inespecífica. São responsáveis por destruir células que foram invadidas por antígenos. Granulócitos Granulócitos são glóbulos brancos que estocam grânulos em seu interior. São células de defesa que, quando estimuladas, liberam seus grânulos que contêm citoquinas e quimiocinas que promovem uma reação inflamatória. A reação inflamatória, que surge em resposta a uma lesão, auxilia no combate contra os agentes agressores. É caracterizada por rubor, calor, edema e dor. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 21 MANUAL DE TREINAMENTO Podemos identificar os seguintes tipos de granulócitos: Neutrófilos: São rapidamente recrutados para locais de inflamação e infecção e são importantes componentes da resposta imunológica inespecífica. Eosinófilos: São primariamente encontrados no tecido epitelial dos sistemas respiratório, gastrointestinal e urogenital. Essas células liberam grânulos proteicos que contêm mediadores inflamatórios que destroem os antígenos, além de desencadear uma resposta inflamatória local. Basófilos: São recrutados aos locais de inflamação, onde liberam grânulos contendo proteínas e mediadores inflamatórios, que podem ser tóxicos aos antígenos e a outras células. Monócitos Dependendo da necessidade do sistema imune, os monócitos podem se diferenciar em mastócitos ou macrófagos. Mastócitos Outro tipo de leucócito que contém grânulos em seu interior são os mastócitos. Entretanto, não são considerados granulócitos porque se originam de uma célula precursora diferente (monócito). Os mastócitos estão presentes nas mucosas, inclusive no sistema respiratório. Após a produção de anticorpos pelos linfócitos B, os mastócitos exibem esses anticorpos em sua superfície e ficam presentes em toda extensão da mucosa. Quando um antígeno liga-se a esses anticorpos da superfície dos mastócitos ocorre a liberação de seus grânulos, que contêm enzimas, quimiocinas1, citoquinas2 e outros mediadores da resposta inflamatória. Macrófagos Os macrófagos respiratório. são comumente encontrados na mucosa do sistema Os macrófagos englobam e digerem antígenos por um processo chamado de fagocitose3. QUIMIOCINA – Responsável pela atração de leucócitos para os tecidos inflamados. CITOQUINA – Termo genérico empregado para designar um extenso grupo de moléculas proteicas envolvidas na emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento das respostas imunológicas. 3 FAGOCITOSE – Englobamento e digestão de partículas sólidas e micro-organismos pelos macrófagos. 1 2 22 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Outras funções desempenhadas pelos macrófagos são: • Liberação de citoquinas que recrutam e ativam outros leucócitos. • Apresentação de antígenos, pela qual materiais digeridos são quebrados no interior dos macrófagos e apresentados aos linfócitos T, contribuindo à resposta imune adaptativa. Os macrófagos modificados, que têm a função de apresentar os antígenos aos linfócitos T, são chamados de células apresentadoras de antígeno. 2. MEDIADORES DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA A produção, o recrutamento, a migração, a ativação e a sobrevivência de leucócitos são coordenados por proteínas solúveis chamadas de mediadores da resposta imunológica, que são produzidas pelos próprios leucócitos. As citoquinas constituem o principal grupo de mediadores imunológicos e são representadas por vários componentes produzidos pelas células que compõem o sistema imune. Algumas das principais classes de citoquinas incluem: • Interleucinas (ILs): controlam a produção e ativação de linfócitos. • Quimiocinas: atuam como quimioatrativos para leucócitos, pois atraem os leucócitos para os locais de inflamação. • Interferons (IFNs): possuem atividade citoprotetora, além de ativar macrófagos. • Fator de Necrose Tumoral (TNF): ajuda a eliminar as células que foram lesadas por antígenos. • A resposta imunológica também é afetada por outros mediadores que são liberados, principalmente, pelos granulócitos e mastócitos. Alguns exemplos incluem: • Histamina: promove constrição da musculatura lisa brônquica e estimula a vasodilatação. • Cininas: proteínas que causam vasodilatação. • Prostaglandinas: são liberadas por células lesadas que intensificam os processos inflamatórios e que atraem macrófagos. • Leucotrienos: promovem contração da musculatura das vias aéreas. • Fator ativador de plaquetas (PAF): um dos mais potentes indutores da resposta inflamatória. Estimula edema, recrutamento e ativação dos leucócitos. • Proteínas do sistema complemento: proteínas plasmáticas que se inserem no interior das paredes celulares que estimulam a degranulação de mastócitos, promovem fagocitose e ampliam a inflamação. São ativadas por anticorpos ligados a antígenos ou por antígeno isolados. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 23 MANUAL DE TREINAMENTO CAPÍTULO 3 FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS ALÉRGICAS Quando a “barreira física”4 do sistema respiratório não é capaz de evitar que um agente agressor invada nosso organismo, entra em ação o sistema imune. A seguir, descrevemos como o sistema imune faz para nos defender e qual o papel dos componentes que foram descritos anteriormente. 1. IMUNOLOGIA BÁSICA O sistema imune é constituído por um conjunto extraordinariamente complexo de células e por mediadores da resposta imunológica que defendem o corpo contra agentes agressores, tais como micro-organismos, pólen, poeira, ácaros etc. De maneira geral, esses agentes agressores são denominados de antígenos. No caso das reações alérgicas, os antígenos são chamados de alérgenos. Quando esse sistema de defesa torna-se inapropriadamente ativado na presença de algum alérgeno, gerando uma resposta imunológica exagerada, ocorre uma reação alérgica. Para melhor compreendermos o mecanismo que desencadeia a asma e como atuam os medicamentos usados no tratamento dessa doença, é importante conhecermos como funciona a resposta imunológica em um indivíduo sadio. Portanto, vamos revisar os principais componentes do sistema imune e as vias pelas quais ele responde às ameaças. Os principais componentes do sistema imune são: • Componentes celulares (leucócitos): macrófagos, granulócitos (eosinófilos, neutrófilos e basófilos), mastócitos, linfócitos T, B e outros; • Componentes humorais: são os mediadores da resposta imunológica, produzidos pelos leucócitos. Essas substâncias desempenham importante papel no estímulo da resposta inflamatória da asma: citoquinas, interleucinas, histamina e prostaglandinas. 2. RESPOSTA IMUNOLÓGICA Os agentes agressores, ou antígenos, são confrontados por dois tipos de resposta imunológica: inespecífica e específica. 4 BARREIRA FÍSICA – Revestimento das paredes do sistema respiratório, cujos principais componentes são a mucosa e o muco. 24 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® 2.1. RESPOSTA IMUNOLÓGICA INESPECÍFICA Também conhecida como resposta imunológica natural, constitui a primeira linha de defesa do organismo contra agentes agressores (antígenos). Essa forma de imunidade não preserva memória contra agentes previamente encontrados, ou seja, não proporciona memória imunológica. A primeira onda de resposta imunológica inespecífica é desempenhada pelos macrófagos presentes nas mucosas. Como mencionado anteriormente, alguns macrófagos eliminam os antígenos, enquanto outros se transformam em células apresentadoras de antígenos. Também são atraídos para o local da invasão os linfócitos Natural Killer, que identificam e eliminam células invadidas pelos antígenos. Ao mesmo tempo, alguns granulócitos (eosinófilos, basófilos e neutrófilos) presentes no local liberam seus mediadores que atrairão mais granulócitos. O grande afluxo de granulócitos para esse local libera uma grande quantidade de mediadores da resposta imunológica (histamina, quimiocinas, prostaglandinas, leucotrienos e fator ativador plaquetário). Os grânulos liberados pelos granulócitos, além da destruição direta dos antígenos, também desencadeiam uma cadeia complexa de eventos que levam a dano tecidual e inflamação, os quais contribuem para o combate contra os antígenos. A reação inflamatória segue uma sequência típica de eventos (Figura 13), e é caracterizada por vermelhidão, edema, dor e calor. Figura 13 - Estágios da resposta inflamatória Antígeno Fatores de crescimento Mediadores inflamatórios 1. Lesão e/ou Infecção 2. Vasodilatação 3. Migração de macrófagos 4. Reparo tecidual A resposta inflamatória envolve a liberação de mediadores inflamatórios que causam vasodilatação e o rápido influxo de macrófagos para a área afetada. Uma vez que isso frequentemente resulta em lesão tecidual, o reparo ocorrerá somente quando a lesão/infecção estejam controlados. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 25 MANUAL DE TREINAMENTO 2.2. RESPOSTA IMUNOLÓGICA ESPECÍFICA Também chamada de imunidade adquirida, a resposta imunológica específica desenvolve-se cerca de 4 a 7 dias após a exposição inicial ao antígeno e defende o corpo contra agentes que escaparam da resposta imunológica inespecífica. A resposta imune específica caracteriza-se pela memória imunológica que prepara o corpo para reagir rapidamente contra quaisquer exposições subsequentes ao mesmo antígeno. Esse tipo de resposta imunológica proporciona atividades imunológicas mais intensas e diretas. Quando a resposta imunológica específica desenvolve-se inapropriadamente contra determinados antígenos não patogênicos, como, por exemplo, contra os alérgenos, ocorrem as reações alérgicas, também conhecidas como reações de hipersensibilidade (Figura 14). Figura 14 - Resposta imune anormal a antígenos não agressores Exposição 4-7 dias Resposta específica • Adquirida • Memória Reexposição Resposta específica • Imediata • Potente Memória de longo prazo Transtornos de hipersensibilidade envolvem uma resposta inapropriada de parte do sistema imune específico quando provocado por um antígeno normalmente inócuo. Resposta inapropriada de hipersensibilidade (p. ex. alergia) A resposta imunológica específica inicia-se na superfície mucosa, com o antígeno sendo capturado e processado por células apresentadoras de antígenos, que, por sua vez, liberam alguns tipos de citoquinas e ativam os linfócitos T. A seguir, os linfócitos T proliferaram e secretam interleucinas que ativam linfócitos B, que, por sua vez, promovem a secreção de imunoglobulinas (anticorpos). Os linfócitos B ativados migram para os tecidos, onde são liberados os anticorpos (imunoglobulinas), que têm as seguintes funções: • Neutralizam bactérias, vírus ou toxinas. • Fixam-se na superfície dos mastócitos presentes nas mucosas. 26 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Memória Imunológica Após uma resposta imunológica bem-sucedida, os linfócitos T e B adquirem memória e ficam em estado de quiescência (dormência). Durante uma exposição subsequente ao mesmo antígeno haverá uma resposta imunológica mais rápida e eficaz. 2.3. REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE Reações de hipersensibilidade são disfunções da resposta imunológica específica. Essas reações são inapropriadas em intensidade e duração e frequentemente levam à lesão tecidual. Quatro tipos distintos de hipersensibilidade foram definidos (tipos I a IV) (Figura 15). Podemos dizer que a reação alérgica que ocorre em pacientes com asma é uma reação de hipersensibilidade tipo I. Figura 15 - Tipos de reações de hipersensibilidade Tipo II Tipo I Tipo IV Tipo III Mecanismo envolvido Complexo imune Droga Célula cutânea Eritrócito Mastócito + Antígeno Vaso sanguíneo Linfócito T helper Complemento Complemento Morte celular Anticorpos e tipos celulares envolvidos Morte celular Exemplos Linfócito T citotóxica Anticorpo IgE Ativação de mastócitos Anticorpo IgG complemento, células NK, macrófagos Rinite alérgica, asma, anafilaxia sistêmica5 Hipersensibilidade a certas drogas, p. ex. antibióticos sistêmicos Citoquinas Anticorpo IgG complemento, macrófagos Lúpus6, doença do soro Linfócitos T Inflamação ou citotoxicidade7, dermatite de contato, reação à tuberculina8 Embora todas as reações de hipersensibilidade envolvam uma resposta imunológica inapropriadamente intensa a um antígeno, os quatro tipos possuem mecanismos e desencadeantes distintos. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 27 MANUAL DE TREINAMENTO Reação de Hipersensibilidade Tipo I (Reações Alérgicas) Reações de hipersensibilidade tipo I são caracterizadas pela liberação dos grânulos dos mastócitos, previamente sensibilizados, no momento em que eles entram em contato com os alérgenos. Os mastócitos sensibilizados apresentam imunoglobulinas da classe E (IgE) ligadas à sua superfície (Figura 16). Esses tipos de reações são frequentemente conhecidos como reações alérgicas, pois desenvolvem-se em resposta a alérgenos que normalmente não desencadeiam nenhum tipo de reação em indivíduos sadios. Figura 16 - Mecanismo de uma reação alérgica (hipersensibilidade tipo I) Eosinófilo Antígeno Quimiotaxinas Vasodilatação Mastócito Histamina Leucotrienos Prostaglandinas Edema Prurido Reações alérgicas ocorrem quando um sistema imune específico adaptativo foi inapropriadamente sensibilizado a um antígeno normalmente inócuo. A interação entre o antígeno e IgE na superfície dos mastócitos induz a degranulação de mastócitos e a liberação de citocinas, que induzem a sintomas alérgicos e recrutam outras células imunes, como os eosinófilos. Enquanto indivíduos sadios não são afetados pelos alérgenos, indivíduos atópicos desencadeiam respostas imunológicas exageradas contra esses elementos. 1 ANAFILAXIA SISTÊMICA – Reação anafilática intensa que decorre da liberação em todo organismo de histamina e outros mediadores químicos, produzindo severas alterações circulatórias e respiratórias. 6 LÚPUS – Doença autoimune que leva a uma reação inflamatória de vários órgãos e tecidos. 7 CITOTOXICIDADE – Algo que é tóxico à célula. 8 TUBERCULINA – Líquido estéril em que estão presentes produtos de crescimento ou substâncias específicas provenientes do bacilo da tuberculose e usados com o fim de diagnosticar essa infecção. 28 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® A atopia pode ser definida como uma característica de alguns indivíduos que apresentam tendência de desenvolver reações imunológicas exageradas em resposta a alguns fatores ambientais, ou seja, reações alérgicas. Os indivíduos normais não costumam desenvolver reações imunológicas frente a esses elementos. A atopia tem caráter genético. Alguns dos alérgenos mais comuns incluem: • Alimentos: leite, ovos, mariscos, camarão. • Insetos: ácaros. • Pelos de animais. • Polens, fungos e poeiras. Algumas das reações de hipersensibilidade tipo I mais comuns incluem: • Rinite alérgica: também chamada de febre do feno, é uma reação inflamatória da cavidade nasal causada por reação alérgica. • Asma: neste caso, a reação inflamatória está localizada nos brônquios. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 29 MANUAL DE TREINAMENTO CAPITULO 4 FUNDAMENTOS, DIAGNÓSTICOS E CONTROLE DA ASMA 1. INTRODUÇÃO Embora a asma tenha sido reconhecida há muitos séculos, nos últimos 20 a 30 anos tem havido um dramático aumento na sua prevalência nos países ocidentais industrializados. A prevalência aumentada está relacionada ao fato de que mais de 50% da população nos países ocidentalizados é alérgica, ou seja, está predisposta a distúrbios alérgicos tais como asma, eczema, urticária e rinite alérgica. Dessa população alérgica, 5% a 20% são diagnosticados como asmáticos. Estima-se que também nos países em desenvolvimento a incidência da asma vem aumentando. No Brasil ocorrem cerca de 350.000 internações por ano, sendo que as crianças colaboram com o maior número. Elas são responsáveis por importantes gastos com saúde, absenteísmo escolar, baixo rendimento físico e impacto psicossocial. Nos países em desenvolvimento, a mortalidade por asma vem aumentando nos últimos anos, correspondendo de 5% a 10% das mortes por causa respiratória, com elevada proporção de óbitos domiciliares. 2. PREVALÊNCIA DA ASMA NA INFÂNCIA O estudo ISAAC (International Study for Asthma and Alergies in Childhood) realizado em 56 países, inclusive no Brasil, mostrou uma grande variabilidade na prevalência da asma na infância, com números variando de 1,6% a 36,8%, estando o Brasil em oitavo lugar, com prevalência média de 20% (veja Figura 17). 30 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Figura 17 - Mapa mundial da prevalência da asma >10,1 7,6-10,0 5,1-7,5 2,5-5,0 0-2,5 Fonte: GINA (Global Initiative for Asthma. Global Burden of Asthma. 2004). A asma é mais prevalente em crianças do que em adultos, sendo que aproximadamente uma em cada cinco crianças apresenta sintomas da asma antes dos 10 anos de vida. Nas crianças, mais de 60% dos casos diagnosticados são em meninos, enquanto nos adultos a prevalência é maior nas mulheres. 3. DEFINIÇÃO DE ASMA A Iniciativa Global para a Asma (Global Initiative for Asthma – GINA), define asma como: “ASMA é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas. As vias aéreas cronicamente inflamadas são hiper-responsivas; tornando-se obstruídas, limitando o fluxo aéreo (pela broncoconstrição, pelos tampões mucosos e pela inflamação aumentada) quando indivíduos susceptíveis são expostos a vários fatores de risco.” GINA 2003. Essa definição realça o papel fundamental da inflamação das vias aéreas na patogênese da asma. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 31 MANUAL DE TREINAMENTO 4. CAUSAS DA ASMA A inflamação das vias aéreas é reconhecida como sendo o mecanismo-chave subjacente no desenvolvimento da hiper-responsividade das vias aéreas e, portanto, da asma. As causas dessa inflamação e sua ligação com a hiperresponsividade e com os sintomas da asma ainda não são bem compreendidas. Na verdade, ninguém realmente compreende qual é a causa da asma ou por que sua prevalência tem aumentado. A asma parece ser causada por uma combinação de fatores ambientais e genéticos. Alterações no ambiente moderno e industrializado parecem, de alguma forma, ser responsáveis pelo aumento da prevalência dessa patologia. O maior fator de predisposição para o desenvolvimento de asma é a alergia. 5. INFLAMAÇÃO NA ASMA Há muito tempo se reconhece que as vias aéreas dos pacientes asmáticos encontram-se sempre muito inflamadas. A inflamação está presente mesmo em pacientes com asma leve e com poucos sintomas. A inflamação das vias aéreas, característica do paciente com asma, é causada por um conjunto de substâncias muito complexas, chamamos esse conjunto de “Cascata Inflamatória”. Para você entender melhor, imagine uma sequência de peças de dominó, a queda da primeira peça determina a queda da outra e assim sucessivamente. Com a cascata inflamatória ocorre da mesma forma. A reação inflamatória da asma é desencadeada pela entrada de substâncias estranhas ao organismo e daí por diante diversas reações acontecem simultaneamente. Veja a Figura 18 que ilustra a cascata inflamatória, são várias células e substâncias atuando para desencadear a inflamação. É importante que você saiba que de todas as células que participam da “Cascata Inflamatória”, o eosinófilo é a mais importante. A presença em grande número dessas células no processo inflamatório da asma é o que diferencia a asma de outros processos inflamatórios das vias aéreas, tais como DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). As células epiteliais que revestem todo o trato respiratório também participam da inflamação e é sobre estas células que agem os anti-inflamatórios como os corticoides inalatórios. 32 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Figura 18 - Cascata inflamatória Antígenos Plasmócitos Células B tornam-se APCs Células epiteliais • APCs • liberam citocinas M Macrófagos • APCs • liberam ci citocinas e histamina Mastócitos • liberam citocinas, prostaglandinas, a leucotrienos e histamina Liberam anticorpos Célulass T m • liberam citocinas Cél l T Células citotóxicas e células T helper BRONCOCONSTRIÇÃO ONSTRIÇÃO O Eosinófilos • liberam citocinas, radicais livres e fatores quimiotáticos Citocinas Basófilos & Neutrófilos B • liberam eram citocinas citoci INFLAMAÇÃO Aguda Subaguda Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED Mac Macrófagos • libe liberam citocinas Crônica 33 MANUAL DE TREINAMENTO Aprendizado-chave: EOSINÓFILOS Na inflamação presente na asma, os eosinófilos são as células predominantes. A presença de eosinófilos em grande quantidade diferencia a inflamação da asma de outros processos inflamatórios. Aprendizado-chave: INFLAMAÇÃO Muitas células inflamatórias e mediadores estão envolvidos nessa cadeia de eventos, que caracteriza o processo de inflamação das vias aéreas. Os corticoides inalatórios agem em muitos pontos diferentes na cascata inflamatória, no sentido de exercer sua atividade anti-inflamatória, como veremos posteriormente. 6. ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS NA ASMA As vias aéreas normais apresentam uma estrutura similar à Figura 19. O lúmen corresponde ao espaço livre que existe no interior das vias aéreas. Observe que quando comparamos o lúmen de uma via aérea normal com o lúmen de um paciente asmático, no momento da crise, (Figura 21), o espaço para o trânsito do ar está significativamente reduzido, dificultando desse modo a respiração do paciente asmático. 34 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Figura 19 Via aérea normal Células globosas Lúmen Glândulas mucosas Figura 20 Via aérea asmática estável Células globosas Glândulas mucosas Lúmen Figura 21 Edema (inchaço) das vias aéreas, com infiltração de células inflamatórias Células globosas Via aérea asmática (contraída) Rompimento do epitélio da via aérea, com espessamento da membrana basal Aumento na massa de musculatura lisa (hipertrofia) e contração Glândulas mucosas Lúmen Ta Tampão mucoso nas pequenas vias aéreas p Vamos entender por que esse processo ocorre? O processo inflamatório desencadeia três eventos que, juntos, explicam as alterações patológicas na asma. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 35 MANUAL DE TREINAMENTO Figura 22 - Resumo das alterações patológicas da asma nas vias aéreas Evento 1 Evento 2 Evento 3 Inflamação Hipertrofia da musculatura lisa S Secreção de muco d Permeabilidade das P pa paredes respiratórias Facilita a entrada de: plasma, água, proteínas grandes e fagócitos da proliferação d celular Infiltração do fluido nos capilares pulmonares Edema da mucosa das vias aéreas Espessura das E vias aéreas Resistência ao R fluxo de ar do diâmetro d vias aéreas das Comprometimento do transporte mucociliar Dificuldade para respirar 36 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Nota Clínica: REMODELAMENTO DAS VIAS AÉREAS Ao longo de um período de tempo, se não tratado, o processo inflamatório pode levar ao remodelamento permanente das paredes das vias aéreas, com deposição de fibrina e consequente perda de elasticidade e estreitamento das vias aéreas. Essas alterações são camadas de remodelamento e, quando estabelecidas, não podem ser revertidas pelo uso de medicamentos. 7. HIPER-RESPONSIVIDADE BRÔNQUICA E BRONCOCONSTRIÇÃO O paciente asmático, quando entra em contato com estímulos tais como alérgenos e outros fatores desencadeantes, produz em suas vias aéreas uma intensa e exagerada resposta broncoconstritora. Essa resposta é conhecida como hiper-responsividade brônquica e sua presença no paciente asmático se deve principalmente à inflamação crônica que existe nas vias aéreas de pacientes asmáticos. Essa intensa broncoconstrição, causada pela contração da musculatura lisa, limita o fluxo de ar pelas vias aéreas e ainda pode aumentar a inflamação já existente e piorar os sintomas, o que denominamos crise asmática. Lembre-se de que, além do estreitamento ocasionado pela hiper-responsividade brônquica, as vias aéreas dos pacientes asmáticos também podem ter o diâmetro do lúmen reduzido pelos eventos citados anteriormente (inflamação, hipertrofia da musculatura lisa, aumento da secreção do muco e comprometimento do transporte mucociliar). O estreitamento das vias aéreas pode afetar amplamente a árvore brônquica, embora seu maior efeito se manifeste, provavelmente, nas vias aéreas periféricas, na região dos bronquíolos com 2 a 5 mm de diâmetro. O estreitamento das vias aéreas exige maior esforço respiratório, o que o paciente percebe como intenso cansaço para respirar. Esse fluxo expiratório abaixo do normal faz com que o ar seja capturado no interior dos pulmões, ocasionando a hiperinflação torácica, a qual submete o diafragma e os músculos intercostais a uma forte tensão. Isso acrescenta fadiga (cansaço) ao sofrimento do paciente. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 37 MANUAL DE TREINAMENTO 8. RESPOSTA ASMÁTICA IMEDIATA E TARDIA A resposta asmática alérgica tem início com a exposição a um alérgeno (esse alérgeno funciona como um antígeno, um corpo estranho que, neste caso, é provocador de uma reação alérgica). O alérgeno estimula as células B a produzir anticorpos IgE. Esses anticorpos ficam aderidos à superfície dos mastócitos e basófilos. Isso ocasiona a resposta inflamatória na asma. Uma nova exposição ao mesmo alérgeno induz à formação de complexos antígeno-anticorpo sobre a superfície dessas células. A formação dos complexos antígeno-anticorpo pode levar o mastócito à degranulação e à liberação de uma variedade de estímulos pró-broncoconstritores, incluindo agentes como a histamina, leucotrienos, fatores quimiotáticos e prostaglandinas, bem como citocinas pró-inflamatórias. Os macrófagos também liberam histamina e mediadores inflamatórios. Enquanto os processos inflamatórios e imunológicos estão agindo de forma continuada, seus efeitos sobre o paciente podem manifestar-se em duas fases diferentes: a resposta asmática imediata, que acontece 10 a 20 minutos após a exposição ao alérgeno, e a resposta asmática tardia, que usualmente ocorre entre 3 a 5 horas após a exposição inicial ao alérgeno. Essas fases da resposta asmática são percebidas como falta de ar, chiado no peito ou sensação de aperto no peito. 9. FATORES DESENCADEADORES Já percebemos como a inflamação, que está cronicamente presente na via aérea do paciente asmático, leva à hiper-responsividade brônquica. Quando as vias aéreas, nesse estado estimulado, entram em contato com um fator desencadeador ao qual o indivíduo é particularmente suscetível, ocorre a broncoconstrição intensa (contração da musculatura lisa). Os fatores desencadeadores incluem: • Alérgenos: pólen, fungos, pelos de animais, ácaros e insetos domésticos. • Agentes ocupacionais: detergentes, antibióticos, tintas sintéticas, resinas epóxi, metais como níquel ou cromo, solventes orgânicos etc. • Infecções: infecção viral, particularmente por rinovírus (RV), vírus sincicial respiratório (VSR) e vírus parainfluenza. • Exercícios físicos: o broncoespasmo induzido por exercícios físicos, também conhecido como asma induzida por exercícios, é causado pelo ressecamento e resfriamento do ar inspirado, durante a hiperventilação (respiração mais rápida e profunda) que ocorre ao se praticar exercícios. 38 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® • Emoção e estresse: acreditava-se que a asma podia ter um componente “neurótico” e que a emoção e o estresse poderiam realmente causar asma. Atualmente, o estresse é reconhecido como um desencadeador dos sintomas. • Tabagismo: o tabagismo passivo em crianças leva a um risco maior de desenvolver asma em não asmáticos ou piorar os sintomas de pacientes já asmáticos. • Poluentes do ar: os poluentes atmosféricos podem ser subdivididos em poluentes internos (poeira doméstica) e externos (exemplo: proveniente da queima de combustíveis ou das queimadas para limpeza do solo). 10. CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DA ASMA Assim como nos adultos, os sintomas da asma variam de leve e ocorrência intermitente à grave persistente. Esse sistema de classificação e padronização dos pacientes auxilia a definição do tratamento mais adequado e os fatores que implicam na modificação do tratamento: • quem tratar, • como tratar, • quando tratar, • como e quando modificar o tratamento. A Tabela 2 mostra o sistema de gradação adotado pelo grupo de trabalho “Iniciativa Global para Asma” (GINA), mas entidades nacionais e mesmo médicos individuais podem ter suas próprias classificações e nelas basear o tratamento. Normalmente, a classificação da asma de acordo com a gravidade é realizada na primeira consulta, antes de instituir o tratamento. Tabela 2 - Gradação clínica da asma (segundo GINA) GRAVIDADE Sintomas Dia Sintomas Noite PFE* ou VEF1** Variabilidade do PFE Intermitente <1 vez por semana Função pulmonar normal entre os episódios <2 vezes por mês Leve persistente >1 vez por semana, mas <1 vez por dia >2 vezes por mês, >80% mas <1 vez por <20-30% semana Moderada persistente Sintomas diários >1 vez por Exacerbações podem semana afetar as atividades e sono 60%-80% >30% Grave persistente Sintomas diários Exacerbações frequentes <60% >30% Frequente >80% <20% * Pico de fluxo expiratório. / ** Volume expiratório forçado no 1º segundo. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 39 MANUAL DE TREINAMENTO A asma em adultos e crianças obedece à mesma classificação, que considera a frequência dos sintomas e a função pulmonar. Nota Clínica: CLASSIFICANDO A ASMA A gravidade da asma pode ser determinada pela avaliação dos sintomas e sinais clínicos. Entretanto, confiar unicamente nessas medições pode levar ao erro, sendo que o uso de medições específicas da função pulmonar, como o PFE (pico do fluxo expiratório), fornece informação adicional valiosa. Outra forma de se classificar a asma é pelo seu estado de controle. Esse tipo de classificação é importante para que o médico defina a estratégia de tratamento: se há necessidade de se aumentar, reduzir ou trocar de medicamento. Dessa maneira, a asma pode ser classificada em controlada, parcialmente controlada ou não controlada (Tabela 3). Tabela 3 - Classificação da asma de acordo com o controle dos sintomas Característica Controlada Parcialmente controlada Sintomas diurnos Nenhum ou até 2x/sem > 2x/sem Limitação das atividades Nenhuma Sim Sintomas noturnos Nenhum Sim Necessidade de med. resgate Nenhum ou até 2x/sem > 2x/sem Função pulmonar (PEF ou FEV1) Normal < 80% Exacerbação Nenhuma Uma vez ou mais/ano Não controlada 3 ou mais características da asma parcialmente controlada presente em qualquer semana Uma em qualquer semana 11. DIAGNÓSTICO DE ASMA Esta seção descreve as etapas essenciais e as ferramentas que os médicos utilizam para um diagnóstico da asma. 11.1. HISTÓRIA DO PACIENTE E EXAME FÍSICO Conhecer a história clínica da criança é fundamental para o diagnóstico da asma. Quando se toma a história dos pais ou da criança, o médico deve perguntar detalhes sobre os sintomas atuais e passados, frequência e intensidade dos sintomas, fatores desencadeadores e o impacto dos sintomas sobre a criança e a família. 40 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® 11.2. TESTES DE FUNÇÃO PULMONAR Na asma, os testes de função pulmonar desempenham um importante papel no diagnóstico e no acompanhamento regular dos pacientes. A medição do pico do fluxo expiratório (PFE) é uma forma prática e comum de se avaliar e acompanhar o paciente. A espirometria desempenha o papel mais importante para definição do diagnóstico, entretanto, as provas de função pulmonar são ainda pouco utilizadas por médicos não especialistas, o que colabora para o subdiagnóstico da asma. Medição do pico de fluxo expiratório (PFE) A medição do pico de fluxo expiratório é um teste amplamente utilizado da função pulmonar, de fácil desenvolvimento, usando um medidor do pico de fluxo (peak flow) (veja Figura 23). Figura 23 - Medidor do pico de fluxo (peak flow) Escala (60 - 855 L/min) Bocal O medidor do pico de fluxo pode ser usado por médicos e pacientes asmáticos para avaliar a função pulmonar, tendo a vantagem de ser barato e muito simples de usar. Em muitos países, a medição do pico de fluxo é o teste padronizado para monitorar o tratamento da asma. O medidor do pico de fluxo (peak flow) mede a taxa mais rápida de fluxo de ar durante uma expiração forçada e registra essa medida como pico de fluxo expiratório (PFE). Para realizar essa medição, os pacientes inspiram profundamente e então expiram com força (sopram) dentro do peak flow, Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 41 MANUAL DE TREINAMENTO observando o valor alcançado. Repetem essa manobra três vezes e registram o maior valor encontrado nas três manobras. Os medidores do pico de fluxo são fornecidos com tabelas de valores previstos (valores de PFE que consideram o sexo, a idade e a altura do paciente) e, após duas ou três semanas de monitoria, os valores do pico de fluxo podem ser utilizados para determinar a gravidade da asma, bem como para se orientar uma intervenção (por exemplo: mudança de medicação), quando necessária. O PFE é particularmente útil na avaliação da melhora ou piora da asma de um paciente, em resposta a um dado medicamento. A comparação do PFE antes e depois da administração de um beta2 agonista (broncodilatador) é um bom indicador da reversibilidade da obstrução das vias aéreas e da presença de asma. Pais e crianças maiores com asma podem monitorar a função por si mesmos, para identificar se estão bem controlados ou em início de uma exacerbação e dessa forma ajustar a medicação ou procurar assistência médica. Os médicos, frequentemente, recomendam que os pacientes registrem seus valores de PFE, bem como o uso de broncodilatadores como medicação de resgate em um diário, de forma que eles possam checar durante as consultas médicas (veja Figura 24). Essa monitoria fornece ao médico esclarecimentos adicionais em relação à variabilidade e gravidade da asma do paciente, entre as diferentes consultas. Figura 24 - Calendário do pico de fluxo do paciente Gráfico de valores do PFE Apesar das recomendações dos médicos em relação à importância da monitoria do pico de fluxo expiratório, poucos pacientes usam seus medidores de pico de fluxo tão frequentemente quanto seus médicos aconselham ou mantêm registros diários dos seus valores de PFE e de seu uso da medicação de resgate. 42 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Espirometria A espirometria fornece informação muito mais precisa e detalhada a respeito da função ventilatória, pois mede o volume de ar que se move para dentro e para fora dos pulmões, em um dado período de tempo. Apesar de ser o meio mais preciso de determinar a limitação das vias aéreas, a espirometria é menos fácil de desenvolver e mais cara do que o uso de um simples medidor do pico de fluxo (peak flow). É usada rotineiramente nos hospitais e em consultórios de pneumologistas, como instrumento para diagnosticar e monitorar a asma, verificar a resposta ao tratamento estabelecido e a progressão da doença. Apesar de necessitar da colaboração e compreensão da criança, é um teste de realização simples que pode ser realizado nas crianças maiores. Já nos lactentes asmáticos, a espirometria fica limitada pela falta de cooperação. A espirometria não é comumente usada na clínica geral (veja Figura 25). Figura 25 - Espirômetro (imagem: cortesia da Vitalograph) Na espirometria, o paciente respira através de um bocal conectado a uma câmara móvel selada. A inspiração e a expiração alteram o volume dessa câmara. Um gráfico é gerado e várias medições podem ser feitas. Testes de sensibilidade a alérgenos Uma variedade de testes pode determinar a sensibilidade a alérgenos. Os testes cutâneos (provocados por arranhão, picada ou intracutâneo) podem ser úteis na identificação de alérgenos desencadeadores em pacientes com asma alérgica. Pequenas quantidades do alérgeno suspeito são aplicadas e a presença de inflamação localizada, indicada por uma lesão cutânea, confirmará que o paciente é suscetível ao alérgeno. Esse teste pode ajudar a determinar quais alérgenos podem ser responsáveis pelas exacerbações de asma. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 43 MANUAL DE TREINAMENTO Teste de reversibilidade A administração de um broncodilatador de curta ação (por exemplo, um beta2 agonista de curta ação), também chamado de medicação de resgate ou alívio, é frequentemente usada para testar a reversibilidade das vias aéreas e, dessa forma, auxiliar no diagnóstico da asma. Um aumento de 12% ou superior no PFE, após o uso do broncodilatador, confirma o diagnóstico de asma, afinal, como vimos, a asma se define como presença de obstrução reversível espontaneamente ou com uso de broncodilatadores. 12. ABORDAGENS NÃO TERAPÊUTICAS PARA O CONTROLE DA ASMA A educação do paciente exerce um papel-chave não apenas para ajudá-los a monitorar e controlar a asma, mas também na compreensão de suas medicações e no encorajamento para administrá-las corretamente. Outras abordagens não terapêuticas, tais como evitar os alérgenos e terapias complementares, podem ser usadas para prevenir ou aliviar os sintomas asmáticos e reduzir a necessidade de medicação. 12.1. EDUCAÇÃO E ENVOLVIMENTO DO PACIENTE Com educação apropriada e ajuda, os pacientes asmáticos podem aprender a controlar sua asma, prontamente vencer as crises leves e prevenir as exacerbações mais sérias que poderiam levar à hospitalização. O guia de autocontrole da asma, recomendado pela Estratégia Global para Controle da Asma* (iniciativa do GINA), determina que um paciente com asma deve ser capaz de: • Tomar os medicamentos corretamente. • Compreender a diferença entre medicações de alívio rápido e medicações preventivas de longo prazo. • Evitar os agentes desencadeadores. • Monitorar seu estado clínico por meio da percepção dos sintomas e, se possível, com controles regulares do PFE. • Reconhecer sinais de que a asma está piorando e tomar as atitudes apropriadas. • Seguir etapas de ação personalizadas e bloquear as crises. • Procurar auxílio médico no momento mais apropriado para interromper as exacerbações graves. *Estratégia Global do Controle da Asma – Controle e prevenção – Atualizado em abril de 2002. Publicação NIH, nº 02-3659. 44 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Os médicos podem ajudar os pacientes a monitorar a asma estabelecendo planos de tratamento individualizados. Esses planos podem ter como base o pico de fluxo ou a monitoria dos sintomas. Nesse último caso, um paciente pode aumentar a dose de seu corticoide inalatório, em resposta a uma queda no PFE. No último caso, o paciente pode fazer o mesmo em resposta ao uso elevado da medicação de resgate, à noite. Em ambos os casos, os pacientes estão assumindo responsabilidade pelo controle dia a dia da asma. Para o controle bem-sucedido da asma, a educação do paciente deve continuar no longo prazo. O paciente e o profissional de saúde devem regularmente revisar juntos a efetividade das medicações, as habilidades orientadas de autocuidado do paciente, bem como quaisquer preocupações dele em relação à sua asma ou ao seu tratamento. 12.2. EVITAR OS ALÉRGENOS Para muitas pessoas com asma, evitar alérgenos ou outros fatores desencadeadores pode ajudar a reduzir sua necessidade de medicação. A maioria das medidas para a redução de alérgenos relaciona-se ao ambiente doméstico e inclui: • Usar regularmente o aspirador de pó. • Usar ar-condicionado e filtração para limitar o pólen e a poeira. • Remover as fontes de pelos, tais como animais de estimação e travesseiros de plumas. • Utilizar inseticidas contra carrapatos e baratas. • Eliminar qualquer área potencial de crescimento de bolor. 13. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Dois tipos principais de medicação atuam no tratamento da asma: • Medicações de alívio imediato, conhecidas como medicações de resgate ou de alívio. Trabalham rapidamente para interromper os sintomas ou as crises e são usadas pelos pacientes num regime variável, conforme necessário. • Medicações preventivas de longo prazo, conhecidas como medicações de controle ou de manutenção, devem ser usadas diariamente e continuamente. Essas medicações evitam o início dos sintomas e crises e, dessa forma, mantêm a asma persistente sob controle por meio do controle da inflamação. Os medicamentos inalatórios são preferíveis no controle da asma, pois em geral proporcionam uma razão terapêutica superior em comparação com os medicamentos orais. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 45 MANUAL DE TREINAMENTO 13.1. BRONCODILATADORES O objetivo dos broncodilatadores é reverter a broncoconstrição, o componente da asma mais perturbador aos pacientes, pois é percebida como os sintomas de falta de ar, aperto no peito etc. Os broncodilatadores fornecem tratamento sintomático e têm pequeno impacto sobre a inflamação. Beta2 agonistas (β2 agonistas) Os beta2 agonistas de curta ação têm sido o eixo central na terapia broncodilatadora. Desde os anos 60, são a forma mais comum de terapia de alívio em uso. Mais recentemente, beta2 agonistas de longa ação foram introduzidos para controle dos sintomas. Os beta2 agonistas imitam a ação do neurotransmissor noradrenalina na divisão simpática do sistema nervoso autônomo. A estimulação do receptor beta2 causa dilatação da musculatura lisa das vias aéreas, dilatando os bronquíolos. A redução na resistência das vias aéreas, obtida com essa broncodilatação, torna a respiração mais fácil. Essas drogas são, portanto, particularmente efetivas para o alívio dos sintomas provocados pela broncoconstrição (veja Figura 26). 46 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Figura 26 - Ações de drogas antiasmáticas Broncodilatadores (agonistas beta2, teofilina e anticolinérgicos) agem sobre a musculatura lisa Agonistas beta2 e xantinas estimulam os cílios Musculatura lisa Capilar sanguíneo Glândula mucosa Corticoides agem sobre as glândulas mucosas, musculatura lisa e células inflamatórias Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 47 MANUAL DE TREINAMENTO Os efeitos colaterais dos beta2 agonistas são dependentes da dose e estão associados aos efeitos sistêmicos indesejáveis dos beta2 agonistas sobre os receptores beta2, em outras partes do corpo, tais como o coração. Eles incluem: • Tremores, particularmente das mãos. • Palpitações e taquicardia. • Cefaleia e perturbação do sono. • Hiperatividade (agitação). Em razão desses efeitos cardíacos, esses fármacos devem ser utilizados com cautela em paciente com insuficiência cardíaca. Existem dois tipos de beta2 agonistas e são classificados de acordo com sua duração de ação em: • Beta2 agonistas de curta ação (Short Action Beta2 Agonists – SABAs) Esses agentes estão em geral nas primeiras etapas da terapia e são usados para aliviar os sintomas quando eles ocorrem. Os SABAs são administrados em geral por inalação, já que as preparações orais que existem são menos eficazes. Eles têm início de ação de 3-4 minutos, atingindo seu efeito máximo dentro de 30 minutos, com duração de ação de 3-5 horas. Exemplos incluem o salbutamol (Aerolin®, GSK) e fenoterol (Berotec®, Boehringer). Uma vez que os SABAs são utilizados na presença de sintomas, a quantidade de seu uso por um paciente depende da avaliação da gravidade de sua asma e/ou a resposta ao tratamento de controle da asma. Os beta2 agonistas de curta ação devem ser prescritos para o uso conforme a necessidade, no sentido de aliviar os sintomas. Eles não devem ser usados como uma medicação regular de manutenção. O uso muito frequente de beta2 agonistas de curta ação sugere um inadequado controle da asma. • Beta2 agonistas de longa ação (Long Action Beta2 Agonists – LABAs) Esses medicamentos atuam no controle dos sintomas e são administrados por inalação de forma regular, usualmente 2 vezes ao dia, pois têm efeito por até 12 horas. Duas preparações são disponíveis: salmeterol (Serevent®, GSK), formoterol, (Fluir®, Mantecorp; Foradil®, Novartis; Formocaps®, Aché). O início de ação do formoterol é rápido, semelhante ao dos SABAs, ao passo que o salmeterol tem início de ação em 20 minutos. Os LABAs são úteis no controle dos sintomas da asma noturna e podem também ser usados para a prevenção de broncoespasmo induzido por exercícios físicos. 48 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Os LABAs são recomendados como tratamento complementar naqueles pacientes não controlados por doses moderadas de corticoides inalatórios (CIs), para se evitar o aumento de dose do corticoide inalatório. Nesse caso, eles podem ser usados em dispositivos separados ou, como são frequentemente usados, em formulações de combinação fixa, ou seja, os dois medicamentos, corticoide inalatório e broncodilatador, em um só dispositivo. Broncodilatadores anticolinérgicos (ou antimuscarínicos) Na via parassimpática, o neurotransmissor acetilcolina estimula receptores colinérgicos (ou muscarínicos) localizados nos pulmões para produzir broncoconstrição. Os broncodilatadores anticolinérgicos agem para bloquear a ação da acetilcolina e, dessa forma, reduzir sua atividade broncoconstritora. Além de bloquear a contração da musculatura lisa, os anticolinérgicos reduzem a secreção de muco pelas glândulas mucosas e pelas células globosas. Eles são de fato broncodilatadores relativamente fracos e, por isso, são principalmente usados em conjunto com beta2 agonistas de curta ação. O anticolinérgico mais usado na asma é o brometo de ipatrópio (Atrovent®, Boehringer Ingelheim). Esses agentes, considerados de segunda linha no tratamento da asma, são recomendados aos pacientes asmáticos que têm dificuldade para tolerar os efeitos colaterais dos beta2 agonistas, embora eles não sejam geralmente tão efetivos quanto os beta2 agonistas. Xantinas (teofilina) Embora não completamente compreendido, o mecanismo de ação das xantinas parece ter caráter broncodilatador e anti-inflamatório, podendo também envolver os seguintes mecanismos: • Redução no número de eosinófilos presentes nas vias aéreas. • Inibição da liberação de citocinas e outros mediadores inflamatórios. • Relaxamento da musculatura lisa brônquica. As xantinas não agem sobre receptores específicos e estão livremente biodisponíveis e, por isso, associadas a uma maior frequência de eventos adversos. A xantina mais comumente utilizada é a teofilina. A aminofilina é uma mistura de teofilina e etilenodiamina, o que aumenta a solubilidade da droga na água, tornando-a mais fácil para administrar por injeção/infusão durante as crises de asma mais graves de pacientes em ambiente hospitalar. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 49 MANUAL DE TREINAMENTO Embora a teofilina tenha sido um agente de primeira linha para o tratamento da asma, seu uso tem declinado significativamente. Isso se deve à sua fraca atividade broncodilatadora, preocupações sobre seus efeitos colaterais e a necessidade de uma monitoria do nível da droga no sangue. Essas questões tornam esse medicamento complicado e, portanto, de uso bastante limitado. 13.2. CORTICOIDES Os corticoides (ou corticosteroides ou esteroides) são uma classe de hormônios de estruturas químicas semelhantes, que existem como hormônios naturais, quando liberados pelas glândulas adrenais localizadas no córtex do rim (veja Figura 27) ou em suas formas equivalentes sintéticas. Os corticoides têm uma ampla faixa de atividades: • Mineralocorticoides: afetam a quantidade de água e o equilíbrio eletrolítico no corpo. Exemplo: aldosterona. • Glicocorticoides: afetam o metabolismo de carboidratos e proteínas e têm importantes ações anti-inflamatória e imunossupressora. Exemplo: hidrocortisona e corticosterona, entre muitos outros. Figura 27 - As glândulas adrenais Rins Glândulas adrenais produzem glicocorticoides 50 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Entre os corticoides naturais, entretanto, existe um certo grau de sobreposição entre as ações mineralocorticoides e glicocorticoides. Isso significa que alguns desses hormônios podem afetar tanto a água e os eletrólitos do corpo como o metabolismo da glicose e das proteínas. Existem também alguns corticoides sexuais que são liberados pelas glândulas adrenais, principalmente os andrógenos, que têm atividade similar à da testosterona. Por causa da ação no aumento da massa muscular, eles são chamados de corticoides anabólicos. Os corticoides sintéticos são produzidos de forma que as ações mineralocorticoide e glicocorticoide sejam separadas. Os corticoides estimulam a produção de proteínas anti-inflamatórias e reduzem a produção de uma variedade de mediadores inflamatórios. Na asma, os corticoides reduzem a inflamação e, dessa forma, diminuem o edema e a secreção excessiva de muco; mas não têm efeito broncodilatador e não são capazes de aliviar os sintomas, uma vez que a crise tenha se iniciado. Eles, portanto, têm um papel preventivo de longo prazo. A via inalatória é preferida, já que a droga é “entregue” diretamente no local da inflamação, isto é, boa parte da droga administrada é depositada sobre o epitélio brônquico inflamado e os efeitos sistêmicos são minimizados. Corticoides orais Tratamentos de curto prazo com corticoides orais, tais como a prednisona ou a prednisolona, são frequentemente utilizados durante as exacerbações de asma mais graves ou prolongadas, embora pacientes com asma grave requeiram terapia de manutenção com corticoides orais, além do tratamento com corticoides inalatórios e broncodilatadores. Os corticoides podem produzir efeitos colaterais variados e sérios, incluindo redução da velocidade do crescimento em crianças, ulceração péptica, pancreatite aguda, efeitos músculo-esqueléticos incluindo osteoporose, efeitos endócrinos incluindo a síndrome de Cushing (face de lua com enfraquecimento dos membros e alargamento do tronco), efeitos psiquiátricos incluindo depressão e efeitos oftalmológicos incluindo glaucoma. Os efeitos colaterais tendem a aparecer quando a dose diária excede os 7,5 mg por mais que algumas semanas. A administração em dias alternados pode reduzir esse risco, mas pode não ser tão efetiva no controle dos sintomas. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 51 MANUAL DE TREINAMENTO Corticoides inalatórios (CIs) Quando os corticoides foram usados pela primeira vez na asma, a via oral era a única via disponível para administração, e doses elevadas eram necessárias para gerar níveis terapêuticos nos locais afetados, isto é, nos tecidos das vias aéreas. O tratamento era, portanto, limitado pelos efeitos colaterais sérios de longo prazo. O desenvolvimento posterior dos corticoides inalatórios (veja Figura 28) representou uma enorme inovação no tratamento da asma. A deposição desses fármacos ocorre diretamente nas vias aéreas e, portanto, doses mais baixas podem ser utilizadas resultando em eficácia, evitando-se dessa forma os efeitos colaterais verificados com as doses elevadas do tratamento oral. Figura 28 - Tratamento com corticoide inalatório Os corticoides inalatórios (CIs) têm-se tornado a pedra angular da terapia de manutenção de asma, devido à sua insuperável eficácia anti-inflamatória. Em todos os pacientes asmáticos que apresentem sintomas asmáticos mais de uma vez por semana devem ser usados corticoides inalatórios regularmente para reduzir a inflamação que é base da doença asmática. Os medica mentos mais comumente utilizados são: • beclometasona (Miflasona®, Novartis; Clenil®, Farmalab); • budesonida (Pulmicort®, AstraZeneca; Miflonide®, Novartis; Busonid®, Aché); • fluticasona (Flixotide®, GSK; Fluticaps®, Aché); • ciclesonida (ALVESCO®, Nycomed, lançado em agosto de 2005 no Brasil). • mometasona (Oximax®, Mantecorp). 52 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Efeitos colaterais dos corticoides inalatórios Embora a eficácia de longo prazo e o papel dos corticoides inalatórios (CIs) não tenham competidores à altura no tratamento de adultos e crianças asmáticas, existem ainda preocupações sobre os possíveis efeitos colaterais, particularmente em crianças e pacientes requerendo doses elevadas. Os efeitos colaterais são frequentemente dependentes da dose e podem ser classificados como locais ou sistêmicos (veja Tabela 4 e Figura 29); esses últimos sendo foco de maiores preocupações, embora os primeiros sejam muito prejudiciais à saúde. Tabela 4 - Efeitos colaterais dos corticoides inalatórios Efeitos colaterais locais Efeitos colaterais sistêmicos Candidíase oral (monilíase) Redução da velocidade de crescimento em crianças Tosse Supressão adrenal Disfonia (qualquer distúrbio da voz) Osteoporose Rouquidão Adelgaçamento da pele Fragilidade da pele Catarata Glaucoma Distúrbio metabólico (distúrbios da produção da insulina) Distúrbios psiquiátricos Efeitos colaterais locais • Candidíase oral (monilíase) A candidíase oral, popularmente conhecida como “sapinho”, produzida pela presença de fungos na cavidade orofaríngea, pode ser um problema em alguns pacientes, particularmente nos pacientes idosos, naqueles que usam doses elevadas de corticoides e naqueles que recebem também corticoides orais. Ocorre em consequência da presença do corticoide depositado na orofaringe no momento da inalação, suprimindo as defesas locais e facilitando a proliferação de fungos (Candida albicans). O uso de dispositivos espaçadores e o enxágue da boca após inalação podem reduzir a incidência desses efeitos colaterais, por diminuir a deposição do CIs na orofaringe. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 53 MANUAL DE TREINAMENTO Figura 29 - O destino dos corticoides inalatórios após a inalação Pulmão Tipicamente 10-40% de deposição no pulmão Inalação do CI Potencial para efeitos colaterais locais boca/faringe Absorção completa no pulmão Fração biodisponível oralmente Absorção no intestino Deglutição típica de 60-90% (reduzida pelo espaçador ou lavagem bucal) Circulação sistêmica / Potencial para efeitos colaterais sistêmicos Trato GI Fígado Metabolismo de primeira passagem • Tosse Tosse e irritação da garganta podem ocorrer em pacientes em uso de CIs por meio de inalador dosimetrado (MDI). Acredita-se que esses sintomas sejam decorrentes da presença de propelentes nos aerossóis pressurizados. • Disfonia/rouquidão A disfonia, rouquidão na voz, pode afetar cerca de 50% dos pacientes que usam corticoides inalatórios por meio de MDIs. Esse efeito não é reduzido de forma apreciável com o uso de espaçadores. A rouquidão geralmente desaparece quando a medicação é descontinuada. Efeitos colaterais sistêmicos A absorção sistêmica dos CIs ocorre em dois locais principais, o intestino e os pulmões. Nos pulmões, acontece a deposição das partículas da droga sobre o fundo da garganta, que é seguida pela deglutição. A deposição é reduzida pelo uso de espaçadores que diminuem o impacto do medicamento no fundo da garganta, enquanto a lavagem bucal (sem deglutição) pode remover a droga da orofaringe antes de ser ingerida. 54 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Os efeitos adversos potenciais dos CIs absorvidos através do trato gastrointestinal ou dos pulmões têm sido extensivamente estudados desde a introdução dos corticoides inalatórios, que ocorreu há 30 anos. 13.3. PRODUTOS EM COMBINAÇÃO Alguns pacientes requerem duas ou mais medicações para controlar a asma. A combinação de dois medicamentos em um único produto pode ajudar a simplificar o tratamento da perspectiva do paciente e pode também melhorar a aderência do mesmo. A principal desvantagem dos produtos em combinação é o fato de que a dose ou frequência de administração de cada agente individual não pode ser modificada em resposta às alterações na asma do paciente. Ao longo dos anos, vários produtos em combinação foram desenvolvidos: • Beta2 agonistas de curta ação (SABAs) e corticoides inalatórios (por exemplo, beclometasona e salbutamol – Aerotide®, GSK; Clenil Compositum®, Farmalab) Essa combinação não é a primeira escolha, pois a maioria dos médicos acredita que a combinação de um corticoide inalatório e um beta2 agonista de curta ação (SABA) não é apropriada, com base no fato de que SABAs devem ser usados conforme necessário (para alívio dos sintomas quando presentes) e não de forma regular. • Antagonistas anticolinérgicos e beta2 agonistas de curta ação (por exemplo, salbutamol e brometo de ipratrópio – Combivent®, Boehringer Ingelheim; Fenoterol e brometo de ipratrópio – Duovent®, Boehringer Ingelheim) Essas combinações são mais apropriadas e frequentemente usadas na DPOC, onde são usadas de forma regular. • Corticoides inalatórios e beta2 agonistas de longa ação (LABAs) (por exemplo, fluticasona e salmeterol – Seretide®, GSK budesonida e formoterol – Alenia®, Aché; Foraseq®, Novartis; Symbicort®, AstraZeneca) Esses agentes foram introduzidos mais recentemente e estão se mostrando altamente populares. Os beta2 agonistas de longa ação (LABAs) são recomendados nas diretrizes nacionais e internacionais, para serem utilizados de forma regular duas vezes ao dia juntamente com corticoides inalatórios, nos pacientes com asma moderada a grave. Eles não são recomendados para pacientes com asma leve, já que os LABAs não são necessários nesses casos. Uma desvantagem importante dessas combinações é que os pacientes com planos de autocontrole são incapazes de aumentar ou reduzir a dose do corticoide inalatório, em reposta à piora dos sintomas. Não há flexibilidade do tratamento. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 55 MANUAL DE TREINAMENTO 13.4. ANTAGONISTAS DO RECEPTOR DE LEUCOTRIENO (LEUKOTRIENE RECEPTOR ANTAGONISTS – LTRAS) Os antagonistas do receptor de leucotrieno (LTRAs) agem por meio do bloqueio aos efeitos desses mediadores inflamatórios. Os LTRAs são usados como agentes preventivos (de controle ou manutenção), seja como monoterapia, seja em combinação com corticoides, com os quais parecem ter um efeito aditivo. Nem todos os pacientes respondem bem aos LTRAs, pois têm leves efeitos antiinflamatórios e não agem uniformemente em todos os pacientes. Os LTRAs também têm uma modesta atividade broncodilatadora na asma leve, relatada como correspondendo a um terço do efeito do salbutamol. Esses agentes não são usados para terapia aguda (como medicamento de alívio). Os LTRAs são menos apropriados na asma grave, quando outros agentes são mais efetivos. Os LTRAs são administrados oralmente, uma ou duas vezes ao dia. Esses agentes incluem o montelucaste (Singulair®, Merck). Os efeitos colaterais podem incluir distúrbios gastrointestinais. 13.5. ANTICORPO ANTI-IGE MONOCLONAL O omalizumab (Xolair®, Novartis) é o primeiro medicamento de uma nova classe terapêutica, os bloqueadores da imunoglobulina IgE. A IgE é responsável pelos sintomas da asma de origem alérgica. Está indicado para os casos de asma moderada ou grave, em que a origem alérgica está bem definida. O omalizumab não é um medicamento de alívio e não deve ser administrado para o tratamento dos sintomas; tampouco substitui os corticoides inalatórios. Em razão de seu elevado custo e da necessidade de administração em ambiente hospitalar, esse medicamento deve ser iniciado quando existir comprovada falha das demais medidas terapêuticas. 14. DISPOSITIVOS DE INALAÇÃO A via inalatória é a via preferencial para os medicamentos antiasmáticos, já que o agente é distribuído rapidamente para o local onde a ação se faz necessária – os pulmões – e os efeitos colaterais sistêmicos são, em grande parte, evitados. A distribuição ao órgão-alvo permite menores doses do que se a droga fosse administrada oralmente, e isso também ajuda a evitar efeitos colaterais. Nem todos os medicamentos antiasmáticos podem ser administrados por inalação. A teofilina, por exemplo, é removida dos pulmões muito rapidamente, e os antagonistas do receptor de leucotrieno somente estão disponíveis em formulações orais. 56 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Existem muitos dispositivos de inalação disponíveis, mas eles tendem a cair em uma de três categorias básicas: inaladores dosimetrados (MDIs sprays), inaladores de pó seco (DPIs) e nebulizadores. Em cada caso, o dispositivo deve ser usado corretamente e a educação e/ou treino do paciente é um aspecto essencial da opção terapêutica. 14.1. INALADORES DOSIMETRADOS Os inaladores dosimetrados (Metered Dose Inhaler – MDIs) são o tipo mais comum de dispositivo de medicamentos antiasmáticos e compreendem um aerossol pressurizado (spray) que libera uma dose medida da droga. O agente ativo está suspenso em um propelente volátil que permanece no estado líquido sob pressão, mas evapora formando gás quando é liberado (veja Figura 31). Para homogeneizar a suspensão em alguns medicamentos, o inalador deve ser agitado antes do uso. Tradicionalmente, esses inaladores são comumente chamados de spray e têm usado um propelente à base de clorofluorcarbono (CFC), mas preocupações ambientais geraram um consenso internacional segundo o qual os inaladores com CFC deveriam ser removidos de todos os produtos, até o ano de 2006. Figura 30 - Inalador dosimetrado Frasco de alumínio contém a droga ativa Corpo do dispositivo Bocal Tampa protetora Os propelentes à base de CFC, que danificam a camada de ozônio, estão agora sendo substituídos por hidrofluoralcano (HFA). ALVESCO® já foi lançado na formulação spray (HFA). Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 57 MANUAL DE TREINAMENTO O dispositivo é operado ao exercer-se uma pressão sobre o fundo do recipiente metálico (frasco de alumínio) que fica encaixado em uma válvula com mola. Partículas pequenas no interior do frasco são bombeadas para fora, a uma velocidade de 30 metros por segundo. Cada inalação libera a mesma dose reprodutível do medicamento. Os pacientes devem coordenar uma rápida inalação começando exatamente antes do acionamento do dispositivo, para uma correta distribuição da droga. Estudos têm mostrado que 50% dos pacientes usam seus dispositivos de forma incorreta e que 15% daqueles que o usam corretamente desenvolvem posteriormente uma técnica incorreta. Portanto, esforços significativos por parte dos profissionais de saúde são necessários não apenas na instrução inicial do paciente, mas também para a manutenção de uma técnica correta de uso desses dispositivos ao longo do tempo. Dispositivos espaçadores Os espaçadores de grande volume são dispositivos que podem ajudar aqueles pacientes que não usam os MDIs corretamente. Esse dispositivo, apesar de grande e incômodo, elimina a necessidade de coordenar a inalação com o acionamento do MDI. Ao usar o MDI acoplado ao espaçador, o MDI é descarregado no interior do espaçador; o medicamento permanece como uma mistura fina dentro do espaçador e o paciente pode então inalar vagarosamente o medicamento. Mesmo com boa técnica, apenas uma pequena proporção de cada dose inalada de um MDI que utiliza o CFC como propelente atinge as pequenas vias aéreas, onde o medicamento é realmente necessário. Aproximadamente 10% da dose é perdida ao sair da válvula; outros 70% das partículas do aerossol colidem com o fundo da garganta (impactação), onde se misturam com a saliva, sendo subsequentemente deglutidos; e outros 10% das partículas impactam com as paredes das ramificações da árvore traqueobrônquica. Restam os 10% finais das partículas, que são carregados com o fluxo de ar laminar e atingem as vias aéreas inferiores. A deposição na orofaringe e deglutição das partículas do medicamento podem levar a efeitos colaterais não desejados na faringe, enquanto o efeito resfriador do aerossol pode perturbar a inalação do paciente (veja Figura 31). 58 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Figura 31 - Deposição na orofaringe Colisão de partículas com o fundo da garganta O dispositivo espaçador ajuda a superar esse problema também. A mistura criada no espaçador pode ser inalada vagarosamente, poucas partículas impactam com o fundo da garganta, menos droga é deglutida e mais droga é varrida para o pulmão pelo fluxo aéreo (veja Figura 32). Figura 32 - Dispositivo espaçador Bocal Espaçador Inalador Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 59 MANUAL DE TREINAMENTO Aprendizado-chave: DEPOSIÇÃO NA OROFARINGE Com a maioria dos MDIs, a maior parte da dose inalada acaba impactando com o fundo da garganta e é então deglutida junto com a saliva. Devido ao menor tamanho das partículas que são produzidas com o inalador ALVESCO®, uma porção significativamente maior da dose é inalada diretamente para os pulmões, deixando uma parte menor da droga na boca com potencial para efeitos colaterais locais. Uma menor porção da droga entra no intestino, após ser deglutida. Isso também fornece várias vantagens adicionais: com ALVESCO®, em muitos casos, nenhum espaçador é necessário para facilitar a administração correta e os problemas de coordenação são atenuados devido à elevada deposição pulmonar proporcionada pelo dispositivo. Essas questões treinamento. serão discutidas posteriormente, no programa de Avanços dos inaladores dosimetrados A distribuição da droga ativa para as vias aéreas inferiores tem também sido significativamente melhorada com os novos desenvolvimentos na tecnologia de inalação baseada em HFA (pela 3M e outras companhias), que reduz o nível de impactação na orofaringe, produzindo partículas com tamanhos menores na orofaringe. Essas partículas menores são mais rapidamente transportadas no fluxo de ar laminar e, como resultado disso, mais de 50% da droga distribuída atingirá as vias aéreas. Isso oferece vários benefícios potenciais: • Menos corticoide é ingerido, levando a uma melhor segurança. • Penetração mais profunda nas eficácia. pequenas vias aéreas, o que melhora a • Doses menores são necessárias para atingir os mesmos resultados terapêuticos que os medicamentos com partículas maiores. • Há menor probabilidade de efeitos colaterais locais relacionados à impactação (por exemplo, tosse). ALVESCO® utiliza o dispositivo com propelente HFA da 3M e está formulado como uma solução (dissolução homogênea da ciclesonida), em vez da formulação em suspensão, que é mais comum. Ambos os fatores permitem que ALVESCO® seja liberado em partículas muito finas que atingem facilmente as vias aéreas mais inferiores. Além disso, ALVESCO® não precisa ser agitado antes da administração como nos CIs em CFC. 60 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® 14.2. INALADORES DE PÓ SECO Os inaladores de pó seco (DPIs – dry powder inhalers) usam a força do fluxo inspiratório do próprio paciente para liberar a droga. Nenhum propelente é usado, mas os pacientes devem ser capazes de gerar uma taxa de fluxo inspiratório suficiente para ativar o dispositivo. O primeiro DPI (Rotahaler®, da GSK) precisou ser carregado manualmente com a droga, que vinha na forma de uma cápsula, antes de cada operação. Desenvolvimentos subsequentes levaram a dispositivos que usavam discos de múltiplas doses (Diskhaler®, da GSK) e, mais recentemente, pré-carregados (Diskus®, da GSK e Turbohaler®, da AZN). Nesses dispositivos, em particular, a droga liberada possui um agente encorpante de lactose, o qual, por si só, pode causar reações adversas. Particularmente no Brasil, os inaladores DPIs têm maior participação de mercado que os MDIs como ALVESCO®. Figura 33 - Inaladores de pó seco Miflonide® Miflasona® Turbohaler® Diskus® Busonid Caps® 14.3. NEBULIZADORES Um nebulizador é uma máquina que produz uma fina mistura de partículas contendo medicamento. Isso é atingido usando um jato de ar ou, menos comumente, atomização ultrassônica. O ar pode ser fornecido por um suprimento domiciliar de oxigênio ou através de um compressor nebulizador. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 61 MANUAL DE TREINAMENTO A câmara nebulizadora contém uma solução da droga (ou suspensão, no caso da maioria dos CIs), enquanto um compressor (veja Figura 34) ou cilindro com oxigênio domiciliar produz um jato de ar que age para atomizar o líquido. Figura 34 - Nebulizador Bo Bocal Câmara nebulizadora Unidade compressora Um filtro captura quaisquer partículas maiores e a droga é inalada através de um bocal, ou máscara para crianças pequenas, ao longo de um período de 5 a 10 minutos (veja Figura 35). Figura 35 - Nebulizador com máscara facial e bocal Bocal Máscara facial Câmara nebulizadora contendo solução nebulizadora Suprimento de oxigênio A maioria dos nebulizadores não é convenientemente portátil, mas eles podem ser úteis em pacientes tais como os recém-nascidos ou aqueles muito idosos, que não podem operar facilmente outros dispositivos similares aos MDIs. Além disso, eles podem liberar doses muito maiores que aquelas liberadas pelos dispositivos do tipo MDI ou DPI e, por essa razão, são frequentemente usados 62 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® como primeira linha no tratamento de exacerbações graves, usualmente nas salas de emergência dos hospitais. Alguns pacientes mantêm um nebulizador em casa, para o caso de terem uma crise grave de asma. Existem, entretanto, poucas vantagens (exceto para os pacientes que têm dificuldade em manipular inaladores regulares) e muitas desvantagens em usar os nebulizadores, em vez dos MDIs com espaçador, fora do ambiente hospitalar. De acordo com o GINA, em particular para as crianças, deve ser prescrito o dispositivo mais adequado: • Crianças menores de 4 anos de idade deveriam usar spray MDI com máscara facial ou um nebulizador com máscara. • Crianças em idades entre 4 a 6 anos deveriam usar MDI com espaçador e bocal, um DPI ou, se necessário, um nebulizador com máscara facial. • Crianças com idade superior a 6 anos que tenham dificuldade em usar MDI deveriam usar espaçador, um DPI ou um nebulizador. • DPIs requerem um esforço inspiratório que pode ser difícil durante as crises mais graves. • Crianças que apresentem crises mais graves deveriam usar MDI com espaçador ou nebulizador. Administração oral A terapia para asma pode também ser distribuída através da via oral e, em alguns casos, essa é a única via disponível (por exemplo, antagonistas do receptor de leucotrieno, teofilina). Em outras situações, a administração oral de medicamentos antiasmáticos, como beta2 agonistas, pode ser usada se o paciente não puder usar um dispositivo inalador, como é o caso dos recémnascidos e dos pacientes muito idosos ou outros cuja adesão ao tratamento é pequena. 14.4. DIRETRIZES PARA O CONTROLE DA ASMA Numa tentativa de fornecer uma abordagem racional para o tratamento da asma, vários planos de ação e controle (diretrizes) começaram a surgir no início dos anos 90. A meta desses planos era a de fornecer uma abordagem unificada para controlar e, em última análise, encorajar os pacientes ao autocontrole sob a supervisão de seus profissionais de saúde. Internacionalmente, a Iniciativa Global para a Asma (GINA – Global Initiative for Asthma) foi criada para ajudar os profissionais de saúde, e os órgãos públicos de saúde do mundo inteiro, a reduzir a prevalência, a morbidade e a mortalidade da asma. A Estratégia Global para o Controle e Prevenção da Asma é um esforço conjunto do Instituto Nacional do Coração, Pulmões e Sangue (baseado nos EUA), da Organização Mundial de Saúde e do GINA. Suas publicações abrangem instruções sobre o controle da asma para profissionais de saúde e para os Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 63 MANUAL DE TREINAMENTO pacientes e defendem o tratamento passo a passo, ou seja, por etapas, para o tratamento da asma e o uso de medicações antiasmáticas. As seguintes diretrizes (conhecidas como GINA) têm por base as recomendações da Estratégia Global para o Controle e Prevenção da Asma. Objetivos do tratamento O GINA define os seguintes objetivos pra o tratamento da asma na criança: • Evitar qualquer sintoma, de dia ou à noite. • Evitar crises intensas. • Usar pouco ou nenhuma medicação de resgate. • Ter uma vida produtiva, fisicamente ativa. • Função pulmonar normal ou próxima do normal. Abordagem passo a passo (por etapas) para o controle da asma Como a asma é bastante variável em relação à sua intensidade, tanto entre os pacientes quanto ao longo do tempo, o GINA recomenda que seu tratamento seja feito por etapas, passo a passo. O objetivo dessa abordagem é controlar a asma com o mínimo possível de medicação. O número e a frequência das medicações aumenta à medida que a asma piora (step up) e diminui quando a asma está sob controle (step down). Enfatiza-se a necessidade de evitar ou controlar os desencadeadores dos pacientes a cada etapa. Após a classificação da gravidade da asma de um paciente, a Estratégia Global sugere que os médicos julguem se devem iniciar o tratamento com um nível elevado para atingir o controle tão rápido quanto possível e então reduzir a medicação (step down) ou se, por outro lado, devem iniciar com um nível mais baixo e então aumentar o tratamento conforme necessário. Uma vez que o controle esteja mantido por cerca de 3 meses, uma redução na terapia pode ser considerada (step down). Essa abordagem de redução ajuda a identificar a menor quantidade de medicamento necessária para o controle. A gravidade da asma dos pacientes orienta as decisões de tratamento. A Etapa 1 na Estratégia Global representa a categoria menos grave de asma e a Etapa 4 representa a mais grave. A abordagem por etapas adota o mesmo tratamento para crianças acima de 5 anos e adultos e está resumida na Tabela 5. 64 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Tabela 5 - Diretrizes para o tratamento por etapas da asma em adultos e crianças com mais de 5 anos de idade (adaptada da Estratégia Global para o Controle e Prevenção da Asma) Asma Intermitente Asma Leve Persistente Etapa 1 Etapa 2 Asma Moderada Persistente Etapa 3 Asma Grave Persistente Etapa 4 STEP Up STEP Down Manutenção: • Baixa ou média dose de corticoide inalatório diariamente Manutenção: Manutenção: • Nenhuma • Baixa dose de corticoide inalatório diariamente Alternativas: teofilina de liberação lenta ou antagonistas de leucotrienos • Beta2 agonista de longa ação inalado diariamente Alternativas: dose média de CI mais teofilina de liberação lenta, ou média dose de CI mais beta2 de longa, ou alta dose de CI ou média dose de CI mais antagonistas de leucotrieno Manutenção: • Alta dose de corticoide inalatório diariamente • Beta2 agonista de longa ação inalado diariamente mais (se necessário) um ou mais dos seguintes: - teofilina de liberação lenta - antagonista de leucotrieno - beta2 agonista de longa ação • Quando a asma está controlada - reduzir a terapia • Monitorar - corticoide oral Alívio: beta2 agonista de ação rápida inalatório se necessário Objetivo: Controle da Asma Objetivo: Melhor Resultado Possível Para todos os níveis de asma persistente: além do medicamento de controle, os beta2 agonistas de curta ação inalatórios1 devem ser usados conforme necessário, no sentido de aliviar os sintomas; mas não devem ser usados mais que 3-4 vezes ao dia. A educação do paciente é essencial a cada etapa. Em todas as etapas: uma vez que o controle da asma seja atingido e mantido por pelo menos 3 meses, deve ser tentada uma redução gradual da terapia de manutenção, no sentido de identificar a terapia mínima necessária para a manutenção do controle. ¹ Outras opções para medicações de alívio são (em ordem crescente de custo): teofilina de curta ação, anticolinérgicos inalados e beta2 agonistas orais de curta ação. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 65 MANUAL DE TREINAMENTO 15. ADESÃO AO TRATAMENTO As taxas de adesão ao tratamento na asma, provenientes de dados autorrelatados, mostram uma aderência com a medicação de cerca de 50%. A não adesão levará em muitos casos ao controle inadequado da asma, resultando em que os pacientes tenham mais exacerbações e em uma redução da sua qualidade de vida. A não adesão está também associada a custos maiores de cuidado à saúde, além de morbidade e mortalidade aumentadas. Razões para a não adesão aos corticoides inalatórios (CIs) Existem muitas razões pelas quais um paciente não usa seu CI conforme prescrito, particularmente devido ao fato de ser uma medicação preventiva, que não fornece alívio instantâneo dos sintomas. Elas podem ser classificadas nas seguintes áreas mais amplas: • Atitudes em relação à medicação • Corticofobia: muitos pais, e mesmos as crianças maiores, são temerosos das consequências da terapia com corticoides de longo prazo, tais como a interferência com o crescimento em crianças, a osteoporose, as cataratas, o glaucoma e o aumento de peso. • Intolerância a efeitos colaterais: alguns pacientes sentem-se incomodados pelos efeitos colaterais, tais como a rouquidão e a candidíase oral (monilíase). • Posologia inconveniente: a maioria dos CIs é tomada 2 vezes ao dia, o que é menos conveniente para os pacientes que um regime de dose única diária. • Atitudes em relação à doença • Fatores psicológicos, tais como a negação da doença. Muitos pais negam que seus filhos tenham asma, preferindo taxá-los como portadores de bronquite, o que entendem por uma doença mais leve e sem graves consequências. • Vergonha de usar inaladores e espaçadores em público, principalmente os adolescentes. • Desconhecimento da doença e/ou tratamento em asma • Educação insuficiente dos pacientes pelos provedores de saúde em relação ao papel da inflamação e aos benefícios da terapia preventiva diária. • Falta de um efeito imediato, o que poderia ser erroneamente confundido com falta de eficácia. 66 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® • Uso incorreto do inalador, que pode levar à pouca eficácia e à falta de confiança no tratamento. • Considerações de custo, o que para alguns pacientes pode superar os benefícios de usar a medicação. Aprendizado-chave: TRATAMENTO E CONTROLE DA ASMA Com o objetivo de tratar e controlar a asma a longo prazo, há necessidade de educação do paciente quanto à doença, em especial da importância da inflamação, revisão regular da técnica de uso da medicação e as medidas para evitar a exposição aos alérgenos. Aprendizado-chave: ADESÃO À TERAPIA COM CIS Com ALVESCO® são banidos alguns dos fatores que prejudicam a adesão, como por exemplo a necessidade de uso 2 ou mais vezes ao dia e os efeitos adversos, pois ALVESCO® oferece segurança e um perfil de tolerabilidade melhores em relação aos CIs atuais, e também pode ser inalado uma única vez ao dia. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 67 MANUAL DE TREINAMENTO CAPÍTULO 5 ALVESCO® 1. FARMACOLOGIA E FARMACOCINÉTICA DE ALVESCO® 1.1. ATIVAÇÃO PULMONAR ALVESCO® é um corticoide inalatório que se encontra inicialmente na forma inativa, e se converte na forma ativa quando chega ao pulmão (Efeito “ON”). Isso significa que o composto primário da ciclesonida (pró-droga) não tem atividade glicocorticoide significante, mas seu metabólito ativo, nomeado desisobutirilciclesonida (abreviado para des-CIC), tem potente atividade anti-inflamatória. O metabólito ativo é 100 vezes mais potente em termos de atividade glicocorticoide que o composto primário (veja Tabela 6). A conversão do composto primário (pró-droga) em seu metabólito ativo ocorre por um processo que é conhecido como hidrólise, desenvolvido por enzimas conhecidas como esterases. As esterases responsáveis por essa conversão são encontradas em grande quantidade nas células brônquicas epiteliais (bem como nas células de outros órgãos, tais como o fígado). Esse processo de conversão é chamado de ativação pulmonar. Após a conversão, o metabólito ativo fica disponível para ligar-se aos receptores glicocorticoides e exercer os efeitos antiinflamatórios benéficos (veja Figura 36). Tabela 6 - Afinidades relativas dos CIs pelo receptor CORTICOIDE AFINIDADE RELATIVA PELO RECEPTOR (RRA) Dexametasona (referência) 100 Cortisol 10 Budesonida 935 Dipropionato de beclometasona 53 17-monopropionato de beclometasona* 1.345 Propionato de fluticasona 1.800 Ciclesonida (pró-droga) 12 Des-CIC (metabólito ativo) 1.200 *Metabólito ativo do dipropionato de beclometasona. 68 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Figura 36 - Ativação pulmonar de ALVESCO® Ligação química quebrada pelas esterases Composto primário da ciclesonida Ativação pelas esterases das vias aéreas Metabólito ativo da ciclesonida des-CIC Nota Clínica - ESCALA DEXAMETASONA Para determinar os níveis relativos de atividade de um corticoide, os fármacos são comparados a um corticoide de referência, a dexametasona. À dexametasona foi, por convenção, atribuída uma afinidade relativa de ligação pelo receptor (RRA – relative receptor affinity), que corresponde a 100; assim, outros compostos recebem um valor nessa escala, com base em suas respectivas afinidades relativas por esse mesmo receptor. Dessa forma, um agente com uma RRA de 10 tem um décimo da potência da dexametasona. O composto primário ciclesonida (pró-droga) tem uma RRA de 12 (cerca de 1/8 da atividade da dexametasona), enquanto que seu metabólito ativo, a des-CIC, tem uma RRA de 1.200 (12 vezes a atividade da dexametasona). Nota Clínica - DIPROPIONATO DE BECLOMETASONA ALVESCO® não é o único CI que tem ativação pulmonar, o dipropionato de beclometasona (BDP), assim como ALVESCO®, é convertido numa forma mais ativa pelas enzimas esterases, no interior do pulmão. Embora o composto primário BDP seja relativamente inativo, ele tem uma afinidade de ligação aos receptores glicocorticoides que é mais de quatro vezes maior que aquela do composto primário ciclesonida; o que sugere uma capacidade para gerar efeitos colaterais locais, antes mesmo de ser capaz de desenvolver sua típica atividade anti-inflamatória no pulmão. Outra diferença entre esses produtos é que o metabólito ativo 17-monopropionato de beclometasona (BMP) é metabolizado para a beclometasona inativa (B) enquanto ainda está no pulmão, o que compromete a eficácia do produto. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 69 MANUAL DE TREINAMENTO 1.2. CONJUGAÇÃO LIPÍDICA O composto primário ciclesonida é ativado nos pulmões, para formar seu metabólito ativo des-CIC (des-ciclesonida). Posteriormente nos pulmões, o metabólito ativo sofre um processo conhecido como conjugação lipídica (ou esterificação). Parte desse metabólito ativo é ligada a ácidos graxos presentes nas células pulmonares, o que impede o exercício de sua atividade terapêutica. Entretanto, após um período de tempo, o metabólito ativo é liberado do conjugado lipídico e pode, novamente, desenvolver sua atividade farmacológica. Dessa forma, os conjugados lipídicos agem como um reservatório (depósito) para a liberação lenta do metabólito ativo. Esse processo resulta numa retenção pulmonar prolongada do metabólito ativo, fornecendo um efeito terapêutico de longa duração. Isso permite que ALVESCO® exerça ação anti-inflamatória em dose única diária. Nota Clínica - CONJUGAÇÃO LIPÍDICA A conjugação lipídica descreve a reação enzimática que ocorre entre o metabólito ativo da ciclesonida e os ácidos graxos encontrados no tecido pulmonar e das vias aéreas. O resultado dessa reação é a formação de uma ligação química reversível entre o ácido graxo e a molécula do metabólito ativo, o qual se torna temporariamente inativo. Isso leva a uma retenção prolongada da molécula dentro da membrana celular. A molécula é subsequentemente liberada por ação enzimática tardia e exerce sua atividade farmacológica. A conjugação lipídica, portanto, age como um reservatório para liberação lenta do metabólito ativo, o que prolonga sua atividade no tecido-alvo. 1.3. DISTRIBUIÇÃO PULMONAR Os corticoides inalatórios altamente lipofílicos, ou seja, que apresentam elevada afinidade pelos lipídeos, tais como o composto primário da ciclesonida e seu metabólito ativo, têm um elevado volume de distribuição. O termo “volume de distribuição” refere-se ao percentual de um fármaco que foi distribuído aos tecidos (por exemplo, aos pulmões), em relação à porção que permanece no plasma. Fármacos lipofílicos são absorvidos rapidamente através das bicamadas lipídicas das membranas celulares, no tecido pulmonar. Dessa forma, ficam retidos no pulmão por muito mais tempo, antes de passar para a circulação sistêmica. A maior penetração no tecido pulmonar e o maior tempo de retenção nos pulmões contribuem para uma prolongada duração da ação. 70 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Figura 37 - Penetração de fármaco lipofílico Fármaco lipofílico Fármaco pobremente lipofílico 1.4. LIGAÇÃO PROTEICA Como resultado da baixa biodisponibilidade oral (<1%) e do elevado metabolismo de primeira passagem, pouco composto primário da ciclesonida e seu metabólito ativo atingem a circulação sistêmica a partir da via oral. Entretanto, como todos os corticoides inalatórios (CIs), o composto primário da ciclesonida e seu metabólito ativo atingem a circulação sistêmica a partir dos pulmões. Uma certa proporção dos esteroides absorvidos sistemicamente é levada à corrente sanguínea pelas proteínas plasmáticas, tais como a albumina. As moléculas corticoides ligadas às proteínas tornam-se não disponíveis para causar efeitos colaterais sistêmicos. Esse fenômeno, conhecido como ligação ou afinidade proteica, é importante, pois quanto maior for o nível de ligação às proteínas (maior afinidade proteica), menor será o risco de efeitos colaterais sistêmicos. Moléculas livres do fármaco (não ligadas às proteínas) podem ligarse aos receptores glicocorticoides localizados em outros tecidos que não o tecido pulmonar, levando dessa forma a efeitos colaterais sistêmicos tais como cataratas, maior fragilidade cutânea e retardo no crescimento nas crianças (veja Figura 38). Uma vez mais, ALVESCO® se diferencia dos demais CIs. Em comparação com outros corticoides inalatórios, ALVESCO® tem um grau significativamente maior de ligação às proteínas plasmáticas (veja Figura 39). Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 71 MANUAL DE TREINAMENTO Figura 38 - Ligação proteica Efeito farmacológico Efeito farmacológico Fármaco livre Efeito farmacológico Fármaco ligado à proteína (sem efeito farmacológico) Efeito farmacológico Efeito farmacológico Figura 39 - Frações não ligadas de fármacos CIs Percentual 20 0 13% 12% 10 10% 1% 1% Composto primário da ciclesonida Metabólito ativo da ciclesonida Propionato de fluticasona Budesonida Dipropionato de beclometasona ALVESCO® fica 99% ligado às proteínas após atingir a circulação sistêmica, resultando em uma fração de apenas 1% que permanece não ligada. Em comparação, a fluticasona tem uma fração de 10% não ligada. Isso significa que a fração não ligada da fluticasona é 10 vezes maior que aquela de ALVESCO®. Em outras palavras, existe um número 10 vezes maior de moléculas livres de fluticasona disponíveis para causar efeitos colaterais sistêmicos do que moléculas do composto primário da ciclesonida e seu metabólito ativo. 72 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® 1.5. METABOLISMO E CLEARANCE ALVESCO®, ao atingir o fígado, está sujeito a um extenso metabolismo de primeira passagem. Ambos, o composto primário e o metabólito ativo des-CIC, são quebrados para originar metabólitos inativos. Os níveis sistêmicos da droga não dependem simplesmente da proporção com que ela atinge a circulação; dependem sim do equilíbrio entre a taxa de aparecimento da droga na circulação sistêmica (absorção sistêmica) e sua taxa de eliminação da circulação sistêmica. No caso do composto primário da ciclesonida e de seu metabólito ativo, sua desprezível absorção sistêmica é combinada por um clearance muito rápido. Clearance é a medida de eliminação da droga. Quanto mais rápido o clearance sistêmico, mais rapidamente a droga será removida da circulação sistêmica, tendo, dessa forma, menos tempo para causar problemas sistêmicos. O sangue passa pelo fígado numa taxa de 90 litros por hora (l/h), que representa a máxima taxa de clearance possível, considerando-se apenas a passagem através do fígado. As taxas de clearance acima de 90 l/h sugerem que outros órgãos e processos podem estar envolvidos na eliminação de um fármaco em particular. Enquanto alguns corticoides inalatórios têm taxas de clearance iguais ou superiores a 90 l/h, o metabólito ativo da ciclesonida tem uma taxa de clearance particularmente rápida de 228 l/h. Uma taxa de eliminação tão rápida sugere que outros mecanismos, além do clearance hepático, podem estar presentes. O fato de que o composto primário da ciclesonida e seu metabólito ativo sejam rapidamente eliminados da circulação sistêmica não deve ser confundido com uma rápida eliminação do corpo como um todo, e especificamente dos pulmões (onde, como vimos, o produto apresenta um tempo de retenção bastante prolongado). Aprendizado-chave - POTENCIAL PARA EVENTOS ADVERSOS SISTÊMICOS Vários fatores combinam-se para minimizar o potencial para eventos adversos sistêmicos com ALVESCO®: • 99% da ciclesonida está ligada às proteínas, assim, apenas 1% do metabólito ativo da ciclesonida está disponível para se ligar a receptores glicocorticoides de outros tecidos e causar eventos adversos sistêmicos; • uma fração muito pequena da substância ativa está livre na circulação sistêmica, porém, ela é extensivamente metabolizada no fígado e rapidamente eliminada. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 73 MANUAL DE TREINAMENTO 2. DISTRIBUIÇÃO DE ALVESCO® Figura 40 - O destino de um corticoide inalatório PULMÃO Inalação do CI Tipicamente 10-40% depositados no pulmão Absorção completa a partir do pulmão CIRCULAÇÃO SISTÊMICA / POTENCIAL PARA EFEITOS COLATERAIS SISTÊMICOS BOCA E FARINGE / POTENCIAL PARA EFEITOS COLATERAIS LOCAIS Fração biodisponível oralmente Absorção no intestino Tipicamente 60-90% do fármaco impactam na orofaringe ou são deglutidos (esse percentual é reduzido pelo espaçador ou lavagem bucal) FÍGADO Circulação retorna ao fígado para posterior metabolismo e clearance Metabolismo de primeira passagem TRATO GASTROINTESTINAL Clearance e excreção 2.1. DISPOSITIVO E FORMULAÇÃO DE ALVESCO® A jornada fisiológica de qualquer medicação inalada começa sempre com o dispositivo utilizado para a inalação. ALVESCO® foi desenvolvido para liberar a medicação através de um inalador dosimetrado (MDI – metered dose inhaler), utilizando um propelente à base de hidrofluoralcano (HFA). Os propelentes do tipo HFA foram desenvolvidos como uma alternativa aos clorofluorcarbonos (CFC), que degradam a camada de ozônio e por isso foram banidos pelo “Protocolo Montreal sobre Substâncias que Degradam a Camada de Ozônio”. Em outras palavras, o dispositivo inalador de ALVESCO® é moderno e ecologicamente correto. 74 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® ALVESCO®, diferentemente de muitos outros corticoides inalatórios que utilizam o hidrofluoralcano (HFA), é formulado como uma solução e não como uma suspensão. A distribuição via solução em hidrofluoralcano (HFA) resulta em um tamanho médio das partículas/gotículas, que é muito pequeno. A maioria das partículas está na faixa de 1,1 a 2,1 mm. Veja na Figura 41 uma comparação entre os diâmetros dos diferentes corticoides inalatórios. Figura 41 - Diâmetro dos CIs FP: Propionato de fluticasona BDP: Dipropionato de beclometasona BUD: Budesonida CIC: Ciclesonida DPI: Inalador de pó seco CFC: Clorofluorcarbono HFA: Hidrofluoralcano 7 Diâmetro (μm) 6 5 4 3 2 1 0 FPDPI CFCBDP BUDDPI CFC/ HFA-FP CICHFA ALVESCO ® HFABDP Existem várias vantagens no fato de um fármaco inalado apresentar partículas menores. Elas podem resultar em um perfil de tolerabilidade local melhor porque as partículas pequenas têm menor probabilidade de se depositar no fundo da garganta do que as partículas maiores, propiciando assim uma menor incidência de efeitos colaterais locais, tais como alteração de voz (rouquidão), irritação na garganta, faringite/laringite e candidíase oral, e podem, também, levar a uma melhor eficácia porque partículas menores resultam numa deposição pulmonar mais elevada e têm, portanto, uma maior probabilidade de se depositar homogeneamente no interior dos pulmões (veja Figura 42). Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 75 MANUAL DE TREINAMENTO Figura 42 - Deposição na orofaringe Grandes partículas impactam na orofaringe. Pequenas partículas seguem o fluxo laminar do ar, chegando aos pulmões com mais facilidade. ALVESCO® encontra-se na forma de uma solução e não de uma suspensão e, portanto, já está homogeneizado dentro do dispositivo inalador. Dessa forma, o dispositivo não precisa ser agitado antes do acionamento, simplificando o uso do produto. Nota Clínica: PROTOCOLO DE MONTREAL A partir de um acordo internacional chamado “Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Degradam a Camada de Ozônio”, originalmente assinado em 1987, está sendo abolida, no mundo inteiro, a produção de substâncias que degradam a camada de ozônio. A maioria dos inaladores dosimetrados (MDIs) contém clorofluorcarbonos (CFCs) e devem, portanto, ser reformulados. Os inaladores dosimetrados que usam outros propelentes, tais como hidrofluoralcanos (o caso de ALVESCO®) ou inaladores de pó seco, são alternativas aos MDIs com CFC (clorofluorcarbono) que não podem ser comercializados desde 2006. 2.2. BIODISPONIBILIDADE ORAL Após sua inalação, um corticoide segue uma de duas rotas: • O interior dos pulmões, onde exerce um efeito anti-inflamatório local; sendo a partir daí absorvido para a circulação sistêmica e tendo, assim, potencial para produzir efeitos colaterais sistêmicos. • O fundo da garganta e a orofaringe, permanecendo nesse local o tempo suficiente para causar efeitos adversos locais. Pode, ainda, misturar-se à saliva e ser deglutido. Uma vez no trato digestivo, é absorvido para a circulação sistêmica, com potencial para provocar efeitos colaterais sistêmicos. 76 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Muitos médicos e pacientes têm preocupação com os efeitos colaterais sistêmicos secundários à ingestão dos corticoides inalatórios. Entretanto, ambos podem ter confiança em ALVESCO® por três razões: • As pequenas partículas produzidas pelo dispositivo de ALVESCO® são mais facilmente arrastadas com o fluxo aéreo laminar, dirigindo-se dessa forma para o interior dos pulmões. Assim, menos droga fica depositada na garganta ou será deglutida. Isso não apenas minimiza os efeitos colaterais locais orais, mas também reduz significativamente sua biodisponibilidade oral. • Em segundo lugar, como ALVESCO® é ativado apenas nos pulmões, qualquer droga depositada na garganta seria efetivamente inerte. A droga ali depositada é lavada pela salivação e posteriormente deglutida, cerca de 30 minutos após a inalação. Durante esse período, apenas pequenas quantidades de ALVESCO® sofrem ativação. • Finalmente, quaisquer traços do fármaco ativo que atinjam o trato digestivo e sejam posteriormente absorvidos estarão sujeitos ao metabolismo de primeira passagem que produz metabólitos inativos, sem ação glicocorticoide. Tais metabólitos são eliminados através das fezes. Por essas razões, a biodisponibilidade oral de ALVESCO® é menor que 1%. Nota Clínica - BIODISPONIBILIDADE A biodisponibilidade é a captura de uma substância pelo corpo, medida pela sua concentração no sangue. A biodisponibilidade oral descreve o grau no qual a droga penetra na circulação sistêmica, após ser deglutida. A biodisponibilidade é usualmente expressa como um percentual da dose administrada (por exemplo, administração intravenosa resultaria em 100% de biodisponibilidade). No caso dos CIs, essa medida é importante, pois está relacionada à exposição sistêmica não desejada, à qual o paciente está submetido. Quanto maior a biodisponibilidade oral, maior quantidade de droga está disponível na corrente sanguínea e, consequentemente, a probabilidade de ocorrer eventos adversos é maior. Aprendizado-chave - EVENTOS ADVERSOS SISTÊMICOS Os eventos adversos associados ao uso de CIs são, principalmente, decorrentes da ligação das moléculas de corticoides aos receptores presentes em outros órgãos e tecidos que não o órgão-alvo, o pulmão. A farmacologia de ALVESCO® permite que a atividade do produto seja altamente direcionada para o pulmão (Efeito “ON”). Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 77 MANUAL DE TREINAMENTO Nota Clínica - METABOLISMO DE PRIMEIRA PASSAGEM Qualquer composto que é absorvido dos intestinos encontra a veia porta e alcança o interior do fígado, antes de ingressar na circulação sistêmica. Nessa primeira passagem pelo fígado, muitas drogas, incluindo ALVESCO®, são metabolizadas (fragmentadas formando metabólitos). Os metabólitos formados após a degradação de ALVESCO® são inativos, o que reduz seu potencial para efeitos adversos sistêmicos (Efeito “OFF”). 2.3. DEPOSIÇÃO PULMONAR A razão para a administração de uma droga por meio de inalação é distribuir a máxima quantidade do medicamento para os pulmões. No caso dos corticoides inalatórios, qualquer porção da medicação que seja ingerida representará uma preocupação em termos de potencial para efeitos colaterais e não melhorará em nada a função pulmonar. Conforme mencionado anteriormente, as pequenas partículas de ALVESCO® terão maior facilidade para, no momento da inalação, serem arrastadas pelo fluxo aéreo laminar em direção aos pulmões. Isso reduz a deposição sobre o fundo da garganta e, como resultado, uma proporção maior do medicamento é direcionada aos pulmões. No caso de ALVESCO®, 52% da dose irá atingir mais profundamente o interior dos pulmões (veja Figura 43). Esse comportamento de ALVESCO® é diferente do que ocorre com a maioria dos outros corticoides inalatórios (veja Tabela 7). Tamanho menor das partículas significa uma distribuição mais homogênea e profunda em todas as regiões do pulmão, isto é, o medicamento é distribuído tanto na parte central como na parte periférica dos pulmões. Figura 43 - Em azul e amarelo a deposição regional bidimensional da pró-droga ciclesonida Ciclesonida HFA MDI 52% 78 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Tabela 7 - Deposição pulmonar dos corticoides inalatórios CORTICOIDE BIODISPONIBILIDADE DEPOSIÇÃO DISPOSITIVO ORAL PULMONAR Dipropionato de beclometasona 13% 20% CFC MDI Dipropionato de beclometasona 13% 53% HFA MDI Budesonida 11% 28% CFC MDI Budesonida 11% 16% Turbuhaler (DPI) ALVESCO® <1% 52% HFA MDI Propionato de fluticasona <1% 26% CFC MDI Propionato de fluticasona <1% 12% Diskus (DPI) Furoato de Mometasona <1% - 14% Inalador (DPI) CFC: clorofluorcarbono - HFA: hidrofluoralcano - MDI: inalador dosimetrado (metered dose inhaler) - DPI: inalador de pós seco (dry powder inhaler) ALVESCO® atinge tanto a região central como a região periférica dos pulmões, o que garante sua atividade anti-inflamatória nas pequenas vias aéreas, locais mais acometidos pelo processo inflamatório na asma. Da fração de ciclesonida (pró-droga) depositada na orofaringe (34%), apenas uma pequena parte (cerca de 4%) torna-se ativa, promovendo um menor potencial para efeitos adversos locais quando comparado aos demais CIs. Quantidades não detectáveis do fármaco são distribuídas para o intestino (veja Figuras 44 e 45), representando menor potencial para eventos adversos sistêmicos. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 79 MANUAL DE TREINAMENTO Figura 44 - Distribuição de ALVESCO® Figura 45 - Distribuição de ALVESCO® pela região pulmonar 40 52% 50 40 38% 30 20 * Valores aproximados. 10 0 9% 2% 0% Orofaringe Pulmões Mediastino Abdômen Exalado Percentual da dose inalada (mediana) Percentual da dose inalada (mediana) 60 36% 34% 30 30% 20 10 0 Periférica Região pulmonar intermediária/ média Central Nota Clínica - DEPOSIÇÃO ORAL E PULMONAR X TAMANHO DAS PARTÍCULAS Muitos médicos recomendam o uso do espaçador acoplado ao dispositivo inalador dosimetrado (MDI) com o objetivo de diminuir o impacto e a deposição de partículas de CI na orofaringe e aumentar sua penetração nos pulmões. Orientam também aos pacientes enxaguar a boca após a inalação para evitar a deposição de CI e seus efeitos adversos. Com ALVESCO®, essas duas medidas (uso de espaçador e enxágue bucal) não são obrigatórias, pois as partículas são muito pequenas (fração de partícula inalável < 4,7 μm, com a fração principal variando entre 1,1 – 2,1 μm), o que promove um melhor alcance da droga aos pulmões, com menor depósito na orofaringe do que as formulações em suspensão de outros corticoides inalatórios. No entanto, sabemos que os espaçadores devem ser usados com ALVESCO® para auxiliar o uso correto da medicação, principalmente pelas crianças pequenas que não têm coordenação adequada. • Partículas > 5 μm podem ficar depositadas na boca e traqueia: nenhum efeito clínico, possíveis efeitos adversos locais. • Partículas de 2 a 5 μm depositam-se nos brônquios e bronquíolos: efeito clínico anti-inflamatório. • Partículas < 2 μm depositam-se nos brônquios, bronquíolos e vias aéreas periféricas: potencializa o efeito clínico anti-inflamatório. 2.4. SUMÁRIO 80 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® ALVESCO® é inalado em sua forma inativa. Com uma deposição pulmonar de 52% e uma biodisponibilidade oral de menos de 1%, ALVESCO® é diretamente dirigido ao pulmão. Uma vez nos pulmões (mas não na boca), o composto primário é rapidamente absorvido pelas células epiteliais das vias aéreas, onde é hidrolisado pelas esterases intracelulares para formar seu metabólito ativo, a desisobutirilciclesonida (des-CIC) – (Efeito “ON”). O metabólito ativo tem 100 vezes a potência glicocorticoide do composto primário. Um grande volume de distribuição (graças à inerente lipofilia) ajuda a reter o metabólito ativo no tecido pulmonar. O metabólito ativo é retido nos pulmões pela formação de conjugados lipídicos que aumentam o tempo de retenção. Ao ser liberado dos conjugados lipídicos, o metabólito ativo exerce sua potente atividade anti-inflamatória. Quando, eventualmente, o metabólito ativo passa para a circulação sistêmica a partir dos pulmões, 99% do mesmo permanecem ligados às proteínas plasmáticas, tornando-se dessa forma inativos (Efeito “OFF”). Esse processo dinâmico assegura que 99% do metabólito ativo da ciclesonida fica inativo, quando circula para o fígado a fim de ser metabolizado e eliminado (numa taxa de 228 l/h). Essas características (veja Figura 46) podem levar a uma maior segurança e excelente efeito terapêutico, já que ALVESCO® combina um perfil de eficácia comparável aos melhores CIs, com um significante melhor perfil de segurança/ tolerabilidade quando comparado à terapia padrão-ouro de corticoides inalatórios. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 81 MANUAL DE TREINAMENTO Figura 46 - A farmacocinética e o metabolismo de ALVESCO® PULMÃO Partículas de tamanho pequeno asseguram uma elevada deposição pulmonar (52%) Inalação de ALVESCO® Ativação pulmonar Absorção completa a partir do pulmão Conjugação lipídica e elevado volume de distribuição fornecem atividade anti-inflamatória prolongada Baixa deposição orofaríngea e baixo nível de metabólito ativo da ciclesonida reduzem os efeitos colaterais locais Percentual menor de fármaco é deglutido Porção deglutida é, principalmente, composto inativo 99% de ligação às proteínas e rápido clearance asseguram muito pouca ciclesonida livre para causar efeitos colaterais sistêmicos Circulação retorna ao fígado para posterior metabolismo e clearance FÍGADO Clearance elevado TRATO GASTROINTESTINAL Elevado metabolismo de primeira passagem elimina a maioria da ciclesonida absorvida, antes que possa entrar na circulação sistêmica Aprendizado-chave - ATIVADO NOS PULMÕES. LIMITADO AOS PULMÕES. Como ALVESCO® é ativado e limita sua eficácia de forma muito precisa nos pulmões, ele pode ser descrito como um fármaco altamente direcionado aos pulmões e limitado a esse órgão-alvo. Esse é o resultado de características únicas desse fármaco: • Uma proporção relativamente elevada da ciclesonida é depositada no pulmão e uma fração relativamente baixa é depositada na boca, encontrando-se principalmente na forma inativa. • ALVESCO® é então ativado no pulmão para formar um metabólito ativo 100 vezes mais potente. • Ao ser absorvido do pulmão para a circulação sistêmica, o produto liga-se em grande parte às proteínas plasmáticas, sendo extensivamente metabolizado no fígado e rapidamente eliminado da circulação sistêmica. 82 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Nota Clínica - ESCORES DE SINTOMAS DE ASMA Nos estudos com ALVESCO®, os sintomas diurnos e noturnos receberam pontuação separada. Os pacientes eram estimulados a marcar em seus diários como se sentiam, usando os escores descritos abaixo: Escores de sintomas diurnos da asma foram: 0 = Muito bem, sem sintomas. 1 = Um episódio de sibilação, tosse ou falta de ar. 2 = Mais de um episódio de sibilação, tosse ou falta de ar, mas sem interferir com as atividades normais. 3 = Sibilação, tosse ou sensação de fôlego curto algumas vezes ao dia, interferindo com as atividades normais. 4 = Sibilação, tosse ou sensação de fôlego curto na maior parte do dia, interferindo com as atividades normais. Escores de sintomas noturnos da asma foram: 0 = Nenhum sintoma, dormiu durante a noite. 1 = Dormiu bem, mas com algumas queixas pela manhã. 2 = Levantou uma vez devido à asma (incluindo despertar precoce). 3 = Levantou várias vezes devido a asma (incluindo despertar precoce). 4 = Má noite, acordado a maior parte da noite devido à asma. Após determinação dos escores pelos pacientes, os escores diurno e noturno foram somados, para obter um escore diário dos sintomas de asma. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 83 MANUAL DE TREINAMENTO Nota Clínica - DOSE INALADA As diferentes doses de ciclesonida podem ser expressas em termos de valor da dose liberada na válvula acionadora ou valor liberado no bocal. A dose liberada na válvula (quantidade de medicamento ejetado pela válvula) é maior que a dose do bocal (quantidade de medicação que sai do bocal e fica disponível para inalação), já que algumas partículas do fármaco ficam depositadas dentro do próprio dispositivo para inalação. Para ALVESCO®, a dose do bocal corresponde a 80% da dose da válvula. Assim: Dose da válvula 100 μg 200 μg 400 μg 800 μg 1.600 μg Dose do bocal 80 μg 160 μg 320 μg 640 μg 1.280 μg A NYCOMED adotou, por convenção, a dose do bocal para descrever as doses utilizadas de ALVESCO®. 84 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Aprendizado-chave - TABELA COMPARATIVA PARA AJUSTE DE DOSES ENTRE CORTICÓIDES INALATÓRIOS. Adultos Droga Dose Baixa (μg) Dose Média (μg) Dose Alta (μg) Beclometasona 250 - 500 > 500 - 1000 > 1000 - 2000 Budesonida 200 - 400 > 400 - 800 > 800 - 1600 Ciclesonida 80 - 160 > 160 - 320 > 320 - 1280 Fluticasona 100 - 250 > 250 - 500 > 500 - 100 Mometasona 200 - 400 > 400 - 800 > 800 - 1200 Crianças (maiores de 5 anos) Droga Dose Baixa (μg) Dose Média (μg) Dose Alta (μg) Beclometasona 100 - 200 > 200 - 400 > 400 Budesonida 100 - 200 > 200 - 400 > 400 Budesonida - Neb 250 - 500 > 500 - 1000 > 1000 Ciclesonida 80 - 160 > 160 - 320 > 320 Fluticasona 100 - 200 > 200 - 500 > 500 Mometasona 100 - 200 > 200 - 400 > 400 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 85 MANUAL DE TREINAMENTO CAPÍTULO 6 ESTUDOS CLÍNICOS 1. ESTUDOS PARA DETERMINAÇÃO DE DOSE Código dos Estudos: XRP 341 e XRP 342 Autor: Kerwin E. e colaboradores Desenho dos estudos Esses estudos tiveram como objetivo determinar as doses apropriadas de ALVESCO®. Trataram-se pacientes com asma leve a grave, que foram randomizados para o uso de ALVESCO® em doses de 40 μg/dia (n = 252), 80 μg/dia (n = 259) ou 160 μg/dia (n = 253) ou placebo (n = 254) (veja Figura 47). Figura 47 - Desenho dos estudos de avaliação de dose Período basal (5-28 dias) Randomização Ciclesonida 40 μg 1 x dia manhã Ciclesonida 80 μg 1 x dia manhã Placebo Transição com broncodilatadores isolados Ciclesonida 160 μg 1 x dia manhã Linha basal Placebo 4 8 12 Semanas Resultados O critério principal avaliado foi a função pulmonar, determinada pela alteração do VEF1 em relação ao período imediatamente antes do tratamento (período basal). Os resultados são apresentados na Figura 48. Foram critérios secundários a supressão do cortisol sérico e urinário, as pontuações dos sintomas de asma, o uso de medicação de resgate, a ocorrência de efeitos colaterais locais, a perda de eficácia e o número de pacientes sem sintomas. 86 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Média de alteração dos níveis basais Figura 48 - Alteração percentual dos níveis basais do VEF1 com ALVESCO® e com placebo (PBO) 16 14 12 10 8 6 PBO CIC 40 μg/dia CIC 80 μg/dia CIC 160 μg/dia 4 2 0 1 2 4 8 12 Visita (semanas) O estudo gerou os seguintes achados básicos: Eficácia • ALVESCO® melhora a função pulmonar, avaliada por meio do VEF1. • ALVESCO® reduz os sintomas de asma como observado pela redução da pontuação de sintomas nas 24 horas. • ALVESCO® reduz a necessidade de utilização de medicação de resgate (broncodilatadores). • ALVESCO® reduz a incidência de despertar noturno que ocorre em decorrência dos sintomas noturnos da asma. Qualidade de vida • ALVESCO® gera melhora significativa das pontuações do questionário de qualidade de vida (PAQLQ) de Juniper após 12 semanas de tratamento (veja nota a seguir). Segurança e tolerabilidade • ALVESCO® apresenta perfil de segurança comparável ao do placebo. • A supressão do eixo HPA é comparável com ALVESCO® e com placebo. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 87 MANUAL DE TREINAMENTO • A supressão do cortisol sérico e urinário é comparável com ALVESCO® e com placebo. • Não se observou aumento do risco de efeitos colaterais locais ou sistêmicos em toda a extensão do estudo com as diferentes doses estudadas. • A incidência de efeitos colaterais locais é comparável à que se observa com placebo. Nota Clínica - PONTUAÇÕES DO PAQLQ DE JUNIPER O Questionário de Qualidade de Vida em Asma Pediátrica (PAQLQ) elaborado pela Professora Elizabeth Juniper mede os problemas enfrentados por crianças de 7 a 17 anos de idade em decorrência da asma. Consta de 23 itens que avaliam três áreas: presença de sintomas, limitações de atividade e função emocional em decorrência da asma. As questões e as opções de resposta foram exaustivamente testadas em todas as línguas a fim de garantir que sejam de fácil e precisa compreensão até para crianças de 7 anos de idade. 2. ESTUDO COMPARATIVO COM O PROPIONATO DE FLUTICASONA Código do Estudo: FK1–202 Autor: Pederson S. e colaboradores O objetivo desse estudo foi examinar a segurança e a eficácia relativas de ALVESCO® (CIC), na dose de 80 μg duas vezes por dia, em comparação com o propionato de fluticasona (PF) na dose de 88 μg duas vezes por dia em 496 pacientes. Desenho do estudo A Figura 49 mostra o desenho do estudo de Pederson S. e colaboradores (FK1–202). Figura 49 - Desenho do estudo comparativo com fluticasona Período basal (2-4 semanas) Período de tratamento (12 semanas) Período de seguimento (se necessário) Ciclesonida 80 μg 2 x dia* Somente medicação de resgate PF: 88 μg 2 x dia** Linha basal 4 8 12 Semanas * 80 μg de Ciclesonida relativos à dose do bocal correspondem a 100 μg dose da válvula, totalizando 200 μg ao dia. ** 88 μg de Fluticasona relativos à dose do bocal correspondem a 100 μg dose da válvula, totalizando 200 μg ao dia. 88 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Resultados O critério primário avaliado foi a função pulmonar, determinado pela alteração do VEF1 no período imediatamente antes do tratamento (período basal) em relação ao término do estudo (veja Figura 50). Foram variáveis secundárias o pico de fluxo expiratório (PFE) matinal e vespertino ao término do estudo, as pontuações de sintomas da asma, a utilização de medicação de resgate, a perda de eficácia e o número de pacientes sem sintomas. Figura 50 - Alteração dos níveis basais do VEF1 com ALVESCO® e fluticasona no estudo FK1–202 de Pederson e colaboradores 0,5 2 VEF1 (l) 1,9 1,8 1,7 CIC 160 μg/dia 1,6 1,5 FLUTI 176 μg/dia BO T0 T2 T4 T8 Variação no PFE matinal (l/min) 2,1 T12 Visita 0,4 0,3 0,2 0,1 0 CIC FLUTI O estudo gerou os seguintes achados básicos: Eficácia • ALVESCO® mostra eficácia comparável à do propionato de fluticasona (FLUTI) na melhora da função pulmonar, mensurada por meio do VEF1 e do PEF. • ALVESCO® mostra números de dias sem sintomas e redução da utilização de medicação de resgate comparáveis aos obtidos com fluticasona. Segurança e tolerabilidade • ALVESCO® não causa candidíase oral nem alteração da voz. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 89 MANUAL DE TREINAMENTO 3. ESTUDO COMPARATIVO COM A BUDESONIDA Código do Estudo M1–204 Autor: aguardando publicação O objetivo desse estudo foi comparar o tratamento com ALVESCO®, na dose de 160 μg uma vez por dia, com a budesonida, na dose de 400 μg uma vez por dia, em crianças com asma. Desenho do estudo A Figura 51 mostra o desenho do estudo M1–204. Figura 51 - Desenho do estudo M1–204 comparativo com a budesonida Período basal (2-4 semanas) Período de tratamento (12 semanas) Período de seguimento (se necessário) Ciclesonida 160 μg 1 x dia Somente medicação de resgate Budesonida 400 μg 1 x dia Linha basal 4 8 12 Semanas Para a inclusão, os pacientes deveriam estar em bom estado geral, com exceção da asma, e preencher os seguintes critérios: • Idade entre 6 e 11 anos, com diagnóstico documentado de asma persistente por 6 meses ou mais. • Porcentagem do VEF1 predito dentro dos seguintes limites: ● 50% a 90% do predito em pacientes que estivessem tomando apenas medicação de resgate. ● 50% a 100% do predito em pacientes anteriormente tratados com dose constante de medicação de controle que não fosse à base de corticosteroides por um mínimo de 30 dias antes da inclusão. ● 80% a 105% do predito em pacientes anteriormente tratados com 400 μg diários de dipropionato de beclometasona ou equivalente por um mínimo de 30 dias antes da inclusão. Resultados Os principais critérios de avaliação de eficácia foram a alteração do VEF1 espirometria e as pontuações dos sintomas de asma ao final de 12 semanas tratamento. A Figura 52 apresenta a melhora do VEF1 ao longo do período tratamento, enquanto a Figura 54 mostra como ALVESCO®, na dose diária 160 μg, tem a mesma eficácia que a budesonida, na dose diária de 400 μg, controle dos sintomas da asma. 90 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED na de de de no ALVESCO® Figura 52 - Melhora do VEF1 durante o período do estudo M1–204 1,9 VEF1 (l) 1,8 1,7 1,6 CIC 160 μg/dia BUD 400 μg/dia 1,5 B 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (semanas) Figura 53 - Melhora do controle dos sintomas de asma durante o período de ensaio M1-204 Porcentagem de dias sem sintomas ou sem medicação de resgate 100 80 60 40 20 0 CIC 160 μg BUD 400 μg Dias sem sintomas CIC 160 μg BUD 400 μg Dias sem medicação de resgate Concluiu-se do estudo que: • A ciclesonida (CIC), na metade da dose diária, mostra eficácia igual à da budesonida (BUD) em pacientes pediátricos com asma. ● Melhora similar da função pulmonar, das pontuações de sintomas da asma, da qualidade de vida e da porcentagem de dias sem sintomas e de dias sem medicação de resgate. • A CIC possui perfil de segurança sistêmica melhor que o da BUD. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 91 MANUAL DE TREINAMENTO ● A supressão do cortisol urinário livre de 24 horas é significantemente maior com a BUD do que com a CIC. ● As crianças tratadas com CIC atingem níveis de crescimento estatural significantemente superiores aos das crianças tratadas com BUD. • O tratamento com CIC e com BUD acarreta baixa incidência de efeitos colaterais locais na criança com asma. • A administração da CIC por intermédio do espaçador AeroChamber Plus® mostra-se segura e efetiva em pacientes pediátricos com asma. 4. SEGURANÇA E TOLERABILIDADE DE ALVESCO® NA CRIANÇA Avaliação da ciclesonida sobre o crescimento Código do Estudo: XRP 343 Autor: aguarda publicação Trata-se do primeiro estudo a avaliar os efeitos de um novo corticoide inalatório no crescimento da criança utilizando-se os critérios rigorosos desenvolvidos pela FDA em 1998, possivelmente estabelecendo o padrão a ser seguido nos futuros estudos dessa natureza com corticoides inalatórios. Até o momento, trata-se do mais amplo (n=661) e mais prolongado (20 meses de duração) dos ensaios randomizados controlados já publicados avaliando o crescimento como critério final primário. A faixa etária dos pacientes incluídos era de 5 a 8,5 anos. Desenho do estudo O desenho do estudo XRP 343 é apresentado na Figura 54. Figura 54 - Desenho do estudo XRP 343 Período basal (até 6 meses) Randomização Ciclesonida 160 μg 1 x dia manhã Placebo Transição com broncodilatadores isolados ou FLUTI em baixas doses 92 Ciclesonida 40 μg 1 x dia manhã Placebo Linha basal 4 8 Semanas Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 12 ALVESCO® Para fins de inclusão, os pacientes deveriam demonstrar VEF1 80% do predito quando da seleção e randomização. A terapêutica atual da asma não incluía corticoide inalatório ou incluía corticoide inalatório em baixa dose (100 μg de propionato de fluticasona ou equivalente). Randomizaram-se 661 pacientes para serem tratados com placebo (n=221), com ALVESCO® na dose de 40 μg (n=221) ou com ALVESCO® na dose de 160 μg (n=219). Concluíram a fase de tratamento 83% de todos os pacientes, passando a maior parte deles para o período de seguimento. Resultados O critério primário avaliado foi a meta de crescimento, cuja determinação efetuou-se por meio de um estadiômetro (veja Figura 55). Efetuaram-se mensurações desde 6 meses antes da administração da medicação em estudo até 14 meses depois. Concluíram a fase de tratamento 83% de todos os pacientes, passando a maior parte deles para o período de seguimento. Figura 55 - Estadiômetro A análise dos resultados do estudo demonstra serem os efeitos na velocidade do crescimento ósseo em longo prazo comparáveis aos que se observam com placebo (veja Figura 56). Recomenda-se, nas diretrizes nacionais e internacionais de tratamento da criança com asma, tratamento agressivo, precoce, ininterrupto e de longa duração com corticoide inalatório. A segurança de longo prazo dessa abordagem é objeto de grande preocupação por parte dos médicos que tratam as crianças e também por parte dos pais. Frequentemente, essa preocupação afeta a adesão de pacientes e médicos às diretrizes terapêuticas, o que provavelmente acarreta resultados insatisfatórios. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 93 MANUAL DE TREINAMENTO Figura 56 - Média da altura mensurada pelo estadiômetro com o tempo 132 130 Altura (cm) 128 126 124 122 PBO CIC 40 μg/dia 120 118 CIC 160 μg/dia -6 -3 0 1 2 3 4 6 8 10 12 14 Mês Considera-se o crescimento da criança como o indicador mais sensível da biodisponibilidade sistêmica dos corticoides inalatórios. Todos os corticoides inalatórios atualmente disponíveis têm demonstrado interferência no crescimento da criança (incluindo a beclometasona, a budesonida, a fluticasona, a triancinolona e a mometasona), fundamentando assim algumas das preocupações dos médicos e dos pais. A ciclesonida é o primeiro corticoide inalatório a não demonstrar efeito detectável no crescimento, mesmo sob avaliação rigorosa. A extensa ligação às proteínas plasmáticas pode estar por trás desse resultado, diferenciando a ciclesonida de todos os outros corticoides inalatórios, que apresentam efeitos detectáveis no crescimento da criança. Tal resultado pode ser importante para afastar os temores de médicos e pais, melhorando assim a adesão dos pacientes ao tratamento. Estudo sobre a velocidade de crescimento do membro inferior Código do Estudo:M1–203 Autor: Agertoft L. e colaboradores Na criança em desenvolvimento, o potencial de efeitos de um corticoide inalatório no crescimento ósseo constitui motivo maior de preocupação por parte de pais e médicos, sendo, pois, importante e de alta relevância o estudo de Agertoft. Desenho do estudo O estudo M1–203 foi randomizado, de desenho duplo-cego cruzado com 4 períodos, incluindo 24 crianças asmáticas (16 do sexo masculino e 8 do sexo feminino) de 6 a 12 anos de idade. 94 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Para fins de inclusão, os pacientes deveriam apresentar VEF1 e ter sido tratados somente com medicação emergencial. 80% do predito Trataram-se os pacientes com placebo ou com ALVESCO®, nas doses diárias de 40, 80 ou 160 μg (uma inalação à noite), durante o período de 2 semanas do estudo. Resultados O objetivo primário do estudo foi a verificação da velocidade do crescimento do membro inferior mensurada em milímetros por semana (veja Figura 57). Figura 57 - Resultados da velocidade de crescimento no estudo de Agertoft 1,0 0,9 0,8 Altura (cm) 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 -0,1 Placebo Ciclesonida Ciclesonida Ciclesonida 40 μg/dia 80 μg/dia 160 μg/dia Os achados fundamentais do estudo foram: Segurança • ALVESCO® não afeta de forma adversa o crescimento em pacientes pediátricos. • Os efeitos no crescimento linear foram comparáveis aos do placebo. • As alterações de altura e peso foram comparáveis às que se observam com placebo. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 95 MANUAL DE TREINAMENTO CAPÍTULO 7 O MERCADO 1. INTRODUÇÃO O mercado de tratamento da asma no Brasil é caracterizado pela alta competitividade e grande variedade de produtos e apresentações disponíveis. Mesmo quando comparado aos países europeus e Estados Unidos, o Brasil se destaca por possuir apresentações inovadoras, inexistentes em outros países. Esse fato torna o mercado brasileiro extremamente competitivo. Portanto, conhecer o detalhe de cada concorrente e entender a dinâmica do mercado respiratório é uma real necessidade para o sucesso de ALVESCO® na pediatria. Neste módulo, vamos conhecer passo a passo e detalhadamente todos os concorrentes, divididos entre categorias, princípio ativo, nomes comerciais, apresentações, doses, companhias, entre outras. Ao final desse módulo, você se tornará um expert no mercado respiratório brasileiro. Os principais concorrentes de ALVESCO®, as terapias anti-inflamatórias de manutenção no tratamento da asma, podem ser classificados nas seguintes categorias: Monoterapia (CIs): são os corticoides inalatórios isolados que não estão associados com broncodilatadores. • Dipropionato de beclometasona (Miflasona®, Clenil®). • Budesonida (Pulmicort®, Miflonide®, Busonid®). • Propionato de fluticasona (Flixotide®, Fluticaps®). • Furoato de mometasona (Oximax®). Combis (ou combinados): são os produtos em combinação de corticoides inalatórios + broncodilatadores, ou seja, quando as duas substâncias estão associadas em um único produto. • Propionato de fluticasona + salmeterol (Seretide®). • Budesonida + formoterol (Symbicort®, Foraseq®, Alenia®, Vannair®). • Dipropionato de beclometasona + salbutamol (Clenil® Compositum). Antileucotrienos (LTRA). • Montelucaste (Singulair®). 94 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Novas categorias de produtos que vão se tornar importantes no futuro para a terapia de asma: • Anticorpos monoclonais. Além das terapias anti-inflamatórias, é importante nos familiarizarmos também com os broncodilatadores (ß2), afinal, essa classe de medicamentos é comumente prescrita em associação com os CIs. Existem 2 tipos de broncodilatadores, a saber: • LABAs = Long Acting Beta Agonists ou ß2-agonistas de longa ação ou, ainda, broncodilatadores de longa ação (Fluir®, Foradil®, Formocaps®). • SABAs = Short Acting Beta Agonists ou ß2-agonistas de curta ação ou, ainda, broncodilatadores de curta ação (Aerolin®, Berotec®). Existem outras categorias de medicamentos utilizados no tratamento da asma que não serão detalhados neste manual por não serem específicos para a terapia de manutenção e, portanto, não considerados concorrentes diretos de ALVESCO®. 2. CORTICOIDES INALATÓRIOS (CIs) Os corticoides inalatórios (CIs) são considerados a terapia de escolha no tratamento de manutenção da asma em todo o mundo, sendo referenciados como terapia de primeira linha em consensos nacionais e internacionais. No Brasil, entretanto, existe uma forte tendência pela prescrição de CIs em combinação fixa (CI+ broncodilatador). A associação é correta, especialmente nos pacientes com asma de moderada a grave. Se o paciente possui asma de moderada a leve entretanto (mais de 50% dos pacientes), a prescrição de CI isolado é a mais recomendada. A pediatria é a única especialidade médica que prescreve mais corticoide isolado do que as combinações. Esse fator, associado ao fato de que existe um grande número de crianças asmáticas, torna a pediatria o mais importante mercado para ALVESCO®. Veja nas Figuras 58 e 59 a importância do segmento dos CIs isolados em vendas unidades e valores, em comparação com outras categorias de medicamentos utilizados na terapia da asma. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 95 MANUAL DE TREINAMENTO Figura 58 - Classes de produtos respiratórios - Vendas em unidades (Mercado relevante ASMA - Fonte: IMS/PMB MAT fev-10) Broncodilatadores de longa ação: 7,3% Antileucotrienos: 6,6% Broncodilatadores de curta ação: 38,2% Corticoides inalatórios isolados: 13,7% Combis: 34,2% Figura 59 - Classes de produtos respiratórios - Vendas em valores (Mercado relevante ASMA - IMS/PMB MAT fev-10) Broncodilatadores de longa ação: 6,0% Corticoides inalatórios isolados: 11,0% Antileucotrienos: 13,8% Broncodilatadores de curta ação: 15,5% Combis: 53,7% Como podemos observar, considerando o mercado relevante para o tratamento da asma, os CIs representam 14% do total das vendas unitárias. Ano após ano, as associações (Combis) ganham maior representatividade no mercado brasileiro. Médicos consideram a prescrição das combinações como uma comodidade para eles e seus pacientes. É importante sabermos, entretanto, que nem sempre as combinações representam a melhor opção no tratamento, porque: • O custo é maior. • Não eliminam a possibilidade de prescrever medicação especialmente se a combinação for com salmeterol. de resgate, • Em pacientes com asma moderada-leve os consensos recomendam CI e não Combis. • Recentemente foram relacionados casos e risco de mortes com o uso de broncodilatadores. 96 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Aprendizado-chave - MONOTERAPIA (CIS) VERSUS COMBINAÇÕES Em virtude das grandes companhias farmacêuticas promoverem agressivamente os produtos combinados, ano após ano, essa classe de medicamentos vem aumentando sua participação de mercado no Brasil. Existe um alto índice de pacientes que utilizam combinações e que poderiam ser tratados com CIs, especialmente aqueles com asma moderada-leve. As Figuras 60 e 61 mostram em detalhe a divisão do mercado dos corticoides inalatórios isolados, separados por moléculas e principais produtos do segmento. Figura 60 - Segmento dos CIs - (Corticoides inalatórios isolados) (Venda em valores das principais moléculas - Fonte: IMS/PMB MAT fev-10) Ciclesonida: 3,7% Fluticasona: 15,2% Mometasona: 2,2% Beclometasona: 44,3% Budesonida: 34,6% Figura 61 - Segmento dos CIs - (Corticoides inalatórios isolados) (Venda em valores dos principais produtos - Fonte: IMS/PMB MAT fev-10) Miflonide (NVR) 8,4% Pulmicort (AZN): 9,5% Alvesco® (NYE) 3,7% Clenil (CHS): 32,4% Miflasona (NVR): 10,6% Flixotide (GSK): 11,6% Busonid (A4H): 16,7% Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 97 MANUAL DE TREINAMENTO A Figura 62 apresenta a divisão do segmento dos corticoides inalatórios de acordo com os diferentes dispositivos inalatórios (formas de apresentação): spray (MDI), pó seco (DPI) e nebulizador (NEB). Figura 62 - Segmento dos CIs - Corticoides inalatórios isolados (Venda em valores por forma de apresentação - Fonte: IMS/PMB MAT fev-10) Spray: 32,5% Nebulizador: 34,7% Pó seco: 32,8% Os dispositivos inalatórios DPIs (pó seco) têm apresentado grande crescimento nos últimos anos no mercado brasileiro. As principais razões para esse crescimento são: recebem maiores investimentos das companhias farmacêuticas que as apresentações MDIs, são promovidos como mais efetivos no que diz respeito à deposição pulmonar e são mais fáceis de usar. A associação desses fatores transformou as apresentações DPIs como a 1ª escolha entre os médicos. O lançamento de ALVESCO® na apresentação MDI, entretanto, vem contribuindo para o crescimento do mercado de sprays, comprovando que ainda existe muito espaço para esse tipo de dispositivo, como mostraremos a seguir. 98 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Aprendizado-chave - DISPOSITIVOS SPRAY (MDIS) VERSUS DISPOSITIVOS DE PÓ SECO (DPIS) E NEBULIZADORES Apesar da forte tendência de crescimento dos dispositivos DPIs, ALVESCO® já representa uma nova e relevante percepção dos médicos com relação às vantagens dos dispositivos inalatórios MDIs. Vários estudos têm demonstrado vantagens significativas do inovador dispositivo de ALVESCO® HFA-MDI, a saber: • O dispositivo MDI é muito conhecido entre os pacientes e, portanto, fácil de usar. • O HFA é um propelente politicamente correto, diferente do CFC, que afeta a camada de ozônio. • Partículas menores que diminuem o impacto e deposição na orofaringe e, consequentemente, reduzem os riscos de efeitos adversos locais. • Elevada deposição pulmonar: 52%. • Nos pacientes idosos e crianças que não têm força para inspirar e inalar o pó, o spray de ALVESCO® também é uma excelente opção. Com relação aos nebulizadores, não existe uma comparação direta com ALVESCO®, uma vez que essa apresentação é utilizada principalmente por pacientes muito pequenos e por se saber que não são mais efetivos que os dispositivos pó ou spray. Em resumo, existem dispositivos inaladores diferentes para cada tipo de paciente. Com os benefícios inovadores do dispositivo HFA, temos a oportunidade de posicionar ALVESCO® como a melhor opção entre os CIs, principalmente no mercado pediátrico, onde ocorre maior utilização das apresentações sprays que no mercado adulto. 2.1. DIPROPIONATO DE BECLOMETASONA A beclometasona foi introduzida no início da década de 1970, originalmente comercializada pela Glaxo Pharmaceuticals (hoje GlaxoSmithKline - GSK) com a marca Beclosol®. Foi o primeiro corticoide disponível na forma inalatória e, como tal, representou uma inovação marcante na terapia da asma. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 99 MANUAL DE TREINAMENTO A beclometasona continua líder de mercado entre os CIs no Brasil e em muitos outros países. Embora novos CIs oferecendo perfis melhorados de segurançaeficácia estejam atualmente disponíveis, o uso da beclometasona permanece extremamente alto devido ao seu baixo custo. Pelo fato de ALVESCO® poder ser administrado 1 x dia, temos um preço extremamente competitivo mesmo se comparado à beclometasona. A marca Clenil®, comercializada pela Farmalab-Chiesi, destaca-se por possuir um grande número de apresentações em Spray (MDI), pó seco (DPI) ou Nebulizadores (Neb). A Miflasona®, produto da Novartis, apesar de possuir apenas a apresentação em pó seco (DPI), também possui elevado market share em vendas e RX no Brasil. Aprendizado-chave - DIPROPIONATO DE BECLOMETASONA Posicionamento A beclometasona é posicionada como um CI efetivo e de baixo custo. Pontos fortes • Variedade de apresentações disponíveis. • Baixo custo. • Molécula muito conhecida. Pontos fracos • A beclometasona é um CI antigo, com um perfil de segurança e eficácia superado por outros CIs. • Em alguns casos, é prescrito mais que 2 vezes ao dia. 2.2. BUDESONIDA A budesonida, introduzida no final dos anos 70, foi o segundo corticoide inalatório a chegar ao mercado. Ela é comercializada no Brasil com as marcas Pulmicort® Nebulização pela AstraZeneca, Busonid® (Aché) e Miflonide® (Novartis). 100 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® A budesonida é comumente comparada à beclometasona em vários países. No Brasil, é reconhecida como tendo um perfil de eficácia e segurança ligeiramente superiores à beclometasona. Embora os médicos tenham essa percepção, a prescrição da budesonida ainda é muito baixa em relação à beclometasona. No ano 2000, a AstraZeneca introduziu no Brasil as apresentações de budesonida na forma de nebulização, muito utilizada em crianças. Essa nova formulação mostrou-se bem-sucedida nos EUA e também no Brasil. A Aché comercializa a budesonida em várias apresentações DPI: com dispositivo inalador, refil (somente para as cápsulas) e a apresentação com espaçador. Aprendizado-chave - BUDESONIDA Posicionamento A budesonida é posicionada como um CI seguro. Pulmicort® Nebulizador (AstraZeneca) é posicionado como um CI indicado para crianças muito pequenas. Aché (Busonid®) e Novartis (Miflonide®) exploram a variedade de apresentações e o preço inferior ao Pulmicort®. Pontos fortes A budesonida tem tentado estabelecer a percepção de um CI mais seguro, reforçada pela sua indicação durante a gravidez e pela forma nebulizada, indicada para o uso em crianças pequenas. Pontos fracos • A budesonida é percebida como ligeiramente menos eficaz e segura que a fluticasona e associada ao custo maior que as beclometasonas. • Possui maior índice de efeitos adversos locais e sistêmicos que ALVESCO® e é prescrito normalmente em 2 doses diárias. • Menor deposição pulmonar que ALVESCO®. • Tem custo diário de tratamento maior que ALVESCO®. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 101 MANUAL DE TREINAMENTO 2.3. PROPIONATO DE FLUTICASONA A fluticasona foi primeiramente introduzida no início da década de 90 pela GSK com a marca Flixotide®. Globalmente, a fluticasona conseguiu a liderança de mercado em muitos países, alicerçada pela excelente imagem da GSK no segmento respiratório. O market share em vendas de Flixotide® no Brasil está em permanente declínio devido a dois fatores fundamentais: a GSK concentra todo o esforço promocional para o produto Seretide® (combinação de fluticasona + salmeterol) e praticamente não investe em Flixotide®. Além disso, médicos preferem prescrever produtos mais baratos como beclometasonas e budesonidas, pois entendem que, apesar da fluticasona ser reconhecida como mais eficaz e segura, a elevada diferença de preço entre os concorrentes mais baratos não justifica sua prescrição. A GSK tem promovido agressivamente a fluticasona, especialmente por meio de Seretide®, como um corticoide inalatório de primeira linha, oferecendo um perfil de eficácia e segurança melhorados em comparação aos CIs mais antigos. A fluticasona é reconhecida como um corticoide altamente potente e considerada atualmente como o padrão-ouro em termos de eficácia. A segurança superior do produto em relação à budesonida (particularmente em termos de eixo-HPA e supressão de cortisol) tem sido contestada na literatura pela GSK e pela AstraZeneca. Com os benefícios de ALVESCO®, entretanto, certamente modificaremos o padrão de eficácia-segurança atualmente estabelecido a favor da fluticasona. Flixotide® está disponível no Brasil em dispositivos de pó seco (DPI) e spray (MDI). A apresentação MDI de Flixotide® representa 80% das vendas totais desse produto no segmento pediátrico, comprovando mais uma vez a força dos medicamentos sprays entre o público infantil. No Brasil, além de Flixotide®, a Aché comercializa a fluticasona com a marca Fluticaps®, mas apenas na apresentação DPI. 102 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Aprendizado-chave - FLUTICASONA Posicionamento A fluticasona é posicionada como a melhor opção entre os CIs. Ponto forte É reconhecida como padrão-ouro em termos de eficácia. Pontos fracos • A GSK e Aché estão redirecionando os investimentos e a promoção de Flixotide® e Fluticaps® para seus respectivos produtos em combinação, Seretide® e Alenia®. • Reconhecida como preço muito superior em comparação com beclometasonas e budesonidas (também será mais cara que ALVESCO®). • A fluticasona suprime o eixo HPA de forma significativa, quando em doses elevadas. • Posologia 2x dia. 2.4. FUROATO DE MOMETASONA A mometasona (marca Oximax®) é um novo corticoide inalatório lançado em 2009 no Brasil pela Mantecorp. No Brasil, a mometasona para tratamento da asma demorou a ser lançada até agora, devido a divergências entre o dispositivo inalador oferecido pela matriz internacional e a desejada pela subsidiária brasileira. A mometasona tem sido mostrada em estudos comparativos como tendo eficácia superior à da budesonida e similar à da beclometasona e fluticasona. Entretanto, no Brasil foi lançado com dispositivo de pó seco (DPI), semelhante ao do Fluir (Formoterol) da mesma empresa, que se mostrou em estudos comparativos semelhante ao Twisthaler. A mometasona possui vários atributos comparáveis com ALVESCO® (baixa disponibilidade sistêmica devido ao elevado nível de ligação às proteínas, eficácia equivalente à da fluticasona e administração em dose única diária). A mometasona compete com ALVESCO®, no sentido de deslocar a fluticasona e os CIs mais antigos para segundo plano, a fim de se estabelecer como monoterapia inalatória de primeira escolha, com um dispositivo já conhecido dos pacienets asmaticos. Alem disto, só está indicado para o tratamento de crianças e adultos acima de 12 anos. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 103 MANUAL DE TREINAMENTO Aprendizado-chave - MOMETASONA Posicionamento A mometasona é posicionada como tendo um esquema de dose efetivo e conveniente, com dose única diária, além de um dispositivo de inalação fácil de usar. Pontos fortes • Dose única diária. • Tem apresentado bons dados de eficácia e baixo potencial para eventos adversos sistêmicos, graças ao índice de 98% de ligação às proteínas. Pontos fracos • Repetidas demoras no lançamento, inclusive no Brasil, danificaram a imagem do produto. • Tem uma incidência mais elevada de efeitos colaterais orofaríngeos, do que ALVESCO®. • Indicação apenas para crianças e adultos acima de 12 anos. 3. PRODUTOS EM COMBINAÇÃO FIXA (COMBIS) As combinações de corticoides inalatórios + broncodilatadores foram introduzidas em 1999 e atingiram sucesso considerável na maioria dos mercados onde foram lançadas. No Brasil, em particular, os produtos Combis são mais prescritos do que na maioria dos outros países. Os LABAs (broncodilatadores de ação prolongada) são recomendados nos consensos para tratamento de asma para serem usados numa base regular de 2 vezes ao dia, em conjunto com CIs em pacientes com asma moderada a grave. A combinação fixa de um LABA e um CI em um único dispositivo é, portanto, uma opção para esses tipos de pacientes. Os produtos em combinação têm revelado em estudos clínicos oferecer um bom controle dos sintomas de asma, especialmente por possuírem a associação com broncodilatadores. Muitos médicos utilizam produtos em combinação para evitar o uso de doses elevadas de CIs, devido às preocupações de segurança. ALVESCO® tem estudos que comprovam o seu excelente perfil de segurança, mesmo em doses elevadas. Esse, com certeza, é mais um ponto forte a nosso favor. Algumas empresas no Brasil estão promovendo com maior destaque os produtos combinados. Esse fato tem contribuído para criar a percepção de que a adesão dos pacientes ao tratamento é superior com um produto em combinação, do que 104 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® com um CI em monoterapia. Essa percepção baseia-se na suposição de que os pacientes sentem o efeito imediato do componente broncodilatador atuando e, portanto, recebem um feedback positivo ao utilizar a combinação. Diferentes concentrações e apresentações dos produtos em combinação estão disponíveis. Segundo os consensos internacionais e nacionais, os produtos em combinação não são considerados como primeira escolha para os pacientes com asma moderada-leve. Na prática, entretanto, muitos médicos prescrevem Combis para pacientes nessa faixa terapêutica. Isso se deve à pequena promoção dos CIs como monoterapia efetiva na asma moderada-leve, fazendo com que as combinações fossem uma opção terapêutica para esses pacientes. Os seguintes produtos em combinação estão disponíveis no Brasil: • Beclometasona + salbutamol: Clenil® Compositum (FI). • Fluticasona + salmeterol: Seretide® (GSK). • Budesonida + formoterol: Symbicort® (AZN), Foraseq® (NVR), Alenia® (ACHÉ). As Figuras 63 e 64 mostram o market share do segmento dos produtos em combinação em valores, por molécula e por produto. Figura 63 - Segmentos dos Combis (Corticoides inalatórios + broncodilatadores) (Venda em valores por moléculas - Fonte: IMS/PMB MAT fev-10) Beclometasona + salbutamol: 5,2% Fluticasona + salmeterol: 29,8% Budesonida + formoterol: 65,0% Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 105 MANUAL DE TREINAMENTO Figura 64 - Segmentos do Combis (Corticoides inalatórios + broncodilatadores) (Venda em valores principais produtos - Fonte: IMS/PMB MAT fev-10) Symbicort® (AZN): 12,1% Alenia® (ACHÉ): 20,6% Clenil® (CHS): 3,2% Foraseq® (NVR): 32,1% Seretide® (GSK): 29,8% 3.1. DIPROPIONATO DE BECLOMETASONA + SALBUTAMOL A primeira combinação fixa lançada no mercado brasileiro foi Aerotide® pela da GSK. Esse produto foi descontinuado no início de 2005. Atualmente, existe disponível essa formulação no produto Clenil® Compositum da Farmalab. Ponto forte: baixo custo em relação às outras combinações. Ponto fraco: possui a associação do CI reconhecido como menos eficaz (beclometasona) e de um broncodilatador de curta ação (SABA), o salbutamol. Por esse motivo vem perdendo, progressivamente, espaço para as combinações com LABAs. 106 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® 3.2. FLUTICASONA + SALMETEROL Seretide® é uma combinação de fluticasona e do broncodilatador de longa ação, salmeterol. O ponto fraco do salmeterol é que ele possui início de ação mais lento que o formoterol. Estudos recentes relacionaram o uso do salmeterol com risco de morte em alguns pacientes. Esse fato induziu o FDA a exigir que fosse incluída na bula de Seretide® (marca Advair nos Estados Unidos) o aviso de que existe risco de morte com o produto. Essa decisão também foi exigida para outros produtos à base de formoterol. Ainda não sabemos se a ANVISA fará a mesma exigência no Brasil. De qualquer forma, é uma advertência que pode ser utilizada a nosso favor. Por ser o medicamento que recebe maiores investimentos entre os mercados dos CIs e Combis, Seretide® transformou-se no grande líder no mercado dos combinados. Seretide® está disponível em ambas as formas, tanto como dispositivo de pó seco DPI (Diskus) como na forma spray MDI-HFA. Entretanto, 75% das vendas desse produto concentram-se nas apresentações DPIs. 3.3. BUDESONIDA + FORMOTEROL O Brasil é, provavelmente, um dos únicos mercados que possuem 4 diferentes marcas que reúnem as combinações de budesonida + formoterol. Essa associação tornou-se uma opção quando se busca um tratamento mais Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 107 MANUAL DE TREINAMENTO efetivo que a beclometasona + salbutamol e um tratamento mais econômico que a fluticasona + salmeterol. A grande vantagem dessa associação é a composição com formoterol, amplamente estabelecido como o melhor broncodilatador de ação prolongada e rápido início de ação. Os produtos lançados com essa associação foram Symbicort® (AZN); Vannair® (AZN), seguido de Foraseq® (NVR) e Alenia® (ACHÉ). Aprendizado-chave - COMBINADOS Posicionamento A melhor opção terapêutica para o controle total da asma (manutenção e tratamento de crises). Pontos fortes • A combinação é recomendada nos casos de asma moderada-grave. • A combinação é percebida como mais conveniente que a prescrição isolada dos dois componentes, o corticoide inalatório e o broncodilatador. Pontos fracos • A combinação não é indicada na asma leve, que representa em torno de 50% do total dos casos de asma persistente. Pacientes com asma leve que são tratados com produtos em combinação estão pagando por um medicamento mais caro desnecessariamente e estão se expondo a potenciais efeitos colaterais, com benefício adicional discutível. • Como qualquer combinação fixa, as associações não apresentam flexibilidade de dose como prescrever os dois componentes isoladamente. • O uso de Combis não exclui completamente o paciente da crise. Muitos pacientes em tratamento com combinados precisam utilizar a medicação de resgate. 108 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Aprendizado-chave - ALVESCO® X COMBIS Posicionamento O lançamento de ALVESCO® isoladamente representa uma clara força promocional contrária aos combinados, principalmente agora com as restrições impostas pelo FDA. Até o momento, não existem estudos comparativos de ALVESCO® x Combis, portanto, não se pode afirmar que as combinações são mais efetivas que a ciclesonida isoladamente. Por outro lado, ALVESCO® receberá fortes investimentos promocionais e científicos que comprovarão a excelente relação custo-efetividade em relação aos Combis. Pontos fracos • Ausência do broncodilatador (assim como todo CI). Pontos fortes • Os CIs são recomendados como terapia de escolha no tratamento de manutenção da asma moderada-leve. • O custo de tratamento de ALVESCO® com relação aos combinados é bastante inferior. • Se o médico prefere prescrever combinações em vez de CIs isolados, ALVESCO® é uma excelente opção para prescrição não fixa com broncodilatadores, reunindo a eficácia e segurança de ALVESCO® à conveniência e flexibilidade posológica, inacessíveis nas combinações fixas. Dessa forma, o médico pode optar pelo melhor CI (ciclesonida) com o broncodilatador de sua preferência. • O fato das companhias que atuam nesse mercado concentrarem esforços no mercado dos Combis torna-se uma grande oportunidade para posicionarmos ALVESCO® como o melhor CI do Brasil. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 109 MANUAL DE TREINAMENTO 4. ANTAGONISTAS DO RECEPTOR PARA LEUCOTRIENO (ANTILEUCOTRIENOS = LTRA) Os antagonistas do receptor para leucotrieno (LTRAs) foram primeiramente introduzidos na década de 90 e são a classe mais recente de fármacos antiasmáticos a ser comercializada. Podem ser usados como monoterapia na asma leve a moderada ou como terapia adicional na combinação com CIs. Entretanto, possuem apenas um leve efeito anti-inflamatório e uma taxa de resposta relativamente baixa. O uso é mais amplamente difundido nos Estados Unidos e no Japão, provavelmente devido à elevada ênfase em segurança nesses mercados. O LTRA disponível no Brasil é: • Montelucaste, comercializado com a marca Singulair® pela MSD. Comentaremos a seguir apenas o montelucaste, que possui 97% do mercado dos LTRAs no Brasil. Esse fato deve-se a problemas com segurança e posologia 2x dia do zafirlucaste, enquanto montelucaste é apenas 1x dia. 4.1. MONTELUCASTE Montelucaste tem um efeito anti-inflamatório leve, com eficácia similar à de uma terapia com baixa dose de CI. Possui também um leve efeito broncodilatador, significantemente menor que o do salmeterol. Esse fármaco apresenta uma taxa de resposta bastante baixa no tratamento de manutenção da asma e, por isso, possui participação de mercado pequena no Brasil. No último ano, entretanto, apresentou um importante crescimento. A maior utilização do Montelucaste acontece no paciente pediátrico, que às vezes tem dificuldade em coordenar a administração de um CI. Montelucaste é percebido como bem tolerado e relativamente seguro pelos médicos em comparação com os CIs, o que tem se mostrado benéfico nos mercados com maior fobia aos corticoides. 110 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® A grande vantagem desse produto é sua apresentação em comprimidos, e certamente é percebido como conveniente em comparação com um produto inalatório, especialmente para as crianças. Montelucaste tem sido pesadamente promovido para os pacientes pediátricos. Mais recentemente, as vendas de montelucaste têm sido favorecidas devido à aprovação para rinite alérgica, uma condição que frequentemente acompanha a asma. Aprendizado-chave - MONTELUCASTE Posicionamento Montelucaste é posicionado como uma alternativa segura e bem tolerada aos CIs e como conveniente devido à sua dose única oral diária. Pontos fortes • Montelucaste é percebido como bem tolerado e conveniente. A recente indicação desse fármaco para rinite alérgica também se mostrou como uma nova fonte de crescimento para o produto. Ponto fraco • Montelucaste é amplamente reconhecido como menos eficaz que as terapias com CIs. 5. OUTROS CONCORRENTES Anticorpos monoclonais Anticorpos monoclonais são uma nova classe de agentes anti-inflamatórios que apresenta potencial para o tratamento da asma. No Brasil, o primeiro produto dessa nova classe e lançado em 2005 é o Xolair® (omalizumab), um anticorpo monoclonal anti-IgE humanizado injetável, desenvolvido pela Novartis e Genentech para o tratamento de asma alérgica moderada a grave. A dose é específica para cada paciente, tendo como base o peso e os níveis de IgE. A posologia deve variar entre 1-2 injeções subcutâneas por mês, ou mais frequentemente, dependendo da intensidade da doença. Xolair® possui um preço muito elevado (>R$ 1.000,00 por ampola) e provavelmente será reservado para os casos de asma muito grave. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 111 MANUAL DE TREINAMENTO 6. PRINCIPAIS COMPANHIAS CONCORRENTES O mercado respiratório é dominado por algumas das maiores e mais conhecidas companhias farmacêuticas do cenário mundial. Entretanto, conforme já comentado no início deste módulo, algumas empresas, particularmente no Brasil, possuem grande participação nesse segmento, sem, necessariamente, possuírem grande influência no cenário respiratório mundial, como é o caso da Novartis e da Aché, esta última, uma empresa nacional. Na Figura 66, você encontrará a participação atual de mercado das principais empresas no Brasil, considerando todos os segmentos respiratórios, e não apenas os corticoides inalatórios e Combis. Certamente, entrar nesse cenário extremamente competitivo é um desafio para a Nycomed Pharma. Por outro lado, com produtos inovadores, estratégias vencedoras e uma equipe de vendas altamente preparada e motivada, temos plena convicção de que entraremos no segmento pediátrico de forma agressiva e ao mesmo tempo ética, posicionando a Nycomed entre as grandes companhias desse mercado. Figura 65 - Participação das maiores companhias farmacêuticas no mercado respiratório brasileiro (Venda em valores - Fonte: IMS/PMB MAT fev-10) Mantecorp: 2,9% Chiesi: 6,3% AstraZeneca: 6,5% Nycomed Pharma: 0,3% Glaxo SmithKline: 18,9% Merck Sharp Dohme: 10% Boehringer Ing: 18,9% Aché: 11,1% Novartis: 16,4% As empresas Boehringer e MSD, apesar de não participarem dos segmentos dos corticoides inalatórios ou Combis, possuem produtos importantes em outros segmentos do mercado respiratório. As Figuras 66 e 66 apresentam as participações dos maiores laboratórios dentro dos segmentos específicos corticoides inalatórios (R3D1) e Combis (R3F1). 112 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Figura 66 - Participação das maiores companhias farmacêuticas dentro do segmento corticoides inalatórios R3D1 (Venda em valores - Fonte: IMS/PMB MAT fev-10) Mantecorp: 2,2% Nycomed: 3,7% Glenmark: 1,3% AstraZeneca: 9,5% Chiesi: 32,4% Glaxo SmithKline: 11,6% Novartis: 19% Aché: 20,2% Figura 67 - Participação das maiores companhias farmacêuticas dentro do segmento Combis R3F1 (Venda em valores - Fonte: IMS/PMB MAT fev-10) Chiesi: 3,2% Glenmark: 2,1% AstraZeneca: 12,4% Novartis: 32,1% Aché: 20,6% Glaxo SmithKline: 29,8% Glaxo SmithKline (GSK) Com 18,9% do total das vendas em valores do segmento respiratório brasileiro, a GSK é a líder de mercado com os maiores recursos e experiência nesse segmento. Proporcionalmente, poderíamos dizer que está para o mercado respiratório como a Nycomed está para o mercado de gastroenterologia. Ela tem o portfólio respiratório mais abrangente de moléculas e dispositivos inalatórios. Além disso, possui experiência relevante no crescimento e desenvolvimento do mercado de asma e pleno conhecimento de quem são os médicos líderes de opinião nacionais. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 113 MANUAL DE TREINAMENTO A GSK concentra a maior parte de seus esforços promocionais sobre o produto Seretide®. Redirecionar os negócios para os produtos em combinação provou ser uma estratégia bem-sucedida para a GSK, no sentido de proteger seu mercado respiratório contra o advento da cópia de fluticasona, Fluticaps® da Aché. Além de participar dos segmentos corticoides inalatórios com Flixotide® e dos combinados com Seretide®, a GSK possui também o produto Serevent® (salmeterol), um broncodilatador isolado, ou seja, sem a associação de CI. Mas o grande foco promocional da GSK mundialmente tem sido realmente para o produto Seretide®, posicionado como o novo padrão de terapia, ideal para o controle de todos os níveis de gravidade da asma persistente. A GSK está agressivamente tentando expandir o uso de Seretide® para os pacientes com asma leve, embora consensos internacionais não apoiem o uso de produtos em combinação nesse tipo de pacientes e agora existam restrições do FDA. A GSK enfatiza a natureza dual da asma – broncoconstrição e inflamação – dando suporte dessa maneira ao racional para a necessidade de um corticoide inalatório e um broncodilatador de longa ação, juntos. Aprendizado-chave - RESPOSTA GSK Em resposta a ALVESCO®, a GSK desafia a relevância das vantagens de segurança/tolerabilidade do produto e o seu posicionamento como apenas mais um corticoide inalatório, sem representar vantagens adicionais para os pacientes. E certamente procura diminuir o impacto do lançamento de ALVESCO®, destacando as vantagens da combinação Seretide®. Resposta ALVESCO® à GSK • Destacamos, mais uma vez, que os médicos recebem forte pressão dos laboratórios para prescrever produtos combinados, especialmente da GSK e AstraZeneca. Entretanto, as combinações são recomendadas em consensos nacionais/internacionais apenas para os casos de asma moderada-grave. • Com o lançamento de ALVESCO® na pediatria, nosso papel é conscientizar a classe médica sobre os consensos e a real necessidade do uso dos Combis x corticoides inalatórios isolados e destacar que o uso de ALVESCO® é muito mais econômico que Seretide® e Flixotide®, o corticoide inalatório isolado da GSK. • A combinação não dispensa a prescrição de medicação de resgate. • Seretide® é associado com salmeterol, um broncodilatador considerado menos efetivo que o formoterol. Além disso, vamos alertá-los com relação às exigências impostas pelo FDA com relação aos broncodilatadores. 114 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® AstraZeneca (AZN) A AstraZeneca acompanha a GSK na estratégia de focar investimentos e promoção nos seus produtos combinados, Symbicort® e Vannair®. A AstraZeneca tem tradicionalmente sido forte no mercado respiratório, com a segunda posição mais alta de recursos investidos para essa área terapêutica. No Brasil, entretanto, sua participação de mercado não é tão significativa como em outros países. Os investimentos da AZN têm ênfase em Symbicort® Turbuhaler® e no lançamento do Vannair®, primeira combinação fixa de formoterol/budesonida em aerossol oral com HFA. Atualmente, a AZN está focando investimentos sobre outras áreas de seu portfólio, como, por exemplo, sua linha cardiovascular e gastroenterológica. Aprendizado-chave - RESPOSTA ASTRAZENECA Em resposta a ALVESCO®, a AstraZeneca destaca os aspectos positivos do dispositivo Turbuhaler® e a opção de dosagem única diária com budesonida nebulização (Pulmicort® Nebulização), a fim de dispersar os aspectos de conveniência de ALVESCO®. A AstraZeneca também tenta posicionar ALVESCO® como apenas mais um corticoide inalatório isolado, sem vantagens adicionais para os pacientes. Resposta ALVESCO® à AstraZeneca Contra esses dois pontos de argumentação da AZN, temos duas estratégias extremamente positivas para ALVESCO®. • Primeiro, o dispositivo inalatório de ALVESCO® é muito fácil de usar. • Com relação à dose única diária, destacaremos que ALVESCO® é o primeiro CI que possui base científica amplamente comprovada para utilização única diária, além de menor custo diário de tratamento. • Em resposta a um possível ataque de Pulmicort® (budesonida), reforçaremos a superioridade da ciclesonida, com melhor perfil de eficácia e segurança, maior deposição pulmonar, entre outros. Merck Sharp & Dohme (MSD) A MSD é um integrante relativamente novo no mercado respiratório, graças ao lançamento de montelucaste (Singulair®). O enfoque da MSD sobre a conveniência e segurança com montelucaste, que é apresentado na formulação oral, tem sido altamente bem-sucedido nos mercados com forte fobia aos corticoides, tais como os EUA e o Japão. Em muitos mercados, porém, tem conquistado sucesso limitado, especialmente devido à baixa eficácia do produto no tratamento da asma. A MSD estuda o desenvolvimento de um produto em combinação fixa para o futuro, montelucaste + loratadina (Claritin®). Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 115 MANUAL DE TREINAMENTO Aprendizado-chave - RESPOSTA DA MSD Em resposta a ALVESCO®, a MSD mantém o posicionamento de que montelucaste é o fármaco mais bem tolerado e reforça sua conveniência como uma terapia oral. Resposta ALVESCO® à MSD ALVESCO® possui grandes vantagens quando comparado à montelucaste, a saber: • Possui a eficácia de um CI, além da segurança e tolerabilidade de um placebo. • Assim como Singulair®, ALVESCO® também possui posologia única diária. • ALVESCO® possui preço muito mais econômico. Novartis (NVR) Apesar de possuir pouca expressão na maioria dos mercados respiratórios internacionais, a Novartis é uma empresa extremamente sólida e competitiva no mercado respiratório brasileiro, tanto nos mercado dos corticoides inalatórios com Miflasona® e Miflonide® como no segmento Combis com Foraseq®, e também entre os broncodilatadores com Foradil® (formoterol), o 2º maior produto desse segmento. Temos absoluta convicção de que a Novartis defenderá a posição de seus produtos contra o lançamento de ALVESCO® na pediatria. Aprendizado-chave - RESPOSTA DA NOVARTIS Em resposta a ALVESCO®, a Novartis defenderá sua linha de produtos com os seguintes argumentos: • Possui um portfólio maior de produtos e opções terapêuticas. • Posicionar os dispositivos DPIs de Miflasona®, Miflonide® e Foraseq® como mais fáceis de usar que o inalador MDI de ALVESCO®. • ALVESCO® não possui formoterol associado como Foraseq®. • Miflonide® e Miflasona® possuem menor preço de desembolso que ALVESCO®. Resposta ALVESCO® à Novartis • Defenderemos que o dispositivo HFA MDI de ALVESCO® é fácil de usar e muito conhecido pelos pacientes. Além disso, as partículas reduzidas de ALVESCO® promovem maior deposição pulmonar que a beclometasona e budesonida, moléculas mais antigas. • Com relação ao preço, destacaremos que ALVESCO® pode possuir um maior custo de desembolso que Miflonide® e Miflasona®, entretanto, possui a vantagem da dose única diária e, consequentemente, menor custo diário e mensal de tratamento. • Contra Foraseq®, destacaremos que ALVESCO® é o melhor CI, pode ser associado com o broncodilatador de preferência e permite flexibilidade. 116 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Aché Assim como a Novartis e GSK, a Aché também participa dos 3 segmentos mais importantes do mercado de asma: os corticoides inalatórios com Fluticaps® (fluticasona) e Busonid® (budesonida), os Combis com Alenia® (formoterol + budesonida) e dos broncodilatadores com Formocaps® (formoterol). Aprendizado-chave - RESPOSTA DA ACHÉ Tentará posicionar ALVESCO® como apenas mais um corticoide inalatório e a combinação Alenia® como superior ao uso do corticoide inalatório isolado. Resposta ALVESCO® à Aché • A ciclesonida tem demonstrado em estudos clínicos eficácia equivalente à fluticasona e budesonida, associado a um melhor perfil de segurança. • O custo diário de tratamento de ALVESCO® será muito mais competitivo que Fluticaps®, Busonid® e Alenia®. • ALVESCO® possibilita ao médico associar o broncodilatador de sua escolha ao melhor CI (ciclesonida), que é tão eficaz e mais seguro que a fluticasona e a budesonida. Farmalab Chiesi (FI) A Farmalab é reconhecida no Brasil e outros países como uma empresa que possui preços extremamente competitivos, e se torna por esse motivo uma companhia bastante sólida no cenário mundial. Também compete nos mercados de corticoides inalatórios isolados e combinados, respectivamente com Clenil® e Clenil® Compositum. Baseado na elevada competitividade da empresa em termos de preço, o ponto marcante da Farmalab no mercado brasileiro é a sua forte penetração nas vendas governamentais. Esse fato, no entanto, não diminui a atenção e o direcionamento da empresa no mercado de venda em farmácias. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 117 MANUAL DE TREINAMENTO Aprendizado-chave - RESPOSTA DA FARMALAB Posicionará ALVESCO® como apenas mais um corticoide inalatório e mais caro que Clenil®. Resposta ALVESCO® à Farmalab • A ciclesonida já é reconhecida como mais eficaz e segura que a beclometasona, considerada uma molécula “old fashion” (ultrapassada). • O uso em posologia única diária de ALVESCO® posicionará o produto com preços competitivos mesmo comparados à beclometasona. • ALVESCO® terá grande possibilidade de entrar também no mercado governamental, uma vez que reúne características extremamente relevantes para esse mercado: eficácia, segurança, conveniência de dose e preço competitivo. 118 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® APÊNDICES I- PRODUTOS POR MOLÉCULA, FORMULAÇÕES E APRESENTAÇÕES CORTICOIDES INALATÓRIOS (CIS) Clenil® Jet Spray 250 mcg (Farmalab Chiesi) - MDI (Spray) Dispositivo inalador c/ 200 doses + espaçador Jet. Cada dose contém 50 mg do princípio ativo dipropionato de beclometasona. BECLOMETASONA Clenil® A (Farmalab Chiesi) - Nebulização Suspensão p/ aerossolterapia (nebulização). Embalagens com 10 flaconetes monodoses plásticos contendo 2 ml cada. Dipropionato de beclometasona 400 mcg (0,4 mg por ml). Clenil® Pulvinal (Farmalab Chiesi) - DPI (Pó seco) Dispositivo inalador c/ 100 doses de 100 mcg, 200 mcg ou 400 mcg de dipropionato de beclometasona. Miflasona® (Novartis) - DPI (Pó seco) Embalagens c/ 60 doses (cápsulas) de 200 mcg ou 400 mcg de beclometasona + inalador. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 119 MANUAL DE TREINAMENTO BECLOMETASONA ASSOCIAÇÕES Clenil® Compositum - Beclometasona + Salbutamol (Famalab Chiesi) MDI (Spray) Dispositivo inalador com 200 doses + espaçador JET. Cada dose contém 50 mcg de dipropionato de beclometasona e 100 mcg de salbutamol. Clenil® Compositum A - Beclometasona + Salbutamol (Famalab-Chiesi) - Nebulização Suspensão para nebulização: c/ 10 flaconetes de 2 ml. Dipropionato de beclometasona 400 mcg, sulfato de salbutamol 800 mcg. Busonid® MDI (Aché) - MDI (Spray) Dispositivo inalador c/ 100 doses de 50 mcg ou 200 mcg de budesonida. Busonid® DPI (Aché) - DPI (Pó seco) Embalagens c/60 doses (cápsulas) de 200 ou 400 mcg de budesonida + inalador. BUDESONIDA Busonid® Refil Caps (Aché) - DPI (Pó seco) Embalagens c/60 cápsulas de 200 ou 400 mcg de budesonida (sem inalador). Miflonide ® (Novartis) - DPI (Pó seco) Embalagens c/ 60 doses (cápsulas) de 200 mcg ou 400 mcg de budesonida + inalador. Pulmicort® (AstraZeneca) - Nebulização Suspensão para nebulização: contém 5 ou 20 frascos c/ 2 ml de budesonida 0,25 mg ou 0,5 mg por ml. 120 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Alenia® (Aché) Formoterol + Budesonida DPI (Pó seco) Alenia® 6/100: embalagens com 60 doses de fumarato de formoterol 6 mcg, budesonida 100 mcg. Alenia® 6/200: embalagens com 60 doses de fumarato de formoterol 6 mcg, budesonida 200 mcg. Alenia® Refil: embalagens c/ 60 doses (cápsulas) de fumarato de formoterol 6 mcg, budesonida 200 mcg (sem inalador). Foraseq® (Novartis) Formoterol + Budesonida DPI (Pó seco) BUDESONIDA ASSOCIAÇÕES Foraseq® 12/200: embalagens c/ 60 doses de fumarato de formoterol 12 mcg, budesonida 200 mcg + inalador. Foraseq® 12/400: embalagens c/ 60 doses de fumarato de formoterol 12 mcg, budesonida 400 mcg + inalador. Symbicort® Turbuhaler® (AstraZeneca) Formoterol + Budesonida - DPI (Pó seco) Symbicort® 6/100: dispositivo inalador c/ 60 doses de fumarato de formoterol 6 mcg, budesonida 100 mcg + inalador. Symbicort® 6/200: dispositivo inalador c/ 60 doses de fumarato de formoterol 6 mcg, budesonida 200 mcg + inalador. Symbicort® 12/400: dispositivo inalador c/ 60 doses de fumarato de formoterol 12 mcg, budesonida 400 mcg + inalador. Vannair® (AstraZeneca) Formoterol + Budesonida (spray) MOMETASONA Vannair® 6/100: tubo c/ 120 doses de fumarato de formoterol 6 mcg, budesonida 100 mcg + inalador. Vannair® 6/200: tubo c/ 120 doses de fumarato de formoterol 6 mcg, budesonida 200 mcg + inalador. Oximax (Mantecorp) DPI (Pó seco) Embalagens 30 cápsulas com 200 mcg de furoato mometasona + Inalador / Refil 30 cápsulas com 200 de furoato de mometasona (sem inalador). Embalagens 30 cápsulas com 400 mcg de furoato mometasona + Inalador / Refil 30 cápsulas com 400 de furoato de mometasona (sem inalador). Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED de mcg de mcg 121 MANUAL DE TREINAMENTO Flixotide® (GSK) - MDI (Spray) Dispositivo inalador c/ 60 doses de propionato de fluticasona 50 mcg ou 250 mcg. FLUTICASONA Flixotide® Diskus (GSK) - DPI (Pó seco) Dispositivo inalador c/ 60 doses de propionato de fluticasona 50 mcg ou 250 mcg. Fluticaps® (Aché) - DPI (Pó seco) Embalagens com 60 cápsulas de propionato de fluticasona 50 mcg ou 250 mcg + inalador. Fluticaps® Refil (Aché) - DPI (Pó seco) Embalagens com 60 cápsulas de propionato de fluticasona 50 mcg ou 250 mcg (sem inalador). FLUTICASONA ASSOCIAÇÕES Seretide® Diskus (GSK) - DPI (Pó seco) Seretide® 50/100: dispositivo inalador c/ 60 doses de 50 mcg de salmeterol, 100 mcg de fluticasona. Seretide 50/200: dispositivo inalador c/ 60 doses de 50 mcg de salmeterol, 200 mcg de fluticasona. Seretide® 50/500: dispositivo inalador c/ 60 doses de 50 mcg de salmeterol, 500 mcg de fluticasona. Seretide® Spray (GSK) - MDI (Spray) Seretide® 25/50: dispositivo inalador c/ 120 doses de 25 mcg de salmeterol, 50 mcg de fluticasona. Seretide® Spray 25/125: dispositivo inalador c/ 120 doses de 25 mcg de salmeterol, 125 mcg de fluticasona. Seretide® Spray 25/250: dispositivo inalador c/ 120 doses de 25 mcg de salmeterol, 250 mcg de fluticasona. 122 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® BRONCODILATADORES DE LONGA AÇÃO ISOLADOS (LABAS) Fluir® (Mantecorp) - DPI (Pó seco) Embalagens com 30 ou 60 cápsulas de fumarato de formoterol 12 mcg + inalador. Fluir® Refil (Mantecorp) - DPI (Pó seco) Embalagens com 30 ou 60 cápsulas de fumarato de formoterol 12 mcg (sem inalador). FORMOTEROL FORMOTEROL Foradil® (Novartis) - DPI (Pó seco) Embalagens com 30 ou 60 cápsulas de fumarato de formoterol 12 mcg + inalador. Foradil® Refil (Novartis) - DPI (Pó seco) Embalagens com 30 cápsulas de fumarato de formoterol 12 mcg (sem inalador). Foradil® (Novartis) - MDI (Spray) Dispositivo inalador com 50 doses de fumarato de formoterol 12 mcg. Formocaps® (Aché) - DPI (Pó seco) Embalagens com 30 cápsulas de fumarato de formoterol 12 mcg + inalador. Formocaps® Refil (Aché) - DPI (Pó seco) Embalagens com 30 cápsulas de fumarato de formoterol 12 mcg (sem inalador). SALMETEROL Serevent® (GSK) - MDI (Spray) Dispositivo inalador com 60 doses de 25 mcg de salmeterol. Serevent® Diskus (GSK) - DPI (Pó seco) Dispositivo inalador com 60 doses de 50 mcg de salmeterol. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 123 MANUAL DE TREINAMENTO ANTILEUCOTRIENOS (LTRAS) MONTELUCASTE Singulair® (MSD) - Comprimido Comprimidos revestidos: caixas c/ 10 ou 30 comprimidos de 10 mg. Comprimidos mastigáveis: caixas c/ 10 ou 30 comprimidos de 4 mg ou 5 mg. Singulair® Baby (MSD) - Grânulos Embalagens c/ 10 ou 30 sachês c/ grânulos de uso oral de 4 mg (crianças a partir de 6 meses). 124 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® II - ESQUEMAS DE TRATAMENTO DA ASMA TRATAMENTO DE RESGATE ASMA Tratamento de Resgate (Crise) Broncodilatadores • Rápido início de • Sintomático. • Utilizado na crise. • Broncodilatação ação, mas se mantém ativo por pouco tempo. Curta Ação Longa Ação prolongada. • Pode ser usado apenas 2x dia. • Início de ação rápido, Salbutamol semelhante aos broncodilatadores Formoterol de curta ação. • Ação broncodilatadora prolongada. • Início de ação mais Salmeterol demorado. • Duração do efeito broncodilatador prolongado. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 125 MANUAL DE TREINAMENTO TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO COM CIs ASMA Tratamento de Manutenção (base) • Deve ser utilizado cronicamente para prevenir crises de asma. • O objetivo do médico é manter o paciente com a menor dose possível. Corticoides Inalatórios Ciclesonida Beclometasona • Não tira o paciente da crise se ele já estiver sintomático. • Muitos pacientes não aderem ao tratamento corretamente. • • • • Eficácia: comparável à budesonida e à fluticasona. Tolerabilidade: superior à budesonida e à fluticasona. Dose menor que budesonida e fluticasona. Posologia mais cômoda (1x dia), desde o início do tratamento (alguns médicos usam a budesonida 1x dia, mas não desde o início). • Primeira a ser lançada. • Superada pela budesonida e pela fluticasona, porém é a mais vendida devido ao baixo custo. Budesonida Fluticasona 126 • Reconhecida como mais eficaz e segura que beclometasona e inferior à fluticasona. • Considerada a droga padrão-ouro no tratamento. • Não é muito prescrita no Brasil devido ao custo superior. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO COM CIs OU COMBINADOS ASMA Tratamento de Manutenção (base) Tratamento de Resgate (Crise) Corticoides Inalatórios Broncodilatadores Ciclesonida Curta Ação Longa Ação Combinados Corticoides Broncodilatadores Outra forma de tratamento, utilizada pelos médicos. Objetivos: • Beclometasona Budesonida Salbutamol Formoterol • Controlar os sintomas da asma (broncodilatador) e tratar a inflamação (corticoide). Reduzir a dose de corticoide. Salmeterol Fluticasona IMPORTANTE! O tratamento de manutenção com corticoides isolados ou com combinados não isenta o paciente asmático de ter crises, mesmo que a asma seja leve. Por isso, TODO PACIENTE ASMÁTICO DEVE TER UMA MEDICAÇÃO DE RESGATE. A dose de broncodilatador dos medicamentos combinados não é suficiente para tirar o paciente da crise. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 127 MANUAL DE TREINAMENTO Custo Diário/Mensal de Tratamento Tolerabilidade Sistêmica Tolerabilidade Local Posologia Comparativo ALVESCO® X Outros CIs Eficácia III - TABELA RESUMO COMPARATIVO ALVESCO® X OUTROS CIS ** Beclometasona * *** Budesonida Fluticasona Legenda: equivalente a ALVESCO® perfil inferior a ALVESCO® perfil superior a ALVESCO® * Não existe estudo comparativo direto de ALVESCO® x beclometasona, uma vez que os estudos de ALVESCO® foram comparados com budesonida ou fluticasona. ** Para a apresentação ALVESCO® 160 mcg com 120 doses. *** Para as apresentações ALVESCO® 80 e 160 mcg com 60 doses. 128 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® CAPÍTULO 8 INFORMAÇÕES PARA PRESCRIÇÃO 1. INTRODUÇÃO Solução inalatória pressurizada (Spray). Embalagens com 120 doses de 80 mcg ou 160 mcg de ciclesonida. Uso inalatório oral. Uso adulto e pediátrico (crianças a partir de 4 anos de idade). Composição - ALVESCO® Cada dose de Alvesco® 80 libera no bocal do inalador: Ciclesonida ............................................... 80 mcg Excipientes: Propelente HFA- 134a (Norflurano) e Etanol Cada dose de Alvesco® 160 libera no bocal do inalador: Ciclesonida .............................................. 160 mcg Excipientes: Propelente HFA- 134a (Norflurano) e Etanol Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 129 MANUAL DE TREINAMENTO Veja na Figura 68 a diferença entre os jatos liberados por um dispositivo contendo CFC e o aerossol extrafino liberado pelo dispositivo spray HFA de ALVESCO®. Figura 68 - diferença entre os jatos liberados por um dispositivo contendo CFC e o aerossol extrafino liberado por ALVESCO® Jato de um corticoide inalatório (fluticasona) contendo CFC Aerossol extrafino liberado por ALVESCO® A menor velocidade do jato de ALVESCO® e o menor tamanho das partículas minimizam os riscos de impacto em orofaringe. ALVESCO® possui uma alta (~ 50%) fração de partícula inalável < 4,7 μm, com a fração principal variando entre 1,1 – 2,1 μm e, portanto, promove uma melhoria no alcance da droga aos pulmões com menor depósito na orofaringe do que as formulações em suspensão de outros corticoides inalatórios. A ênfase dessa informação é dada ao tamanho das partículas geradas pelo inalador e seus benefícios. A fração que se inala tem diâmetro inferior a 4,7 μm, sendo as principais frações da medicação com diâmetro entre 1,1 – 2,1 μm. Sabe-se que as frações de partículas ≥ 5 μm não atingem as pequenas vias aéreas onde está o processo inflamatório da asma e a maior concentração de receptores para glicocorticoides. 2. INFORMAÇÕES PARA PRESCRIÇÃO 2.1. INDICAÇÕES ALVESCO® está indicado na prevenção e controle da asma brônquica leve, moderada ou grave em adultos e crianças a partir de 4 anos de idade. 130 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® ALVESCO® é o que chamamos de medicação de manutenção ou de controle da asma, que tem, portanto, o objetivo de prevenir as exacerbações da asma e mantê-la sob controle. Seu uso está destinado aos adultos e crianças com idade superior a 4 anos. 2.2. CONTRAINDICAÇÕES ALVESCO® não deve ser usado em pacientes com hipersensibilidade conhecida a quaisquer dos componentes da fórmula. Não existem contraindicações específicas ao uso de ALVESCO®, apenas aqueles pacientes com hipersensibilidade (alergia) conhecida a quaisquer dos componentes da fórmula estão impedidos de usá-lo. 2.3. INSTRUÇÕES DE USO/MANUSEIO As instruções de uso de ALVESCO® são muito importantes, pois a eficácia do medicamento depende de seu uso correto. Nota Clínica - DIFICULDADE DOS PACIENTES Apesar de o dispositivo spray ser o mais conhecido por médicos e pacientes, diferentes pesquisas mostram que os pacientes têm dificuldades para usar esses inaladores, e isso, muitas vezes, é consequência da falta de preparo de médicos e enfermeiras para instruir seus pacientes corretamente. Daí a importância de sabermos exatamente como usar ALVESCO® e de tornar essa orientação aos médicos bastante simples. ALVESCO® deve ser utilizado no mesmo horário todos os dias, pois isso ajudará o paciente a lembrar de usar o medicamento. Os estudos comprovaram que ALVESCO® tem igual eficácia se administrado pela manhã ou à noite. Também ficou comprovado que tanto a administração matutina quanto a vespertina não alteram o ritmo de excreção de cortisol, que obedece nosso ritmo circadiano. Assim, alguns pacientes podem se beneficiar do uso vespertino de ALVESCO® por apresentar sintomas mais intensos no período noturno. Outros podem considerar mais conveniente o uso matutino, antes de sair para as atividades diárias. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 131 MANUAL DE TREINAMENTO No entanto, é muito importante que o paciente siga sempre o horário escolhido ou determinado por seu médico para que a medicação esteja agindo em seus pulmões em intervalos de 24 horas e para que o hábito de uso em um mesmo horário aumente a adesão ao tratamento. Se o inalador for novo ou não tiver sido usado durante uma semana ou mais, deve-se orientar a eliminar 3 jatos no ar, antes de usá-lo. Isso se faz necessário para preencher a válvula e liberar o uso da medicação em seu primeiro uso. NÃO É NECESSÁRIO AGITAR O FRASCO, POIS ALVESCO® É UMA SOLUÇÃO AEROSSOL. Essa é a primeira orientação que deve ser dada para facilitar o uso de ALVESCO® e diferenciá-lo dos demais medicamentos spray. Diferente das medicações em suspensão que precisam ser agitadas para que o medicamento e o veículo sejam misturados, ALVESCO® já está homogeneizado ,garantindo a liberação precisa de medicamento a cada acionamento da válvula. É importante que o paciente não pule os passos 3 a 7. Topo do inalador Adaptador bucal Tampa 1. Remova a tampa do bocal e verifique dentro e fora dele, certificando-se de que está limpo e que não há objetos estranhos. Muitos pacientes deixam o medicamento sem sua tampa na bolsa ou gaveta, o que facilita a entrada de sujeira e mesmo insetos no bocal. Durante a inalação, o paciente deve estar, de preferência, sentado ou em pé. Não se deve fazer a inalação deitado, a menos que seja necessário, pois na posição deitada os pulmões têm sua expansão mais limitada do que nas posições sentada ou em pé. 132 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® 2. Segure o inalador na vertical com seu dedo indicador no topo do frasco e o seu polegar na base, abaixo do bocal. 3. Solte o ar dos pulmões. Para qualquer dispositivo, seja spray ou pó, é importante soltar o ar e “esvaziar” os pulmões antes da inalação, pois, assim, ao inspirar a medicação, existe maior volume a ser preenchido do que se a inalação partisse dos pulmões já cheios de ar. 4. Coloque o bocal em sua boca e feche seus lábios firmemente ao redor dele (a sua boca deve envolver completamente o bocal). Essa orientação é também um grande diferencial de ALVESCO®. Para outros medicamentos spray orienta-se deixar um espaço de cerca de 4 dedos entre a boca e o bocal do dispositivo. Essa orientação é necessária para reduzir o impacto das partículas na orofaringe e diminuir sua deposição, reduzindo, assim, a possibilidade de efeitos adversos locais e ainda para aumentar a fração inalada. O dispositivo de ALVESCO®, como ilustrado, pode ser colocado diretamente na boca, pois seu jato com propelente HFA é mais suave, a solução contém partículas extrafinas e a droga está em sua maior parte na forma inativa. Como sabemos, a incidência de eventos adversos locais (candidíase, rouquidão ou faringite) com ALVESCO® é semelhante à de placebo. 5. Aperte o topo do inalador para baixo, para liberar uma dose, e inspire devagar e profundamente, ao mesmo tempo. Veja que a inspiração deve ser lenta e profunda ao mesmo tempo em que se aciona o inalador. Isso é importante para criar um fluxo laminar e contínuo de ar para dentro dos pulmões. O processo de acionar o inalador para baixo é bem mais fácil com ALVESCO®, que tem uma válvula especialmente desenvolvida pela 3M. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 133 MANUAL DE TREINAMENTO 6. Prenda a respiração, tire o inalador da boca e o dedo do topo do inalador. Continue prendendo a respiração durante aproximadamente 10 segundos ou o quanto suportar para que o medicamento atinja seus pulmões. Não solte o ar no inalador. 7. Solte o ar devagar. Manter a contagem de 10 segundos após a inalação é importante para qualquer tipo de dispositivo, pois garante a permanência da medicação dentro das vias aéreas e que ela atinja, no caso de ALVESCO®, as vias aéreas mais periféricas. 8. Se você foi orientado a usar uma segunda dose, aguarde aproximadamente meio minuto para repetir os passos 3 a 7. Lembre-se de que ALVESCO® pode ser usado apenas 1 vez ao dia. Quando necessárias doses mais altas, por exemplo 320 mcg, podem ser usados 2 jatos de 160 mcg, devendo haver um intervalo de aproximadamente 30 segundos entre uma inalação e outra. 9. Após o uso, coloque sempre a tampa do bocal para proteger o inalador de poeira, pelos ou outros contaminantes. Recoloque a tampa firmemente e pressione na posição para o fechamento. Aprendizado-chave - Benefícios de ALVESCO® Os seguintes benefícios de ALVESCO® certamente vão diferenciá-lo de todos os demais corticoides inalatórios: • Não precisa ser agitado. • Pode ser colocado diretamente na boca. • Pode ser utilizado com ou sem espaçador. • Fácil de acionar (fácil manuseio). • Pode ser usado de manhã ou à noite. • Apenas 1 vez ao dia, mesmo se forem administradas 2 ou mais doses diárias. 134 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® SE LOGO APÓS USAR O INALADOR O PACIENTE SENTIR A RESPIRAÇÃO OFEGANTE OU O TÓRAX CONTRAÍDO, RECOMENDAR A RETIRADA DO MEDICAMENTO E O USO DE MEDICAÇÃO DE ALÍVIO, POR SE TRATAR DE POSSÍVEL BRONCOESPASMO PARADOXAL. O broncoespasmo paradoxal pode ocorrer quando da inalação de qualquer medicamento inalatório e consiste em uma reação de contração da musculatura brônquica, em geral, em resposta ao rápido resfriamento da garganta pelo propelente. Essa reação pode ser percebida como uma piora muito rápida da asma e deve ser tratada com broncodilatadores. Essa reação é incomum com o uso de ALVESCO® (veja em Reações Adversas, item 2.8). Devido ao grande depósito de corticoide ativo nos pulmões e baixo depósito na orofaringe, o uso de um espaçador com ALVESCO® não é rotineiramente recomendado. Entretanto, alguns pacientes podem se beneficiar com o uso consistente de espaçador em conjunto com seu inalador dosimetrado, particularmente aqueles com precária técnica inalatória. Se um espaçador for considerado necessário, o AeroChamber® Plus é um dispositivo compatível para o uso com ALVESCO®. Existem estudos em adultos mostrando igual comportamento farmacocinético de ALVESCO® com e sem o uso de espaçador. Estudos em crianças, com e sem espaçador, estão em andamento. Em pesquisas realizadas no Brasil, médicos relataram que praticamente 100% dos pacientes pediátricos recebem orientação para utilizar o espaçador. Por isso, vamos indicar aos médicos quais são os espaçadores compatíveis com ALVESCO® e deixá-los decidir se recomendarão a utilização com ou sem espaçador. Veja na Figura 69, como deve ser a administração de ALVESCO® com espaçador. Caso o médico deseje orientar o uso de espaçador, recomenda-se na bula brasileira, assim como na internacional, o espaçador AeroChamber®. Entretanto, vários outros espaçadores disponíveis no Brasil são compatíveis com ALVESCO®: • AeroChamber® • Flumax® • Luft-Chamber® • Inal-Air® • Elefantair® Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 135 MANUAL DE TREINAMENTO Figura 69 - Administração de ALVESCO® com espaçador 2.4. POSOLOGIA E FORMA DE ADMINISTRAÇÃO Dose recomendada para adultos e crianças acima de 4 anos de idade: 80 a 640 mcg ao dia. O paciente deve receber uma dose inicial de ALVESCO® apropriada para a gravidade da doença. As doses iniciais, tanto para pacientes recémdiagnosticados como para aqueles não previamente tratados com corticoides inalatórios, estão listadas abaixo (essa dose deve ser ajustada de acordo com a gravidade da asma, seguindo a recomendação médica). Algumas diretrizes recomendam que se faça o ajuste de dose para cima, iniciando o tratamento com doses moderadas, até atingir doses mais altas, se necessário (step up), outras recomendam que se inicie o tratamento com doses altas. Tudo depende da intensidade da asma no momento da indicação da medicação. Em ambos os casos, depois de atingido o controle da asma, com doses estáveis de CI por pelo menos 3 meses, deve-se iniciar a redução da dose (step down) até que se encontre a menor dose de corticoide que garanta o controle da asma. Assim, temos para ALVESCO® a faixa de doses de 80 mcg dia (dose baixa) até 640 mcg dia (dose alta). ALVESCO® está indicado apenas para inalação oral. Dose recomendada para crianças de 4 a 11 anos de idade: 80 a 160 mcg por dia. Dose recomendada para adultos e adolescentes acima de 12 anos de idade: 80 a 640 mcg ao dia. Adultos e adolescentes acima de 12 anos de idade: A dose média de ALVESCO® recomendada para a maioria dos pacientes com asma leve ou moderada é de 160 mcg uma vez ao dia. 136 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Para uma correta segmentação das doses temos a seguinte posologia: Asma leve: 160 mcg uma vez ao dia Asma moderada: 160 a 320 mcg uma vez ao dia Asma grave: 320 mcg uma vez ao dia a 640 mcg uma vez ao dia ou 320 mcg duas vezes ao dia Para facilitar o cálculo da dose a ser administrada, a tabela abaixo pode ser seguida: ASMA LEVE 160 mcg ASMA MODERADA 160 – 320 mcg ASMA GRAVE 320 – 640 mcg ALVESCO® 80 mcg 2 doses uma vez ao dia 2 a 4 doses uma vez ao dia Para a conveniência do paciente, recomenda-se prescrever ALVESCO® 160 ALVESCO® 160 mcg 1 dose uma vez ao dia 1 a 2 doses uma vez ao dia 2 doses uma vez ao dia a 4 doses uma vez ao dia ou divididas em duas vezes ao dia Crianças de 4 a 11 anos: Asma leve: 80-160 mcg uma vez ao dia Para facilitar o cálculo da dose a ser administrada, a tabela abaixo pode ser seguida: Uso em crianças ASMA LEVE A GRAVE 80-160 mcg ALVESCO® 80 mcg 1 a 2 doses uma vez ao dia ALVESCO® 160 mcg 1 dose uma vez ao dia A dose de 80 mcg, uma vez ao dia, como dose de manutenção é eficaz para o tratamento de crianças e alguns adultos e adolescentes. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 137 MANUAL DE TREINAMENTO Aprendizado-chave - TABELA COMPARATIVA PARA AJUSTE DE DOSES ENTRE CORTICÓIDES INALATÓRIOS. Adultos Droga Dose Baixa (μg) Dose Média (μg) Dose Alta (μg) Beclometasona 250 - 500 > 500 - 1000 > 1000 - 2000 Budesonida 200 - 400 > 400 - 800 > 800 - 1600 Ciclesonida 80 - 160 > 160 - 320 > 320 - 1280 Fluticasona 100 - 250 > 250 - 500 > 500 - 100 Mometasona 200 - 400 > 400 - 800 > 800 - 1200 Crianças (maiores de 5 anos) Droga Dose Baixa (μg) Dose Média (μg) Dose Alta (μg) Beclometasona 100 - 200 > 200 - 400 > 400 Budesonida 100 - 200 > 200 - 400 > 400 Budesonida - Neb 250 - 500 > 500 - 1000 > 1000 Ciclesonida 80 - 160 > 160 - 320 > 320 Fluticasona 100 - 200 > 200 - 500 > 500 Mometasona 100 - 200 > 200 - 400 > 400 Perspectiva do paciente - ADESÃO AO TRATAMENTO A adesão ao tratamento é um fator limitante para o sucesso do controle da asma. ALVESCO® administrado uma vez ao dia e com apresentação de 120 doses certamente contribuirá para uma melhor adesão ao tratamento. É importante enfatizar que mesmo as doses altas podem ser administradas uma vez ao dia, o que certamente facilita muito a adesão ao tratamento. Todo tratamento deve ser individualizado. O objetivo é o controle da asma e, para isso, duas abordagens podem ser utilizadas: • Iniciar com doses altas e, assim que obtido o controle, reduzir a dose gradativamente; ou • Iniciar com doses moderadas e elevá-las conforme necessário. O médico deve sempre buscar a menor dose de corticoide inalatório capaz de manter a asma sob controle. 138 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® ALVESCO® 80 mcg mostrou-se eficaz como dose de manutenção em pacientes já controlados. Transferindo pacientes de outros corticoides inalatórios para ALVESCO®. Transferindo pacientes da terapia crônica com corticoides orais para ALVESCO®. Nas duas situações citadas acima, a dose de ALVESCO® deve ser ajustada de forma individualizada, com o objetivo de se atingir o rápido e efetivo controle da asma. Observa-se que doses de até 1280 mcg de ALVESCO® podem ser necessárias no início da transição de pacientes previamente dependentes de corticoide oral. As doses mais elevadas de ALVESCO® (1280 mcg) mostraram-se seguras, mas devem ser reservadas para o uso por curto período de tempo, buscando-se sempre a menor dose capaz de controlar a asma. Nota Clínica - PERFIL DE SEGURANÇA Os estudos comprovaram que o perfil de segurança de ALVESCO® não depende da dose administrada, assim, médicos e pacientes podem ficar seguros de que, se necessárias doses altas de ALVESCO®, ao contrário de outros CIs, não haverá aumento do potencial para efeitos adversos. 2.5. ADVERTÊNCIAS Como todos os corticoides inalatórios, ALVESCO® deve ser administrado com cautela em pacientes com tuberculose pulmonar ativa ou quiescente, infecções fúngicas, bacterianas ou virais, e somente se esses pacientes estiverem adequadamente tratados. As advertências descritas são comuns a todos os CIs. Não existem advertências específicas ao uso de ALVESCO®. 2.6. USO DURANTE A GRAVIDEZ/USO DURANTE A LACTAÇÃO Até o momento não existem estudos adequados e controlados em mulheres grávidas. Bebês nascidos de mães que receberam corticoides durante a gravidez necessitam ser observados cuidadosamente com relação ao hipoadrenalismo. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 139 MANUAL DE TREINAMENTO Não existem estudos específicos de ALVESCO® em mulheres grávidas ou amamentando. Assim como outros CIs deve-se avaliar o risco e o benefício do uso da medicação visando a saúde e segurança da mãe e do bebê. Hipoadrenalismo define-se por diminuição da atividade da glândula adrenal (suprarrenal) que produz o cortisol. Se a mãe recebeu corticoide durante a gestação, o organismo do bebê pode interpretar que há um excesso de cortisol e assim diminuir a produção de cortisol pela adrenal, levando ao hipoadrenalismo. ALVESCO® foi classificado pelas autoridades australianas (tão rigorosos quanto o FDA) como categoria B3, ou seja, drogas que foram usadas por um número limitado de mulheres grávidas e em idade de engravidar, sem ser observado um aumento na frequência de malformação ou outro efeito prejudicial direto ou indireto para o feto. 2.7. USO EM IDOSOS, CRIANÇAS E OUTROS GRUPOS DE RISCO Não existem recomendações especiais para o uso de ALVESCO® em idosos ou pacientes com falência hepática ou renal. Crianças Até o momento, não há dados suficientes disponíveis sobre o tratamento de crianças abaixo de 4 anos com ALVESCO®. 2.8. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Dados in vitro indicam que CYP3A4 é a principal enzima envolvida no metabolismo do metabólito ativo de ciclesonida M1 em humanos. Os níveis séricos de ciclesonida e de seu metabólito ativo M1 são baixos. Entretanto, a coadministração com um potente inibidor do sistema citocromo P 450 3A4 (ex.: cetoconazol, itraconazol e ritonavir ou nelfinavir) deve ser considerada com cautela, pois pode haver um aumento nos níveis séricos de ciclesonida/metabólito. O risco de reações adversas (ex.: Síndrome de Cushing) não pode ser excluído. A ciclesonida é extensamente metabolizada no fígado pela ação da enzima CYP3A4 formando metabólitos inativos. Apesar de os níveis séricos da ciclesonida e seus metabólitos serem muito baixos, não se pode descartar a interação com medicamentos que utilizem a mesma via de metabolização. 140 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® Recente estudo mostrou não haver interação entre a ciclesonida e a eritromicina, antibiótico que utiliza a mesma via de metabolização da ciclesonida e muito utilizado em infecções respiratórias. O risco de reações adversas (ex.: Síndrome de Cushing) não pode ser excluído. A Síndrome de Cushing pode ser consequência da administração crônica de altas doses de um corticoide potente e caracteriza-se pela presença de obesidade do tronco, face semelhante à lua cheia, acne, estrias abdominais, hipertensão, redução da tolerância aos carboidratos, distúrbios psiquiátricos e ausência de menstruação nas mulheres. 2.9. REAÇÕES ADVERSAS Aproximadamente 4% dos pacientes tiveram reações adversas em testes clínicos com ALVESCO® ministrado em doses de 80 a 1280 mcg ao dia. Na maioria dos casos, tais reações foram leves e não exigiram a descontinuação do tratamento com ALVESCO®. Frequência Sistema orgânico Incomum (>1/1.000, <1/100) Distúrbios gastrointestinais Gosto ruim Distúrbios gerais e condições do local de administração Reações locais tais como queimação, inflamação e irritação Secura na boca Distúrbios respiratórios, torácicos e do mediastino Rouquidão Tosse após inalação Broncoespasmo paradoxal Distúrbios da pele e tecido subcutâneo Prurido e eczema O broncoespasmo paradoxal pode ocorrer imediatamente após a administração e é uma reação aguda não específica a todos os medicamentos inalatórios que pode estar relacionado à droga, ao excipiente ou ao resfriamento da evaporação, no caso de inaladores dosimetrados. Em casos graves, a retirada de ALVESCO® deve ser considerada. Por exigência da ANVISA, atualmente se faz necessário a pontuação de todas as reações adversas observadas por ordem de frequência (coluna direita) com que Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 141 MANUAL DE TREINAMENTO ocorreram e o sistema orgânico envolvido (coluna da esquerda). Para ALVESCO® as reações adversas foram em sua maioria incomuns, acometendo aproximadamente 4% dos pacientes que em sua totalidade foram expostos a diferentes doses de ALVESCO® (80 mcg a 1280 mcg). Nota Clínica - BRONCOESPASMO PARADOXAL Broncoespasmo paradoxal é uma reação adversa esperada para os medicamentos inalatórios spray, em geral decorrente do esfriamento rápido das vias aéreas quando realizada a inalação. Aprendizado-chave - PERFIL DE TOLERABILIDADE O excelente perfil de tolerabilidade de ALVESCO® é decorrente de: • Ativação em território pulmonar. • Elevada ligação proteica (biodisponibilidade sistêmica < 1%). • Extensa metabolização com formação de metabólitos inativos. • Rápida depuração. Atenção: este é um medicamento novo e, embora as pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis para comercialização, efeitos indesejáveis e não conhecidos podem ocorrer. Neste caso, informe seu médico. Essa é uma frase de inserção obrigatória em bula de medicamentos novos e visa alertar médicos e pacientes de que podem ocorrer eventos adversos não observados em estudos clínicos, uma vez que a população estudada certamente foi menor do que a população que será exposta ao medicamento após sua comercialização. 2.10. SUPERDOSE Não é necessário tratamento específico caso sejam inaladas doses muito maiores que as recomendadas. Toxicidade aguda: A inalação de uma dose única de 2880 microgramas de ciclesonida por voluntários saudáveis foi bem tolerada. 142 Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED ALVESCO® O potencial de efeitos tóxicos agudos após dose excessiva de ciclesonida inalatória é baixo. Não é necessário o tratamento específico após uma dose excessiva aguda. Toxicidade crônica: Não foram observados sinais clínicos de supressão adrenal após a administração prolongada de 1280 mcg de ciclesonida. Entretanto, não se pode excluir algum grau de supressão adrenal caso uma dose maior que a recomendada seja administrada continuamente, por período prolongado. Pode ser necessário monitorar a função adrenal. A ciclesonida mostrou-se bem tolerada em estudos de toxicidade aguda e crônica com doses elevadas de ciclesonida administradas em diferentes espécies de animais e por diferentes vias de administração, respectivamente em curto e longo prazos. A DL50 para administração aguda oral em ratos e camundongos foi de > 2000 mg/kg. Material de uso exclusivo para treinamento - NYCOMED 143