programa de pós-graduação em biodiversidade e

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE E
BIOTECNOLOGIA DA REDE BIONORTE
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS, NOVAS PERSPECTIVAS: ESTUDO E
ADAPTAÇÃO DE MODELO EXPERIMENTAL E ESTUDO DE DROGAS ANTIINFLAMATÓRIAS
Paulo Eduardo Santos Avila
BELÉM - PA
2016
Paulo Eduardo Santos Avila
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS, NOVAS PERSPECTIVAS: ESTUDO E
ADAPTAÇÃO DE MODELO EXPERIMENTAL E ESTUDO DE DROGAS ANTIINFLAMATÓRIAS
Tese de doutorado apresentada ao Curso de
Doutorado do Programa de Pós-graduação em
Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte,
Universidade Federal do Pará, como requisito para
obtenção do Título de Doutor em Biotecnologia.
Orientador (a): Prof. Dr. José Luiz Martins do Nascimento
Coorientador (a): Prof.ª Dr.ª Gilmara de Nazareth Tavares Bastos
BELÉM - PA
2016
A958p Avila, Paulo Eduardo Santos.
Processos inflamatórios, novas perspectivas: estudo e adaptação de modelo
experimental e estudo de drogas anti-flamatórias/Paulo Eduardo Santos Avila;
Orientador, José Luiz Martins do Nascimento; Coorientador, Gilmara de Nazareth
Tavares Bastos. — Belém, Pa, 2015.
86f.
Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Biológicas.
Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte. Doutorado
em Bioctenologia.
1. Inflamação. 2. Ágar. 3. Analgesia. 4. Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs). I.
Nascimento, José Luiz Martins do. II. Bastos, Gilmara de Nazareth Tavares. III.
Universidade Federal do Pará. IV. Título
CDD: 21. ed. 615.1
Paulo Eduardo Santos Avila
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS, NOVAS PERSPECTIVAS: ESTUDO E
ADAPTAÇÃO DE MODELO EXPERIMENTAL E ESTUDO DE DROGAS ANTIINFLAMATÓRIAS
Tese de doutorado apresentada ao Curso de
Doutorado do Programa de Pós-graduação em
Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte,
Universidade Federal do Pará, como requisito para
obtenção do Título de Doutor em Biotecnologia.
Banca Examinadora:
______________________________________________________
Prof. Dr. José Luiz Martins do Nascimento
Orientador- Presidente da banca
Universidade Federal do Pará (UFPA)
______________________________________________________
Profª. Drª. Gilmara de Nazareth Tavares Bastos
Co-orientadora
Universidade Federal do Pará (UFPA)
______________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Cristine Bastos do Amarante
Membro da Banca Avaliadora
Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG)
______________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Barbarella de Matos Macchi
Membro da Banca Avaliadora
Universidade Federal do Pará (UFPA)
_____________________________________________________
Prof. Dr. Moisés Hamoy
Membro da Banca Avaliadora
Universidade Federal do Pará (UFPA)
______________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Valéria Marques Ferreira Normando
Membro da Banca Avaliadora
Universidade do Estado do Pará (UEPA)
BELÉM - PA
2016
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado a todos aqueles que estiveram ao meu lado em mais esta
jornada, sempre confortando, acalmando, ajudando por meio de orientações e intuições...,
com palavras, abraços ou simples toques de carinho e força. Muito obrigado por sua
presença, companhia, ensinamentos, alegria, amor e, sobretudo, paciência:
Meu pai, Neide Sebastião Avila;
Minha mãe, Margarida Avila;
Minha irmã, Ana Avila;
Meus amigos...
E é dedicado, principalmente, àquelas que chegaram durante essa experiência.
Meus maiores presentes e melhores companheiras:
Minha esposa, Malu Andrade;
Minha filha, Maria Sofia.
Paulo Eduardo Santos Avila
AGRADECIMENTOS
À Deus, por me conceder o dom da vida e ter iluminado meus caminhos.
Ao Professor José Luiz Martins do Nascimento, que desde o começo acreditou e
me incentivou em busca de novos conhecimentos com conselhos e orientações, contribuindo
para meu crescimento profissional e pessoal.
À Professora Gilmara Bastos, por toda a paciência, incentivo, conhecimentos e,
sobretudo, pela amizade. Você, minha amiga, foi fundamental para esta conquista. Agradeçolhe de coração.
À Bionorte e ao Museu Goeldi, incluindo seus Professores Mário Jardim e Lourdes
Ruivo e, também, ao amigo Oberdan, que me acolheram de maneira atenciosa e profissional,
permitindo a realização deste sonho.
Aos amigos Anderson Bentes e Luís Maués, por toda enorme contribuição nesta
etapa vencida. Obrigado, sobretudo por sua amizade.
Aos Professores Chubert Sena, Barbarella Macchi, Rosivaldo Borges e Moisés
Hamoy, pela imensa ajuda durante toda a pesquisa com seus conhecimentos e orientações.
À Neide, por toda a ajuda. Sem você, todos nós não sairíamos do lugar, minha amiga.
Aos amigos Trovão, Maurício, Gabriel, Tiago, Amanda Mota, Amanda Pâmela,
Aline, Gustavo, Ronald, Lebrego, Érica, Dayane, Karla, Ana Júlia, Dhara, Alda, Robson,
Lílian, Patrícia, Jéssica, Gisele, Rafael, Pedro, Cláudia Bobadilha, Igor, Reinaldo, pelo
apoio e amizade nesta longa caminhada. Ressalto que a ordem não é de importância, pois
todos foram fundamentais.
Aos colegas de doutorado Sandra Layse, Neves, Márcia, Sandra Kariny, Antônio,
Laíce, Carlos, Leonardo e Letícia, pelos momentos, apoio e amizade.
A todos os professores e pessoas, das quais não tenha recordado o nome, mas que
colaboraram com seus conhecimentos.
Paulo Eduardo Santos Avila
EPÍGRAFE
Em ciência, o crédito vai para o homem que
convence o mundo de uma ideia, não para
aquele que a teve primeiro.
(WILLIAN OSLER)
RESUMO
AVILA, Paulo Eduardo Santos. Processos inflamatórios, novas perspectivas: estudo e
adaptação de modelo experimental e estudo de drogas anti-inflamatórias. Tese
(Doutorado em Biotecnologia) – Rede Bionorte, Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém,
2015.
Inflamação é uma tentativa do organismo de remover estímulos nocivos e iniciar, assim, uma
cascata de respostas com intuito de promover a cura. Existe uma variedade de mecanismos
inflamatórios envolvidos em infecções, doenças crônicas e outras lesões teciduais. O
entendimento desses mecanismos e a busca de novos medicamentos anti-inflamatórios com
maior especificidade e menos efeitos colaterais fundamentam o desenvolvimento e
aperfeiçoamento de novos protocolos e a padronização de modelos inflamatórios
experimentais para compreender melhor essas questões. O objetivo do presente estudo foi
avaliar o ágar como agente flogístico em modelo experimental de bolsa de ar em ratos Wistar
e a atividade anti-inflamatória e analgésica do ácido 3-benzoil-propiônico (A3BP) e seu
potencial efeito toxicológico. Utilizamos o modelo de bolsa de ar, nas doses 1%, 2%, 3% e 4%
de ágar e comparamos com 1% de carragenina, um modelo previamente estabelecido. Foi
possível determinar a dose mais efetiva de ágar e buscar seu mecanismo de ação. Para isso,
foram utilizados fármacos anti-inflamatórios convencionais Celecoxib (200 mg/kg) ou ácido
acetilsalicílico (ASA; 100mg/kg) uma hora antes da injeção de ágar. Para obtenção dos
resultados, foram feitas análises morfométricas da bolsa de ar, medida da atividade nitrérgica
e dos níveis de PGE2, migração celular e contagem diferencial de células leucocitárias no
exsudado inflamatório. O ágar 2% foi capaz de promover aumento da microvasculatura na
bolsa de ar, dos níveis de NO e PGE2 e do processo de migração celular. A contagem
diferenciada de células leucocitárias mostrou prevalência de neutrófilos. Celecoxib e ASA
inibiram os efeitos inflamatórios do ágar, reduzindo a área da microvasculatura no tecido,
assim como os níveis de nitrito e PGE2 e o número de células inflamatórias no exsudado. Para
testar o A3BP como nova droga anti-inflamatória e analgésica, usamos o modelo de bolsa de
ar com carragenina 1% em modelo in vitro de cultura de células para testar a
genocitotoxicidade. No modelo in vitro, o A3BP apresentou baixo grau de risco genotóxico e
baixa citotoxicidade, mostrado pelo ensaio do cometa, e nenhum dano à membrana
plasmática pelo teste hemolítico em eritrócitos. No estudo da atividade anti-inflamatória in vivo
pelo método de bolsa de ar, foram realizados ensaios de dosagem de nitrito, níveis de PGE2
e migração celular. Para verificar efeitos analgésicos da droga A3BP, foram feitos testes in
vivo de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético e formalina. Quanto à atividade
anti-inflamatória, o A3BP apresentou intensa atividade, demonstrada na redução acentuada
da migração celular e níveis de NO, com grande população de neutrófilos e redução dos
valores de PGE2 na dose de 0,5mg/kg. Nos estudos da atividade antinociceptiva, o A3BP
reduziu o número de contorções abdominais e o tempo de lambida nas fases neurogênica e
inflamatória do teste de formalina. Os resultados obtidos com o ágar como agente flogístico
em modelo experimental de bolsa de ar demonstraram que o protocolo descrito neste trabalho
fornece uma alternativa para estudos que envolvam a inflamação, sendo útil no screening de
novas drogas anti-inflamatórias como uma alternativa simples e barata. O presente estudo
também avançou substancialmente em relação às propriedades anti-inflamatórias e
analgésicas do A3BP, ao fornecer evidências do seu provável mecanismo de ação, por meio
da avaliação da atividade antinociceptiva, assim como da atividade anti-inflamatória in vitro e
in vivo, em que o A3BP não mostrou efeito genotóxico.
Palavras-Chave: inflamação, ágar, analgesia, anti-inflamatórios não esteróides.
ABSTRACT
AVILA, Paulo Eduardo Santos. Inflammatory processes, new perspectives: study and
adaptation of experimental model and study of anti-inflammatory drugs. Thesis
(Doctorate in Biotechnology) – Rede Bionorte, Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém,
2015.
Inflammation is an attempt by the body to remove noxious stimuli and initiate thus a cascade
of responses in order to promote healing. There are a variety of inflammatory mechanisms
involved in infections, chronic diseases and other tissue damage. Understanding these
mechanisms and the search for new anti-inflammatory drugs with greater specificity and fewer
side effects, underlying the development and improvement of new protocols and
standardization of experimental inflammatory models to understand better these issues.The
aim of this study was to evaluate the agar as phlogist on agent in experimental air pouch model
in Wistar rats, and evaluate the anti-inflammatory and analgesic activity of 3-benzoyl-propionic
acid (A3BP) and its potential toxicological effect. We use the air pouch model at doses 1%,
2%, 3% and 4% of agar, and compared with 1% carrageenan, a previously established model.
It was possible to establish the most effective dose of agar and seek its mechanism of action.
For this, they were used conventional anti-inflammatory drug Celecoxib (200mg/kg) or
Acetylsalicylic acid (ASA; 100mg/kg) 1 hour before injection of the agar. To obtain the results,
morphometric analysis of the air pouch were made, measure of the nitrergic activity and PGE 2
levels, cell migration and differential leukocytes cells in the inflammatory exudate.The 2% agar
was able to promote increase of the microvasculature in the air pouch, the levels of NO and
PGE2, and the cell migration process. The differentiated cells leukocyte count showed a
prevalence of neutrophils. Any Celecoxib or ASA inhibit the inflammatory effects of agar,
reducing the area of microvasculature in the tissue as well as the nitrite and PGE 2 levels and
the number of inflammatory cells in the exudate. To test the A3BP as new anti-inflammatory
and analgesic drug, the use carrageenan air pouch model 1% by in vitro model of cell culture
to test genocytotoxicity. In the in vitro model the A3BP presented low level of genotoxic and
low cytotoxicity risk, shown by comet assay and no damage to the plasma membrane by
hemolytic test erythrocytes. In the study of anti-inflammatory activity in vivo by the air pouch
method were conducted nitrite dose trials, PGE 2 levels and cell migration. To verify analgesic
effects of A3BP drug in vivo tests of abdominal contortions induced by acetic acid and formalin
were performed. Regard to the anti-inflammatory activity, A3BP showed intense activity shown
in marked reduction of cell migration and levels of NO, with large populations of neutrophils
and reduction of PGE2 values at a dose of 0.5mg/kg. In studies of antinociceptive activity,
A3BP reduced the number of writhes and the time lick the neurogenic and inflammatory phases
of the formalin test.The results of the agar as phlogistic agent in an air pouch experimental
model shown that the protocol described in this paper provides an alternative for studies
involving inflammation and is useful in screening of new anti-inflammatory drugs such as
simple and cheap alternative. This study also advanced substantially with respect to antiinflammatory and analgesic properties of A3BP by providing evidence of their likely mechanism
of action, through the evaluation of antinociceptive activity, as well as the anti-inflammatory
activity in vitro and in vivo, where the A3BP showed no genotoxic effect.
Keywords: inflammation, agar, analgesia, anti-inflammatory steroids
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Figura 15
Figura 16
Figura 17
Figura 18
Figura 19
Figura 20
Figura 21
Primeiras manifestações locais da inflamação aguda comparadas com
o tecido normal........................................................................................
Espécies reativas de oxigênio e nitrogênio e suas principais
atividades.................................................................................................
Estrutura molecular do Ibuprofeno (a), Naproxeno (b), Cetoprofeno (c)
e Fenbufeno (d).......................................................................................
Estrutura molecular do ácido 3-benzoil-propiônico..................................
Composição do ágar (Agarose e Agaropectina)......................................
Microvasculatura presente no interior da bolsa de ar..............................
Quantificação da área média da microvasculatura em milímetros (mm2)
presente na bolsa de ar na inflamação induzida por ágar.......................
Microvasculatura presente no interior da bolsa de ar..............................
Quantificação da área média da microvasculatura em milímetros (mm2)
presente na bolsa de ar na inflamação pré-tratada com drogas antiinflamatórias convencionais e induzida por ágar 2%...............................
Efeitos do ágar, da carragenina (a) e de drogas anti-inflamatórias
convencionais na inflamação induzida por ágar 2%(b) na produção de
NO2-..........................................................................................................
Efeitos do ágar, da carragenina (a) e de drogas anti-inflamatórias
convencionais na inflamação induzida por ágar 2%(b) na migração
celular......................................................................................................
Contagem diferencial de células leucocitárias por ml do exsudato
inflamatório induzido por ágar 2%...........................................................
Valores de PGE2 na carragenina e em drogas anti-inflamatórias
convencionais na inflamação induzida por ágar 2%................................
Classificação visual dos danos, representados em uma escala de 0-4,
sugeridos por Collins e col.(1997)...........................................................
Viabilidade de células J774 sob tratamento com A3BP durante 24 (a) e
48 (b) horas..............................................................................................
Viabilidade de macrófagos de peritônio após tratamento com A3BP por
3h seguido de incubação com LPS por 24 (a) e 48 (b) horas.................
Produção de nitrito em macrófagos peritoneais tratados com A3BP e
estimulados com LPS (1 µg/ml)...............................................................
Avaliação do índice de dano ao DNA de células MRC-5 (PD19)
tratadas com A3BP por 72 h, analisado pelo ensaio de Cometa versão
alcalina.....................................................................................................
Teste hemolítico com o A3BP em células de eritrócitos de
camundongos Mus musculus swiss não mostrando qualquer atividade
hemolítica.................................................................................................
A3BP inibindo a produção de NO2- na inflamação induzida por
carragenina 1%........................................................................................
A3BP inibindo a migração celular na inflamação induzida por
carragenina 1%........................................................................................
17
23
26
28
30
37
38
38
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40
41
42
42
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58
58
59
59
60
Figura 22 A3BP na contagem diferencial de células leucocitárias: neutrófilos (a),
linfócitos (b), monócitos (c) e eosinófilos (d) na inflamação induzida por
carragenina 1%........................................................................................
Figura 23 A3BP nos valores de PGE2 na inflamação induzida por carragenina
1%............................................................................................................
Figura 24 Efeito do A3BP e da Indometacina sobre o estímulo nociceptivo
induzido pela injeção intraperitoneal de ácido acético 0,6% em
camundongos..........................................................................................
Figura 25 Efeito do A3BP, da Indometacina e da Morfina sobre o estímulo
nociceptivo induzido pela injeção intraplantar de formalina a 1% em
camundongos..........................................................................................
61
62
63
63
LISTA DE ABREVIATURAS
µL
A3BP
AA
DNA
AINEs
AINEs-NO
ANOVA
RNAm
ASA
CEPAE
CO2
Col.
COX
COX-1
COX-2
COX-3
cPLA2
D.C
DMSO
DP
EDRF
EDTA
ELISA
EUA
I.p.
ID
IL-1
IL-18
IL-6
iNOS
iPLA2
IκB
kg
LOX
LPS
LRR
LTs
mg
MIP
mM
mm2
MTT
MyD88
NaCl
NaOH
NF-kB
nm
NO
NO2NO3NOS
NOSe
Microlitro
Ácido 3-benzoil-propiônico
Ácido araquidônico
Ácido desoxirribonucleico
Anti-inflamatórios não esteroidais
Óxido nítrico em anti-inflamatórios não esteroides
Análise de Variância
Ácido ribonucleico mensageiro
Ácido Acetilsalicílico
Comitê de Ética em Pesquisa com Animais Experimentais
Dióxido de carbono
Colaboradores
Ciclo-oxigenases
Ciclo-oxigenase 1
Ciclo-oxigenase 2
Ciclo-oxigenase 3
Fosfolipase Ca+2 dependente
Depois de Cristo
Dimetil sulfóxido
Desvio padrão
Fator de relaxamento derivado do endotélio
Ácido etilenodiaminotetracético
Enzyme-linked immunosorbent assay
Estados Unidos da América
Intraperitoneal
Índice de dano
Interleucina 1
Interleucina 18
Interleucina 6
Óxido nítrico sintase induzida
Fosfolipase Ca+2 independente
Inhibitor of kappa B
Quilograma
Lipoxigenase
Lipopolissacarídeos
Repetições ricas em leucina
Leucotrienos
Miligrama
Medicamentos Isentos de Prescrição
Milimolar
Milímetros quadrados
Sal de tetrazólium
Fator de diferenciação mieloide 88
Cloreto de sódio
Hidróxido de sódio
Fator nuclear kappa B
Nanômetros
Óxido nítrico
Nitrito
Nitrato
Óxido nítrico sintase
Óxido nítrico sintase endotelial
NOSi
NOSn
ºC
OD
PAMP’s
PBS
PG
PGD2
PGE2
PGF2α
PGG2
PGH2
PGHS
PGI2
PMNs
PRR’s
rpm
s
TIR
TIR
TLR
TNF-
TXA2
TXs
UFPA
V.o.
VCAM-1
Óxido nítrico sintase induzida
Óxido nítrico sintase neuronal
Graus Celsius
Densidade óptica
Padrões moleculares associados aos patógenos
Phosphate buffered saline
Prostaglandinas
Prostaglandina D2
Prostaglandina E2
Prostaglandina F2α
Prostaglandina G2
Prostaglandina H2
Prostaglandinas G/H sintase
Prostaciclinas
Polimorfonucleares
Receptores de reconhecimento padrão
Rotações por minuto
Segundos
Família de receptores Toll-IL1
Família de receptores Toll-IL1
Receptores toll like
Fator de Necrose Tumoral 
Tromboxano A2
Tromboxanos
Universidade Federal do Pará
Via oral
Molécula de adesão celular vascular 1
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................
15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................
17
2.1 INFLAMAÇÃO.............................................................................................................
2.1.1O sistema imune e o processo inflamatório........................................................
2.1.1.1 Migração Celular...................................................................................................
2.1.2 Mediadores do processo inflamatório.................................................................
2.1.2.1 Derivados do Ácido Araquidônico (AA).................................................................
2.1.2.2 Óxido Nítrico (NO)..................................................................................................
2.2 DOR.............................................................................................................................
2.3 FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS.........................................................................
2.4 ÁCIDO 3-BENZOIL-PROPIÔNICO (A3BP).................................................................
2.5 ÁGAR...........................................................................................................................
2.5.1 Estrutura Química do Ágar....................................................................................
3 JUSTIFICATIVA.............................................................................................................
17
18
20
20
20
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26
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29
31
CAPÍTULO I – ALTERAÇÕES VASCULARES E INFLAMAÇÃO AGUDA INDUZIDA
POR ÁGAR EM MODELO DE BOLSA DE AR................................................................
1 OBJETIVOS...................................................................................................................
1.1 OBJETIVO GERAL.....................................................................................................
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................................
2 MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................
2.1 ASPECTOS ÉTICOS...................................................................................................
2.2 REAGENTES...............................................................................................................
2.3 ANIMAIS......................................................................................................................
2.4 PREPARAÇÃO DA BOLSA DE AR E INDUÇÃO DO PROCESSO INFLAMATÓRIO
2.5 COLETA DAS AMOSTRAS.........................................................................................
2.6 ANÁLISE MORFOMÉTRICA.......................................................................................
2.7 DOSAGEM DE NITRITO.............................................................................................
2.8 CÉLULAS DO EXSUDATO INFLAMATÓRIO..............................................................
2.9 UTILIZAÇÃO DE FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS PADRÕES..........................
2.10 NÍVEIS DE PGE2........................................................................................................
2.11 ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................................
3 RESULTADOS...............................................................................................................
3.1 MICROVASCULATURA NA INFLAMAÇÃO INDUZIDA POR ÁGAR E EM
INTERVENÇÕES FARMACOLÓGICAS COM ANTI-INFLAMATÓRIOS
CONVENCIONAIS.............................................................................................................
3.2 CONCENTRAÇÃO DE NITRITO NA INFLAMAÇÃO INDUZIDA POR ÁGAR E EM
INTERVENÇÕES FARMACOLÓGICAS COM ANTI-INFLAMATÓRIOS
CONVENCIONAIS.............................................................................................................
3.3 MIGRAÇÃO CELULAR NA INFLAMAÇÃO INDUZIDA POR ÁGAR E EM
INTERVENÇÕES FARMACOLÓGICAS COM ANTI-INFLAMATÓRIOS
CONVENCIONAIS.............................................................................................................
32
33
33
33
34
34
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35
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36
36
37
37
39
40
3.4 CONTAGEM DIFERENCIAL DE CÉLULAS LEUCÓCITÁRIAS NA INFLAMAÇÃO
INDUZIDA POR ÁGAR......................................................................................................
3.5 VALORES DE PGE2 EM INTERVENÇÕES FARMACOLÓGICAS COM ANTIINFLAMATÓRIOS CONVENCIONAIS NA INFLAMAÇÃO INDUZIDA POR ÁGAR..........
4 DISCUSSÃO...................................................................................................................
5 CONCLUSÃO.................................................................................................................
CAPÍTULO II – ESTUDO DAS PROPRIEDADES ANTI-INFLAMATÓRIAS E
ANALGÉSICAS DO ÁCIDO 3-BENZOIL-PROPIÔNICO.................................................
1 OBJETIVOS....................................................................................................................
1.1 OBJETIVO GERAL......................................................................................................
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................
2 MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................
2.1 ASPECTOS ÉTICOS...................................................................................................
2.2 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA IN VITRO.......................................
2.2.1 Reagentes................................................................................................................
2.2.2 Animais....................................................................................................................
2.2.3 Cultivo celular da linhagem J774..........................................................................
2.2.4 Cultivo celular de macrófagos peritoneais..........................................................
2.2.5 Tratamento celular de macrófagos peritoneais...................................................
2.2.6 Viabilidade celular pelo método do MTT..............................................................
2.2.7 Dosagem de nitrito..................................................................................................
2.2.8 Dano ao DNA pelo ensaio cometa.........................................................................
2.2.9 Dano à membrana plasmática – teste hemolítico em eritrócitos.......................
2.3 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA IN VIVO.........................................
2.3.1 Reagentes................................................................................................................
2.3.2 Animais....................................................................................................................
2.3.3 Preparação da bolsa de ar e indução do processo inflamatório.......................
2.3.4 Coleta das amostras...............................................................................................
2.3.5 Dosagem de nitrito..................................................................................................
2.3.6 Células do exsudato inflamatório..........................................................................
2.3.7 Níveis de PGE2.........................................................................................................
2.4 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA..........................................................
2.4.1 Reagentes................................................................................................................
2.4.2 Animais....................................................................................................................
2.4.3 Testes de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético......................
2.4.4 Teste da formalina..................................................................................................
2.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA..............................................................................................
3 RESULTADOS...............................................................................................................
3.1 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA IN VITRO.......................................
3.1.1 Viabilidade celular pelo método do MTT..............................................................
3.1.1.1 Genotoxicidade em linhagem de J774-A1.............................................................
3.1.1.2 Genotoxicidade em macrófagos peritoniais...........................................................
3.1.2 Concentração de nitrito...........................................................................................
3.1.3 Dano ao DNA pelo ensaio cometa..........................................................................
3.1.4 Dano à membrana plasmática – teste hemolítico em eritrócitos.........................
3.2 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA IN VIVO.........................................
3.2.1 Concentração de nitrito..........................................................................................
3.2.2 Migração celular......................................................................................................
3.2.3 Contagem diferencial de células leucocitárias....................................................
41
42
43
46
47
48
48
48
49
49
49
49
49
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50
50
50
51
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53
53
53
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54
54
54
54
54
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56
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56
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58
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59
60
60
3.2.4 Valores de PGE2......................................................................................................
3.3 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA..........................................................
3.3.1 Atividade analgésica periférica.............................................................................
3.3.2 Teste de Formalina.................................................................................................
4 DISCUSSÃO..................................................................................................................
5 CONCLUSÃO.................................................................................................................
62
62
62
63
64
69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................
APÊNDICES......................................................................................................................
APÊNDICE 1 – CARTA DE ACEITE DE ORIENTAÇÃO..................................................
APÊNDICE 2 – CARTA DE ACEITE DE CO-ORIENTAÇÃO...........................................
ANEXOS............................................................................................................................
ANEXO A – PARECER CEPAE 111-13............................................................................
ANEXO B – PARECER CEPAE 228-14............................................................................
70
81
82
83
84
85
86
15
1 INTRODUÇÃO
Clinicamente, a inflamação é caracterizada por apresentar cinco sinais cardinais:
eritema, edema, calor, dor e perda da função (HEIDLAND e col., 2006). Porém, esse processo
pode ser definido como uma cascata inflamatória, pela qual ocorre a ativação de mediadores
e células que tem como objetivo o reparo do tecido lesado (SUZUKI e col., 2003; SCHMIDSCHÖNBEIN, 2006).
O processo inflamatório é relacionado a diversas patologias, o que torna importante a
realização de pesquisas mais avançadas acerca da relação dessa condição com um
tratamento eficaz. Ocorre como resposta do tecido à injúria celular e se caracteriza por um
fenômeno complexo e dinâmico desencadeado por diferentes estímulos. Envolve uma
complexa cascata de eventos bioquímicos e celulares, que incluem: extravasamento de
fluídos, ativação enzimática, migração celular, liberação de mediadores, sensibilização e
ativação de receptores (AMARAL e col., 2016).
No estudo da inflamação, diversos modelos animais são utilizados para avaliar a
eficácia de novos fármacos para o tratamento de doenças inflamatórias (SUE e col., 2016).
Isto se deve ao fato de que, apesar da maioria das reações inflamatórias apresentarem
características comuns, a etiologia e as manifestações clínicas diferem significativamente,
necessitando, portanto, de modelos específicos que reproduzam as características básicas.
Neste trabalho, a carragenina, agente flogístico amplamente utilizado em diferentes
modelos experimentais, entre eles, no modelo de bolsa de ar (air pouch) em ratos, foi
substituída pelo ágar. Deve-se ressaltar que o modelo de bolsa de ar descrito por Selye (1953)
e adaptado por Ghosh e col. (2000) já é largamente utilizado.
O ágar, assim como a carragenina, é um hidrocoloide extraído de algas vermelhas, do
filo das carragenas, o filo rodhophyta (SORIANO, 2001), largamente utilizado na indústria
alimentícia, farmacêutica e cosmética; é proveniente da família das gomas e pectinas, de
origem puramente vegetal. Em 2007, Okoli e col. utilizaram o ágar como agente flogístico no
modelo de indução de edema de pata, com o intuito de avaliar a sua ação edematogênica,
pela primeira vez, entretanto, nunca foi usado em outro modelo de inflamação.
O uso de substâncias químicas para amenizar e controlar os diversos mecanismos
inflamatórios envolvidos em infecções, doenças crônicas e outras lesões teciduais é uma
necessidade para assegurar melhor bem estar aos pacientes. Esses mecanismos e a busca
de novas drogas anti-inflamatórias e analgésicas com maior especificidade e menos efeitos
colaterais justificam o desenvolvimento de novos protocolos e a padronização de modelos
inflamatórios experimentais que compreendam melhor essas questões (KENNETH; HAJIME,
2008).
16
Os processos de dor e inflamação são combatidos constantemente, tendo como
medicamento mais prescrito para esse fim os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), cuja
ação é dupla: em primeiro lugar, interferem no sistema das prostaglandinas; em segundo
lugar, a maioria desses fármacos reduz a inflamação, o edema e a irritação que está em torno
da ferida e que aumenta a dor devido à elevação de pressão no local (ESPINOSA e col.,
2014).
O mercado global de analgésicos e anti-inflamatórios cresceu de US$ 20.520 bilhões
em 2006 para 26.150 em 2010 (DEZEM, 2011). Nos Estados Unidos da América (EUA), 70%
dos indivíduos acima de 65 anos fazem uso de anti-inflamatórios pelo menos uma vez por
semana e, pelo menos 34%, diariamente (LAINE, 2003; INOTAI; HANKO; MESZAROS,
2010).
Em 2012, foram vendidos cerca de 2,5 milhões de caixas de medicamentos antiinflamatórios no Brasil. Aumento de 25% em relação a 2010 (SINDUSFARMA in KONDO,
2015). Sua comercialização atinge um montante de cerca de 73 milhões de prescrições anuais
em todo o mundo (HAHN, 2006).
Os AINEs, devido a diferenças nas estruturas químicas, são subdivididos em grupos,
entre eles, encontram-se os derivados do ácido 2-aril-propiônico, que constituem um grupo
importante de AINEs (COSTA e col., 2006), fazendo parte dele o ácido 3-benzoil-propiônico
(A3BP), objeto de estudo desta pesquisa na busca por novos fármacos.
17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 INFLAMAÇÃO
A inflamação é uma das mais antigas doenças registradas; o escritor romano Aulus
Cornelius Celsus, século I D.C., foi o primeiro a descrever os quatro sinais cardinais da
inflamação: rubor, calor, edema e dor. Posteriormente, Galeno descreveu o quinto sinal
clínico: a perda de função (KENNETH; HAJIME, 2008; KENNETH e col., 2010).
A maioria dos sinais e sintomas da inflamação é causada por alterações na
vascularidade local do tecido afetado. O rubor e o calor são resultantes do aumento do fluxo
sanguíneo local; o primeiro, também chamado de eritema, é produzido por uma intensa
dilatação arteriolar, em que, nesse processo, contribuem decisivamente dois mediadores
vasodilatadores: a prostaglandina E2 (PGE2) e as prostaciclinas (PGI2) (DHALL e col., 2015).
Com isso, o músculo liso das arteríolas relaxa, levando à vasodilatação e ao aumento
da pressão hidrostática através do leito vascular que, junto com as mudanças na
permeabilidade da barreira endotelial vascular, ocasiona o extravasamento de fluidos ricos
em proteínas dentro do tecido, causando assim o edema (FIGURA 1).
Figura 1: Primeiras manifestações locais da inflamação aguda comparadas ao o tecido normal. (1) vasodilatação
dos vasos sanguíneos locais, com consequente excesso de fluxo sanguíneo local (causando eritema e calor). (2)
Aumento da permeabilidade dos capilares, com extravasamento de plasma e proteínas para os espaços
intersticiais (edema). (3) Migração de grande número de granulócitos e monócitos para o tecido.
Fonte: KUMAR; ABBAS; FAUSTO; MITCHELL, 2005 (adaptado).
Já as células endoteliais das vênulas expressam moléculas de adesão, como
integrinas e selectinas, que permitem que os neutrófilos e, posteriormente, os monócitos
18
possam aderir e migrar para o espaço entre as células endoteliais no tecido (KENNETH e col.,
2010; PARKIN; COHEN, 2001).
Na dor, os metabólitos do AA liberados no processo inflamatório têm um efeito
hipersensibilizante nos receptores álgicos com consequente ativação e sensibilização de
fibras nervosas aferentes primárias. Caso não haja resolução do processo, pode ocorrer a
formação de um quinto sinal: a perda da função do órgão (LAWRENCE; WILLOUGHBY;
GILROY, 2002; SHERWOOD; TOLIVER-KINSKY, 2004).
No início da inflamação, o AA é metabolizado por meio de ciclo-oxigenases (COX),
para a produção de prostaglandinas (PGs) e tromboxanos (TXs), ou por lipoxigenases, para
gerar leucotrienos (LTs). Esses eicosanoides induzem e ajudam a estabelecer o infiltrado
inflamatório. No entanto, em algum momento, durante a cascata inflamatória, ocorre a inibição
e, finalmente, a resolução da resposta inflamatória; caso contrário, a inflamação pode persistir,
caracterizando a inflamação crônica (HAWORTH; BUCKLEY, 2007).
A inflamação pode ser dividida em duas fases com eventos distintos; durante a fase
aguda, há um aumento do fluxo sanguíneo e da permeabilidade vascular com o acúmulo de
fluídos, leucócitos e mediadores inflamatórios, como as citocinas. A fase crônica é
caracterizada pelo desenvolvimento de uma resposta imune celular e humoral específica aos
agentes agressores (DHALL e col., 2015).
2.1.1 O sistema imune e o processo inflamatório
Os seres humanos estão continuamente expostos a organismos que são inalados,
ingeridos ou que habitam nossa pele e membranas mucosas. Se esses organismos penetram
e causam doenças, isso é resultado de dois fatores: a patogenicidade do organismo e a
integridade dos mecanismos de defesa do hospedeiro. O sistema imunológico é uma rede
interativa de órgãos linfoides, células, fatores humorais e citocinas. A principal função do
sistema imunológico é defender o organismo do hospedeiro (PARKIN; COHEN, 2001).
A imunidade é dividida em dois tipos: a inata e a adaptativa, determinadas pela
velocidade e especificidade da reação gerada.
A imunidade inata inclui as barreiras físico-químicas (pele e membranas mucosas) e
elementos do sistema imune (neutrófilos, monócitos, macrófagos, sistema complemento,
citocinas e proteínas da fase aguda) que providenciam a imediata defesa do hospedeiro
(PARKIN; COHEN, 2001).
Segundo o mesmo autor, a imunidade adaptativa, portanto, é a defesa mais
desenvolvida dos organismos. Essa resposta consiste em reações antígeno-específico
através de linfócitos T e B.
Ainda para o autor acima, ao considerar que a resposta imune inata é rápida, apesar
de algumas vezes causar danos à célula do hospedeiro, a resposta imune adaptativa é
precisa; contudo, essa resposta pode demorar a se desenvolver, quando em contato pela
19
primeira vez com o patógeno (antígeno), mas, em um segundo contato, ocorre uma resposta
rápida e vigorosa devido às células de memória da imunidade adaptativa.
O sistema imune inato é a primeira linha de defesa do organismo contra patógenos
microbianos, como células Gram-Positivas e Gram-Negativas, fungos e vírus. Em outras
circunstâncias, essa resposta de defesa pode ser desencadeada inapropriadamente devido a
outros tipos de lesões, como as causadas por substâncias químicas, luz ultravioleta ou calor,
substâncias estranhas inócuas (como o pólen, por exemplo) ou contra os próprios tecidos do
corpo (doenças autoimunes) (HUHTA e col., 2016).
Macrófagos e células dendríticas envolvidas na resposta imune inata são estimuladas
por receptores de reconhecimento padrão (PRR’s) presentes em sua superfície. Os PRR’s
reconhecem padrões moleculares associados aos patógenos (PAMP’s). Os PAMP’s são
componentes altamente conservados, comuns a classes inteiras de patógenos (vírus, fungos
e bactérias), tais como: lipopolissacarídeos (LPS), peptideoglicanos, zymosan, flagelos de
bactérias, entre outros (ALBERT e col., 2004).
Os PRR’s interagem com anticorpos naturais (opsoninas, por exemplo) para promover
o reconhecimento dos micro-organismos e fagocitose. A segunda categoria de PRR’s consiste
de receptores internos, como o receptor de manose, presente em macrófagos, que se liga aos
receptores de manose comumente presente em micro-organismos e receptores scavengers,
os quais reconhecem polímeros aniônicos ou lipoproteínas acetiladas de baixa densidade
encontradas na superfície de bactérias danificadas (FALGARONE; JAEN; BOISSIER, 2005).
Para o autor acima, a terceira categoria de PRR’s é a família de receptores Toll Like
(TLR), que contribui para a transdução do sinal. Esses receptores são glicoproteínas integrais
e estão ancorados na membrana celular, caracterizados por um domínio extracelular rico em
repetições de leucina (LRR). Seu domínio intracelular compartilha homologia com o receptor
para interleucina-1 (IL-1) e constitui a família de receptores Toll-IL1 (TIR). TLR’s e receptores
de IL-1 e interleucina-18 (IL-18) ativam o fator de diferenciação mieloide 88 (MyD88), uma
quinase que ativa a transdução do sinal intracelular.
Após a ativação dos TLR’s pelos PAMP’s, ocorre a estimulação das células dendríticas
ou dos macrófagos para que haja resposta imediata; vias de sinalização intracelulares ativam
a produção de enzimas, como a ciclo-oxigenase-2 (COX-2) e a óxido nítrico sintase induzida
(iNOS), as quais atuarão na indução da inflamação, além de citocinas pró-inflamatórias, como
o fator de necrose tumoral- (TNF-) e a IL-1, e outros mediadores (prostaglandinas e
histamina) que atuam sobre as células endoteliais, provocando a expressão de moléculas de
adesão e um aumento da permeabilidade vascular. Isto permite a exsudação de líquido para
o espaço extravascular, o qual contém componentes das cascatas de enzimas, que levam à
produção de mais mediadores inflamatórios (HUHTA e col., 2016).
O sistema imune inato produz mediadores que têm como uma de suas funções o
recrutamento de células que pertencem à resposta imune adquirida, subdividida em
20
imunidade celular e humoral. A imunidade celular caracteriza-se pela produção de células
especializadas (linfócitos T); já a humoral, principalmente pela produção de imunoglobulinas
ou anticorpos, proteínas especializadas na ação específica contra determinados antígenos.
As células desse tipo de resposta estão presentes no sangue e na linfa como células
circulantes (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI,2008).
2.1.1.1 Migração Celular
A inflamação é um processo caracterizado pela migração de leucócitos do sangue para
o órgão ou tecido afetado pelo trauma, infecção ou reação autoimune. Os leucócitos aderem
às células endoteliais por meio de interações entre suas integrinas de superfície celular e as
moléculas de adesão das células endoteliais (GAFVELIN e col., 2016).
Durante a inflamação, mediadores quimiotáticos são liberados, além de citocinas,
como a IL-1 e o TNF-, e substâncias autacoides, como a histamina, bradicinina e outras
pequenas moléculas. O TNF- e IL-1 agem localmente alterando o espaço entre as células
do endotélio, para que, posteriormente, ocorra o movimento dos leucócitos para fora do vaso,
denominado diapedese (HUHTA e col., 2016).
Para o autor acima, os autacoides causam vasodilatação local, aumento do volume de
sangue no local da inflamação, mas, simultaneamente, diminuem a velocidade do fluxo dentro
dos microvasos, especialmente nas vênulas pós-capilares.
Os neutrófilos são os primeiros leucócitos sanguíneos a alcançar a área da inflamação.
Primeiramente, rolam ao longo do endotélio ativado, então, aderem e migram para fora do
vaso sanguíneo em direção ao espaço extravascular. Eles são atraídos para o patógeno
invasor através de substâncias químicas denominadas quimiotaxinas e são capazes de
englobar, matar e digerir micro-organismos (DALE, 2016).
2.1.2 Mediadores do processo inflamatório
2.1.2.1 Derivados do Ácido Araquidônico (AA)
O AA (ácido 5, 8, 11, 14-eicosatetraenóico) é um graxo poli-insaturado de vinte átomos
de carbono, cuja cadeia possui quatro ligações duplas. É encontrado na membrana
plasmática, sendo um componente de grande importância para a fluidez desta. As duplas
ligações desse fosfolipídio são sítios comuns de atuação de radicais livres, de enzimas, como
a ciclo-oxigenase (COX) e lipoxigenase (LOX), e do citocromo P450 (BRASH, 2001).
Em condições fisiológicas, uma fosfolipase Ca +2 independente (iPLA2) é a principal
enzima relacionada à liberação de AA, porém, sua função é a de remodelagem da membrana
celular e manutenção do equilíbrio homeostático do organismo, e não a de induzir a síntese
de prostanoides. As moléculas de AA são reincorporadas, todavia, quando ocorre aumento
de Ca+2 intracelular, uma fosfolipase Ca+2 - dependente é ativada (cPLA2), atuando na posição
21
sn-2 do glicerol, liberando o AA, alterando o equilíbrio de liberação-captação, o que deixa o
AA livre para ser metabolizado (FITZPATRICK; SOBERMAN, 2001).
O AA é alvo de metabolismo de enzimas prostaglandinas (PG) G/H sintases (PGHS),
também conhecidas como ciclo-oxigenases (COX), lipoxigenases e epoxigenases, para a
formação de produtos biologicamente ativos.
As enzimas COX são proteínas bifuncionais, pois possuem atividade ciclo-oxigenase
e hidroperoxidase, catalisando a transformação do AA nas PG endoperóxidos, intermediários
Prostaglandina G2 (PGG2) e Prostaglandina H2 (PGH2). Estes sofrem ação de isomerases e
sintases, tendo como produtos finais PGs e tromboxano A2 (TXA2). Todos esses produtos
agirão via receptores ligados à proteína G (GROSSER; FRIES; FITZGERALD, 2006).
Existem três subtipos de COX: ciclo-oxigenase-1 (COX-1), ciclo-oxigenase-2 (COX-2)
e ciclo-oxigenase-3 (COX-3). A COX-1 é constitutivamente expressa em órgãos e tecidos e
age formando mediadores que atuarão em diversas funções homeostásicas, como a proteção
do trato gastrintestinal, influenciando no fluxo renal e na agregação plaquetária (WARNER;
MITCHEL, 2004).
A COX-2 é expressa em resposta a estímulos inflamatórios, estímulos fisiológicos e
fatores de crescimento, estando envolvida na síntese de prostaglandinas que medeiam a dor
e atuam no processo inflamatório. São expressas por macrófagos, sinoviócitos e células
endoteliais (DANNHARDT; KIEFER, 2001).
A COX-3 tem origem no Ácido ribonucleico mensageiro (ARNm) da COX-1, que
manteria o íntron 1. A diferença no número de aminoácidos é de 30-34, dependendo da
espécie estudada (mamíferos), ou seja, é uma isoforma da COX-1 e também é uma enzima
constitutiva. Os primeiros estudos mostraram que tal enzima é sensível a fármacos
analgésicos e antipiréticos, como o Acetoaminofen, Fenacetina e Dipirona, e essa
sensibilidade explicaria o efeito de fármacos não esteroides na dor e na febre (WARNER;
MITCHEL, 2004).
Em relação aos produtos da COX, ambas formas atuam formando PGG 2 (uma vez que
haja AA disponíveis), que é reduzido ao endoperóxido instável PGH 2. Este é substrato para
outras enzimas que são responsáveis pela produção das cinco principais prostaglandinas
bioativas: Prostaglandina E2 (PGE2), Prostaglandina F2α (PGF2α), Prostaglandina D2 (PGD2),
PGI2 e TXA2 (HATA; BREYER, 2004). Estas atuam em seus receptores específicos na
membrana plasmática da célula alvo: DP para PGD 2, EP para PGE2, FP para PGF2α, IP para
PGI2 e TP para TXA 2 (WARNER; MITCHEL, 2004).
As prostaglandinas são potentes mediadores inflamatórios, podendo induzir febre,
aumentar a sensibilidade à dor e estimular numerosas funções celulares (VILLAREAL;
ZAGORSKI; WAHL, 2001).
22
2.1.2.2 Óxido Nítrico (NO)
Em 1980, Furchgott descobriu um fator liberado das células endoteliais que causava
vasodilatação e que anteriormente era denominado fator de relaxamento derivado do
endotélio (EDRF) (PALMER; FERRIGE; MONCADA, 1987). Tratava-se do óxido nítrico (NO),
um gás solúvel, produzido não apenas por células endoteliais, mas também por macrófagos
e neurônios específicos no cérebro, atuando de maneira parácrina sobre células-alvo. Ele é
constituído pela clivagem do aminoácido essencial L-arginina, formando NO e L-citrulina
(MONCADA; PALMER; HIGGS, 1991). O NO é um gás simples e instável com meia vida de
poucos segundos (IGNARRO, 1990).
O NO está envolvido nos processos fisiológicos de vasodilatação, neurotransmissão e
inflamação. É gerado pela atividade da enzima óxido nítrico sintase (NOS), que pode ser
encontrada em três isoformas, uma induzida e duas constitutivas (BREDT; SNYDER, 1994).
Segundo os mesmos autores, a óxido nítrico sintase endotelial (NOSe) é dependente
de cálcio e é expressa constitutivamente por células endoteliais e não endoteliais; a óxido
nítrico
sintase
neuronal
(NOSn)
também
é
expressa
constitutivamente
e
é
predominantemente encontrada em tecido neural; a óxido nítrico sintase induzida (NOSi) é
induzida por lipopolissacarídeo de bactéria ou citocinas, como por exemplo, fator de necrose
tumoral  (TNF).
É proposta uma diversidade de atividades biológicas para esse gás e bem estabilizado
o papel do NO no endotélio vascular que medeia o relaxamento da musculatura vascular pelo
aumento da formação de monofosfato de guanilato ciclase. No cérebro este atua como
neurotransmissor, mediando a ativação de glutamato (MONCADA; PALMER; HIGGS, 1991).
Em processo inflamatório, o NO modula reação inflamatória aguda e crônica e outros
processos do sistema imunológico (GOODWIN; LANDINO; MARNETT, 1999), como por
exemplo, a sua atividade antimicrobiana e citotóxica, quando liberado por macrófagos
(LASKIN, 2001).
Nas reações biológicas, a enzima NOS tende sempre a produzir complexos químicos
mais estáveis, como a formação de peróxido nítrico, grupos tióis em proteínas e a nitração de
resíduos de tirosina em proteínas, com o intuito de diminuir a toxidade dentro da célula
(BREDT; SNYDER, 1994).
Os produtos finais da formação do NO in vivo são o nitrito (NO2-) e o nitrato (NO3). A
proporção de NO2 é encontrada no meio reacional em quantidade suficiente para ratificar a
presença de NO (MARLETTA, 1993). A formação de espécies reativa de nitrogênio é
importante na determinação das atividades anti-inflamatórias e inflamatórias do óxido nítrico
(SAUTEBIN, 2000).
O NO e seus derivados, nitrito e peroxinitrito, são importantes agentes próinflamatórios, também úteis como índices de avaliação da inflamação e para o
acompanhamento da resposta terapêutica às drogas anti-inflamatórias. Durante o processo
23
inflamatório, as células fagocíticas (neutrófilos e macrófagos) secretam substâncias
oxidantes, radicais livres e compostos eletrofílicos, gerados por enzimas NOSi produzidas por
macrófagos, como é mostrado na Figura 2 (DEDON; TANNENBAUM, 2004).
Figura 2: Espécies reativas de oxigênio e nitrogênio e suas principais atividades.
Fonte: DEDON; TANNENBAUM, 2004 (adaptado).
2.2 DOR
A dor é uma sensação de experiência desagradável que acontece quando o tecido é
lesionado. Desse modo, tal sensação protege o corpo de uma possível ameaça ou lesão. A
transdução do estímulo doloroso ocorre nas terminações nervosas das fibras C não
mielinizadas e nas fibras Aδ mielinizadas. A maioria dos nociceptores responde a estímulos
mecânicos, térmicos e químicos, razão pela qual são chamados de nociceptores polimodais
(YUNJONG e col., 2005).
O estímulo nóxico pode apresentar uma intensidade suficiente para causar lesão
tecidual associada à liberação de numerosos mediadores inflamatórios. Alguns desses
mediadores estimulam diretamente nociceptores periféricos. Recentes avanços na pesquisa
com canais iônicos em neurônios sensoriais revelaram mecanismos moleculares essenciais
para a transmissão de vários tipos de sinais neurais, os quais são conduzidos do encéfalo
para o local de percepção da dor (JULIUS; BASBAUM, 2001).
Vários mediadores químicos conhecidos presentes no local lesado podem estimular
os nociceptores e, portanto, promover a dor. Dentre os mediadores inflamatórios incluídos
neste grupo estão a histamina (que também causa prurido) e a bradicinina (DAVIDSON e col.,
2014).
A bradicinina estimula atividade enzimática da fosfolipase A 2 ligada à membrana que,
por sua vez, provoca a desesterificação da membrana, levando à liberação do AA livre (ácido
ecosatetraenoico) e à biossíntese subsequente de prostaglandinas (por exemplo, PGE 2 e
24
PGI2) pela COX. As prostaglandinas são potentes vasodilatadoras e importantes mediadores
na dor inflamatória (DAVIDSON e col., 2014).
A dor é desencadeada pela ativação de nociceptores específicos (dor nociceptiva).
Entretanto, ela pode ser resultante de lesão de fibras sensoriais ou de dano ocasionado no
sistema nervoso central (CHAHINE; O'LEARY, 2014). Pode ser subdividida em aguda e
crônica; a primeira é de curta duração, geralmente persistente apenas no período de duração
do dano tecidual e representa uma reação fisiológica natural do organismo; a crônica é
evidente quando cessa a função dos mecanismos normais de cicatrização e, em doenças
como artrite reumatoide, pode persistir por semanas, meses ou até mesmo anos (ALMANSA;
VELA, 2014).
A dor pode resultar de vários fatores, como aumento da pressão, devido ao edema,
sobre tecidos e terminações nervosas; de lesão das fibras nervosas; da irritação tóxica
produzida por micro-organismos ou extravasamento de substâncias intracelulares de células
lesadas e também por cininas que afetam terminações nervosas. As prostaglandinas
intensificam a dor associada à inflamação (DAVIDSON e col., 2014).
A dor não é uma entidade isolada, difere essencialmente nas causas, que variam de
acordo com sintomas e mecanismos neurobiológicos. Em curso de escala, três formas de dor
podem ser distinguidas (ZEILHOFER, 2007).
A dor nociceptiva originada da ativação de neurônios nociceptivos primários, os quais
têm função fisiológica importante, como a proteção da lesão tecidual. A de origem inflamatória
origina todas as formas de inflamação. Finalmente, a neuropática proveniente de uma lesão
tecidual de origem periférica ou de nervos e neurônios centrais; é acompanhada por dor
espontânea intensa e dor provocada por leve estímulo. A inflamatória e a neuropática podem
exceder a duração da causa primária da dor. Elas podem se tornar síndromes de dor crônica
(ZEILHOFER, 2007).
A dor é combatida constantemente, tendo como medicamento mais prescrito para este
fim os AINEs. A ação deles é dupla: em primeiro lugar, interfere no sistema das
prostaglandinas, um grupo de substâncias que interagem e são em parte responsáveis pela
sensação dolorosa. Em segundo lugar, a maioria desses fármacos reduz a inflamação, o
edema e a irritação, que muitas vezes rodeiam uma ferida e aumentam a dor (ESPINOSA e
col., 2014).
2.3 FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS
O uso de substâncias químicas para amenizar a dor e a inflamação é uma das
necessidades mais antigas da humanidade. Desde o isolamento da salicilina e a
demonstração dos seus efeitos antipiréticos em 1829 por Leraux, um longo caminho de
pesquisa sobre o processo inflamatório vem sendo trilhado (OLIVEIRA JR. e col., 2007;
SOLOMON, 2007; CHAHDE; GIORGI; SZAJUBOK, 2008).
25
Segundo os autores acima, o salicilato de sódio foi usado para tratar a febre reumática
como agente antipirético e no tratamento da gota em 1875. O enorme sucesso do fármaco
levou à produção do ácido acetilsalicílico; em 1899, este foi introduzido por Dresser com o
nome de Aspirina®.
Porém, devido à toxicidade gastrointestinal causada pelo ácido acetilsalicílico,
procurou-se sintetizar outras substâncias com menores efeitos adversos e, assim,
desenvolveu-se o primeiro anti-inflamatório não salicilato, a fenilbutazona, no início de 1950
(CHAHADE; GIORGI; SZAJUBOK, 2008).
Diversos fármacos, divididos em dois grandes grupos, têm sido utilizados como
potenciais agentes anti-inflamatórios, os esteroidais e os não esteroidais. O principal
mecanismo de ação dos esteroidais acontece pelo antagonismo de fatores de transcrição
nucleares que consequentemente inibem a expressão da fosfolipase A 2, enzima necessária
para liberação de AA, inibindo assim a formação de prostaglandinas, tromboxanos e
leucotrienos (VANE; BOTTING, 1987).
Os AINEs integram um grupo heterogêneo de compostos, que consiste de um ou mais
anéis aromáticos ligados a um grupamento ácido funcional. São ácidos orgânicos fracos que
atuam principalmente nos tecidos inflamados e se ligam, significativamente, à albumina
plasmática, sendo convertidos em metabólitos inativos pelo fígado e, predominantemente,
excretados pela urina (KLIPPEL; WEYAND; WORTAMANN, 2001).
Esses medicamentos são largamente usados para combater a febre e a dor aguda ou
crônica. São as medicações mais vendidas em todo o mundo e, em conjunto com os
analgésicos e antitérmicos, correspondem a aproximadamente 30% dos medicamentos
utilizados (HILÁRIO; TERRERI; LEN, 2006).
Os AINEs apresentam basicamente três tipos de efeitos: anti-inflamatório (modificação
da reação inflamatória), analgésico (redução da dor do tipo inflamatória) e antipirético
(redução da temperatura elevada) (WANNMACHER; PASSOS, 2010).
Seus efeitos devem-se principalmente a sua capacidade de inibir a produção de
prostaglandinas através da inibição da enzima fosfolipase A2 envolvida na síntese destes
compostos, a síntese dos endoperóxidos das prostaglandinas, também conhecida como ciclooxigenase (CARVALHO; CARVALHO; RIOS-SANTOS, 2004; AMARAL e col., 2016).
O principal mecanismo de ação dos AINEs ocorre por meio da inibição específica da
COX e consequente redução da conversão do AA em prostaglandinas. Reações mediadas
pelas COX, a partir do AA, produzem PGG2 que, sob ação da peroxidase, forma PGH2, sendo
então convertidas a prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos (OLIVEIRA JR. e col.,
2007).
Os prostanoides PGE2, PGI2, PGD2, PGF2α e o tromboxano A2 constituem os produtos
mais importantes da via da COX. Ao inibirem a enzima ciclo-oxigenase e a produção de
prostaglandinas, os AINEs não inibem a via das lipoxigenases e, portanto, não suprimem a
26
produção de leucotrienos. Com exceção do ácido acetilsalicílico, os AINEs atuam como
inibidores
competitivos
reversíveis
da
atividade
da
ciclo-oxigenase
(CARVALHO;
CARVALHO; RIOS-SANTOS, 2004; AMARAL e col., 2016).
2.4 ÁCIDO 3-BENZOIL-PROPIÔNICO (A3BP)
O A3BP, também conhecido como ácido 4-Oxo-4-fenil-butírico, é um derivado do ácido
2-aril-propiônico. Os AINEs derivados desse ácido representam um grupo de fármacos que
apresentam vantagens em relação à aspirina®, à indometacina e aos derivados pirazólicos,
pois são de um modo geral, melhor tolerados (VANE, 1971; IGARZA; SORACI, 2007).
Modificações geradas nas interações dos derivados do ácido 2-aril-propiônico visam
elevar a seletividade e ampliar também a potência por meio do aumento de suas interações.
A exploração dos métodos de planejamento e desenvolvimento racional dessa classe de
fármacos produziu conjuntos de derivados analgésicos e anti-inflamatórios por meio da
variação estrutural, da associação molecular e do isomerismo, apresentam potente e
significativa atividade, bem como elevada segurança, comparados às diversas drogas
padrões (KAMEO e col., 1988).
Dentro desse subgrupo, podemos distinguir primeiro o Ibuprofeno (a), o primeiro de
uma série em que hoje se encontram o Naproxeno (b), o Cetoprofeno (c) e o Fenbufeno (d),
o Flurbiprofeno, entre outros (LEVOIN e col., 2004) (FIGURA 3).
a)
b)
c)
d)
Figura 3: Estrutura molecular do Ibuprofeno (a), Naproxeno (b), Cetoprofeno (c) e Fenbufeno (d).
Fonte: http://www.sigmaaldrich.com/brazil.html
27
O Ibuprofeno é um derivado do ácido 2-aril-propiônico, ácido iso-butil-propinóicofenólico. Apresenta meia-vida de somente 2,2 horas e se liga fortemente a proteínas
plasmáticas (90%-99%) (RAINSFORD, 2009). O pico máximo na concentração plasmática é
alcançado em aproximadamente 1-2 horas após a administração oral, com rápida excreção
por via renal de metabólitos hidroxilatos ou carboxilatos (KALE, 2014).
Essa droga é utilizada na terapêutica há mais de 30 anos, indicada para dores
moderadas e inflamações em diversas condições, como dores de cabeça, febre,
dismenorreia, desordens musculoesqueléticas (DIAN e col., 2013), além de melhorar
aprendizado e memória (HASHMI; YAQINUDDIN; AHMED, 2014) e induzir a neuroproteção
pelas propriedades antioxidantes (ZAMINELLI e col., 2014).
Dentre os AINEs tradicionais, o Naproxeno é um anti-inflamatório não seletivo da COX
e, portanto, atua inibindo, em diferentes graus, as duas isoformas da enzima, tendo sido
relacionado à maior índice de efeitos adversos gastrointestinais (HOWARD; DELAFONTAINE,
2004).
Em ensaios clínicos realizados em pacientes com artrite reumatoide, osteoartrite e
artrite juvenil, o Naproxeno demonstrou efeitos comparáveis à aspirina e à indometacina, mas
apresentou menor incidência de efeitos indesejáveis em nível do sistema nervoso (BALI e
col.,2016).
O Cetoprofeno é um AINE altamente eficaz como antipirético e analgésico para o
tratamento sintomático da dor e febre em adultos e crianças. Age inibindo a síntese
de prostaglandinas por meio do bloqueio das enzimas ciclo-oxigenases (KOKKI; KOKKI,
2010). É conhecido por sua dupla ação sobre a COX-1 e COX-2. Aparentemente pode
estabilizar as membranas lisossômicas e antagonizar as ações da bradicinina. É absorvido
rapidamente pela via oral e atinge pico de concentração plasmática em uma ou duas
horas. Liga-se 99% às proteínas plasmáticas e é conjugado ao ácido glicurônico no fígado,
eliminado na urina. Sua ação analgésica é central e atravessa a barreira hematoencefálica.
Quimicamente, trata-se de um derivado do ácido arilcarboxílico, pertencente ao grupo
do ácido 2-aril-propiônico (KOKKI; KOKKI, 2010), e é indicado para o tratamento de sinais e
sintomas da inflamação, como por exemplo, traumas e fraturas, artrites e artroses, contusões,
lombalgia e cervicalgias, além de inflamação da garganta, sendo também efetivo no alívio dos
sintomas da dismenorreia (WANG; DASGUPTA; WARD, 2015).
O Fenbufeno é um AINE com propriedades analgésicas e antipiréticas, que atua como
inibidor da enzima ciclo-oxigenase na síntese das prostaglandinas, utilizado para tratar
patologias agudas e crônicas, indicado no tratamento de doenças reumáticas, nomeadamente
a artrite reumatoide, a osteoartrite e a espondilite anquilosante, assim como na dor aguda ou,
também, em estados inflamatórios na generalidade (MOORE; DERRY; MCQUAY, 2009).
As características farmacodinâmicas de todos esses produtos são similares,
28
apresentando diferentes graus de atividade anti-inflamatória, antipirética, analgésica e
antiplaquetária, sendo todos inibidores não seletivos da COX-1 e COX-2 (FLORES, 1993).
Não são muitas as pesquisas com o A3BP. A empresa Takeda Chemical Industries,
em 1975, requereu patente de invenção para novo método de preparação do A3BP no
tratamento das colecistopatias, com ação espasmolítica e relaxante da vesícula biliar, assim
como forte atividade colérica e baixa toxicidade.
Kameo e col. (1988) relataram a síntese da atividade inibitória de derivados do A3BP
no tratamento da artrite adjuvante induzida em ratos. Em pesquisa posterior, Kawashima e
cols (1992) mostraram a atividade imunomoduladora dos derivados do A3BP, por meio da
substituição do anel benzênico, sintetizando quatro compostos adicionais, testados no
tratamento da artrite adjuvante induzida em ratos, mostrando potente atividade supressora.
Akahane, Kimura e Tsutomi (1994) citaram o A3BP como molécula sem o grupo fenil
do composto Fenbufeno, um conhecido AINE do subgrupo dos Ácidos 2-aril-propiónicos
(FIGURA 4).
Figura 4: Estrutura molecular do A3BP
Fonte: http://www.sigmaaldrich.com/brazil.html
2.5 ÁGAR
O ágar é uma substância que pode ser extraída da parede celular de macroalgas,
tendo sido descoberto por volta de 1658, no Japão, por Tarazaemon Minoya. Seu uso é mais
antigo do que qualquer outro, como alginatos ou carragenanos, os quais são usados há pouco
mais de 200 anos (ARMISEN; GALATAS, 2009).
A produção do ágar por modernas técnicas de congelamento industrial foi iniciada na
Califórnia por Matsuoka, que registrou sua patente entre 1921 e 1922, nos Estados Unidos
(TSENG, 1946; SELBY, 1954; SELBY; WYNNE, 1973). Esse trabalho foi financiado pelo
governo americano, que queria que o país fosse autossuficiente em suas necessidades
estratégicas, especialmente no que tange ao meio de cultura bacteriológica (FAO, 1987).
Fao (1987) ainda relata que o ágar é um hidrocoloide derivado de uma família de
polissacarídeos que se acumula nas paredes celulares de algas marinhas vermelhas
denominadas agarófitas, do filo Rodophyta, embutido em uma estrutura de fibras de celulose
cristalizado, constituindo uma reserva de polissacarídeo. Por essa razão, o conteúdo de ágar
varia de acordo com as estações do ano. Os gêneros Gelidium, Pterocladia e Gracilaria
predominam na produção de ágar.
29
Os hidrocoloides são polissacarídeos que apresentam a propriedade de reter
moléculas de água, formando soluções coloidais e controlando desse modo a atividade de
água de um sistema.
Proveniente da família das gomas e pectinas, de origem puramente vegetal, o ágar é
um produto natural, rico em iodo, sais minerais e fósforo, com alto poder digestivo e nutritivo,
quando ingerido com frequência. É ainda formado por substâncias mucilaginosas
polissacarídeas, como a galactose associada a um baixo teor de sulfato (RAVEN; EVERT;
EICHHORN, 2005).
Segundo o autor acima, o ágar apresenta sabor neutro, alta transparência e pode ser
adicionado com facilidade a corantes, aromas, sucos ou frutas desidratadas, funcionando
como espessante e conservante temporário para carnes e peixes. Também é emulsificante,
agente de suspensão homogeneizante e aglutinante, podendo ser utilizado para fazer
cápsulas de vitaminas e drogas, moldes dentários, servindo de base para cosméticos e como
meio de cultura microbiana. Já a agarose extraída do ágar é utilizada na eletroforese, na
experimentação bioquímica (RAMSEY; RUSHTON; EHRE, 2016).
O ágar é insolúvel em água fria, mas solúvel em água fervente; quando é resfriado a
34-43 °C, forma um gel firme que não derrete novamente abaixo de 85 °C (FAO, 1987).
2.5.1 Estrutura Química do Ágar
Acreditava-se que o ágar era formado por uma única estrutura, com grupos semi-éster
sulfatos ligado a uma galactose. Choji Araki, em 1937, mostrou que o ágar é formado por pelo
menos dois polissacarídeos, que ele chamou de agarose e agaropectina. Em 1938, Percival,
Sommerville e Forbese, no mesmo ano, Peat, descobriram a existência da 3,6 anidro-Lgalactose como parte da molécula de ágar (ARMISEN; GALATAS, 2009) (FIGURA 5).
Atualmente, considera-se que tanto agaranas como carragenanas são compostas de
uma cadeia linear, formada por unidades de β-D-galactose ligadas 1→3 (unidade A) a α-D/Lgalactose ligados nas posições 1→4 (unidade B) arranjadas na forma de uma unidade de
repetição (AB)n. As unidades α-D-galactose no dissacarídeo podem ser biologicamente
convertidas no derivado 3,6 anidro pela eliminação de grupos sulfato na posição 6. Nas
agaranas, a unidade B está presente como α-L-galactose, que pode estar na forma de 3,6anidro ou pode ser substituída na posição 6 por grupos sulfato. As carragenanas diferenciamse das agaranas por possuírem a unidade B na forma de α-D-galactose (STEPHEN;
PHILLIPS; WILLIAMS, 2006).
30
AGAROSE
AGAROPECTINA
Figura 5: Composição do ágar (Agarose e Agaropectina)
Fonte:SIGMA CHEMICAL (1996).
Em seu estado natural, o ágar é um carboidrato estrutural da parede celular das algas
agarófitas, existindo na forma de sais de cálcio ou mistura de sais de cálcio e magnésio.
Inicialmente apresenta uma forma intermediária com baixo peso molecular e bastante sulfato,
sendo secretado pelo Complexo de Golgi da célula. Matsuhashi (1990) sugeriu que o ágar
ligado às fibras de celulose por íons de cálcio explicaria muitos fenômenos ocorridos durante
o processo de extração.
Uma vez depositado na parede celular, enzimaticamente polimeriza e perde sulfato,
sendo convertido na maior parte em agarose, que confere ao ágar poder de gelificação,
produzido exclusivamente por ligações de hidrogênio. O resto permanece na forma de
agaropectina (BASTIOLE, 2000 apud RAPHAEL, 2010).
O ágar é um polímero de agarobiose, dissacarídeo composto de D-galactose e 3,6anidro-L-galactose. Agarobioses são frações de ágar essencialmente gel. Essas frações têm
alto peso molecular, acima de 100.000 Daltons e que, frequentemente, ultrapassam 150.000
Daltons, com baixo teor de sulfato, geralmente abaixo de 0,15%. O resto das frações é
conhecido como agaropectina, que tem menor peso molecular, geralmente abaixo de 20.000
Daltons, com 14.000 Daltons sendo a mais usual, com conteúdo de sulfatos muito mais
elevado, por vezes, registrando 5% a 8% (ARMISEN; GALATAS, 2009).
Quando diversos tipos de ágares foram cuidadosamente estudados, a presença de 11
agarobioses foram comprovadas, podendo ser produzidas em muitas formas variáveis pelas
diferentes agarophytas em função do sexo e das espécies que dependem das suas
características genéticas. Tais características são influenciadas por uma série de fatores
ecológicos, como disponibilidade de nutriente, composição do substrato onde eles crescem e
condições hidrodinâmicas do habitat (LAHAYNE; ROCHAS, 1991 apud ARMISEN; GALATAS,
2009).
31
3 JUSTIFICATIVA
A inflamação é um efeito do organismo para remover estímulos nocivos e iniciar sua
cura. Há muitos mecanismos inflamatórios envolvidos em infecções crônicas, doenças e
outras lesões dos tecidos. Esses mecanismos ainda são pouco entendidos e a busca de novos
medicamentos anti-inflamatórios com maior especificidade e menos efeitos colaterais
justificam o desenvolvimento de novos protocolos e a padronização de novos modelos
inflamatórios experimentais para compreender melhor essas questões. Além disso, alguns
modelos experimentais de inflamação que são comumente usados para testes farmacológicos
utilizam equipamentos de alto custo e necessitam de agentes flogísticos de valor elevado, o
que aumenta os custos de aplicação da pesquisa.
Nesse contexto, o ensaio de bolsa de ar com carragenina usada como agente flogístico
foi desenvolvido como típico modelo de inflamação in vivo (EDWARDS; SEDGWICK;
WILLOUGHBY, 1981; TAO e col., 1999; ELLIS e col., 2000; BASTOS e col., 2008), sendo um
dos mais utilizados por ser desprovido de efeitos sistêmicos, por ser de fácil execução e pela
possibilidade de retirada do exsudato produzido. Esse modelo é útil para a remoção de células
inflamatórias, para medições da quimiotaxia e da produção de mediadores químicos
inflamatórios (EDWARDS; SEDGWICK; WILLOUGHBY, 1981; TAO e col., 1999; ELLIS e col.,
2000; BASTOS e col., 2008).
Outro fator importante que norteia a pesquisa é baseado nos diversos efeitos
indesejáveis dos AINEs, como efeitos gastrointestinais, propensão à trombose, perda do
efeito protetor da regulação superior da COX-2 na isquemia miocárdica e no infarto agudo do
miocárdio, insuficiência renal aguda e elevação da pressão arterial média, entre outros
(OLIVEIRA JR. e col., 2007), que resultam em mais de 100.000 hospitalizações com um custo
anual de US$1.6 bilhões de dólares e 17.000 mortes por ano nos EUA, a um custo de 3.9
bilhões de dólares por ano (COELHO, 2001; INOTAI; HANKO; MESZAROS, 2010).
Entre os AINEs, ao qual pertencem os derivados dos Ácidos 2-aril-propiônicos,
encontram-se o Ibuprofeno, o Naproxeno, o Cetoprofeno, o Fenbufeno, o Flurbiprofeno e o
A3BP (AKAHANE; KIMURA; TSUTOMI, 1994; KAMEO e col., 1988; LEVOIN e col., 2004).
Entretanto, são poucos estudos que mencionam o A3BP como composto analgésico
e anti-inflamatório, destacando-se pesquisas no tratamento das colecistopatias e,
principalmente, no tratamento da artrite adjuvante (KAWASHIMA e col., 1992). Com isso, é
necessária a busca de estudos da toxicidade, anti-inflamatórios e analgésicos desse
composto, a fim de verificar sua administração segura e direcionamento a alvos específicos
durante o processo inflamatório.
32
CAPÍTULO I
ALTERAÇÕES VASCULARES E INFLAMAÇÃO AGUDA INDUZIDA POR ÁGAR
EM MODELO DE BOLSA DE AR
33
1 OBJETIVOS
1.1 OBJETIVO GERAL
- Avaliar o ágar como agente flogístico em modelo experimental de bolsa de ar em
ratos Wistar.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Avaliar o modelo experimental de bolsa de ar induzida por ágar como uma alternativa
simples e barata em estudos de inflamação;
- Avaliar o efeito dose dependente da atividade flogística induzida por ágar no modelo
de bolsa de ar;
- Avaliar os efeitos de fármacos anti-inflamatórios convencionais na inflamação
induzida por ágar no modelo de bolsa de ar.
34
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 ASPECTOS ÉTICOS
O estudo iniciou após o aceite do orientador e da co-orientadora (APÊNDICE A e B) e
da submissão e aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Animais
Experimentais (CEPAE) da Universidade Federal do Pará (ANEXO A). O presente estudo foi
conduzido de acordo com as orientações do CEPAE sob o número de protocolo UFPA-CEPAE
111-13. Foram feitos todos os esforços para minimizar o número de animais utilizados, bem
como o seu sofrimento.
2.2 REAGENTES
Os reagentes utilizados foram: ágar (A5306), k-carragenina (C22048), celecoxib
(PZ0008), ácido acetilsalicílico® (A5376), ácido fosfórico (V000145), sulfanilamida (S33626),
N-(1-naftil), dicloridrato de etilenodiamina ® (E222488) e ácido etilenodiaminotetracético
(EDTA, E9884), todos comprados da Sigma Chemical Co (St. Louis, MO, EUA).
2.3 ANIMAIS
Ratos Wistar machos (120-150 g) foram adquiridos do Centro de Animais da
Universidade Federal do Pará (Belém, Pará, Brasil) e mantidos na unidade de animal
experimental do Laboratório de Neuroinflamação. Os animais foram alojados sob temperatura
controlada (22 ± 1ºC), em ciclo de 12 h dia/noite e água ad libitum.
2.4 PREPARAÇÃO DA BOLSA DE AR E INDUÇÃO DO PROCESSO INFLAMATÓRIO
As bolsas de ar foram realizadas como descrito por Tao e col. (1999) e Bastos e col.
(2008). O ar estéril foi obtido por meio de captação dentro de uma câmara de fluxo laminar
para evitar a contaminação. As bolsas foram insufladas com 20 ml de ar injetado na área
intraescapular e, em seguida, re-insufladas com mais 10 ml de ar por 2 dias. Após a
preparação das bolsas de ar, a inflamação foi induzida por diferentes concentrações de ágar
e diferentes fármacos anti-inflamatórios padrões.
2.5 COLETA DAS AMOSTRAS
As amostras foram obtidas 16 h após a administração do agente flogístico. Uma
pequena incisão foi feita na parede da bolsa e seu conteúdo foi cuidadosamente removido
com uma pipeta Pasteur estéril. Para aumentar o volume total de exsudato e melhorar assim
a precisão da medida, 1 ml de Tampão salina fosfato (PBS) (NaCl 137 mM, Fosfato 10 mM,
KCl 2.7 mM, e um pH de 7.4) foi previamente injetado na bolsa de ar. Em seguida, os animais
foram submetidos à eutanásia por meio de câmara de CO2, em que foram avaliados a
35
microvasculatura, a atividade nitrérgica, a migração celular, a contagem de células
leucocitárias e os níveis de PGE2.
2.6 ANÁLISE MORFOMÉTRICA
A análise morfométrica e a quantificação automática foram utilizadas para determinar
características do processo inflamatório, por meio da quantificação da extensão da
microvasculatura na bolsa de ar.
A área média da extensão da microvasculatura foi medida com o NeuronJ
(Departments of Medical Informatics and Radiology Rotterdam, The Netherlands)
(MEIJERING e col., 2004; MEIJERING, 2010), um pacote de software semi automatizado de
rastreamento de nervos, módulo plug-in do ImageJ (National Institutes of Health, Bethesda,
MD, EUA), software de análise de imagens baseado no Java. A extensão da microvasculatura
foi quantificada em imagens gravadas em resolução de 345x440 pixels, cobrindo uma área
de 625x525 milímetros. As fotografias foram tiradas com câmera digital (DSC-H200; Sony,
Tóquio, Japão), suportada sobre um minitripé à distância constante de 20 cm acima do rato.
A microvasculatura marcada foi traçada manualmente, e um algoritmo foi utilizado para
comparar a intensidade de pixels com pixels de áreas adjacentes. O cursor mostrava
automaticamente o caminho previsto com precisão de rastreio. Após a microvasculatura ter
sido traçada, um arquivo de texto foi gerado contendo área média da extensão dela.
Após a marcação dos traçados dos vasos, que aparecem coloridos (rosa), os dados
de medição foram gerados a partir de uma imagem em formato TIFF de 8 bits, previamente
gerada e armazenada. O próprio programa (NeuronJ) executou cálculos aritméticos sobre os
dados da medição e transportou os cálculos diretamente para uma planilha do Excel
(Microsoft, Bellevue, WA, EUA), preenchida com a área média de cada vaso em milímetros
quadrados (mm 2).
2.7 DOSAGEM DE NITRITO
As amostras foram inicialmente diluídas 1:20 em PBS e, em seguida, 500 µL de cada
amostra diluída foram misturadas com o mesmo volume de reagente de Griess (0,1%
naphtylethylen e 1% de sulfanilamida em 5% de ácido fosfórico) (GREEN e col., 1982). Os
valores de absorbância foram medidos em densidade óptica (OD) 570 nm e comparados a
uma curva padrão (solução de nitrito de sódio), a fim de determinar a concentração de NO2-.
2.8 CÉLULAS DO EXSUDATO INFLAMATÓRIO
O exsudato inflamatório foi obtido pelo método de MayGrünwald-Giemsa para
contagem diferencial de células. A diferença na densidade de células foi determinada pela
contagem em microscópio de 400 células por campo, identificadas por critérios padrões de
36
morfologia, pela morfologia dos núcleos e pela granulação citoplasmática. A contagem de
células foi expressa em porcentagem de células totais e valores absolutos (10 6/mL).
2.9 UTILIZAÇÃO DE FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS PADRÕES
Depois de verificar a concentração ideal a ser usada, foi conduzido experimento para
análise do mecanismo de ação da substância ágar, em que os animais receberam a solução
de 2% de ágar e solução de 2% de ágar associados aos anti-inflamatórios Celecoxib
(dosagem de 200mg/kg), inibidor seletivo da COX-2, e Ácido Acetilsalicílico® (ASA) (dose de
100mg/kg), inibidor não seletivo da COX.
2.10 NÍVEIS DE PGE2
Amostras de exsudato foram diluídas 1:10 em PBS. O nível de PGE 2 foi quantificado
com kit ELISA específico para PGE2 (GE Healthcare UK Limited Amersham Place, Little
Chalfont, Buckinghamshire, Reino Unido). Os valores de absorbância foram medidos em OD
570nm conforme manual de instruções do fabricante.
2.11 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Todos os valores experimentais foram apresentados em médias ± desvio padrão (DP);
o estudo foi do tipo experimental, em que foi usada a estatística descritiva para caracterização
da amostra, a Análise de Variância (ANOVA) de um critério para as análises intergrupos,
seguida de múltiplas comparações pelo teste de Tukey's. A análise estatística foi realizada
com o GraphPad Prism 5.0. O valor de P<0,05 foi considerado estatisticamente significativo.
Os resultados foram colocados em planilhas de cálculos e os gráficos criados com o
GraphPad Prism 5.0 (GraphPad Software, San Diego Califórnia, EUA).
37
3 RESULTADOS
3.1
MICROVASCULATURA
NA
INFLAMAÇÃO
INDUZIDA
POR
ÁGAR
E
EM
INTERVENÇÕES FARMACOLÓGICAS COM ANTI-INFLAMATÓRIOS CONVENCIONAIS
Para determinar se o ágar poderia provocar vasodilatação como agente flogístico, um
painel de fotografias da microvasculatura da bolsa de ar foi criado com a ajuda de um rápido
e simples programa, o NeuronJ (FIGURA 6).
Como mostrado na Figura 6a e 6b, o grupo controle (saline 0,9%) apresentou
características normais da microvasculatura induzida pela bolsa de ar. A Figura 6c e 6d
demonstrou uma visão macroscópica da bolsa de ar com aumento da microvasculatura
induzida pela carragenina 1%. Na Figura 6e e 6f, 6g e 6h, 6i e 6j, 6k e 6l, observa-se maior
vascularização relacionada a inflamação estabelecida da microvasculatura induzida por ágar
1%, 2%, 3% e 4%, respectivamente. Curiosamente, a concentração de ágar 4% provocou
pontos isquêmicos e odor fétido, observados após abertura da bolsa de ar.
Figura 6: Microvasculatura presente no interior da bolsa de ar. O painel mostra fotografias da microvasculatura
presente no interior da bolsa de ar na inflamação induzida por ágar, onde a Figura 6 (a, c, e, g, I, k) mostra
fotografias usadas para demarcação da microvasculatura, enquanto a Figura 6 (b, d, f, h, j, l) mostra as imagens
coloridas (rosa) para cálculo da área média da microvasculatura pelo programa NeuronJ. (a) e (b) grupo controle
(salina 0,9%), (c) e (d) grupo carragenina 1%, (e) e (f) 1%, (g) e (h) 2%, (i) e (j) 3%, (k) e (l) 4% grupos ágar.
A Figura 7 demonstra a área média dos traços mostrados nas imagens. A área média
aumenta duas vezes no grupo carragenina 1% (0.889 mm2) quando comparada ao grupo
38
controle (0.314 mm2). Do mesmo modo, a área média aumenta significativamente em três
vezes no grupo ágar 2% (1.211 mm2) quando comparada ao grupo controle. Curiosamente,
os resultados obtidos com ágar 1%, 3% e 4% (0.545 mm2, 0.547 mm2 e 0.563 mm2) mostraram
apenas um pequeno aumento da área inflamada.
Figura 7: Quantificação da área média da microvasculatura em milímetros (mm2) presente na bolsa de ar na
inflamação induzida por ágar. Os valores são expressos em média ± S.E.M. de quatro ratos cada grupo. Grupo
controle (solução salina 0,9%); grupo carragenina 1%; grupo ágar 1%; grupo ágar 2%; grupo ágar 3%; grupo ágar
4%. Foi adotado um P<0,05 na comparação com o grupo controle. Diferenças entre os grupos foram examinadas
por meio da análise de variância (ANOVA) e a correção por meio do Teste de Comparação Múltipla de Tukey.
Para avaliar o efeito vascular após intervenções farmacológicas com drogas
convencionais na inflamação induzida por ágar, a análise morfométrica da vasodilatação foi
realizada por meio da identificação da microvasculatura na área da bolsa de ar (FIGURA 8).
O painel de fotografias mostra o processo de vasodilatação induzida por solução salina 0,9%
(FIGURA 8a e 8b), ágar 2% (FIGURA 8c e 8d), ágar 2% pré-tratado com Celecoxib 200 mg/kg
(FIGURA 8e e 8f) ou ágar 2% pré-tratado com ASA 100 mg/kg (FIGURA 8g e 8h).
Figura 8: Microvasculatura presente no interior da bolsa de ar. O painel mostra fotografias da microvasculatura
presente no interior da bolsa de ar na inflamação induzida por ágar e pré-tratada com drogas anti-inflamatórias
convencionais, onde a Figura 8 (a, c, e, g) mostra fotografias usadas para demarcação da microvasculatura,
enquanto a Figura 8 (b, d, f, h) mostra as imagens coloridas (rosa) para cálculo da área média da microvasculatura
pelo programa NeuronJ (adaptado). (a) e (b) grupo controle (salina 0,9%), (c) e (d) grupo ágar 2%, (e) e (f) grupo
ágar 2% pré-tratado com 200mg/kg de Celecoxib, (g) e (h) grupo ágar 2% pré-tratado com 100mg/kg de ácido
acetilsalicílico (ASA).
39
A Figura 9 demonstra a área média dos traços marcados nas imagens. Há redução
significativa (P<0,05) da área no grupo Celecoxib (0.393 mm2) e no grupo ASA (0.300 mm2),
quando comparados ao grupo ágar 2% (1.176 mm2). No entanto, não houve diferença
estatisticamente significativa entre os grupos induzidos por ágar 2% e pré-tratados com
Celecoxib ou ASA.
Figura 9: Quantificação da área média da microvasculatura em milímetros(mm2) presente na bolsa de ar na
inflamação pré-tratada com drogas anti-inflamatórias convencionais e induzida por ágar 2%. Os valores são
expressos em média ± S.E.M. de quatro ratos cada grupo. Grupo controle (solução salina 0,9%); grupo ágar 2%;
grupo ágar 2% pré-tratado com Celecoxib 200mg/kg; grupo ágar 2% pré-tratado com ácido acetilsalicílico (ASA)
100mg/kg. Foi adotado um P<0,05 na comparação com o grupo controle e com o grupo ágar 2%. Diferenças entre
os grupos foram examinadas por meio da análise de variância (ANOVA) e a correção por meio do Teste de
Comparação Múltipla de Tukey.
3.2 CONCENTRAÇÃO DE NITRITO NA INFLAMAÇÃO INDUZIDA POR ÁGAR E EM
INTERVENÇÕES FARMACOLÓGICAS COM ANTI-INFLAMATÓRIOS CONVENCIONAIS
A fim de determinar se a via de NO desempenha um papel importante na resposta da
inflamação induzida por ágar, a produção de NO2- foi medida no exsudado inflamatório. Como
observado na Figura 10a, o ágar aumentou significativamente (P<0,05) a concentração de
NO2-. Controle (salina 0,9%) (1,78 μM ± 1,05); carragenina 1% (25,76 μM ± 3,58); ágar 1%
(13,71 μM ± 1,79); ágar 2% (22,90 μM ± 1,52); ágar 3% (32,77 μM ± 1,77); ágar 4% (26,87
μM ± 0,48). Todos os grupos tratados apresentaram diferença estatisticamente significativa
quando comparados ao grupo controle (P<0,05). Porém, na comparação entre os grupos ágar
2% e 4% com o grupo de carragenina, não foram observadas diferenças estatísticas.
Para avaliar o efeito das drogas anti-inflamatórias convencionais na inflamação
induzida por ágar 2%, os níveis de NO2- foram verificados em animais pré-tratados com
Celecoxib ou ASA. Como apresentado na Figura 10b, o Celecoxib (200 mg/kg) promoveu
diminuição de 85% (6,1 μM ± 2,2) nos níveis de NO2-, enquanto o ASA (100 mg/kg) inibiu em
81% (7,7 μM ± 5,1) quando comparado ao grupo ágar 2% (27,9μM ± 6,9).
40
a)
b)
Figura 10: Efeitos do ágar e da carragenina (a) e de drogas anti-inflamatórias convencionais na inflamação induzida
por ágar 2%(b) na produção de NO2-. Os valores são expressos em média ± S.E.M. de quatro ratos cada grupo.
Grupo controle (solução salina 0,9%); grupo carragenina 1%; grupo ágar 1%; grupo ágar 2%; grupo ágar 3%; grupo
ágar 4% (a). Grupo controle (solução salina 0,9%); grupo ágar 2%; grupo ágar 2% pré-tratado com Celecoxib
200mg/kg; grupo ágar 2% pré-tratado com ácido acetilsalicílico (ASA) 100mg/kg (b). Foi adotado um P<0,05 na
comparação com o grupo controle (a) e com os grupos controle e ágar 2% (b). Diferenças entre os grupos foram
examinadas por meio da análise de variância (ANOVA) e a correção por meio do Teste de Comparação Múltipla
de Tukey.
3.3 MIGRAÇÃO CELULAR NA INFLAMAÇÃO INDUZIDA POR ÁGAR E EM INTERVENÇÕES
FARMACOLÓGICAS COM ANTI-INFLAMATÓRIOS CONVENCIONAIS
Para verificar se a migração de células inflamatórias ocorreu no local da lesão, foi
avaliado o número total de células presentes no exsudado induzido por ágar. Como mostrado
na Figura 11a, o ágar promoveu aumento na migração celular: controle (salina 0,9%) (1x10 7
± 0,3 células/ml); carragenina 1% (8.1x107 ± 0,9 células/ml); ágar 1% (7x107 ± 1,9 células/ml);
ágar 2% (9x107 ± 2,8 células/ml); ágar 3% (15x10 7 ± 2,4 células/ml); ágar 4% (13x10 7 ± 2,5
células/ml). Foram observadas diferenças estatisticamente significativas (P<0,05) entre o
grupo controle e os grupos ágar e carragenina e, em particular, entre os grupos ágar 3% e
4%.
A análise do número total de células foi realizada em animais pré-tratados com
Celexicob 200 mg/kg ou ASA 100 mg/kg a fim de avaliar os efeitos do ágar sobre a migração
celular. Como apresentado na Figura 11b, o ágar 2% foi capaz de induzir a migração celular
na bolsa de ar (15,23x107 ± 3,0 células/ml). A migração de células nos grupos tratados com
ASA (3,73x107 ± 2,8 células/ml) e Celecoxib (8,02x107 ± 2,2 células/ml) foram inibidas 73% e
47%, respectivamente. Não existem diferenças significativas entre ASA e Celecoxib, e ambos
promoveram inibição significativa (P<0,05) quando comparado ao grupo ágar 2%.
41
a)
b)
Figura 11: Efeitos do ágar e da carragenina (a) e de drogas anti-inflamatórias convencionais na inflamação induzida
por ágar 2% (b) na migração celular. Os valores são expressos em média ± S.E.M. de quatro ratos cada grupo.
Grupo controle (solução salina 0,9%); grupo carragenina 1%; grupo ágar 1%; grupo ágar 2%; grupo ágar 3%; grupo
ágar 4% (a). Grupo controle (solução salina 0,9%); grupo ágar 2%; grupo ágar 2% pré-tratado com Celecoxib
200mg/kg; grupo ágar 2% pré-tratado com ácido acetilsalicílico (ASA) 100mg/kg (b). Foi adotado um P<0,05 na
comparação com o grupo controle (a) e com os grupos controle e ágar 2% (b). Diferenças entre os grupos foram
examinadas por meio da análise de variância (ANOVA) e a correção por meio do Teste de Comparação Múltipla
de Tukey.
3.4 CONTAGEM DIFERENCIAL DE CÉLULAS LEUCÓCITÁRIAS NA INFLAMAÇÃO
INDUZIDA POR ÁGAR
A contagem diferencial de leucócitos foi realizada para identificar tipos de células
induzidas com a solução de ágar 2%. Na análise dos dados da Figura 12, observa-se o
aumento da migração da população de neutrófilos e monócitos, seguido por pequena
quantidade de linfócitos e eosinófilos: Neutrófilos (63,3x10 6 ± 23,4 células/ml); eosinófilos
(8,7x106 ± 10,1 células/ml); linfócitos (9,3x106 ± 11,1 células/ml); monócitos (27,3x10 6 ± 2,5
células/ml).
42
Figura 12: Contagem diferencial de células leucocitárias por ml do exsudato inflamatório induzido por ágar 2%. Os
valores são expressos em média ± S.E.M. de quatro ratos cada grupo. Foi adotado um P<0,05 na comparação
com o grupo controle. Diferenças entre os grupos foram examinadas usando a análise de variância (ANOVA) e a
correção por meio do Teste de Comparação Múltipla de Tukey.
3.5 VALORES DE PGE2 EM INTERVENÇÕES FARMACOLÓGICAS COM ANTIINFLAMATÓRIOS CONVENCIONAIS NA INFLAMAÇÃO INDUZIDA POR ÁGAR
Como observado na Figura 13, a análise dos valores de PGE 2 foi realizada em grupos
induzidos por carragenina 1% (30605,5 pg/ml ± 4335,7), ágar 2% (31373,4 pg/ml ± 5176,8),
Celecoxib 200 mg/kg (15529,3 pg/ml ± 6287,2) e ASA 100 mg/kg (18131,6 pg/ml ± 4329,5).
Os valores de PGE2 foram inibidos em 50% (Celecoxib) e 42% (ASA), respectivamente. Não
houve diferenças significativas (P<0,05) entre Celecoxib e ASA, sendo que ambos
promoveram inibição significativa (P<0,05) quando comparados ao grupo ágar 2%.
Figura 13: Valores de PGE2 na carragenina e em drogas anti-inflamatórias convencionais na inflamação induzida
por ágar 2%. Grupo controle (solução salina 0,9%); grupo carragenina 1%; grupo ágar 2%; grupo ágar 2% prétratado com Celecoxib 200mg/kg; grupo ágar 2% pré-tratado com ácido acetilsalicílico (ASA) 100mg/kg. Os valores
são expressos em média ± S.E.M. de quatro ratos cada grupo. Foi adotado um P<0,05 na comparação com o
grupo controle e com o grupo ágar 2%. Diferenças entre os grupos foram examinadas por meio da análise de
variância (ANOVA) e a correção por meio do Teste de Comparação Múltipla de Tukey.
43
4 DISCUSSÃO
A inflamação é parte da resposta biológica complexa de tecidos vasculares a estímulos
nocivos, tais como agentes patogênicos, células danosas ou compostos irritantes. Modelos
experimentais de inflamação são importantes para a descoberta de novos medicamentos.
Aqui foi caracterizado o efeito flogístico do ágar como agente alternativo em modelos de
inflamação em bolsa de ar. Para verificar se o ágar apresentava atividade flogística, foram
avaliados a atividade nitrérgica, a migração celular, os valores de PGE 2, a contagem de
leucócitos e alterações vasculares por meio de fotografias da microvasculatura do tecido de
revestimento da bolsa de ar.
O estabelecimento de um modelo de inflamação experimental por procedimentos
diferentes provou ser uma ferramenta útil na compreensão dos mecanismos de sinais
envolvidos na inflamação (inchaço, calor, dor, vermelhidão e perda de função) (PARNHAM,
2008).
O modelo de bolsa de ar com a injeção de carragenina é um dos métodos mais
utilizados porque permite uma análise mais abrangente dos sinais inflamatórios (JAIN;
PARMAR, 2011; LECLERC; PAWELZIK; IDBORG, 2013). A hipótese foi suportada por Okoli
e col. (2007), que utilizaram ágar no edema de pata em ratos. Assim, esta pesquisa será a
primeira a usar o ágar no modelo de bolsa de ar.
O ágar a 2% foi escolhido como a melhor concentração neste protocolo, visto que o
ágar a 4% provocou pontos isquêmicos e causou odor desagradável quando da abertura da
bolsa de ar. A presença desses sinais é evidência de perda de função, sinal negativo para o
modelo de inflamação, já que a morte de células é capaz de ativar o sistema imune inato e de
induzir resposta inflamatória intensa (FREIRE; VAN DYKE, 2013).
Além disso, o ágar promoveu aumento da microvasculatura na bolsa de ar e da
concentração de NO2-. O NO aumenta a permeabilidade vascular como potente vasodilatador
(DAVIS; MARTIN; FERID, 2001). Os resultados aqui são confirmados por Szabo apud Horton
(2003), que mostrou que, durante as primeiras horas após uma lesão capaz de iniciar um
processo inflamatório, a produção de NO mediada por óxido nítrico sintase (iNOS) pode ser
regulada. Em casos de grande liberação, como consequência dessa regulação, ocorreria
extenso dano à célula.
O processo de migração celular pode ser outra ação importante no processo
inflamatório induzido pelo ágar. De acordo com Szabó e Bechara (1999), durante o processo
inflamatório agudo, o diâmetro do vaso, o fluxo de sangue e a permeabilidade vascular são
modificados, o que provoca a migração celular. NO pode promover diretamente o
agravamento da microvasculatura periférica e resultar em descompensação vascular; esse
44
efeito pode ser desencadeado pela via de sinalização de Fator nuclear kappa B (NF-kB) que
conduz à produção de citocinas pró-inflamatórias (HORTON, 2003).
Em outro trabalho, Salvemini, Doyle e Cuzzocrea (2006) utilizaram inibidores de iNOS
no modelo de bolsa ar, observando que houve ação anti-inflamatória, não só por causa da
iNOS bloqueada, mas também por uma diminuição na infiltração celular. Portanto, os níveis
de nitrito e os efeitos da vascularização coincidem com os obtidos em nosso estudo.
Além disso, a contagem diferenciada de células leucocitárias do grupo ágar 2%
mostrou prevalência de neutrófilos, seguidos por monócitos e pequenas quantidades de
linfócitos e eosinófilos. Estudos feitos por Garcia-Ramalho e col. (2002) demonstraram o papel
de células residentes na inflamação indutoras da liberação de TNF-, responsável pela
síntese de quimiocinas e, consequentemente, para a migração de leucócitos. Outras
citoquinas, tais como IL-1 e Interleucina 6 (IL-6), também participam desse processo
(MICHAUD; BALARDY; MOULIS, 2013).
Durante o desenvolvimento da inflamação, a migração celular de leucócitos é iniciada
por um número significativo de neutrófilos seguido por monócitos (COX; KITHCART; PITT,
2013). O aumento da migração de leucócitos pode ser devido à indução da expressão de
moléculas responsável pelo "rolamento" de leucócitos ao longo do endotélio (MARTIN e col.,
2000). Esse processo pode ser explicado pela ativação de fatores de transcrição nucleares,
tais como NF-κB, encarregado da transcrição do gene de iNOS, COX-2 e molécula de adesão
celular vascular 1 (VCAM-1) (KIM; HEO; YOON, 2010). Os mediadores inflamatórios ligados
aos receptores dos macrófagos resultam na fosforilação e degradação de IκB e translocação
de NF-κB para o núcleo ao se ligar às regiões promotoras de ácido desoxirribonucleico (DNA),
o que iniciará a transcrição de outros mediadores inflamatórios (LASKIN; LASKIN, 2001).
O celecoxib e o ASA foram usados no modelo de bolsa de ar induzida por ágar. Os
resultados demonstraram que o Celecoxib (inibidor seletivo da COX-2) e o ASA (inibidor não
seletivo da COX), anti-inflamatórios não esteroidais, inibem a inflamação induzida por ágar. O
efeito do ASA pode ser atribuído à inibição da prostaglandina e tromboxano na atividade
catalítica da COX-1 (LIU e col., 2012). O ASA e outros derivados de fármacos AINEs não
inibem a lipoxigenase e, portanto, não suprimem a formação de leucotrienos (KÖHNKE;
GOMOLKA; BILAL, 2013). O celecoxib exibe propriedades anti-inflamatórias, antipirética e
analgésica relacionadas à inibição seletiva da COX-2 (PRICE; JORGENSEN, 2001; PARK;
LEE, 2005). Os resultados do estudo confirmam dados da literatura, demonstrando que os
AINEs causam inibição significativa da dor induzida (BASTOS, 2006).
Mediadores químicos, incluindo a histamina, NO, PGE 2 e PGI2, promovem aumento da
vasodilatação e microvasculatura. Além disso, PGE 2 e PGI2 causam vermelhidão e calor no
tecido devido estimular o aumento do fluxo sanguíneo local (CAMARGO e col., 2007).
Komaki, Arimura e Koves (1992), em resposta a um estímulo inflamatório/infeccioso,
demonstraram a síntese de PGE2 na microvasculatura cerebral, bem como no parênquima
45
cerebral. No teste qualitativo, foram observadas maiores microvasculatura e vermelhidão no
grupo de ágar 2% em comparação ao grupo de carragenina, o que sugere maior libertação
de mediadores inflamatórios induzidos pelo ágar, assim como os níveis de PGE2 foram
semelhantes em ambos os grupos, ao mostrar igual probabilidade de ação. Nos grupos
tratados com celecoxib e ASA, a microvasculatura e a vermelhidão foram reprimidas pela ação
dessas drogas. A atividade do Celecoxib sugere que o ágar pode induzir a enzima COX-2 na
inflamação (HILÁRIO; TERRERI; LEN, 2006). Esses resultados demonstraram que os
fármacos anti-inflamatórios convencionais podem ser utilizados para bloquear a atividade
nitrérgica e os valores de PGE2 induzida por ágar.
Jung e col. (2011) analisaram a ação anti-inflamatória de n-Propil Gallato através da
down-regulação de NF-κB na cultura de macrófagos de linhagem RAW 264.7; concluíram que
há uma diminuição na concentração de nitrito em células tratadas com substâncias que têm
atividade anti-inflamatória. Essa redução é provavelmente resultado da inibição de NF-κB. Em
modelos de inflamação na bolsa de ar induzida por carragenina, há aumento da ativação de
NF-κB nos animais tratados com dexametasona (esteroide anti-inflamatório) e coloração
reduzida para NF-κB no ensaio histoquímico imunológico realizado no tecido removido da
área de bolsa (ELLIS e col.,2000; CRIPPEN, 2006).
Meacock e Kitchen (1976) testaram o desempenho de vários AINEs, tais como
Indometacina, Fenilbutazona, Cetoprofeno, Ibuprofeno, Aspirina, Naproxeno, Fenbufeno no
processo de migração celular e chegaram à conclusão de que nenhum dos fármacos testados
impediu a migração de PMNs na inflamação induzida pela carragenina, embora alguns AINEs
tenham suprimido a migração de células mononucleares (monócitos).
A diminuição da migração de leucócitos observada nos resultados pode ser devida ao
bloqueio da expressão de moléculas de adesão responsáveis pelo "rolamento" de leucócitos
ao longo do endotélio. Esse bloqueio na expressão dessas moléculas pode ser explicado pela
inibição de fatores de transcrição, tais como NF-κB, encarregado da transcrição do gene de
iNOS, do COX-2 e da molécula de adesão celular vascular-1 (VCAM-1) (KÖHNKE e col.,
2013; PARK; LEE, 2005).
46
5 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos com o protocolo descrito na pesquisa por meio do modelo
experimental de inflamação de bolsa de ar com a injeção de ágar em substituição à
carragenina mostrou que o ágar, como agente flogístico, fornece uma alternativa para estudos
que envolvam a inflamação, no rastreio de novas drogas anti-inflamatórias como alternativa
simples e barata.
Deve-se ressaltar que não foi encontrado efeito dose dependente da atividade
flogística induzida por ágar no modelo de bolsa de ar nas concentrações testadas, sendo o
ágar a 2% escolhido como a melhor concentração neste protocolo, por promover aumento da
microvasculatura, da concentração de NO2-, da migração celular e ao mostrar prevalência de
neutrófilos no processo de contagem diferencial celular.
Os AINEs, Celecoxib e ASA foram usados no modelo de bolsa de ar, a fim de verificar
o potencial alvo de ação do ágar, inibiram a inflamação induzida por esse agente, sendo que
a microvasculatura e a hiperemia foram reduzidas pela ação dessas drogas. Além disso, os
resultados mostraram que os fármacos anti-inflamatórios convencionais podem ser utilizados
para bloquear a atividade nitrérgica, os valores de PGE 2 e diminuir a migração de leucócitos.
47
CAPÍTULO II
ESTUDO DAS PROPRIEDADES ANTI-INFLAMATÓRIAS E ANALGÉSICAS DO
ÁCIDO 3-BENZOIL-PROPIÔNICO
48
1 OBJETIVOS
1.1 OBJETIVO GERAL
- Avaliar a atividade anti-inflamatória e analgésica do ácido 3-benzoil-propiônico e seu
potencial efeito genotóxico.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Avaliar a atividade anti-inflamatória e analgésica do ácido 3-benzoil-propiônico no
modelo de inflamação de bolsa de ar induzida por carragenina, modelos in vivo;
- Avaliar a atividade anti-inflamatória, citotóxica, genotóxica e hemolítica do ácido 3benzoil-propiônico em modelos in vitro.
49
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 ASPECTOS ÉTICOS
O estudo iniciou após o aceite do orientador e da co-orientadora (APÊNDICE A e B) e
da submissão e aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Animais
Experimentais (CEPAE) da Universidade Federal do Pará (ANEXO A). A presente pesquisa
foi conduzida de acordo com as orientações do CEPAE, sob o número de protocolo UFPACEPAE 228-14 e UFPA-CEPAE 111-13. Foram feitos todos os esforços para minimizar o
número de animais utilizados, bem como o seu sofrimento.
2.2 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA IN VITRO
2.2.1 Reagentes
Os reagentes utilizados foram: Penicilina-estreptomicina (P4333), Soro bovino fetal
(F2442), Ácido 3-benzoil-propiônico (B13802), Lipopolissacáridos de Escherichia coli0111: B4
(LPS, L4391), PMA (P1585), Ácido fosfórico (V000145), Sulfanilamida (S33626), N-(1-naftil),
dicloridrato de etilenodiamina® (E222488), Azul de Tiazolil Tetrazólio (MTT, M2128),Sal de
sódio Resazurina (R7017), Agarose (A9539), NaCl (S7653), Ácido etilenodiaminotetracético
(EDTA, E9884), Tris (T1503), Triton X-100 (X100), Dimetil sulfóxido (DMSO, D2650), N-lauroil
sarcosinato de sódio (L9150), NaOH (S8045), Cloridrato de doxorrubicina (D1515), Brometo
de etídio (E7637) e MRC-5 PD 19 (05072101), todos procedentes da Sigma Chemical Co (St.
Louis, MO, EUA).
2.2.2 Animais
Camundongos Mus musculus swiss machos (40-45g) foram adquiridos a partir do
Centro de Animais da Universidade Federal do Pará (Belém, Pará, Brasil) e mantidos na
unidade de animal experimental do Laboratório de Neuroinflamação. Os animais foram
alojados sob temperatura controlada (22 ± 1 ºC), em ciclo de 12 h dia/noite e água ad libitum.
2.2.3 Cultivo celular da linhagem J774
Essa linhagem celular de macrófagos proveniente de camundongo foi cultivada em
meio DMEN suplementado com 10% de soro bovino fetal, 1% de penicilina e estreptomicina,
mantidas em estufa a 37 ºC com 5% de CO2. Os repiques foram realizados quando a cultura
atingiu 80% de confluência. Para os ensaios, as células foram plaqueadas na concentração
de 0,6x106 células/ml em placas de 24 poços.
50
2.2.4 Cultivo celular de macrófagos peritoneais
Macrófagos peritoneais foram obtidos a partir de camundongos Swiss. Os animais
foram sacrificados por meio de deslocamento cervical para a coleta das células, feita por
lavagem da cavidade peritoneal com meio de cultura DMEN estéril e sem soro, com seringa
e agulhas estéreis. O material aspirado foi centrifugado a 1500 rpm durante 5 minutos a
temperatura ambiente. As células foram ressuspendidas em meio de cultura sem soro para
contagem em Câmara de Neubauer e o número de células foi ajustado para 2x106 células/ml.
Os macrófagos foram plaqueados em placa de 24 poços em meio DMEN e mantidos a 37 ºC
em estufa com 5% de CO2 e 95% de ar, durante duas horas para adesão.
2.2.5 Tratamento celular de macrófagos peritoneais
Após 2 h de incubação para adesão celular, a cultura foi lavada com PBS e os
macrófagos aderidos foram tratados com o A3BP em diferentes concentrações. Os
macrófagos foram expostos por 1 h ao A3BP, lavados e incubados com LPS a 1 µg/ml por 24
ou 48 horas em estufa de CO2.
2.2.6 Viabilidade celular pelo método do MTT
Para análise da viabilidade celular, foi seguido o método de Mosmann (1983), que
consiste na clivagem do sal de tetrazólium (MTT), somente realizada por mitocôndrias de
células viáveis, tendo como produto o composto formazan. A quantidade deste é mensurada
por análise colorimétrica proporcional ao número de células viáveis. Após o tratamento com o
A3BP nas concentrações de 1, 10, 25, 50 e 100 µM por 24 e 48 horas, as células foram
incubadas em 0,5 mg/ml de MTT diluído em meio de cultura por 2 horas. Após o período de
incubação, o meio foi retirado e o sal depositado foi solubilizado em 500 µl de DMSO. A leitura
foi realizada em placas de 96 poços no leitor Enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA),
com comprimento de onda de 570 nm.
2.2.7 Dosagem de nitrito
Determinada indiretamente a partir da medida de concentração de nitrito no
sobrenadante das células pela reação de Griess (GREEN e col., 1982). Os macrófagos foram
tratados como descrito anteriormente e, o sobrenadante, coletado e centrifugado a 3500 rpm
por 5 minutos em temperatura ambiente. Foi adicionado 100 μl da amostra em 100 μl do
reagente de Griess (0,1% nafitil e 1% de sulfanilamida em 5% de ácido fosfórico) em placa de
96 poços. Os valores de absorbância foram medidos em OD 570 nm e comparados a uma
curva padrão (solução de nitrito de sódio), a fim de determinar a concentração de NO2-.
51
2.2.8 Dano ao DNA pelo ensaio cometa
Desenvolvido por Singh e col.(1988) e, posteriormente, modificado por Anderson e
col.(1994), é uma importante ferramenta utilizada nos estudos de biomonitoramento
populacional. É um teste muito sensível para a detecção de vários tipos de danos causados
no DNA (quebra de fitas dupla ou simples, danos oxidativos e ligações cruzadas) induzidos
por compostos genotóxicos (FAUST e col., 2004).
Para realização do cometa, foram preparadas previamente lâminas cobertas por
solução de agarose de ponto de fusão normal a 1,5%. Posteriormente, foram mantidas em
temperatura ambiente até a solidificação da agarose. Essa camada foi utilizada para promover
a adesão da segunda camada de agarose de baixo ponto de fusão.
As células MRC-5 PD 19 foram semeadas em placas de seis poços a uma densidade
de 2,5x105 células/poço e mantidas por 24 horas na estufa com atmosfera de 5% de CO 2 a 37
ºC. Após esse tempo, foi realizado o tratamento com o A3BP nas concentrações 31 µM, 62
µM e 124 µM por 3 horas.
Após o tratamento, as células foram lavadas para obtenção das células aderidas,
transferidas para um tubo de 15 mL e centrifugadas por 5 minutos a 1000 rpm. O
sobrenadante foi descartado e as células foram ressuspendidas em aproximadamente 20 µL,
da qual foi retirado 15 µL de suspensão e misturados a 300 µL de agarose de baixo ponto de
fusão a 0,8%. Em seguida, a suspensão de células foi aplicada rapidamente sobre a primeira
camada de agarose, sendo a lâmina, então, coberta com a lamínula (24x60 mm) e mantida
em baixa temperatura por 7 minutos até solidificar a agarose. Depois, a lamínula foi retirada
e a lâmina mergulhada na posição vertical em solução de lise (2,5 M NaCl, 100 mM EDTA, 10
mM Tris, 1% Triton X-100, 10% DMSO e 1% n-lauroil sarcosinatode sódio; pH 10) a 4 ºC e
protegida da luz por um período de 24 horas.
Em seguida, as lâminas foram dispostas horizontalmente em cuba de eletroforese e
preenchida com tampão de eletroforese (1 mM EDTA, 300 mM NaOH; pH ≥ 13). As lâminas
foram mantidas em repouso por vinte minutos antes de dar início à eletroforese, a fim de se
permitir o desnovelamento do DNA, o afrouxamento de suas ligações e a exposição dos sítios
álcali-lábeis. Após esse processo, a eletroforese foi conduzida em baixa luminosidade por
vinte minutos, com 34 V e uma corrente de 300 mA.
Depois da corrida eletroforética, as lâminas foram retiradas e mergulhadas
rapidamente em água destilada gelada (4 ºC) para a remoção da solução de eletroforese. Elas
foram fixadas mergulhando-as em etanol absoluto por três minutos. As células foram contadas
em microscópio de fluorescência com 50µL de Brometo de etídio (20 µg/mL).
A análise foi realizada de acordo com o padrão de escores previamente determinado
pelo tamanho e intensidade da cauda do cometa (BURLINSON e col., 2007). Foram contadas
100 cometas/lâmina e classificadas de acordo com a porcentagem de DNA na cauda do
52
cometa, ao indicar o grau de quebra do DNA, onde, 0 = sem danos (<5%), 1 = baixo nível de
danos (5-20%), 2 = médio nível de danos (20-40%), 3 = alto nível de danos e 4 = dano total
(>95%) (FIGURA 14). A doxorrubicina a 1µM foi usada como controle positivo de
citotoxicidade e o controle negativo corresponde ao não tratado.
Figura 14: Classificação visual dos danos, representados em uma escala de 0-4, sugeridos por Collins e
col.(1997). Imagens de cometas (a partir de linfócitos), coradas com Brometo de Etídio. (Adaptado)
Fonte: BURLINSON e col., 2007.
Após a contagem das células e atribuição de escores nas duas lâminas de cada
amostra, foi estabelecido um índice de dano (ID) e obtida uma média final para cada amostra.
O cálculo do índice de dano foi feito através da soma dos produtos do escore como número
de danos respectivo a cada nível, como mostra a seguinte fórmula:
ID = (0 x n) + (1 x n) + (2 x n) + (3 x n) + (4 x n)
Onde: ID é o índice de dano, n é a quantidade de danos obtida por escore.
Os dados foram analisados a partir da média ± erro padrão da média de três
experimentos independentes. Para verificar a ocorrência de diferença significativa entre os
grupos, os dados foram comparados por ANOVA seguida por Teste de Tukey, com nível de
significância de 95% (P<0,05).
2.2.9 Dano à membrana plasmática – teste hemolítico em eritrócitos
Este método permite avaliar o potencial da substância teste em causar danos na
membrana celular, seja pela formação de poros ou pela ruptura total, pela presença de
hemoglobina em solução (DOBROVOLSKAIA e col., 2008).
Quando a amostra testada causa hemólise em até 1 h de incubação, o mecanismo de
ação citotóxica é considerado inespecífico por causar dano direto à membrana. Nesse teste
foi avaliada a atividade citotóxica do A3BP na concentração de 250 µg/mL. Para o teste de
hemólise, foi utilizado sangue venoso de camundongos Mus musculus Swiss, retirado por
punção cardíaca, colocado em solução salina e centrifugado a 1500 rpm por 5 minutos para
o preparo de solução de eritrócito a 2%. Desta solução foram utilizados 100 μL em placas de
53
96 poços e mais 100 μL de cada amostra (concentração de 250 μg/mL), Triton X-100 (controle
positivo) e DMSO (controle negativo) e 100 μL de salina (branco) em triplicata. A placa foi
incubada à temperatura ambiente por 1 hora e centrifugada a 1500 rpm por 5 minutos. A
leitura do sobrenadante foi realizada em leitor de placas a 541nm.
2.3 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA IN VIVO
2.3.1 Reagentes
Os reagentes utilizados foram: k-carragenina (C22048), Celecoxib (PZ0008), Ácido
acetilsalicílico (A5376), Ácido 3-benzoil-propiônico (B13802), Ácido fosfórico (V000145),
Sulfanilamida (S33626), N-(1-naftil), dicloridrato de etilenodiamina® (E222488), Ácido
etilenodiaminotetracético (EDTA, E9884), todos comprados da Sigma Chemical Co (St. Louis,
MO, EUA).
2.3.2 Animais
Ratos Wistar machos (120-150 g) e camundongos Mus musculus swiss machos (4045 g) foram adquiridos a partir do Centro de Animais da Universidade Federal do Pará (Belém,
Pará, Brasil) e mantidos na unidade de animal experimental do Laboratório de
Neuroinflamação. Os animais foram alojados sob temperatura controlada (22 ± 1 ºC), em ciclo
de 12 h dia/noite e água ad libitum.
2.3.3 Preparação da bolsa de ar e indução do processo inflamatório
As bolsas de ar foram realizadas como descrito por Tao e col. (1999) e Bastos e col.
(2008). O ar estéril foi obtido por meio de captação dentro de uma câmara de fluxo laminar
para evitar a contaminação. As bolsas foram insufladas com 20 ml de ar injetado na área
intraescapular e, em seguida, re-insufladas com mais 10 ml de ar por 2 dias. Após a
preparação das bolsas de ar, a inflamação foi induzida por diferentes concentrações de
carragenina e tratada com diferentes fármacos anti-inflamatórios padrões.
2.3.4 Coleta das amostras
As amostras foram obtidas 16 h após a administração do agente flogístico. Uma
pequena incisão foi feita na parede da bolsa e seu conteúdo foi cuidadosamente removido
com uma pipeta Pasteur estéril. Para aumentar o volume total de exsudato e melhorar a
precisão da medida, 1 ml de PBS (NaCl 137 mM, Fosfato 10 mM, KCl 2.7 mM, e um pH de
7.4) foi previamente injetada na bolsa de ar. Em seguida, os animais foram submetidos à
eutanásia por meio de câmara de CO2, em que foram realizadas avaliações da
microvasculatura, da atividade nitrérgica, da migração celular, da contagem de células
leucocitárias e dos níveis de prostaglandinas (PGE 2).
54
2.3.5 Dosagem de nitrito
As amostras foram inicialmente diluídas 1:20 em PBS e, em seguida, 500 µL de cada
amostra diluída forammisturadas com o mesmo volume de reagente de Griess (0,1% nafitileno
e 1% de sulfanilamida em 5% de ácido fosfórico) (GREEN e col., 1982). Os valores de
absorbância foram medidos em OD 570 nm e comparados a uma curva padrão (solução de
nitrito de sódio), a fim de determinar a concentração de NO2-.
2.3.6 Células do exsudato inflamatório
O exsudato inflamatório foi obtido pelo método de MayGrünwald-Giemsa para
contagem diferencial de células. A diferença de células foi determinada pela contagem em
microscópio de 400 células por campo, identificadas por critérios padrões de morfologia, pela
morfologia dos núcleos e pela granulação citoplasmática. A contagem de células foi expressa
em porcentagem de células totais e valores absolutos (10 6/mL).
2.3.7 Níveis de PGE2
Amostras de exsudato foram diluídas 1:10 em PBS. O nível de PGE 2 foi quantificado
com kit ELISA específico para PGE2 (RPN222), GE Healthcare UK Limited Amersham Place,
Little Chalfont, Buckinghamshire, Reino Unido). Os valores de absorbância foram medidos em
OD 570 nm e a avaliação do desempenho do método do ensaio por enzimas imunoadsorvidas foi utilizada de acordo com o protocolo do manual de instruções do fabricante.
2.4 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA
2.4.1 Reagentes
Os reagentes utilizados foram: Ácido 3-benzoil-propiônico (B13802), Ácido acético
(1005706), Indometacina (I7378), Solução de Morfina (M-0050) e Solução de Formalina
(HT501128), todos obtidos da Sigma Chemical Co (St. Louis, MO, EUA).
2.4.2 Animais
Camundongos Mus musculus swiss machos (40-45 g) foram adquiridos a partir do
Centro de Animais da Universidade Federal do Pará (Belém, Pará, Brasil) e mantidos na
unidade de animal experimental do Laboratório de Neuroinflamação. Os animais foram
alojados sob temperatura controlada (22 ± 1 ºC), em ciclo de 12 h dia/noite e água ad libitum.
2.4.3 Testes de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético
Os animais (n=4) foram tratados com o A3BP nas doses de 0,003, 0,03 e 0,3 mg/kg
(v.o.). Um grupo de animais recebeu solução salina 0,9% (v.o., grupo controle). O fármaco
padrão indometacina (5 mg/kg; v.o.) foi utilizado como controle positivo. Sessenta minutos
55
após cada tratamento foi, administrado o ácido acético (0,6%; 0,1 mL de solução/10 g de
animal; i.p.). A reação do animal a esse estímulo foi o desenvolvimento de movimentos
repetidos de contração da parede abdominal, rotação do corpo e extensão das patas traseiras.
Esse conjunto de reações é denominado contorções abdominais e a intensidade da
nocicepção é quantificada como o número total de contorções abdominais durante o período
de observação de 20 minutos, iniciando-se 10 minutos após a administração do ácido acético.
Os animais, durante o tempo de observação, foram contidos em funis de vidro com diâmetro
de aproximadamente 22 centímetros (KOSTER e col., 1959).
2.4.4 Teste da formalina
Os animais (n=4) foram tratados com o A3BP nas doses de 0,003, 0,03 e 0,3 mg/kg
(v.o.). Sessenta minutos após cada tratamento, os camundongos (n=5) receberam uma
injeção intraplantar de formalina a 1% (20 µL/ animal). Após a administração da formalina, o
tempo (s) em que o animal passou lambendo a pata traseira direita foi cronometrado em duas
fases (0-5 min primeira fase; 20-30 min; segunda fase), sendo considerado tempo zero o
momento imediatamente após a administração da formalina. O grupo controle recebeu
apenas veículo (salina 0,9%, v.o.). O fármaco padrão morfina (4 mg/kg, i.p.), 30 min antes da
formalina, e a Indometacina (10 mg/kg; v.o.), foram utilizados como controles positivos
(DUBUISSON; DENNIS, 1977).
2.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Todos os valores experimentais foram apresentados em médias ± DP; o estudo foi do
tipo experimental, em que foi usada a estatística descritiva para caracterização da amostra, a
Análise de Variância (ANOVA) de um critério para as análises intergrupos, seguida de
múltiplas comparações pelo teste de Tukey's. A análise estatística assim como a colocação
dos resultados em planilhas de cálculos e a criação de gráficos foram realizadas por meio do
GraphPad Prism, versão 5.0 (GraphPad Software, San Diego Califórnia, EUA). O valor de
P<0,05 foi considerado estatisticamente significativo.
56
3 RESULTADOS
3.1 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA IN VITRO
3.1.1 Viabilidade celular pelo método do MTT
Para assegurar que possíveis mudanças no perfil oxidativo não sejam atribuídas à
morte celular, foi testada a citotoxicidade em dois tipos de macrófagos: linhagem J774-A1 e
macrófagos de peritônio de camundongos, ambos tratados com o A3BP em 24 e 48 horas.
3.1.1.1 Citotoxicidade em linhagem de J774-A1
A toxicidade do A3BP foi analisada em linhagem de células J774-A1, a fim de verificar
se a substância promoveu efeito citotóxico quando tratadas durante 24 e 48 horas. Observouse que, nas concentrações utilizadas (1, 10, 25, 50 e 100 µM), não houve efeito citotóxico
(FIGURA 15). Controle (100,0% ± 13,3), A3BP 1 µM (102,1% ± 9,5),10 µM (110,1% ± 15,8),
25 µM (107,6% ± 18,4), 50 µM (106,8% ± 11,2) e 100 µM (112,1% ± 14,1) em 24 horas (a).
Controle (100,0% ± 3,8), A3BP 1 µM (112,5% ± 2,0),10 µM (107,4% ± 11,9), 25 µM (96,2% ±
11,1), 50 µM (106,1% ± 5,6) e 100 µM (104,8% ± 2,7) em 48 horas (b).
Figura 15: Viabilidade de células J774 sob tratamento com A3BP durante 24 (a) e 48 (b) horas. Foi adotado um
P<0,05 na comparação com o grupo controle e o grupo carragenina 1%. Diferenças entre os grupos foram
examinadas por meio da análise de variância (ANOVA) e a correção por meio do Teste de Comparação Múltipla
de Tukey.
57
3.1.1.2 Citotoxicidade em macrófagos peritoniais
A citotoxicidade do A3BP foi analisada em macrófagos obtidos da lavagem peritoneal
de camundongos. O tratamento foi realizado durante um período de 24 e 48 horas. Verificouse que a droga não promoveu morte celular em nenhuma das concentrações utilizadas (1, 10,
25, 50 e 100 µM) (FIGURA 16).
Controle (100,0% ± 6,9), A3BP 1 µM (82,7% ± 21,5),10 µM (94,0% ± 5,6), 25 µM
(110,2% ± 7,1), 50 µM (101,6% ± 5,0) e 100 µM (107,2% ± 10,1) em 24 horas (a). Controle
(99,5% ± 7,1), A3BP 1 µM (90,7% ± 8,0),10 µM (93,8% ± 4,9), 25 µM (108,0% ± 9,4), 50 µM
(101,0% ± 5,0) e 100 µM (105,8% ± 8,9) em 48 horas (b).
Figura 16: Viabilidade de macrófagos de peritônio após tratamento com A3BP por 3h seguido de incubação com
LPS por 24 (a) e 48 (b) horas. Foi adotado um P<0,05 na comparação com o grupo controle. Diferenças entre os
grupos foram examinadas por meio da análise de variância (ANOVA) e a correção por meio do Teste de
Comparação Múltipla de Tukey.
3.1.2 Concentração de nitrito
A concentração de nitrito formada foi quantificada em sobrenadante de macrófagos
peritoneais tratados com A3BP por 4 horas e estimulados com Lipopolissacáridos de
Escherichia coli 0111: B4 (LPS) (1 µg/ml) por 24 horas. Verificou-se que o grupo apenas
estimulado com LPS produziu em média 3,42 vezes a mais que o grupo controle (4,6 µM ±
2,0 e 1,0 µM ± 0,5, respectivamente). O A3BP na concentração 25 µM inibiu significativamente
a produção de NO2- 49,32% em relação ao grupo apenas estimulado com o LPS (2,3 µM ± 1,3
e 4,6 µM ± 2,0, respectivamente). Na concentração 10 µM o decréscimo foi de 45,6% em
relação ao LPS (2,5 µM ± 0,6 e 4,6 µM ± 2,0, respectivamente) (FIGURA 17).
58
Figura 17: Produção de NO2- em macrófagos peritoneais tratados com A3BP e estimulados com LPS (1µg/ml). Foi
adotado um P<0,05 na comparação com o grupo controle e o grupo carragenina 1%. Diferenças entre os grupos
foram examinadas por meio da análise de variância (ANOVA) e a correção por meio do Teste de Comparação
Múltipla de Tukey.
3.1.3 Dano ao DNA pelo ensaio cometa
Para avaliar se o tratamento com A3BP poderia causar dano ao DNA, foi realizado o
ensaio de cometa versão alcalina em células MRC-5 (PD 19) tratadas por 72 h com A3BP nas
concentrações de 31, 62 e 124 µM. Como demonstrado na Figura 18, o tratamento com A3BP
em nenhuma das concentrações testadas demonstrou índice de dano ao DNA significativo
em comparação ao controle não tratado (P >0,05). O tratamento com doxorrubicina (Doxo 1,0
μM) foi efetuado como controle positivo de indução de dano ao DNA, o qual demonstrou índice
significativo em comparação ao controle negativo (*P < 0,05).
Figura 18: Avaliação do índice de dano ao DNA de células MRC-5 (PD19) tratadas com A3BP por 72 h analisado
pelo ensaio de Cometa versão alcalina. O tratamento com A3BP não demonstrou diferença significativa em
comparação ao controle negativo. A doxorrubicina (Doxo 1.0 μM) foi utilizada como controle positivo. Diferenças
entre os grupos foram examinadas por meio da análise de variância (ANOVA) e a correção por meio do Teste de
Comparação Múltipla de Tukey, com *P<0,05 em comparação ao controle negativo.
3.1.4 Dano à membrana plasmática – teste hemolítico em eritrócitos
O A3BP foi submetido ao teste hemolítico em células de eritrócitos de camundongos
Mus musculus swiss, in vitro, para avaliar a viabilidade das células eritrocitárias na presença
da droga. As células foram incubadas com A3BP 250 µg/mL por 1 hora. Conforme a Figura
19, o material testado não mostrou qualquer atividade hemolítica: controle (Salina 0,9%, 0,1
59
nm ± 0,0), controle + (Triton X-100, 0,3 nm ± 0,0), controle – (DMSO, 0,1 nm ± 0,0) e A3BP
250 µg/mL (0,1 nm ± 0,0).
Figura 19: Teste hemolítico com o A3BP em células de eritrócitos de camundongos Mus musculus swiss não
mostrou qualquer atividade hemolítica. As misturas foram centrifugadas para detectar a presença de hemoglobina
(vermelho) por absorção a 541 nm. Foi adotado um P<0,05 na comparação com o grupo controle. Diferenças entre
os grupos foram examinadas por meio da análise de variância (ANOVA) e a correção por meio do Teste de
Comparação Múltipla de Tukey.
3.2 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA IN VIVO
3.2.1 Concentração de nitrito
A fim de determinar se a via de NO desempenha um papel importante na resposta
inflamatória induzida com a solução de carragenina 1% e no pré-tratamento da inflamação
com o A3BP nas doses de 0,005, 0,05 e 0,5mg/kg, a produção de NO2- foi medida no
exsudado inflamatório.
Como demostrado na Figura 20, a carragenina aumentou significativamente (P<0,05)
a concentração de NO2- comparada ao grupo controle. Todos os grupos pré-tratados com o
A3BP e Ibuprofeno promoveram diminuição nos níveis de NO2-. Controle (salina 0,9%) (0,87
μM ± 0,87); carragenina 1% (11,57 μM ± 0,89); A3BP 0,005 mg/kg (3,64 μM ± 0,34); A3BP
0,05 mg/kg (1,97 μM ± 0,70); A3BP 0,5 mg/kg (1,01 μM ± 0,30); Ibuprofeno 10 mg/kg (1,20
μM ± 0,48). Todos os grupos tratados apresentaram diferença estatisticamente significativa
quando comparados ao grupo carragenina (P<0,05).
Figura 20: A3BP inibiu a produção de NO2- na inflamação induzida por carragenina 1%. Valores são expressos em
média ± S.E.M. de 4 ratos cada grupo. Grupo controle (solução salina 0,9%); grupo carragenina 1%; grupo
carragenina 1% pré-tratado com 0,005 mg/kg de A3BP; grupo carragenina 1% pré-tratado com 0,05 mg/kg de
A3BP; grupo carragenina 1% pré-tratado com 0,5 mg/kg de A3BP. Foi adotado um P<0,05 na comparação com o
grupo controle e o grupo carragenina 1%. Diferenças entre os grupos foram examinadas por meio da análise de
variância (ANOVA) e a correção por meio do Teste de Comparação Múltipla de Tukey.
60
3.2.2 Migração celular
A fim de determinar se a migração de células inflamatórias ocorreu no local da lesão,
foi avaliado o número total de células presentes no exsudado induzido com a solução de
carragenina 1% e no pré-tratamento da inflamação com o A3BP nas doses de 0,005, 0,05 e
0,5 mg/kg.
Como mostrado na Figura 21, a carragenina aumentou significativamente (P<0,05) a
migração celular comparada ao grupo controle. Todos os grupos pré-tratados com o A3BP e
Ibuprofeno promoveram diminuição na migração celular: controle (salina 0,9%) (18,50x10 7 ±
1,91 células/ml); carragenina 1% (270,25x10 7 ± 11,32 células/ml); A3BP 0,005 mg/kg
(86,33x107 ± 23,29 células/ml); A3BP 0,05 mg/kg (59,50x107 ± 23,44 células/ml); A3BP 0,5
mg/kg (36,00x107 ± 28,18 células/ml); Ibuprofeno 10 mg/kg (27,75x107 ± 13,02 células/ml).
Todos os grupos tratados apresentaram diferença estatisticamente significativa quando
comparado ao grupo carragenina (P<0,05).
Figura 21: A3BP inibiu a migração celular na inflamação induzida por carragenina 1%. Valores são expressos em
média ± S.E.M. de 4 ratos cada grupo. Grupo controle (solução salina 0,9%); grupo carragenina 1%; grupo
carragenina 1% pré-tratado com 0,005 mg/kg de A3BP; grupo carragenina 1% pré-tratado com 0,05 mg/kg de
A3BP; grupo carragenina 1% pré-tratado com 0,5 mg/kg de A3BP. Foi adotado um P<0,05 na comparação com o
grupo controle e o grupo carragenina 1%. Diferenças entre os grupos foram examinadas por meio da análise de
variância (ANOVA) e a correção por meio do Teste de Comparação Múltipla de Tukey.
3.2.3 Contagem diferencial de células leucocitárias
A contagem diferencial de leucócitos foi realizada para identificar tipos de células
induzidas com a solução de carragenina 1% e no pré-tratamento da inflamação com o A3BP
nas doses de 0,005, 0,05 e 0,5 mg/kg. A análise dos dados da Figura 22 mostra grande
população de neutrófilos (FIGURA 22a), seguida por linfócitos (FIGURA 22b), monócitos
(FIGURA 22c) e eosinófilos (FIGURA 22d): Neutrófilos (58,7x10 6 ± 3,7 células/ml); linfócitos
(14,5x106 ± 1,3 células/ml); monócitos (7,0x106 ± 1,0 células/ml); eosinófilos (1,0x10 6 ± 0,4
células/ml).
61
a)
b)
c)
d)
Figura 22: A3BP na contagem diferencial de células leucocitárias: neutrófilos (a), linfócitos (b), monócitos (c) e
eosinófilos (d) na inflamação induzida por carragenina 1%. Os valores são expressos em média ± S.E.M. de 4
ratos cada grupo. Grupo controle (solução salina 0,9%); grupo carragenina 1%; grupo carragenina 1% pré-tratado
com 0,005 mg/kg de A3BP; grupo carragenina 1% pré-tratado com 0,05 mg/kg de A3BP; grupo carragenina 1%
pré-tratado com 0,5 mg/kg de A3BP. Foi adotado um P<0,05 na comparação com o grupo controle e o grupo
carragenina 1%. Diferenças entre os grupos foram examinadas por meio da análise de variância (ANOVA) e a
correção por meio do Teste de Comparação Múltipla de Tukey.
62
3.2.4 Valores de PGE2
Avaliação do efeito do A3BP nos valores do mediador anti-inflamatório PGE2 na
inflamação induzida com carragenina 1%. Como mostrado na Figura 23, a análise dos valores
de PGE2 foi realizada em grupos induzidos por carragenina 1%. A carragenina aumentou
significativamente (P<0,05) os valores de PGE2 comparado ao grupo controle. Todos os
grupos pré-tratados com o A3BP e Ibuprofeno promoveram diminuição nos valores de PGE 2:
controle (salina 0,9%) (460,96 pg/ml ± 62,64); carragenina 1% (39845,55 pg/ml ± 2120,25);
A3BP 0,005 mg/kg (35872,83 pg/ml ± 562,28); A3BP 0,05 mg/kg (32612,05 pg/ml ± 1738,89);
A3BP 0,5 mg/kg (18336,12 pg/ml ± 6991,81); Ibuprofeno 10 mg/kg (14928,56 pg/ml ±
3113,35). Os grupos tratados com A3BP 0,5 mg/kg e Ibuprofeno 10 mg/kg apresentaram
diferença estatisticamente significativa quando comparado ao grupo carragenina (P<0,05).
Figura 23: A3BP nos valores de PGE2 na inflamação induzida por carragenina 1%. Valores são expressos em
média ± S.E.M. de 4 ratos cada grupo. Grupo controle (solução salina 0,9%); grupo carragenina 1%; grupo
carragenina 1% pré-tratado com 0,005 mg/kg de A3BP; grupo carragenina 1% pré-tratado com 0,05 mg/kg de
A3BP; grupo carragenina 1% pré-tratado com 0,5 mg/kg de A3BP; grupo carragenina 1% pré-tratado com 10 mg/kg
de Ibuprofeno. Foi adotado um P<0,05 na comparação com o grupo controle e o grupo carragenina 1%. Diferenças
entre os grupos foram examinadas por meio da análise de variância (ANOVA) e a correção por meio do Teste de
Comparação Múltipla de Tukey.
3.3 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA
3.3.1 Atividade analgésica periférica
A atividade analgésica periférica foi avaliada pelo número total de contorções
abdominais após a administração do ácido acético 0,6% no tratamento com o A3BP nas doses
0,003 e 0,03 mg/kg (FIGURA 24). As doses 0,003 e 0,03 mg/kg reduziram o número de
contorções abdominais em 54,5% e 65,2%, respectivamente, quando comparadas ao grupo
controle (salina 0,9%). A indometacina (5 mg/kg), AINEs utilizado como droga padrão nesse
teste, diminuiu em aproximadamente 79,1% o número de contorções abdominais quando
comparada ao grupo controle.
63
Figura 24: Efeito do A3BP e da Indometacina sobre o estímulo nociceptivo induzido pela injeção intraperitoneal de
ácido acético 0,6% em camundongos. Observa-se redução significativa nos grupos A3BP (0,003 e 0,03 mg/kg) e
indometacina (5 mg/kg) comparados ao grupo controle. Foi adotado um P<0,05 na comparação com o grupo
controle. Diferenças entre os grupos foram examinadas por meio da análise de variância (ANOVA) e a correção
por meio do Teste de Comparação Múltipla de Tukey.
3.3.2 Teste de Formalina
Para confirmação do efeito antinociceptivo do A3BP, foi utilizado o teste de nocicepção
induzida pela injeção intraplantar de formalina (FIGURA 25). O A3BP nas doses 0,003 e 0,03
mg/kg reduziu de maneira significante o tempo de lambida em relação ao grupo controle do
teste da formalina na fase 1 (fase neurogênica) em 42 e 62%, respectivamente, e, na fase 2
(fase inflamatória), em 39 e 45%, respectivamente. A Morfina (4 mg/kg), analgésico opioide,
reduziu de maneira significante as duas fases em 82,6 e 85,3%, assim como a Indometacina
(10 mg/kg) também reverteu o efeito da formalina a 1% nas duas fases em 56 e 55%
(FIGURAS 25a e 25b).
Figura 25: Efeito do A3BP, da Indometacina e da Morfina sobre o estímulo nociceptivo induzido pela injeção
intraplantar de formalina a 1% em camundongos. Observa-se redução significativa nos grupos A3BP (0,003 e 0,03
mg/kg) e indometacina (5 mg/kg) comparados ao grupo controle. Foi adotado um P<0,05 na comparação com o
grupo controle. Diferenças entre os grupos foram examinadas por meio da análise de variância (ANOVA) e a
correção por meio do Teste de Comparação Múltipla de Tukey.
64
4 DISCUSSÃO
Cirino e col. (1996), em pesquisa da viabilidade celular com células da linhagem J774,
tratadas com os AINEs Flurbiprofeno, Aspirina ®, Cetoprofeno, Naproxeno, Diclofenaco e
Ketorolac, mostraram que nenhum desses compostos afetou significativamente a membrana
mitocondrial na viabilidade celular pelo método de MTT, sugerindo que esses AINEs não são
citotóxicos para as células J774, mesmo na maior concentração utilizada; assim como os
AINEs acima citados, o A3BP também não mostrou efeito citotóxico nas concentrações
utilizadas durante 24 e 48 horas na mesma linhagem celular.
A análise da viabilidade de macrófagos peritoneais foi realizada, pois é comum o uso
desse tipo celular em testes in vitro para demonstrar a ação anti-inflamatória de drogas em
cultura, na qual foi utilizado o LPS como agente ativador dos macrófagos e avaliado se a
exposição à droga teste foi capaz de inibir essa ativação, aferida pela medição de metabólitos
do processo inflamatório, tal como a de NO2- liberado no meio de incubação
(ADAMS; HAMILTON, 1984).
Por essa razão, foi avaliada a viabilidade de macrófagos peritoneais pelo método do
MTT; o resultado mostrou que o tratamento por 3h com A3BP em diferentes concentrações,
seguido pela incubação com LPS por 24h ou 48h, não prejudicou a viabilidade celular. Nesse
teste foi realizada a incubação com A3BP em diferentes concentrações até 100 μM e mostrar
assim que tais concentrações puderam ser testadas quanto à capacidade de inibição da
ativação do macrófago, sem correr o risco de um falso resultado como agente antiinflamatório.
Na aferição de metabólitos da ativação dos macrófagos pelo LPS no meio de cultura,
tais como NO2-, o A3BP nas concentrações utilizadas na pesquisa inibiu significativamente,
cerca de 50% e 45%, a produção de nitrito em relação ao grupo estimulado com o LPS. Cirino
e col. (1996), em pesquisa relacionada à produção dos níveis de óxido nítrico em antiinflamatórios não esteroides (AINEs-NO) sobre a indução de óxido nítrico (NO) sintase em
células tratadas com Flurbiprofeno, Aspirina ®, Cetoprofeno, Naproxeno, Diclofenaco e
Ketorolac, mostraram marcada redução, cerca de 40%, dos níveis de nitrito em células da
linhagem J774 estimuladas com LPS.
Para confirmar então se o tratamento com A3BP de fato poderia causar a morte de
células MRC-5 PD19, foi realizado o ensaio cometa, capaz de demonstrar dano ao material
nuclear. Em diversos eventos de morte celular programada, ocorre fragmentação do DNA;
desse modo, um índice elevado de dano ao DNA poderia sugerir maior taxa de morte por
apoptose provocada pela droga (VANDGHANOONI; ESKANDANI, 2011).
Outra possibilidade de índice elevado de dano ao DNA seria por ação genotóxica
diretamente da droga no DNA da célula (AZQUETA; COLLINS, 2013). Nossos resultados
65
mostraram que o tratamento com A3BP não causou aumento no índice de dano ao DNA,
sendo sugestivo que a redução na viabilidade verificada no ensaio Cometa não foi por induzir
apoptose, o que reforça a ideia de que a diminuição na viabilidade verificada decorreu
principalmente de um efeito sobre a proliferação celular.
Em geral, o ensaio para avaliação da capacidade hemolítica in vitro é utilizado como
método de triagem tóxica ao estimar o dano eritrocitário que poderá induzir in vivo (APARICIO
e col., 2005). Tal parâmetro vem sendo utilizado pela comunidade científica para avaliação
toxicológica de diferentes plantas, drogas ou compostos (OLIVEIRA e col., 2009).
Assim como Andrade (2012), em pesquisa da atividade hemolítica do Ibuprofeno
associado à Metilcelulose MCM-41, a análise da biodisponibilidade desse derivado do ácido
2-arilpropiônico não mostrou qualquer atividade hemolítica das amostras estudadas
independente da associação do Ibuprofeno; o resultado com o A3BP, também um derivado
do ácido 2-arilpropiônico, não evidenciou qualquer atividade hemolítica em células
eritrocitárias.
No estudo da atividade anti-inflamatória in vivo, o uso da bolha de ar subcutânea como
modelo experimental tem sido descrito em diversos trabalhos (EDWARDS; SEDGWICK;
WILLOUGHBY, 1981; BASTOS e col., 2008).
Esse modelo é utilizado para realizar análise quantitativa dos fatores envolvidos no
processo inflamatório, por meio da formação de um espaço elíptico simétrico, criado pela
injeção de ar no tecido subcutâneo de ratos (SELYE, 1953). O exame dessa cavidade durante
os dias subsequentes à primeira injeção de ar demonstra a presença de uma superfície
contendo células conjuntivas com estrutura e aspectos histoquímicos semelhantes aos
encontrados em cavidades sinoviais. Essa semelhança tem sido observada utilizando-se um
modelo experimental de no máximo seis dias (EDWARDS; SEDGWICK; WILLOUGHBY,
1981).
Embora existam outros modelos experimentais para estudar a resposta inflamatória
aguda, como a cavidade pleural e cavidade peritoneal, a bolha de ar subcutânea apresenta a
vantagem de ser de fácil aplicação técnica, a análise do fluído é simples, podendo ser repetida
com traumas mínimos (SEDGEWICK e col., 1985).
Esse modelo é útil para a remoção de células inflamatórias, para medições da
quimiotaxia e da produção de mediadores químicos inflamatórios, tais como o NO, as células
inflamatórias e a PGE2 (EDWARDS; SEDGWICK; WILLOUGHBY, 1981; TAO e col., 1999;
ELLIS e col., 2000; BASTOS e col., 2008).
O NO é uma molécula lipofílica pequena que pode ser rapidamente difundida através
das barreiras da membrana celular e alcançar os compartimentos intracelulares de células
adjacentes com funções diversificadas (IGNARRO, 1990). O NO produzido pela enzima NOS
tem seu papel na inflamação e na neuromodulação estudada extensivamente (GRIFFITH;
STUEHR, 1995), ao participar de diversas funções biológicas, desde a formação de um
66
mecanismo de proteção contra microrganismos até a regulação da pressão sanguínea e o
processo de neurotransmissão (ALDERTON e col., 2001).
Masukawa, Nakanishi e Natsuki (1998) consideram o NO como mensageiro neuronal
do sistema nervoso central e modulador de várias funções cerebrais, tanto que diversas
pesquisas relacionam a enzima NOS ao uso do Fenbufeno em potenciais atividades
convulsivas em ratos (KOHNO e col., 1997; MASUKAWA; NAKANISHI; NATSUKI, 1998;
ABDEL-ZAHER e col., 2012).
Sautebin (2000) demonstrou que esse radical livre possui atividade regulatória antiinflamatória por meio das formas constitutivas, ou seja, em concentrações basais; entretanto,
quando o NO é gerado pela forma induzida da enzima NOS (iNOS), promove a inflamação e
disfunção tecidual, e, portanto, possui propriedades pró-inflamatórias e deletérias que, para
Costa e col. (2006), os efeitos pró-inflamatórios desse radical incluem o aumento da
permeabilidade vascular dos tecidos inflamados. A determinação dos níveis dos produtos
finais NO na resposta inflamatória induzida com a solução de carragenina foi medida no
exsudado inflamatório, ao mostrar que, em todos os grupos pré-tratados com as doses do
A3BP, assim como com outro derivado do ácido 2-aril-propiônico, o Ibuprofeno promoveu
diminuição dos níveis de NO2-.
O recrutamento de leucócitos da circulação sanguínea é uma reação crucial para o
processo inflamatório. Esta ação ocorre por meio de diversos passos em que o leucócito
interage com o endotélio (CREWS, 2006). Os leucócitos se aderem ao endotélio
microvascular e, por conseguinte, ocorre a transmigração dessas células através da parede
dos vasos, as quais extravasam atingindo desta forma o tecido extravascular.
Diversos fármacos têm objetivado impedir a migração celular como forma de amenizar
o processo inflamatório (ULBRICH e col., 2003). Porém, quando se trata da inflamação,
também é importante lembrar que a transmigração de leucócitos através do endotélio vascular
e seu acúmulo nos tecidos inflamados são os principais eventos de uma resposta inflamatória
eficaz (DOMÍGUEZ-LUIS e col., 2013).
Na avaliação da migração de células inflamatórias presentes no exsudado induzido
com a solução de carragenina, todos os grupos pré-tratados com as três doses do A3BP e
com o Ibuprofeno promoveram diminuição na migração celular, concordando com Benez e
col.(2013), os quais relataram a grande capacidade do Ibuprofeno na redução do edema com
consequente redução na migração de leucócitos em estudo comparativo das atividades
citotóxicas e ulcerogênicas das formas do Ibuprofeno racêmico e “S” na inflamação presente
na bolsa de ar.
A avaliação das células que atuam no processo inflamatório tem sido alvo de diversos
estudos (SHALABY e col.,1989; DEFORGE e col., 1992). A migração celular em resposta a
processos inflamatórios é vista em poucas horas após o estímulo que está causando a injúria
tecidual, havendo recrutamento de neutrófilos para o local onde está ocorrendo o dano
67
tecidual (BRESNIHAN, 2002; SHIN e col., 2009). Os efeitos do A3BP não demonstraram curva
dose-resposta nos resultados de migração celular e de avaliação dos níveis de NO, visto o
platô da curva farmacológica presente nesses resultados; isso pode ser devido à janela
terapêutica da droga ou às doses utilizadas na pesquisa.
Em relação à contagem diferencial de leucócitos realizada para identificar tipos de
células induzidas com a solução de carragenina no pré-tratamento da inflamação, o A3BP
mostrou grande população de neutrófilos em todas as amostras estudadas, seguido por
pequena quantidade de linfócitos, monócitos e eosinófilos, concordando com o estudo de
Jiang e col.(1997), os quais relataram que, na maioria das formas de inflamação aguda, os
neutrófilos predominam no infiltrado inflamatório durante as primeiras 6 a 24 horas.
Muito embora os neutrófilos sejam as primeiras células na remoção de agentes
patogênicos como bactérias, eles também contribuem para o processo inflamatório, ao liberar
mediadores inflamatórios, incluindo os que atraem macrófagos para o local da inflamação
(CHABAUD, 1998). Os macrófagos, por sua vez, liberam citocinas pró-inflamatórias, como o
TNF-α (Day, 2002 apud Shin e col., 2009). Este é um estimulador de iNOS em certos tipos
celulares e induz a quimiotaxia de neutrófilos e linfócitos T e a expressão de moléculas de
adesão (XIE; WHISNANT; NATHAN, 1993; ADAMS e col., 2002; SHIN e col., 2009).
As pesquisas com os derivados do ácido 2-aril-propiônicos, como o Ibuprofeno e o
Cetoprofeno, fazem comparação, principalmente, nos níveis de PGE 2, entre as formas “S” e
racêmica, onde a redução nos níveis de PGE 2 foi encontrada na inflamação presente na bolsa
de ar em estudo comparativo das atividades citotóxicas e ulcerogênicas nas formas do
Ibuprofeno racêmico e S-Ibuprofeno (BENEZ e col., 2013).
Outro estudo realizado, desta vez com Cetoprofeno racêmico e S-Cetoprofeno,
também mostrou redução da atividade de PGE 2 nas duas formas na inflamação da mucosa
intestinal em ratos (ALARCON DE LA LASTRA e col., 2002). Assim como nas pesquisas com
os dois derivados do ácido 2-aril-propiônicos acima mostradas, houve redução nos níveis de
PGE2; nos resultados aqui apresentados, também houve redução significativa dos valores de
PGE2 com as doses de Ibuprofeno e A3BP na dose de 0,5 mg/kg.
Em relação à nocicepção, o estímulo da dor pode apresentar intensidade suficiente
para causar lesão tecidual associada à liberação de numerosos mediadores inflamatórios
(JULIUS; BASBAUM, 2001). A dor combatida constantemente tem como medicamento mais
prescrito para este fim os AINEs com sua dupla ação de interferir no sistema das
prostaglandinas, grupo de substâncias que interagem e são em parte responsáveis pela
sensação de dor; e também, de reduzir a inflamação, o edema e a irritação que muitas vezes
rodeia uma ferida e aumenta a dor (ESPINOSA e col., 2014).
Com o intuito de avaliar a atividade antinociceptiva do A3BP, vários testes foram
realizados, entre eles, o de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético 0,6%, modelo
experimental usado para avaliar possíveis efeitos antinociceptivos periféricos de natureza
68
anti-inflamatória, uma vez que o ácido acético, na concentração usada, induz a dor indireta
que ocorre em consequência de uma inflamação aguda no peritônio (IKEDA e col., 2001).
Por conseguinte, a inflamação provocada ocasiona a liberação de prostaglandinas, o
suficiente para produzir espasmos traduzidos em contorções (MIRANDA e col., 2001; LAPA
e col., 2003; CUNHA; SILVA; TURATTI, 2003). Acredita-se ainda que o ácido acético atue
indiretamente ao causar a liberação de mediadores endógenos envolvidos na modulação da
nocicepção, incluindo bradicinina, serotonina, histamina e prostaglandinas (WHITE, 1964; LEI
e col., 2008).
Além disso, a nocicepção induzida pelo ácido acético depende da liberação de
citocinas como IL-1, TNF-α e a IL-8, a partir de macrófagos e basófilos residentes na cavidade
abdominal e, em conjunto com outros mediadores, podem induzir a nocicepção característica
observada nesse modelo (RIBEIRO; VALE; THOMAZZI, 2000; IKEDA e col., 2001). As doses
testadas do A3BP reduziram o número de contorções abdominais em relação ao grupo
controle. A dose 0,03 mg/kg foi tão eficaz quanto a indometacina, um AINEs, utilizado como
droga padrão neste teste, na capacidade de reduzir as contorções abdominais em
camundongos.
O teste de formalina talvez seja o modelo mais utilizado de dor clínica, em que a
primeira fase parece ser devida à estimulação química direta dos nociceptores, enquanto a
segunda fase é dependente da inflamação periférica e modificações no processamento
central (TJOLSEN; BERGE; HUNSKAAR, 1992; CAPONE; ALOISI, 2004). Esse teste permite
evidenciar duas fases de sensibilidade dolorosa:
- a primeira fase que ocorre durante os primeiros cinco minutos após a injeção da
formalina (nocicepção de origem neurogênica) resulta de estímulo químico direto de fibras
aferentes nociceptivas mielinizadas e não mielinizadas, principalmente a fibra C, a qual pode
ser suprimida por drogas analgésicas opioides como a morfina (HUNSKAAR; BERGE; HOLE,
1985; AMARAL e col., 2007; GONÇALVES e col., 2008). Resultados experimentais
demonstram que a substância P e a bradicinina participam da primeira fase (VANEGAS;
SCHAIBLE, 2004);
-
a segunda fase ocorre entre 15 a 30 minutos após a injeção da formalina, em que
mediadores inflamatórios formados nos tecidos periféricos, como as prostaglandinas,
serotonina, histamina e bradicinina, induzem mudanças funcionais nos neurônios do corno
dorsal que, ao longo do tempo, promove a facilitação da transmissão em nível espinhal. Essa
evidência sugere que o processo de inflamação periférica está envolvido na segunda fase
(HUNSKAAR; HOLE, 1985; FRANÇA e col., 2001; OLIVEIRA; SOUSA; ALMEIDA, 2008).
O A3BP nas doses testadas reduziu de maneira significativa o tempo de lambida em
relação ao grupo controle nas fases neurogênica e inflamatória do teste de formalina. A
morfina, analgésico opioide, e a Indometacina, fármaco anti-inflamatório de natureza não
esteroidal, reduziram de maneira significativa as duas fases.
69
5 CONCLUSÃO
O presente estudo avançou substancialmente em relação às propriedades antiinflamatórias e analgésicas do A3BP por meio da avaliação da atividade antinociceptiva,
assim como da atividade anti-inflamatória in vitro e in vivo, onde o A3BP não demonstrou
qualquer efeito em ensaios de citotoxicidade e genotoxicidade com macrófagos peritoneais
de camundongos e em cultura secundária de células da linhagem J774 e de células MRC-5,
bem como não mostrou qualquer atividade hemolítica das amostras estudadas com células
eritrocitárias.
Os efeitos do A3BP também não demonstraram curva dose-resposta nos resultados
de migração celular e de avaliação dos níveis de NO, assim como demostraram grande
população de neutrófilos nas amostras estudadas. Na avaliação da atividade antinociceptiva,
o A3BP reduziu o número de contorções abdominais em camundongos de maneira tão eficaz
quanto AINEs padrões, ao reduzir ainda o tempo de lambida na fase inflamatória do teste de
formalina, não sendo eficaz na fase neurogênica. Vale ressaltar ainda, os resultados do A3BP
com a baixa dosagem testada em comparação com as outras drogas derivadas do ácido 2aril-propiônico já amplamente difundidas.
Contudo, os resultados aqui demonstrados são baseados em dados experimentais que
precisam ser mais bem aprofundados para a aplicação terapêutica, havendo assim a
necessidade de novos experimentos na avaliação do ágar como agente flogístico e da
possível reação da síntese do ácido 3-benzoil-propiônico, a fim de promover maior
especificidade a esta droga.
70
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Molecular and Cells, 20, 3, 315-324, 2005.
ZAMINELLI, T.; GRADOWSKI, R.W.; BASSANI, T.B.; BARBIERO, J.K.; SANTIAGO, R.M.;
MARIA-FERREIRA, D.; BAGGIO, C.H.; VITAL, M.A.. Antidepressant and Antioxidative Effect
of Ibuprofen in the Rotenone Model of Parkinson's Disease. Neurotoxicity Research, 2014.
ZEILHOFER, H.U. Prostanoids in nociception and pain. Biochemical of pharmacology, 165174, 2007.
81
APÊNDICES
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APÊNDICE 1 - CARTA DE ACEITE DE ORIENTAÇÃO
À Comissão de Coordenação Geral do PPG-BIONORTE
Prezados(as) Senhores(as):
Venho por meio desta informar que aceito orientar o(a) aluno(a) Paulo Eduardo
Santos Avila no curso de doutorado do PPG-BIONORTE.
Seu trabalho de tese versará sobre:
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS, NOVAS PERSPECTIVAS: ESTUDO E
ADAPTAÇÃO DE MODELO EXPERIMENTAL E ESTUDO DE DROGAS ANTIINFLAMATÓRIAS
Atenciosamente,
Belém, 27 de dezembro de 2011.
Prof. Dr. José Luiz Martins do Nascimento
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APÊNDICE 2 - CARTA DE ACEITE DE COORIENTAÇÃO
À Comissão de Coordenação Geral do PPG-BIONORTE
Prezados(as) Senhores(as):
Venho por meio desta informar que aceito orientar o(a) aluno(a) Paulo Eduardo
Santos Avila no curso de doutorado do PPG-BIONORTE.
Seu trabalho de tese versará sobre:
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS, NOVAS PERSPECTIVAS: ESTUDO E
ADAPTAÇÃO DE MODELO EXPERIMENTAL E ESTUDO DE DROGAS ANTIINFLAMATÓRIAS
Atenciosamente,
Belém, 27 de dezembro de 2011.
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ANEXOS
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ANEXO A
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ANEXO B
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